03.10.2000. 

O Estado de S. Paulo

Seminário vai discutir sistema de ciclo na escola
HC anula concurso por causa de fraude
Unesp escolhe novo reitor a partir de amanhã (1º/10/2000)
Propostas dos concorrentes (1º/10/2000)

Jornal da Tarde

HC: anulado concurso por suposta fraude
Ladrão rouba vales de faculdade
Trincheiras invisíveis da São Paulo em plena guerra
Japoneses foram persguidos
Uma universidade muito além da teoria (1º/10/2000)
Adultos também têm vez, com trabalho (1º/10/2000)

Diário Popular

Funcionária da USP fica refém de ladrões

IstoÉ

Becas de primeira
Ajuda telefônica

Diário do Grande ABC

Mostra resgata o valor do papel (26/09/2000)
Obra protege o acervo (26/09/2000)
 
 
 



O Estado de S. Paulo

Seminário vai discutir sistema de ciclo na escola

      Representantes da Faculdade de Educação e do sindicato dos professores participarão

             Na tentativa de tornar o sistema de ciclos e de progressão continuada mais eficaz
        nas escolas estaduais paulistas, a Faculdade de Educação da USP e o Sindicato dos
        Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) vão realizar um seminário
        no fim de novembro.
             A intenção, explica a diretora da faculdade, Myriam Krasilchik, é encontrar opções
        para que os professores se sintam seguros para trabalhar dentro do novo sistema. Desde
        1998, a rede estadual substituiu as séries por ciclos.
             Um dos objetivos foi adaptar as escolas às etapas do desenvolvimento infantil,
        permitindo que a criança tenha um tempo maior do que um ano para assimilar os
        conteúdos. No entanto, na avaliação de muitos professores, o sistema está permitindo que
        alunos sejam aprovados sem terem aprendido, conforme demonstraram reportagens
        publicadas ontem e anteontem pelo Estado.
             "Acreditamos que é possível mudar, melhorar", afirma a presidente da Apeoesp,
        Maria Isabel Noronha. "Queremos formular propostas que possam ser adotadas
        rapidamente na rede", explica. Representantes da secretaria também serão convidadas a
        participar do evento, a fim de colaborar com o debate.

             (Marta Avancini)
 

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HC anula concurso por causa de fraude
 
       Candidatos a auxiliar de enfermagem denunciam fiscais e reclamam de local da  prova

             Um concurso promovido pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas para
        preencher 47 vagas de auxiliar de enfermagem foi anulado ontem, depois de denúncias de
        fraude e de problemas de organização. A prova, realizada no Estádio do Pacaembu, atraiu
        5.900 pessoas e começou com cerca de duas horas de atraso.
             Revoltados com a falta de infra-estrutura, incomodados com o sol forte e a falta de
        fiscais, muitos concorrentes abandonaram a prova. Pelo menos três mulheres sentiram
        mal-estar. Alguns candidatos foram em passeata até o Hospital das Clínicas.
             "Uma falta de respeito tremenda", criticou Maria Fernandes, de 38 anos, uma das
        candidatas. "Não havia a menor condição de fazer prova aqui, estádio não é lugar para
        isso", protestou Vanusa Gomes Lima, de 26 anos. "Vi duas fiscais ajudando uma
        candidata, funcionária do próprio hospital, a fazer a prova", acusou a candidata Sônia
        Rodrigues de Almeida, de 28 anos.
             A superintendência do HC, além de anular a prova, abriu sindicância para apurar as
        denúncias de fraude. Uma nova data deverá ser marcada, em outubro.
             "Não imaginávamos que houvesse tanta procura para preencher essas vagas",
        admitiu a chefe de gabinete da superintendência, Maria Matilde Machi. "Acho que a
        concorrência contribuiu para o nervosismo dos candidatos", completou.
             O salário oferecido é de R$ 554,00, por uma jornada semanal de 30 horas Matilde
        reconheceu que a organização errou ao escolher o estádio para a realização da prova. Os
        candidatos deverão ser informados, por telegrama ou telefonema, sobre o novo dia da prova.
        Matilde, porém, garantiu que o exame será feito em local fechado. (Carlos Araújo e Lígia
        Formenti)

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Unesp escolhe novo reitor a partir de amanhã

        Folha de pagamento, precatórios e restrição orçamentária são desafios para candidatos

