O Estado de S. Paulo
Seminário
vai discutir sistema de ciclo na escola
HC
anula concurso por causa de fraude
Unesp
escolhe novo reitor a partir de amanhã (1º/10/2000)
Propostas
dos concorrentes (1º/10/2000)
Jornal da Tarde
HC:
anulado concurso por suposta fraude
Ladrão
rouba vales de faculdade
Trincheiras
invisíveis da São Paulo em plena guerra
Japoneses
foram persguidos
Uma
universidade muito além da teoria (1º/10/2000)
Adultos
também têm vez, com trabalho (1º/10/2000)
Diário Popular
Funcionária da USP fica refém de ladrões
IstoÉ
Becas
de primeira
Ajuda
telefônica
Diário do Grande ABC
Mostra
resgata o valor do papel (26/09/2000)
Obra
protege o acervo (26/09/2000)
Seminário vai discutir sistema de ciclo na escola
Representantes da Faculdade de Educação e do sindicato dos professores participarão
Na tentativa de tornar o sistema de ciclos e de progressão continuada
mais eficaz
nas escolas estaduais paulistas,
a Faculdade de Educação da USP e o Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial
do Estado de São Paulo (Apeoesp) vão realizar um seminário
no fim de novembro.
A intenção, explica a diretora da faculdade, Myriam Krasilchik,
é encontrar opções
para que os professores
se sintam seguros para trabalhar dentro do novo sistema. Desde
1998, a rede estadual substituiu
as séries por ciclos.
Um dos objetivos foi adaptar as escolas às etapas do desenvolvimento
infantil,
permitindo que a criança
tenha um tempo maior do que um ano para assimilar os
conteúdos. No entanto,
na avaliação de muitos professores, o sistema está
permitindo que
alunos sejam aprovados sem
terem aprendido, conforme demonstraram reportagens
publicadas ontem e anteontem
pelo Estado.
"Acreditamos que é possível mudar, melhorar", afirma a presidente
da Apeoesp,
Maria Isabel Noronha. "Queremos
formular propostas que possam ser adotadas
rapidamente na rede", explica.
Representantes da secretaria também serão convidadas a
participar do evento, a
fim de colaborar com o debate.
(Marta Avancini)
Um concurso promovido pelo Instituto da Criança do Hospital das
Clínicas para
preencher 47 vagas de auxiliar
de enfermagem foi anulado ontem, depois de denúncias de
fraude e de problemas de
organização. A prova, realizada no Estádio do Pacaembu,
atraiu
5.900 pessoas e começou
com cerca de duas horas de atraso.
Revoltados com a falta de infra-estrutura, incomodados com o sol forte
e a falta de
fiscais, muitos concorrentes
abandonaram a prova. Pelo menos três mulheres sentiram
mal-estar. Alguns candidatos
foram em passeata até o Hospital das Clínicas.
"Uma falta de respeito tremenda", criticou Maria Fernandes, de 38 anos,
uma das
candidatas. "Não
havia a menor condição de fazer prova aqui, estádio
não é lugar para
isso", protestou Vanusa
Gomes Lima, de 26 anos. "Vi duas fiscais ajudando uma
candidata, funcionária
do próprio hospital, a fazer a prova", acusou a candidata Sônia
Rodrigues de Almeida, de
28 anos.
A superintendência do HC, além de anular a prova, abriu sindicância
para apurar as
denúncias de fraude.
Uma nova data deverá ser marcada, em outubro.
"Não imaginávamos que houvesse tanta procura para preencher
essas vagas",
admitiu a chefe de gabinete
da superintendência, Maria Matilde Machi. "Acho que a
concorrência contribuiu
para o nervosismo dos candidatos", completou.
O salário oferecido é de R$ 554,00, por uma jornada semanal
de 30 horas Matilde
reconheceu que a organização
errou ao escolher o estádio para a realização da prova.
Os
candidatos deverão
ser informados, por telegrama ou telefonema, sobre o novo dia da prova.
Matilde, porém, garantiu
que o exame será feito em local fechado. (Carlos Araújo e
Lígia
Formenti)
Unesp escolhe novo reitor a partir de amanhã
Folha de pagamento, precatórios e restrição orçamentária são desafios para candidatos
RENATA CAFARDO
O clima agitado que antecede eleições também vem sendo
vivido pela Universidade
Estadual Paulista (Unesp).
Professores, funcionários e alunos votarão, entre amanhã
e
quarta-feira, para escolher
quem será o reitor de uma das maiores universidades do País,
nos próximos quatro
anos.
A crise financeira enfrentada pelo ensino superior público brasileiro
será um desafio
que vai exigir muito empenho
e imaginação do vencedor. Apenas para se ter uma idéia
das
atuais dificuldades, dos
R$ 500 milhões do orçamento da Unesp para o ano 2000, R$
430
milhões estão
comprometidos com os salários.
Restrição orçamentária, negociação
de precatórios e folha de pagamento cada vez
mais sobrecarrecada com
aposentados estão entre os principais problemas apontados por
todos os aspirantes ao cargo
de reitor.
As dificuldades debatidas já haviam ficado evidentes para toda a
sociedade entre os
meses de abril e junho,
com a greve de 51 dias dos trabalhadores das três universidades
estaduais.
"É preciso sensibilizar o governo para que aumente o aporte de recursos
para a
universidade", afirma o
candidato José Eduardo Junho do Araújo. A candidata Maria
Aparecida Viggiani Bicudo
propõe separar os custos do Hospital das Clínicas de Botucatu,
transferindo os gastos com
a atividade assistencial para a Secretaria de Estado da Saúde.
Apesar de não haver
pesquisas de intenção de votos, ela é considerada
a favorita por
pessoas de dentro e de fora
da Unesp. "Serei a primeira reitora das universidades públicas
paulistas", diz confiante
a concorrente.
Voto paritário - O último debate entre os candidatos, terça-feira
em São Paulo, teve
de ser encerrado antes da
hora por causa do barulho de bumbos e tambores de estudantes
que protestavam contra o
voto não- paritário, ou seja, em que os segmentos têm
peso
diferente na escolha.
"Esta eleição está sendo conduzida de maneira antidemocrática",
diz o coordenador
do Diretório Central
dos Estudantes (DCE), Anderson Alves.
"Queremos ter também o poder de decisão, porque na hora da
crise sentimos os
mesmos efeitos que os professores",
diz a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores
da Unesp (Sintunesp), Maria
Piedade Peixoto.
Uma alteração do estatuto da universidade em 1998 fez com
que os professores
passassem a representar
70% dos votos nas eleições para reitor, enquanto funcionários
e
alunos, juntos, apenas 30%.
A Unesp adequou-se à Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de
1996 que determinava que
não haveria mais eleições paritárias, como
ocorreu em 1992 e
1996. Na Universidade de
São Paulo (USP), por exemplo, o reitor é escolhido por membros
da Assembléia Universitária.
A questão é polêmica e fez com que alunos e funcionários
se unissem para pregar a
anulação do
voto.
"Se um aluno de 17 anos pode escolher o presidente da República,
por que não o
reitor?", pergunta o candidato,
Amilton Ferreira.