        RENATA CAFARDO

             O clima agitado que antecede eleições também vem sendo vivido pela Universidade
        Estadual Paulista (Unesp). Professores, funcionários e alunos votarão, entre amanhã e
        quarta-feira, para escolher quem será o reitor de uma das maiores universidades do País,
        nos próximos quatro anos.
             A crise financeira enfrentada pelo ensino superior público brasileiro será um desafio
        que vai exigir muito empenho e imaginação do vencedor. Apenas para se ter uma idéia das
        atuais dificuldades, dos R$ 500 milhões do orçamento da Unesp para o ano 2000, R$ 430
        milhões estão comprometidos com os salários.
             Restrição orçamentária, negociação de precatórios e folha de pagamento cada vez
        mais sobrecarrecada com aposentados estão entre os principais problemas apontados por
        todos os aspirantes ao cargo de reitor.
             As dificuldades debatidas já haviam ficado evidentes para toda a sociedade entre os
        meses de abril e junho, com a greve de 51 dias dos trabalhadores das três universidades
        estaduais.
             "É preciso sensibilizar o governo para que aumente o aporte de recursos para a
        universidade", afirma o candidato José Eduardo Junho do Araújo. A candidata Maria
        Aparecida Viggiani Bicudo propõe separar os custos do Hospital das Clínicas de Botucatu,
        transferindo os gastos com a atividade assistencial para a Secretaria de Estado da Saúde.
        Apesar de não haver pesquisas de intenção de votos, ela é considerada a favorita por
        pessoas de dentro e de fora da Unesp. "Serei a primeira reitora das universidades públicas
        paulistas", diz confiante a concorrente.
             Voto paritário - O último debate entre os candidatos, terça-feira em São Paulo, teve
        de ser encerrado antes da hora por causa do barulho de bumbos e tambores de estudantes
        que protestavam contra o voto não- paritário, ou seja, em que os segmentos têm peso
        diferente na escolha.
             "Esta eleição está sendo conduzida de maneira antidemocrática", diz o coordenador
        do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Anderson Alves.
             "Queremos ter também o poder de decisão, porque na hora da crise sentimos os
        mesmos efeitos que os professores", diz a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores
        da Unesp (Sintunesp), Maria Piedade Peixoto.
             Uma alteração do estatuto da universidade em 1998 fez com que os professores
        passassem a representar 70% dos votos nas eleições para reitor, enquanto funcionários e
        alunos, juntos, apenas 30%. A Unesp adequou-se à Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de
        1996 que determinava que não haveria mais eleições paritárias, como ocorreu em 1992 e
        1996. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, o reitor é escolhido por membros
        da Assembléia Universitária.
             A questão é polêmica e fez com que alunos e funcionários se unissem para pregar a
        anulação do voto.
             "Se um aluno de 17 anos pode escolher o presidente da República, por que não o
        reitor?", pergunta o candidato, Amilton Ferreira.
             "O professor deve ter voto majoritário, porque ele é o elemento fundamental de uma
        instituição que tem como objetivos o saber e o ensino", diz o candidato Roberto Ramalho,
        atual vice-reitor.
             Já o candidato que se auto-intitula como de oposição, José Carlos Souza Trindade,
        acha que é possível questionar a lei federal, que não permite a paridade, usando a
        autonomia da universidade.
             Lista tríplice - O resultado da apuração deve sair na quinta-feira.
             Os nomes dos três candidatos mais votados para reitor e para vice-reitor serão
        apresentados ao governador Mário Covas. Os eleitos não precisam ser da mesma chapa. O
        desejo da comunidade da Unesp é que o governador indique para ocupar os cargos os que
        estiverem no topo de cada lista tríplice. Mas, segundo o presidente da Comissão Eleitoral
        da universidade, Orivaldo Arf, Covas tem a prerrogativa de escolher quem ele quiser.
 

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 Propostas dos concorrentes

        Universidade precisa ter mais visibilidade

             O candidato Amilton Ferreira, de 59 anos, professor titular do Instituto de
        Biociências de Rio Claro e presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp
        (Fundunesp), enfatiza: "É preciso fazer a Unesp visível à sociedade." Ao lado do candidato
        a vice, Neivo Luiz Zorzetto, defende a integração da Unesp com a imprensa para que a
        sociedade tenha uma visão real do que a é a universidade. Ferreira quer que os pró-reitores
        sejam escolhidos também em eleição - atualmente, eles são indicados pelo reitor. O
        candidato defende ainda uma descentralização administrativa e orçamentária. "Na Reitoria,
        deveria ficar apenas a produção das leis maiores da universidade." Segundo ele, o primeiro
        problema a ser resolvido é o salário dos aposentados, que está tornando a Unesp "inviável".