"O professor deve ter voto majoritário, porque ele é o elemento
fundamental de uma
instituição
que tem como objetivos o saber e o ensino", diz o candidato Roberto Ramalho,
atual vice-reitor.
Já o candidato que se auto-intitula como de oposição,
José Carlos Souza Trindade,
acha que é possível
questionar a lei federal, que não permite a paridade, usando a
autonomia da universidade.
Lista tríplice - O resultado da apuração deve sair
na quinta-feira.
Os nomes dos três candidatos mais votados para reitor e para vice-reitor
serão
apresentados ao governador
Mário Covas. Os eleitos não precisam ser da mesma chapa.
O
desejo da comunidade da
Unesp é que o governador indique para ocupar os cargos os que
estiverem no topo de cada
lista tríplice. Mas, segundo o presidente da Comissão Eleitoral
da universidade, Orivaldo
Arf, Covas tem a prerrogativa de escolher quem ele quiser.
Universidade precisa ter mais visibilidade
O candidato Amilton Ferreira, de 59 anos, professor titular do Instituto
de
Biociências de Rio
Claro e presidente da Fundação para o Desenvolvimento da
Unesp
(Fundunesp), enfatiza: "É
preciso fazer a Unesp visível à sociedade." Ao lado do candidato
a vice, Neivo Luiz Zorzetto,
defende a integração da Unesp com a imprensa para que a
sociedade tenha uma visão
real do que a é a universidade. Ferreira quer que os pró-reitores
sejam escolhidos também
em eleição - atualmente, eles são indicados pelo reitor.
O
candidato defende ainda
uma descentralização administrativa e orçamentária.
"Na Reitoria,
deveria ficar apenas a produção
das leis maiores da universidade." Segundo ele, o primeiro
problema a ser resolvido
é o salário dos aposentados, que está tornando a Unesp
"inviável".
Corte de gastos exige administração enxuta
Diminuir a administração central da Unesp, dando às
unidades autonomia para
resolver os problemas locais.
Essa é uma das propostas do candidato da oposição
José
Carlos Souza Trindade, de
64 anos, e do seu vice, Paulo César Razuk. Trindade é médico
e dedicou sua vida acadêmica
à Faculdade de Medicina de Botucatu, onde atualmente é
professor e chefe do Departamento
de Urologia. Se for eleito, pretende transferir a sede da
Reitoria, atualmente em
São Paulo, para o interior do Estado. Para cortar custos, ele
aponta o setor administrativo
como principal alvo. "Há excesso de gastos na Reitoria e na
administração
superior da Unesp." O candidato também defende a criação
de um fundo de
apoio à comunidade
acadêmica. Os recursos seriam aplicados em restaurantes
universitários, moradias
estudantis e bolsas de estudo.
Mais recursos virão com abertura para sociedade
O candidato José Eduardo Junho de Araújo, de 50 anos, construiu
sua vida
profissional na Faculdade
de Odontologia de São José dos Campos, onde ainda dá
aulas
nos cursos de graduação
e pós-graduação. Araújo pretende integrar mais
a Unesp com a
sociedade. "Defendo um orçamento
participativo para haver uma transparência orçamentária
e romper com a prática
isolacionista." Seu programa, elaborado com o vice Edmundo José
de Lucca, sugere a efetivação
de um plano de carreira para melhorar os salários dos
professores universitários.
Entre os problemas enfrentados pela Unesp, o candidato salienta
a falta de financiamento
adequado para o desenvolvimento de suas atividades. Araújo
acredita ser necessário
estabelecer programas de cooperação com outras organizações,
nas quais inclui o setor
privado.
Ensino, gestão e política devem ser articulados
Única mulher na disputa, Maria Aparecida Viggiani Bicudo, de 60
anos, licenciou-se
da função
de pró-reitora de Graduação, que exerceu por quase
oito anos, por causa das
eleições.
A candidata é formada em pedagogia e sempre se dedicou à
área de educação.
O seu vice é Flávio
Ruas de Moraes. Em vez de defender a descentralização, como
outros
candidatos, ela propõe
uma "macropolítica articulada para todas as unidades da Unesp".
Para isso, ela defende uma
maior abertura de canais de comunicação na comunidade
universitária, dando
ênfase à Rádio Unesp, por exemplo. "É preciso
articular ensino, gestão
e política." Maria
considera que a folha de pagamento dos aposentados deve ser assumida
pelo Estado e pretende estreitar
os laços com instituições como Fapesp, CNPq e Nossa
Caixa para conseguir recursos.
Fundo de pensão pode manter aposentadorias
Roberto Ramalho, de 59 anos, é o atual vice-reitor da Unesp e adquiriu
experiência
acadêmica e administrativa
na Faculdade de Odontologia de Araraquara. Segundo ele, as
frentes de atuação
para resolver o problema da restrição orçamentária
já foram delineadas e
precisam de continuidade.
Ele e seu vice, Ricardo Antonio de Arruda Veiga, querem a criação
de um fundo de
pensão para o pagamento
de aposentadorias e a busca de alternativas de financiamento
para os hospitais. "A conquista
de novos recursos não é garantia para resolver os
problemas da Unesp." Ele
aponta a "paralisia de iniciativas" dos acadêmicos como outra
preocupação.
Além disso, Ramalho considera importante um aperfeiçoamento
do processo
de seleção
de novos alunos para que aumente o acesso de estudantes carentes à
universidade.
Jornal da Tarde
HC:
anulado concurso por susposta fraude
Um concurso promovido pelo Instituto da Criança do Hospital das
Clínicas para
preencher 47 vagas de auxiliar
de enfermagem foi anulado ontem, por denúncias de fraude e
má organização.
A prova, realizada no Estádio do Pacaembu, atraiu 5.900 pessoas
e
começou com cerca
de duas horas de atraso.
Revoltados com a falta de infra-estrutura, muitos concorrentes abandonaram
a prova.
Pelo menos três mulheres
sentiram mal-estar com o sol. Alguns candidatos foram em
passeata até o Hospital
das Clínicas. "Vi duas fiscais ajudando uma candidata, funcionária
do próprio hospital,
a fazer a prova", acusou a candidata Sônia Rodrigues de Almeida,
de
28 anos.
A superintendência do HC, além de anular a prova, abriu sindicância
para apurar as
denúncias de fraude.
Uma nova data deverá ser marcada, em outubro.
Um homem armado roubou, na tarde de ontem, R$ 40 mil em vale-refeições
da
Fundação Faculdade
de Medicina, na Rua da Consolação, centro. Por volta das
13h,
seguranças da empresa
VR Vales Limitada pararam na frente da instituição, para
entregar
dois malotes. Um dos seguranças,
que levou os pacotes ao Departamento Financeiro, foi
dominado pelo ladrão.
Trincheiras invisíveis da São Paulo em plena guerra
O
historiador Roney Cytrynowicz lança `Guerra sem Guerra' (Geração
Editorial) e
reconstrói
o clima de medo que assaltou a cidade em 1944 - apesar de nenhum tiro ter
pipocado
por aqui
Durante o ano
de 1944, algumas notícias prometiam tirar o sono dos paulistas.