        Corte de gastos exige administração enxuta

             Diminuir a administração central da Unesp, dando às unidades autonomia para
        resolver os problemas locais. Essa é uma das propostas do candidato da oposição José
        Carlos Souza Trindade, de 64 anos, e do seu vice, Paulo César Razuk. Trindade é médico
        e dedicou sua vida acadêmica à Faculdade de Medicina de Botucatu, onde atualmente é
        professor e chefe do Departamento de Urologia. Se for eleito, pretende transferir a sede da
        Reitoria, atualmente em São Paulo, para o interior do Estado. Para cortar custos, ele
        aponta o setor administrativo como principal alvo. "Há excesso de gastos na Reitoria e na
        administração superior da Unesp." O candidato também defende a criação de um fundo de
        apoio à comunidade acadêmica. Os recursos seriam aplicados em restaurantes
        universitários, moradias estudantis e bolsas de estudo.

        Mais recursos virão com abertura para sociedade

             O candidato José Eduardo Junho de Araújo, de 50 anos, construiu sua vida
        profissional na Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, onde ainda dá aulas
        nos cursos de graduação e pós-graduação. Araújo pretende integrar mais a Unesp com a
        sociedade. "Defendo um orçamento participativo para haver uma transparência orçamentária
        e romper com a prática isolacionista." Seu programa, elaborado com o vice Edmundo José
        de Lucca, sugere a efetivação de um plano de carreira para melhorar os salários dos
        professores universitários. Entre os problemas enfrentados pela Unesp, o candidato salienta
        a falta de financiamento adequado para o desenvolvimento de suas atividades. Araújo
        acredita ser necessário estabelecer programas de cooperação com outras organizações,
        nas quais inclui o setor privado.

       Ensino, gestão e política devem ser articulados

             Única mulher na disputa, Maria Aparecida Viggiani Bicudo, de 60 anos, licenciou-se
        da função de pró-reitora de Graduação, que exerceu por quase oito anos, por causa das
        eleições. A candidata é formada em pedagogia e sempre se dedicou à área de educação.
        O seu vice é Flávio Ruas de Moraes. Em vez de defender a descentralização, como outros
        candidatos, ela propõe uma "macropolítica articulada para todas as unidades da Unesp".
        Para isso, ela defende uma maior abertura de canais de comunicação na comunidade
        universitária, dando ênfase à Rádio Unesp, por exemplo. "É preciso articular ensino, gestão
        e política." Maria considera que a folha de pagamento dos aposentados deve ser assumida
        pelo Estado e pretende estreitar os laços com instituições como Fapesp, CNPq e Nossa
        Caixa para conseguir recursos.

      Fundo de pensão pode manter aposentadorias

             Roberto Ramalho, de 59 anos, é o atual vice-reitor da Unesp e adquiriu experiência
        acadêmica e administrativa na Faculdade de Odontologia de Araraquara. Segundo ele, as
        frentes de atuação para resolver o problema da restrição orçamentária já foram delineadas e
        precisam de continuidade.
             Ele e seu vice, Ricardo Antonio de Arruda Veiga, querem a criação de um fundo de
        pensão para o pagamento de aposentadorias e a busca de alternativas de financiamento
        para os hospitais. "A conquista de novos recursos não é garantia para resolver os
        problemas da Unesp." Ele aponta a "paralisia de iniciativas" dos acadêmicos como outra
        preocupação. Além disso, Ramalho considera importante um aperfeiçoamento do processo
        de seleção de novos alunos para que aumente o acesso de estudantes carentes à
        universidade.
 

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Jornal da Tarde

HC: anulado concurso por susposta fraude
 
            Um concurso promovido pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas para
        preencher 47 vagas de auxiliar de enfermagem foi anulado ontem, por denúncias de fraude e
        má organização. A prova, realizada no Estádio do Pacaembu, atraiu 5.900 pessoas e
        começou com cerca de duas horas de atraso.
             Revoltados com a falta de infra-estrutura, muitos concorrentes abandonaram a prova.
        Pelo menos três mulheres sentiram mal-estar com o sol. Alguns candidatos foram em
        passeata até o Hospital das Clínicas. "Vi duas fiscais ajudando uma candidata, funcionária
        do próprio hospital, a fazer a prova", acusou a candidata Sônia Rodrigues de Almeida, de
        28 anos.
             A superintendência do HC, além de anular a prova, abriu sindicância para apurar as
        denúncias de fraude. Uma nova data deverá ser marcada, em outubro.
 

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Ladrão rouba vales de Faculdade

             Um homem armado roubou, na tarde de ontem, R$ 40 mil em vale-refeições da
        Fundação Faculdade de Medicina, na Rua da Consolação, centro. Por volta das 13h,
        seguranças da empresa VR Vales Limitada pararam na frente da instituição, para entregar
        dois malotes. Um dos seguranças, que levou os pacotes ao Departamento Financeiro, foi
        dominado pelo ladrão.
 
 

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Trincheiras invisíveis da São Paulo em plena guerra

           O historiador Roney Cytrynowicz lança `Guerra sem Guerra' (Geração Editorial) e
         reconstrói o clima de medo que assaltou a cidade em 1944 - apesar de nenhum tiro ter
         pipocado por aqui

          Durante o ano de 1944, algumas notícias prometiam tirar o sono dos paulistas. Corriam boatos
      sobre submarinos alemães rondando a costa de Santos e de helicópteros, provenientes da máquina bélica de
      Hiltler, sobrevoando a baixada.
           Em São Paulo, a população convivia com exercícios preventivos de defesa antiaérea. Embora
       nenhum bomba tenha atingido o solo brasileiro nos anos da Segunda Guerra Mundial, durante os blecautes os
       paulistanos puderam pelo menos enxergar o Cruzeiro do Sul, que muitos apenas conheciam, segundo um cronista
       da época, "na bandeira do Brasil e na cunhagem das moedas de dois cruzeiros".
            Essas e inúmeras outras histórias sobre o
        cotidiano dos habitantes de São Paulo durante o conflito são reconstituídas em Guerra sem
        Guerra (Geração Editorial, 436 páginas, R$ 36), do historiador Roney Cytrynowicz.
             Fontes inusitadas A bibliografia sobre o envolvimento dos brasileiros na Segunda
        Guerra se restringe à campanha dos pracinhas na Itália e a poucas obras memorialísticas.
        Redesenhar os contornos do comportamento da população da maior cidade do País
        naqueles anos foi tomado como um desafio por Cytrynowicz.
             Sua pesquisa tomou duas direções. A primeira foi recuperar o sentimento que
        permeava um povo que recebia notícias pelo rádio e jornais de uma guerra travada a
        milhares de quilômetros de seu território. Depois articular esse sentimento com a cruzada
        de mobilização encetada pelo Estado Novo. O resultado é um retrato vívido de uma época
        marcada por fortes contradições sociais e rápidas mudanças comportamentais na
        sociedade brasileira.
             Cytrynowicz não poupou nenhuma fonte para captar as emoções dos paulistanos.
             Diários, receitas de pão, letras de sambas, poesias, romances, correspondências,
        jornais e revistas e material de propaganda foram minuciosamente consultados.
             Uma frase aparentemente perdida no diário de uma menina de 14 anos foi o ponto de
        partida para a reconstituição: "No dia 1º de setembro de 1944 começou a guerra na Europa,
        entre a Alemanha e a Polônia." Mina Mutchnik, a autora do diário, estava muito mais
        preocupada com o fato de o namorado sair de São Paulo para estudar do que com a
        investida dos blindados alemães no Leste Europeu.
             Até 22 de agosto de 1944, o desinteresse manifestado por Mina era compartilhado
        por quase toda a população brasileira. A guerra estava distante e havia outros problemas
        com que se preocupar. Mas, após o bombardeamento de navios brasileiros na costa
        nordestina, o governo declarou guerra aos países do eixo (Alemanha, Itália e Japão).
        Expondo suas contradições internas, alinhava-se aos países que lutavam contra as forças
        totalitárias enquanto alimentava uma ditadura interna.
             Ataque iminente -  Essas mesmas contradições podem ser notadas em Guerra sem
        Guerra. São Paulo possuía 2 milhões de habitantes na década de 40 e já expunha muitas
        das mazelas hoje verificadas no seu cenário urbano. Desde a década de 20, a