Corriam boatos
sobre submarinos alemães rondando
a costa de Santos e de helicópteros, provenientes da máquina
bélica de
Hiltler, sobrevoando a baixada.
Em São
Paulo, a população convivia com exercícios preventivos
de defesa antiaérea. Embora
nenhum bomba tenha atingido o
solo brasileiro nos anos da Segunda Guerra Mundial, durante os blecautes
os
paulistanos puderam pelo menos
enxergar o Cruzeiro do Sul, que muitos apenas conheciam, segundo um cronista
da época, "na bandeira
do Brasil e na cunhagem das moedas de dois cruzeiros".
Essas e inúmeras outras histórias sobre o
cotidiano dos habitantes
de São Paulo durante o conflito são reconstituídas
em Guerra sem
Guerra (Geração
Editorial, 436 páginas, R$ 36), do historiador Roney Cytrynowicz.
Fontes inusitadas A bibliografia sobre o envolvimento dos brasileiros na
Segunda
Guerra se restringe à
campanha dos pracinhas na Itália e a poucas obras memorialísticas.
Redesenhar os contornos
do comportamento da população da maior cidade do País
naqueles anos foi tomado
como um desafio por Cytrynowicz.
Sua pesquisa tomou duas direções. A primeira foi recuperar
o sentimento que
permeava um povo que recebia
notícias pelo rádio e jornais de uma guerra travada a
milhares de quilômetros
de seu território. Depois articular esse sentimento com a cruzada
de mobilização
encetada pelo Estado Novo. O resultado é um retrato vívido
de uma época
marcada por fortes contradições
sociais e rápidas mudanças comportamentais na
sociedade brasileira.
Cytrynowicz não poupou nenhuma fonte para captar as emoções
dos paulistanos.
Diários, receitas de pão, letras de sambas, poesias, romances,
correspondências,
jornais e revistas e material
de propaganda foram minuciosamente consultados.
Uma frase aparentemente perdida no diário de uma menina de 14 anos
foi o ponto de
partida para a reconstituição:
"No dia 1º de setembro de 1944 começou a guerra na Europa,
entre a Alemanha e a Polônia."
Mina Mutchnik, a autora do diário, estava muito mais
preocupada com o fato de
o namorado sair de São Paulo para estudar do que com a
investida dos blindados
alemães no Leste Europeu.
Até 22 de agosto de 1944, o desinteresse manifestado por Mina era
compartilhado
por quase toda a população
brasileira. A guerra estava distante e havia outros problemas
com que se preocupar. Mas,
após o bombardeamento de navios brasileiros na costa
nordestina, o governo declarou
guerra aos países do eixo (Alemanha, Itália e Japão).
Expondo suas contradições
internas, alinhava-se aos países que lutavam contra as forças
totalitárias enquanto
alimentava uma ditadura interna.
Ataque iminente - Essas mesmas contradições podem ser
notadas em Guerra sem
Guerra. São Paulo
possuía 2 milhões de habitantes na década de 40 e
já expunha muitas
das mazelas hoje verificadas
no seu cenário urbano. Desde a década de 20, a
administrações
municipais priorizavam a malha viária com alargamentos de avenidas
e ruas
em prejuízo do transporte
coletivo.
A cidade crescia para o alto e contingentes mais pobres da população
eram
deslocados para a periferia.
Com a explosão da guerra, o governo Vargas encontrou o
pretexto que procurava para
apertar as cravelhas contra a desordem urbana. Várias
medidas de ordem e disciplina
foram implementadas sob a alegação de que a cidade
estava na iminência
de ser atacada.
A mobilização atingiu pontos sensíveis do cotidiano
paulistano e gerou reações
ferozes. O caso mais emblemático
é o do pãozinho. O governo lançou o "pão de
guerra"
feito com farinha de macarrão
para substituir o "pão branco" feito com farinha de trigo. A
população
não se conformou com a medida e acusou os donos de padarias de
sonegadores à procura
de altos lucros. Mas os vilões eram outros. Com a escassez do
trigo na Europa, o governo
incentivava os produtores nacionais a exportar a matéria-prima.
Para justificar-se, a guerra
era o álibi perfeito.
Kamikazes suicidas - O gasogênio, combústivel que substituía
a gasolina por ser
mais barato mas também
gerar menos potência, foi outro item a ser recusado. Dessa vez,
os mais atingidos eram os
ricos e a classe média alta, possuidores de automóveis. Para
ser instalado, o gasogênio
requeria uma acessório acoplado na traseira dos veículos.
Os
proprietários se
recusavam a "enfeiar" sua caras máquinas com o equipamento.
Com menos carros nas ruas, outro grave problema ficou exposto - a fragilidade
do
transporte público.
Uma notícia de jornal chamava atenção para o usuário
que viajava
dependurado nos estribos,
apelidados de kamikazes suicidas, os antepassados dos atuais
surfistas rodoviários.
O alinhamento interno colocado em prática pelo Estado Novo procurava
enquadrar
também as mulheres,
diz Cytrynowicz. O governo lançou o programa nacional de
recrutamento feminino para
formar enfermeiras. A meta era contar com 600 mil enfermeiras
prontas para servir no front
interno, no caso de ataques, e no externo, para acompanhar a
FEB na Europa. Mas, segundo
o historiador, a preocupação das autoridades era outra. O
que se procurava, na verdade,
era exercer maior controle sobre a emancipação feminina
entre a classe média.
Entre as classes mais pobres, a mão-de-obra feminina já respondia
por 50% da ocupação
nas fábricas. Mas, no início da década de 40, a mulher
paulistana de
classe média procurava
inserir-se no mercado de trabalho e despir-se de suas funções
de
dona de casa. Várias
revistas femininas da época alertavam para esse perigoso desvio
moral das mães de
família. Incentivar as mulheres a abraçar a enfermagem foi
uma maneira
encontrada pelo Estado para
enquadrá-las.
A população de São Paulo recebia entre recalcitrante
e bem-humorada as medidas
do governo. Em várias
letras de marchinhas carnavalescas, a ironia e o deboche refletem a
reação contra
a implantação do alinhamento interno.
Mas que guerra era essa, cujas armas utilizadas pela população
eram o humor e o
escárnio? A escassez
verificada foi urdida por Vargas a troco do controle da população,
segundo Cytrynowicz, gerando
uma inversão curiosa.
"Não foi a guerra o motivo da escassez e longas filas em São
Paulo. Foram a falta
de pão e as filas
os responsáveis pela sensação de um estado de guerra.
A população da
cidade se recusou, não
tolerou, a intervenção do Estado em esferas consideradas
invioláveis, como
era o caso do pãozinho", explica.
André Nigri
Italianos e alemães
eram definidos como `súditos de países inimigos', mas os
nipônicos
foram tratados como `etnicamente
perigosos', diz Cytrynowicz
Uma das perguntas que Ronei Cytrynowicz sempre se fez é: por que
a Segunda
Guerra Mundial não
faz parte da memória de São Paulo? Os grandes monumentos
da
cidade, concentrados no
Ibirapuera, celebram três acontecimentos históricos distintos:
o
Monumento às Bandeiras,
homenageando a colonização dos bandeirantes; a estátua
de
Pedro Álvares Cabral,
referindo-se ao descobrimento; e o obelisco, em memória à
Revolução
de 1932.