        administrações municipais priorizavam a malha viária com alargamentos de avenidas e ruas
        em prejuízo do transporte coletivo.
             A cidade crescia para o alto e contingentes mais pobres da população eram
        deslocados para a periferia. Com a explosão da guerra, o governo Vargas encontrou o
        pretexto que procurava para apertar as cravelhas contra a desordem urbana. Várias
        medidas de ordem e disciplina foram implementadas sob a alegação de que a cidade
        estava na iminência de ser atacada.
             A mobilização atingiu pontos sensíveis do cotidiano paulistano e gerou reações
        ferozes. O caso mais emblemático é o do pãozinho. O governo lançou o "pão de guerra"
        feito com farinha de macarrão para substituir o "pão branco" feito com farinha de trigo. A
        população não se conformou com a medida e acusou os donos de padarias de
        sonegadores à procura de altos lucros. Mas os vilões eram outros. Com a escassez do
        trigo na Europa, o governo incentivava os produtores nacionais a exportar a matéria-prima.
        Para justificar-se, a guerra era o álibi perfeito.
             Kamikazes suicidas -  O gasogênio, combústivel que substituía a gasolina por ser
        mais barato mas também gerar menos potência, foi outro item a ser recusado. Dessa vez,
        os mais atingidos eram os ricos e a classe média alta, possuidores de automóveis. Para
        ser instalado, o gasogênio requeria uma acessório acoplado na traseira dos veículos. Os
        proprietários se recusavam a "enfeiar" sua caras máquinas com o equipamento.
             Com menos carros nas ruas, outro grave problema ficou exposto - a fragilidade do
        transporte público. Uma notícia de jornal chamava atenção para o usuário que viajava
        dependurado nos estribos, apelidados de kamikazes suicidas, os antepassados dos atuais
        surfistas rodoviários.
             O alinhamento interno colocado em prática pelo Estado Novo procurava enquadrar
        também as mulheres, diz Cytrynowicz. O governo lançou o programa nacional de
        recrutamento feminino para formar enfermeiras. A meta era contar com 600 mil enfermeiras
        prontas para servir no front interno, no caso de ataques, e no externo, para acompanhar a
        FEB na Europa. Mas, segundo o historiador, a preocupação das autoridades era outra. O
        que se procurava, na verdade, era exercer maior controle sobre a emancipação feminina
        entre a classe média. Entre as classes mais pobres, a mão-de-obra feminina já respondia
        por 50% da ocupação nas fábricas. Mas, no início da década de 40, a mulher paulistana de
        classe média procurava inserir-se no mercado de trabalho e despir-se de suas funções de
        dona de casa. Várias revistas femininas da época alertavam para esse perigoso desvio
        moral das mães de família. Incentivar as mulheres a abraçar a enfermagem foi uma maneira
        encontrada pelo Estado para enquadrá-las.
             A população de São Paulo recebia entre recalcitrante e bem-humorada as medidas
        do governo. Em várias letras de marchinhas carnavalescas, a ironia e o deboche refletem a
        reação contra a implantação do alinhamento interno.
             Mas que guerra era essa, cujas armas utilizadas pela população eram o humor e o
        escárnio? A escassez verificada foi urdida por Vargas a troco do controle da população,
        segundo Cytrynowicz, gerando uma inversão curiosa.
             "Não foi a guerra o motivo da escassez e longas filas em São Paulo. Foram a falta
        de pão e as filas os responsáveis pela sensação de um estado de guerra. A população da
        cidade se recusou, não tolerou, a intervenção do Estado em esferas consideradas
        invioláveis, como era o caso do pãozinho", explica.
              André Nigri
 

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Japoneses foram perseguidos

      Italianos e alemães eram definidos como `súditos de países inimigos', mas os nipônicos
     foram tratados como `etnicamente perigosos', diz Cytrynowicz