Qual o marco equivalente aos pracinhas e à memória do acontecimento
político mais
importante do século
na cidade? Não existe.
As razões, segundo o historiador, devem ser procuradas no papel
do conflito na
memória urbana. "Enquanto
a Revolução de 32 representou o momento em que marcharam
juntas as classes médias,
as oligarquias rurais e a burguesia urbana - mas não a classe
operária -, em 1943/44,
ao contrário, à falta total de mobilização
desses setores
correspondeu um alinhamento
não voluntário das classes mais baixas", diz.
Além disso, o poder centralizado de Vargas foi recusado, tanto pelas
oligarquias
quanto pela classe média.
De São Paulo, por exemplo, não partiu nenhum regimento
importante da FEB.
Quanto mais se avança pelas páginas de Guerra sem Guerra,
mais se vai
percebendo as contradições
que marcavam a cidade já naquela época, hoje sentidas de
modo mais explícito.
Há mais de meio século, São Paulo já se definia
como uma cidade
partida, na qual os ricos
e a classe média mereciam atenção prioritária
no espaço urbano,
por meio do alargamento
das avenidas e ruas para facilitar o tráfego de automóveis,
enquanto os mais pobres
eram alvos constantes da violência, seja por meio de sua
expulsão para a periferia
ou da ação punitiva contra mendigos.
Bode expiatório Mais do que os pobres, foram os imigrantes provenientes
dos
países do eixo os
que mais sofreram as ações restritivas do Estado Novo em
São Paulo.
E, entre eles, os japoneses.
Enquanto italianos e alemães são definidos como súditos
de países inimigos, os
japoneses são tratados
como etnicamente perigosos", diz Cytrynowicz.
A colônia nipônica de São Paulo foi proibida de ensinar
e difundir sua língua, medida
que também antingiu
alemães e italianos. Mas, ao contrário daqueles, várias
famílias de
imigrantes japoneses foram
obrigadas a deixar suas casas na capital e outras tantas foram
transferidas para colônias
agrícolas no interior do Estado. Cytrynowicz fala em "suicídio
espiritual" de um povo.
Passados mais de 60 anos do início da guerra, Guerra sem Guerra
é uma das
melhores contribuições
sobre as repercussões internas do conflito no maior aglomerado
urbano do País.
Uma universidade muito além da teoria
Investindo em vários projetos
sociais, a USP integra-se com as comunidades que a
rodeiam, propiciando a alunos e
professores a prática de seus estudos aonde ela é
necessária
Desde que
a Cidade Universitária foi fundada,
nos anos 60, muita coisa mudou na cidade
de São Paulo. Por muito tempo, a área destinada a receber
as faculdades da Universidade de São
Paulo ficava em meio ao mato, longe das mazelas sociais. Mas,
ao mesmo tempo, levou consigo um grande
contigente de trabalhadores que passaram a morar
nas imediações – o que
contribuiu, junto com outros fatores, para o nascimento da Favela Jardim
São
Remo, ao lado de seus portões.
Hoje, a Cidade Universitária está em meio à cidade
e não consegue
mais ficar imune a problemas como assaltos,
perambulação de jovens e crianças carentes e
trabalhadores ambulantes.
Uma das soluções encontradas para lidar com estas questões
foi o progressivo
fechamento da Cidade Universitária,
que hoje fica fechada nos fins de semana – uma
medida polêmica que
desagradou a uma grande parte da população. Outra saída
foi a
tomada de consciência
por parte de alunos, professores e reitoria, que cada vez mais se
empenham em trabalhos e
projetos ligados a questões sociais.
“Hoje, temos centenas de projetos com viés social”, diz Guilherme
Ary Plomski,
responsável pela
Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária
e Atividades
Especiais, criada em 1992
pela reitoria da USP para coordenar projetos que congreguem
mais de uma unidade da universidade.
Além dos 20 projetos da Cecae, há outros criados pelas faculdades,
que podem ser
conhecidos no site da USP
( www.usp.br), no catálogo A USP Enfrenta o Desafio da
Inclusão Social.
Os projetos da Coordenadoria têm visam dinamizar a relação
da USP com seu
entorno. “A Cecae é
um órgão estimulador, não centralizador. Também
não somos
assistencialistas, nem governo”,
lembra Plomski. “Só cumprimos o papel da universidade
de buscar soluções
para problemas sociais e econômicos. E esperamos que isso traga a
valorização
do conhecimento gerado na universidade”.
Para alcançar esse objetivo, a Cecae toca projetos com a população
do entorno da
universidade. O maior é
o Avizinhar, que se divide em cinco frentes e que, em seus dois
anos de funcionamento, desenvolveu
atividades com 73 famílias e 437 crianças e
adolescentes de baixa renda.
O primeiro passo do projeto foi a realização de um censo
para conhecer a
quantidade e o perfil dos
adolescentes e crianças que perambulavam pelo câmpus. A
pesquisa revelou que eram
cerca de 60 jovens, todos do sexo masculino. “Isso é bom, pois
quando as meninas aparecem,
é porque a desestruturação familiar é profunda”,
analisa
Beatriz de Oliveira, educadora
do Avizinhar, que já trabalhou na Febem e na Secretaria do
Menor.
Além disso, constatou-se que todos os jovens moravam na Favela São
Remo,
tinham vínculo familiar,
não consumiam drogas e usavam o câmpus para lazer e geração
de
renda. Foi iniciada, então,
a aproximação com as famílias, e descobriu-se que
30% das
crianças estavam
fora da escola. “Um dos principais motivos desta evasão era a falta
de
contato das mães
com as escolas”, explica a educadora.
A partir daí, a principal preocupação do projeto foi
a colocação de todas as crianças
na escola, levando a um
trabalho nas escolas públicas da região. “Outro problema
importante era a entrada
no mercado de trabalho”, lembra Beatriz. Assim foram iniciados
projetos com faculdades
e instituições da USP, como a Escola Politécnica e
a Faculdade
de Matemática e Estatística,
que cedem seu espaço físico e seus alunos para cursos de
capacitação
profissional freqüentados por 30 adolescentes.
Há cursos de técnicas de escritório, informática
e técnico de micros, entre outros. A
iniciativa vem dando resultados.
“Hoje, não há mais jovens guardando carros na USP e a
maioria está na escola”,
garante Beatriz. O atendimento foi estendido a outros jovens,
como os da Favela do Jaguaré.
E, em parceria com o Centro de Práticas Esportivas da
USP, foi criado um grêmio
onde são desenvolvidas atividades com jovens de 16 a 21 anos.
O Avizinhar faz outras pontes entre a comunidade e a USP, com o encaminhamento
de jovens para o trabalho.
A Edusp e o Centro de Computação Eletrônica da Poli
têm 30
adolescentes como estagiários.
“Nossa principal função é fazer o acompanhamento social
desses adolescentes”, diz
Vera Soares, coordenadora do Avizinhar.
Hoje, há o empenho na disseminação do projeto, por
meio do contato com
professores, diretores,
centros acadêmicos e guardas das faculdades. A polêmica que
envolve a permanência
dos meninos no câmpus também é tratada. “Após
as 19h, menores
sem os pais não podem
entrar na USP”, diz a educadora. “Às vezes, os estudantes
acreditam que é melhor
a criança ficar na USP do modo que for. Mas não é
verdade, pois,
estando aqui, deixam de
ir à escola e de desenvolver atividades educativas”.
Beatriz garante que a convivência não aproxima os jovens da
realidade universitária:
“Indagados sobre o que é
a USP, a maioria não tinha idéia”. Mas alguns já estudam
para o
vestibular. “Ainda temos
como prioridade a escola e o primeiro emprego. No futuro,
chegaremos à inclusão
universitária”, prevê.
Outro parceiro do Avizinhar é o circo-escola da Favela São
Remo, que atende 700
crianças e é
gerido pela Fundação Cesp-Criança. Além disso,
um quartel nas imediações
cede o campo de futebol
para atividades de lazer.
A realidade das crianças e adolescentes que moram vizinhos à
Cidade Universitária
não mobilizou só
os canais institucionais da universidade. Os alunos da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências
Humanas uniram-se a colegas de outras faculdades para
desenvolver o Projeto Minha
História, com sede na Faculdade de História. Já os
alunos do
Instituto de Psicologia
fundaram o Núcleo de Ação pela Cidadania.
O NAC foi criado há dois anos para lidar com os meninos que circulavam
nas
imediações
da faculdade. “Eles ficavam aqui para nadar na Raia Olímpica, o
que era
proibido”, conta Lígia,
uma das fundadoras do NAC. “Em 1997, um menino de 14 anos foi
encontrado morto na Raia.
Desde então trabalhamos com eles de maneira sistemática”,
diz.
O NAC tem apoio do Serviço de Psicologia Escolar, da própria
faculdade, por
intermédio das psicólogas
Marilene de Souza, Adriana Machado e Yara Sayão, que
supervisionam o trabalho.
O Núcleo abre vagas no início do ano e trabalha com cerca
de 20
pessoas. Há várias
frentes de atuação – em uma delas, são realizadas
oficinas de arte que
trabalham temas como a exclusão.
“O importante é a possibilidade de abordar assuntos
normalmente não tratados
em casa e na escola”, ressalta Lígia.
Não há um número fixo de crianças no Núcleo,
que não tem um espaço físico
próprio. Por isso,
trabalham em parceria com outras instituições: já
foram promovidas
oficinas no Circo-Escola
da São Remo e desenvolvidos trabalhos em três escolas públicas
da região. Agora,
o NAC tem uma sala no Centro de Práticas Esportivas da USP, em
parceria com o Avizinhar.
Essa sala é a sede de uma das frentes do Núcleo, o Cadê
Querer, que trata da evasão
escolar com adolescentes com idade de 14 a 17 anos.
A evasão também é trabalhada com a própria
escola. “Normalmente só se pensa na
‘culpa’ do aluno. Mas, muitas
vezes, ele só assume o não-desejo da escola”, afirma Lígia.
Os alunos da faculdade também
têm acesso à escola pública por meio do estágio
da
disciplina Psicologia Escolar.
Essa experiência acadêmica foi valiosa na criação
da frente do NAC que lida com a
escola. “O trabalho no Núcleo
nos ajuda a compreender melhor a realidade com a qual
trabalhamos como psicólogas,
e dinamiza nossa atuação acadêmica”, avalia a
coordenadora Janaína
Corazza.
Para uma maior inserção dos meninos dentro da universidade,
o Núcleo criou o
projeto Cadê Querer
Frente USP, que contará com um circuito cultural, com programação
nos museus, cinema e teatro
da universidade para o público infanto-juvenil. “Será algo
para
todos, mas os meninos poderão
usufruir de uma maneira produtiva o universo universitário”,
explica Lígia.
Apesar de o Núcleo de Ação pela Cidadania envolver
apenas alunos de Psicologia, a
meta é aumentar o
contato com alunos de outras unidades da USP. Para tanto, acontecerá
em novembro um evento com
a Faculdade de Pedagogia sobre os dez anos do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Além disso, está sendo iniciado um trabalho em uma ocupação
junto com o Projeto Piá,
da Faculdade de Ciências Sociais, onde será desenvolvido um
projeto de educação
extra-escola. E tem mais: os integrantes do NAC trabalham ainda com
o Escritório Piloto
da Poli em um mutirão na periferia da cidade.
Como um espaço de formação dos alunos, o coordenador
do Núcleo é mudado
anualmente e quinzenalmente
um grupo de estudo se reúne para refletir sobre a prática
do
NAC. “Não somos uma
ONG, mas uma ação específica vinculada à universidade,
que
auxilia os alunos a pensarem
e a executarem seu papel social”, define Lígia.
Outro projeto que nasceu na Cidade Universitária com o objetivo
de colocar os
meninos que freqüentavam
o câmpus em atividades produtivas foi o Minha História. Ele
tem
sede na Faculdade de História,
em uma sala feita especialmente para o projeto, há dois
anos.
É ali que 15 alunos dos vários departamentos da Faculdade
de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas e
da Escola de Comunicações e Artes desenvolvem diversas oficinas
–
jogos teatrais, literatura,
cerâmica e música – com os adolescentes, sob supervisão
da
professora Marisa Célia
Dias, da Faculdade de Educação.
A população atendida é flutuante, mas já chegou
a cerca de 50 jovens – que são
buscados em suas casas pelos
estudantes. Atualmente, o projeto está parado, pois alguns
alunos se formaram e saíram
do projeto, e a renovação das bolsas estudantis ainda não
foi
acertada. “Seria uma pena
se não prosseguíssemos”, diz a educadora Ana Paula Pacheco.
“O mais difícil nesses
trabalhos é o vínculo com os adolescentes, e isso já
é bastante
forte”.
A Faculdade de História era um dos locais preferidos pelos meninos
para pedir
esmolas e comida, assim
como a de Psicologia. Isso não existe mais nos dias de hoje.
“Com o trabalho desenvolvido
com eles, a maioria voltou a estudar. Ao invés de pedir
esmolas, vinham participar
das atividades”, conta Ana Paula.
O Centro Acadêmico de História auxilia o projeto Minha História
com uma verba
mensal para a compra de
material, além de ter publicado a história do projeto no
livro
Espaço Estudantil.
A equipe reúne-se toda semana para discutir as atividades e decidir
a
seqüência do
trabalho.
Quando há dificuldades com os jovens ou dúvidas de como encaminhar
questões do
dia-a-dia, o socorro vem
dos educadores do Avizinhar, que têm uma ligação estreita
com a
maior parte dos meninos
que vão ao câmpus. “Sempre trabalhamos em parceria”, diz Ana
Paula.
E as atividades são desenvolvidas principalmente com os meninos
da São Remo e
da Favela do Jaguaré.
“O mais importante desse trabalho é o retorno que damos à
sociedade, pois é
com o dinheiro dela que estamos estudando”, diz Ana Paula. “Por outro
lado, o projeto propicia
um contato com a comunidade que é difícil ter em cursos teóricos”.
Enquanto espera a redefinição das bases do Minha História,
a educadora defende a
ampliação
desse espaço na USP: “Deveria haver uma sala dessas em todas as
unidades.
Só assim poderíamos
ter uma formação realmente crítica".
Paula Chagas, especial para o JT
Adultos também têm vez, com trabalho
A Incubadora da USP
organiza cooperativas em comunidades de baixa renda e as
encaminha para o mercado.
Já o projeto Rede Saci é desenvolvido com portadores de
todos ostipos de deficiências
Os projetos
sociais criados e desenvolvidos por
alunos e professores da Cidade Universitária
não se destinam apenas a crianças e jovens. Para os adultos
das
comunidades vizinhas, que muitas vezes
não têm acesso a empregos, foi criada há dois anos
a Incubadora
Tecnológica de Cooperativas Populares,
sob a supervisão do professor de Economia Paul Singer.
O objetivo
principal do grupo é organizar cooperativas em comunidades de baixa
renda e
encaminhá-las para o mercado
de trabalho. A Incubadora da USP surgiu a partir do convite da Coordenadoria
Executiva de Cooperação
Universitária e Atividades
Especiais ao professor Singer,
que tinha um grupo de estudos sobre cooperativismo.
Mas o projeto ganhou autonomia, ligando-se a uma
rede de incubadoras de outras
universidades – entre elas,
a da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Universidade do Ceará e Fundação
UniTrabalho. Essa rede teve
início em 1996, com a Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz),
do
Rio de Janeiro, que fica
próxima à Favela de Manguinhos.
A Incubadora paulistana hoje agrega 15 comunidades, algumas de outras cidades,
como Embu e Praia Grande.
O processo de incubagem, que resultará na criação
de uma
cooperativa, começa
com um contato com a comunidade, para verificar suas necessidades.
O Grupo de Ensino, Pesquisa
e Extensão Multidisciplinar (Gepem) monta então um curso,
cujo conteúdo básico
é a história do cooperativismo, discussões sobre formas
democráticas de gerenciamento
e o estabelecimento de um estatuto. A duração média
do
curso é de 35 horas
– três horas semanais. Há ainda um grupo aberto de discussão
semanal.
“Esse suporte teórico é importante, mas traduzimos esses
conceitos de maneira
simples, pois grande parte
das pessoas com as quais trabalhamos é analfabeta, ou não
completou a escola”, explica
Maíra Rocha, coordenadora da Incubadora . “Com o início da
cooperativa, a maioria volta
a estudar”, afirma. A formação é continuada, pois
o Gepem
visita os grupos regularmente.
Uma das bases do trabalho em cooperativa é a autonomia, mas um dos
entraves
encontrados é a legislação
brasileira de cooperativas, de 1971. “Há várias limitações
na lei.
Por exemplo, só se
pode formar uma cooperativa a partir de 20 pessoas”, diz o coordenador
Aguinaldo Lima. “É
difícil organizar tanta gente dentro dessas comunidades”.
A Incubadora, no entanto, não força a legalização.
Trabalha com grupos informais e
possibilita o encontro entre
as cooperativas, o que já rendeu frutos. A Itacoperarte, de
Itapevi, que faz cestaria
em jornal, e a União Sul, do Jardim Ângela, que faz material
artesanal para cama, mesa
e banho, uniram seus trabalhos. “Eles mesmos perceberam
que podiam atuar juntos”,
conta Maíra. Hoje, estão desenvolvendo um catálogo
conjunto
com seus produtos.
Roteiro de vendas Outra atribuição da Incubadora é
idealizar formas de
comercializar os produtos.
Para isso, desenvolveram um roteiro de vendas nas faculdades,
parcerias com a Superintendência
de Artesanato da Prefeitura e com o Senac. Há
cooperativas que trabalham
com serviço de jardinagem, costura, artesanato, reciclagem e
alimentação.
Sempre buscam parcerias na USP, como o da CooperBrilha, de moradores da
Favela São Remo,
que faz jardinagem na USP. Há parceria ainda com a Financiadora
de
Estudos e Projetos (Finep),
do Ministério de Ciência e Tecnologia, e bolsa-trabalho da
própria USP.
A rede de 65 pessoas ligadas à Incubadora reúne-se em assembléias
mensais. Há
30 alunos bolsistas e professores
de várias faculdades. Um dos intuitos da Incubadora é
levar a tecnologia produzida
na USP para a população de baixa renda. “Essa tecnologia
geralmente fica restrita
aos pesquisadores e a quem possa comprá-la”, lembra Maíra.
“Nosso trabalho é
uma forma de democratizar essa tecnologia”.
Além da questão dos excluídos econômicos, há
um vasto leque de problemas
sociais que se refletem
na universidade, e um deles é a inclusão do portador de deficiência.
Na USP, é muito pequeno
o número de alunos deficentes, o que levou à formação,
há
alguns anos, de uma rede
de pesquisa chamada Reintegra, para discutir e armazenar
informações
sobre essa questão.
Saci moderno “A partir do Reintegra, descobrimos que cerca de 60 docentes
da
USP estudavam essa questão
sem se comunicarem”, diz Guilherme Ary Plomski,
coordenador da Cecae. “Aproximamos
essas pessoas, o que gerou outro projeto”. O projeto
é o Rede Saci que,
por meio de um site na Internet (www.saci.org.br), armazena
informações
e desenvolve tecnologia voltada para portadores de todos os tipos de
deficiência.
A Rede Saci é um projeto conjunto da USP, UFRJ, Rede Nacional de
Pesquisa do
Ministério de Ciência
e Tecnologia e da ONG Amankay, e recebe apoio financeiro das
Fundações
Telefônica e Vitae. Funcionando há um ano, a Rede tem o personagem
do
folclore brasileiro como
símbolo porque, apesar de ter só uma perna, ele se locomove
através do redemoinho.
Além disso, a palavra “saci” transformou-se em sigla: Solidariedade,
Apoio, Comunicação
e Informação. “O nosso saci é moderno e o seu redemoinho
é a
Internet”, explica Marta
Gil, gerente do projeto.
O site contém listas de discussão, jornais e revistas, bancos
de currículos,
classificados e agenda.
Conta também com o apoio do Ministério Público de
São Paulo,
que responde a dúvidas,
e de deputados e vereadores que participam das listas de
discussão. Mas a
maior novidade do site é o fato de ser construído segundo
critérios de
acessibilidade virtual.
“Até há pouco tempo, só falávamos de acessibilidade
física. Mas a
Internet também precisa
se adequar à realidade do portador de deficiência”, lembra
Marta.
“Temos usuários com
todos os tipo de deficiência e almejamos a adequação
a todas elas”,
planeja a gerente.
Para que a acessibilidade se expanda, a Rede Saci tem uma equipe de pesquisa
que desenvolveu o Kit Saci
1, que contém material tecnológico para portadores de
deficiência visual.
Agora, está sendo preparado o Kit Saci 2, para portadores de
dificuldades motoras, em
fase de teste. A acessibilidade social não é esquecida. “Como
grande parte da população
não tem computador, criamos os Centros de Informação
e
Convivência (CIC),
onde o acesso é gratuito”, conta Marta.
O primeiro CIC foi inaugurado em fevereiro passado no Instituto para Deficientes
Visuais Benjamim Constant,
no Rio de Janeiro. Lá, há computadores e monitores, além
de
cursos gratuitos. Em São
Paulo, o CIC foi inaugurado em maio, no Centro de Medicina de
Reabilitação
do Hospital das Clínicas. A equipe conta com terapeutas ocupacionais,
médicos e técnicos
em computação. “São os pacientes que nos mostram o
que é melhor
para cada limitação
física”, diz Moacir Farias Bezerra, monitor do CIC na área
de
informática.
O Kit 2, para deficientes físicos, terá calculadora, editor
de texto, navegador para a
Web, impressora e leitor
de CD . Além de acompanhar os pacientes, as terapeutas
interagem com os técnicos
de informática. “Fazemos relatórios semanais dos pacientes
e
enviamos para os envolvidos
no processo. Isso ajuda na interação da equipe e melhora
os
resultados”, diz Bezerra.
Teoria na prática A equipe abre espaço também para
os estudantes da USP, que
fazem estágio no
CIC. “Esse estágio me ajuda a entender melhor a teoria que tenho
na
faculdade”, assegura Denise
R. Tsukimoto, que cursa o 2.º ano de Terapia Ocupacional.
Ela tomou conhecimento do
projeto pela Internet e faz o estágio sem vínculo com a
faculdade, recebendo bolsa
da própria Rede Saci.
“A integração dos alunos é muito importante, pois
eles disseminam os
conhecimentos que desenvolvemos”,
diz Marta. As perguntas dos pacientes são levadas à
equipe da Rede via e-mail
e respondidas da mesma forma.
Além de desenvolver artefatos tecnológicos, o CIC utiliza
o computador para
diagnósticos, principalmente
da parte cognitiva. “Se a pessoa teve um derrame, com o
computador pode-se verificar
que parte do cérebro foi afetada”, exemplifica Marta. O
atendimento limita-se ainda
aos pacientes do Centro, mas a expectativa é de ampliação,
além do desenvolvimento
de centros em outras cidades.
O objetivo da Rede Saci, de disseminação de informações
também para o público
leigo, aos poucos vai sendo
atingido. Lançado em novembro passado, o site já recebeu
25
mil visitas. “Cadastramos
nossos usuários mais assíduos, que até julho eram
1.070 – 48%
deficientes, 25% profissionais
ligados à área e o restante leigos”, conta Marta.
Outra preocupação da equipe é que mais sites sejam
adaptados. “A reforma
necessária para a
acessibilidade é muito simples. Damos a receita no site”, avisa
Marta.
No site há também
1.300 links para outras páginas sobre deficiência, mas nem
todas
acessíveis. “Nosso
sonho é que todas as páginas sejam acessíveis”, diz
Marta.
Paula Chagas, especial para o JT
Diário Popular
Funcionária da USP fica refém de ladrões
Funcionária do Departamento de Compras do Instituto de Biociências
da Universidade São
Paulo (USP), Marisa Vicente, de 33 anos, foi assaltada e mantida refém
por uma quadrilha, na
manhã de ontem. Ela foi atacada quando ia depositar pouco mais de
R$ 13 mil na Nossa Caixa
do campus da universidade. Marisa ficou meia hora em poder dos bandidos
e foi libertada nos
Jardins.
Marisa foi atacada por uma mulher na Cidade Universitária, Zona
Oeste, quando se dirigia ao
banco. Na rua Professor Luciano Gualberto, próximo à instituição
financeira, a desconhecida
lhe perguntou sobre um endereço. Quando ia responder, teve uma arma
apontada em sua
direção.
A vítima teve de percorrer alguns metros e depois foi forçada
a entrar em um carro branco,
onde dois homens aguardavam. No veículo, que ela não soube
dizer qual a marca e as placas,
os bandidos lhe roubaram R$ 13.094,88, além de cheques e documentos
pessoais.
Os assaltantes saíram do Campus tranquilamente e rodaram 30 minutos
com a vítima, que foi
abandonada nas imediações do 78º Distrito (Jardins),
onde a ocorrência foi registrada pelo
delegado Adriano Rodrigues Caleiro. A Polícia ainda não tem
pistas dos bandidos.
Istoé
Becas de primeira
Internos da Febem terão a maior banca de advogados do País,
inclusive um ex-ministro
Gilberto Nascimento
Os adolescentes infratores da Febem de São Paulo terão à
disposição, a partir de
agora, a maior banca de advogados do País para sua defesa. Vão
ajudar os internos, entre outros, o ex-ministro da
Justiça José Carlos Dias, o jurista Miguel Reale Júnior,
presidente da comissão de reforma do Código Penal
Brasileiro, e Márcio Thomaz Bastos, um dos mais
renomados criminalistas do País e ex-presidente da OAB-SP.
José Carlos Dias e Thomaz Bastos, no momento, estão em
pólos opostos no caso Pimenta Neves. Dias defende o ex-diretor de
redação do Estadão, que matou a namorada, enquanto
Bastos atua
como advogado da família da vítima. Para atender os adolescentes
no
dia-a-dia, mais de 40 jovens advogados e estagiários da USP,
PUC-SP, Mackenzie e Universidade Paulista (Unip), além de psicólogos
e pedagogos, manterão um plantão permanente. A equipe deverá
ser
elevada para 60 profissionais.
O projeto, chamado Defensor ao Seu Lado, vai custar R$ 800 mil ao
ano. Será coordenado pelo Instituto Latino-Americano das Nações
Unidas para a Prevenção do Delito (Ilanud) e quem vai bancar
os
gastos é o governo do Estado de São Paulo. Os advogados de
renome
não cobrarão honorários e os jovens profissionais
e estagiários
receberão cerca de R$ 500 mensais. Os adolescentes serão
atendidos
desde a chegada à Unidade de Atendimento Inicial (UAI). Numa
segunda fase, será feito o acompanhamento dos processos e
execução das penalidades. “Hoje, os jovens infratores têm
contato
primeiro com o Ministério Público. Só que os promotores
são
acusadores e não defensores”, observa o advogado Oscar Vilhena
Vieira, coordenador do Ilanud. “Os profissionais vão receber o jovem,
explicar os seus direitos e fazer um relatório dos fatos. O documento
será encaminhado à Procuradoria do Estado, responsável
pela defesa”,
explica a advogada Karina Sposato, uma das coordenadoras do
projeto.
Ao contrário do adulto que pratica um delito, os adolescentes nunca
têm idéia de quanto tempo ficarão reclusos. “Dizem
que o Estatuto da
Criança é brando, mas por um delito sem grande potencial
ofensivo um
adolescente pode ficar até três anos na Febem. Isso pode acontecer
em caso de porte de droga. Um adulto nunca ficaria todo esse
tempo”, afirma Vieira. Uma equipe de jovens advogados já vinha
atuando como voluntário na Febem, mas praticamente sem
infra-estrutura. A experiência impulsiona a prática da advocacia
solidária. “Precisamos garantir os direitos mínimos desses
jovens e
pensar alternativas para a sociedade”, diz Marcelo Nastari, 23 anos,
estudante do quarto ano de Direito na PUC. “É importante estabelecer
laços de solidariedade entre jovens universitários de classe
média,
grandes advogados e aqueles que se encontram na base da pirâmide
social”, enfatiza Vieira. “Eu tinha uma idéia diferente dessa realidade
antes de participar do trabalho”, atesta a advogada Ana Gabriela
Sambiase, 26 anos.
Dependentes de álcool e familiares contam com mais um apoio na luta
contra o vício. A Universidade de São Paulo e o Laboratório
Merck
estão oferecendo o Alcoofone, serviço telefônico por
meio do qual é
possível esclarecer dúvidas sobre a dependência, melhores
tratamentos e remédios. O atendimento é feito por médicos
e
psicólogos. O serviço funciona pelo telefone 0800-132626,
das 7h às
19h.
Diário do Grande ABC
Mostra resgata o valor do papel
Everaldo Fioravante
Da Redação
O Papel da Arte é uma exposição imperdível
que soma
mais de 200 trabalhos de artistas brasileiros e
estrangeiros. O Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo (MAC-USP) se uniu ao
Centro Cultural Fiesp – sede do evento – para
apresentar a mostra, composta por obras que têm o
papel como suporte. Tratam-se de gravuras,
guaches, aquarelas, entre trabalhos em outras
técnicas. Com entrada franca, está aberta para
visitação a partir de hoje e poderá ser vista até
o dia
28 de janeiro.
Tem de Miró e Picasso a Regina Silveira e Gregório
Gruber. E isso não é tudo. Para citar apenas alguns
exemplos, entre os estrangeiros estão Léger,
Kandinsky, Chagall e Morandi; já entre os brasileiros,
Leonilson, Amilcar de Castro, Nelson Leirner e Evandro
Carlos Jardim. No total, são mais de 50 artistas.
“A idéia central desta mostra não é excepcional, mas
é fora do comum. Queremos mostrar o significativo
acervo de obras em papel do MAC-USP – mais de 4,5
mil trabalhos. A noção de que o papel é um veículo
acessório, suplementar, está ultrapassada. Ele é tão
expressivo quanto qualquer outro suporte. Está mais
do que na hora de o papel voltar a ter a função que
já teve”, diz Teixeira Coelho, diretor do MAC-USP e
curador da exposição. “O papel não está fora
do
tempo, não deixa de ser moderno nem
contemporâneo”, conclui.
Para o curador, “é uma bobagem” dizer que o papel
serve apenas para receber um estudo, um esboço,
para depois a obra final ser desenvolvida. Segundo
Teixeira Coelho, o sentimento do artista não varia de
acordo com o suporte: ele deposita as mesmas
sensações, utiliza as mesmas técnicas e busca os
mesmos resultados estéticos ao fazer uma tela ou um
papel.
Existem três principais objetivos para a mostra:
apresentar o acervo de trabalhos em papel do
MAC-USP; demonstrar que o suporte é
contemporâneo; e marcar a abertura do Gabinete de
Papel.
“Quando terminarmos a reforma da sede do museu, na
Cidade Universitária, em meados de novembro,
também vamos inaugurar o Gabinete de Papel, uma
galeria de 64m2 na qual os visitantes poderão ter
acesso direto às obras em papel – sem molduras –
que estarão devidamente acondicionadas. A
capacidade de exposição será de 450 trabalhos”, fala
o diretor .
A exposição (que traça um panorama dos trabalhos
em papel realizados durante este século) não é
dividida por estilo, tema ou época: a base são os
artistas.
Em O Papel da Arte, os mineiros Roberto Bethônico,
Nydia Negromonte e Marconi Drummond apresentam
obras nas quais o papel não é necessariamente o
suporte, mas aparece nas composições.
Roberto Bethônico mostra cinco peças em gesso de
15 cm x 15 cm cada. No centro dos objetos, que têm
cerca de 2 cm de espessura, uma lente de aumento,
e atrás, uma fotografia (papel). “São imagens da
mineradora Cauê, em Itabira (MG), cidade onde nasci.
Meu trabalho está se direcionando para uma análise
deste impacto ambiental que a extração mineral
causa, e as interferências que ela provoca inclusive
na paisagem”. Para analisar a obra, o espectador
precisa se deslocar, pois as peças estão distribuídas
em alturas diferentes. E para enxergar os detalhes
das fotos, o visitante tem de percorrer o olho pela
lente.
Marconi Drummond mostra um site specific (obra
produzida especialmente para o local) em que utiliza
papel e chumbo. E Nydia Negromonte apresenta o
papel como matéria, saindo do plano. “Há obras que
escondem o plano, ocultam o fundo. Em outras, este
fundo é visível, é utilizado e se torna evidente.
E há
também trabalhos em que o papel sai do plano e
apresenta o espaço, o volume”, fala Teixeira Coelho.
Soulages – Paralelamente, o Centro Cultural Fiesp
abriga a mostra Obra em Contexto: Disciplinando
Soulages, com curadoria de Tadeu Chiarelli. A
exposição aproxima e propõe relações
entre duas
telas do acervo do MAC-USP: uma de Pierre Soulages
(Composição, óleo de 1959) e outra de Mônica
Nador
(Sem título, acrílica de 1985).
O Papel da Arte – Exposição coletiva. No Centro Cultural
Fiesp /
Galeria de Arte do Sesi – av. Paulista, 1.313, próximo à
estação
de metrô Trianon-Masp. Tel.: 284-3639. De terça a sábado,
das 10h às 20h, e domingos, das 10h às 19h. Entrada franca.
Até 28 de janeiro.
Da Redação
O edifício-sede do Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo (MAC-USP), na Cidade
Universitária, em São Paulo, deverá ter sua reforma
concluída em meados de novembro, segundo o diretor
do museu, Teixeira Coelho.
A obra permitirá a implantação de equipamentos de
prevenção e combate a incêndio, sistema de
ar-condicionado e um novo circuito de iluminação,
entre outras melhorias.
As modificações – possíveis devido a projetos
aprovados pela Fapesp (Fundação para o Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo) – devem garantir a
conservação adequada da coleção. Com o fim
das
obras, também será inaugurado o Gabinete de Papel,
único em São Paulo.
Teixeira Coelho falou ao Diário sobre a possibilidade
de, em poucos anos o MAC-USP – que tem um dos
mais significativos acervos de arte moderna e
contemporânea da América Latina – ter um novo
prédio para suas atividades: “Temos um terreno, da
prefeitura, na avenida Francisco Matarazzo,
antigamente ocupado pelas indústrias da família
Matarazzo. Ele tem 12 mil ms. Agora precisamos
captar recursos para sua construção. A conclusão da
obra deve demorar cerca de três anos”, conta.
Segundo o diretor do museu, o novo prédio deverá
ser utilizado para grandes exposições. E o
edifício-sede, na Cidade Universitária, continuará
com
suas atividades e estará voltado mais para estudos e
pesquisas sobre arte e para exposições de
professores e alunos da USP.
“Esse novo espaço destinado ao MAC-USP abrigará
um museu modelar para São Paulo e para o Brasil”, diz
Teixeira Coelho. “Para a construção do edifício,
haverá um concurso internacional de arquitetura”,
completa. — EF