             Uma das perguntas que Ronei Cytrynowicz sempre se fez é: por que a Segunda
        Guerra Mundial não faz parte da memória de São Paulo? Os grandes monumentos da
        cidade, concentrados no Ibirapuera, celebram três acontecimentos históricos distintos: o
        Monumento às Bandeiras, homenageando a colonização dos bandeirantes; a estátua de
        Pedro Álvares Cabral, referindo-se ao descobrimento; e o obelisco, em memória à
        Revolução de 1932.
             Qual o marco equivalente aos pracinhas e à memória do acontecimento político mais
        importante do século na cidade? Não existe.
             As razões, segundo o historiador, devem ser procuradas no papel do conflito na
        memória urbana. "Enquanto a Revolução de 32 representou o momento em que marcharam
        juntas as classes médias, as oligarquias rurais e a burguesia urbana - mas não a classe
        operária -, em 1943/44, ao contrário, à falta total de mobilização desses setores
        correspondeu um alinhamento não voluntário das classes mais baixas", diz.
             Além disso, o poder centralizado de Vargas foi recusado, tanto pelas oligarquias
        quanto pela classe média. De São Paulo, por exemplo, não partiu nenhum regimento
        importante da FEB.
             Quanto mais se avança pelas páginas de Guerra sem Guerra, mais se vai
        percebendo as contradições que marcavam a cidade já naquela época, hoje sentidas de
        modo mais explícito. Há mais de meio século, São Paulo já se definia como uma cidade
        partida, na qual os ricos e a classe média mereciam atenção prioritária no espaço urbano,
        por meio do alargamento das avenidas e ruas para facilitar o tráfego de automóveis,
        enquanto os mais pobres eram alvos constantes da violência, seja por meio de sua
        expulsão para a periferia ou da ação punitiva contra mendigos.
             Bode expiatório Mais do que os pobres, foram os imigrantes provenientes dos
        países do eixo os que mais sofreram as ações restritivas do Estado Novo em São Paulo.
             E, entre eles, os japoneses.
             Enquanto italianos e alemães são definidos como súditos de países inimigos, os
        japoneses são tratados como etnicamente perigosos", diz Cytrynowicz.
             A colônia nipônica de São Paulo foi proibida de ensinar e difundir sua língua, medida
        que também antingiu alemães e italianos. Mas, ao contrário daqueles, várias famílias de
        imigrantes japoneses foram obrigadas a deixar suas casas na capital e outras tantas foram
        transferidas para colônias agrícolas no interior do Estado. Cytrynowicz fala em "suicídio
        espiritual" de um povo.
             Passados mais de 60 anos do início da guerra, Guerra sem Guerra é uma das
        melhores contribuições sobre as repercussões internas do conflito no maior aglomerado
        urbano do País.
 

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Uma universidade muito além da teoria

    Investindo em vários projetos sociais, a USP integra-se com as comunidades que a
    rodeiam, propiciando a alunos e professores a prática de seus estudos aonde ela é
    necessária

           Desde que a Cidade Universitária foi fundada,
      nos anos 60, muita coisa mudou na cidade de São Paulo. Por muito tempo, a área destinada a receber
      as faculdades da Universidade de São Paulo ficava em meio ao mato, longe das mazelas sociais. Mas,
      ao mesmo tempo, levou consigo um grande contigente de trabalhadores que passaram a morar
      nas imediações – o que contribuiu, junto com outros fatores, para o nascimento da Favela Jardim São
      Remo, ao lado de seus portões. Hoje, a Cidade Universitária está em meio à cidade e não consegue
      mais ficar imune a problemas como assaltos, perambulação de jovens e crianças carentes e
      trabalhadores ambulantes.
             Uma das soluções encontradas para lidar com estas questões foi o progressivo
        fechamento da Cidade Universitária, que hoje fica fechada nos fins de semana – uma
        medida polêmica que desagradou a uma grande parte da população. Outra saída foi a
        tomada de consciência por parte de alunos, professores e reitoria, que cada vez mais se
        empenham em trabalhos e projetos ligados a questões sociais.
             “Hoje, temos centenas de projetos com viés social”, diz Guilherme Ary Plomski,
        responsável pela Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e Atividades
        Especiais, criada em 1992 pela reitoria da USP para coordenar projetos que congreguem
        mais de uma unidade da universidade.
             Além dos 20 projetos da Cecae, há outros criados pelas faculdades, que podem ser
        conhecidos no site da USP ( www.usp.br), no catálogo A USP Enfrenta o Desafio da
        Inclusão Social.
             Os projetos da Coordenadoria têm visam dinamizar a relação da USP com seu
        entorno. “A Cecae é um órgão estimulador, não centralizador. Também não somos
        assistencialistas, nem governo”, lembra Plomski. “Só cumprimos o papel da universidade
        de buscar soluções para problemas sociais e econômicos. E esperamos que isso traga a
        valorização do conhecimento gerado na universidade”.
             Para alcançar esse objetivo, a Cecae toca projetos com a população do entorno da
        universidade. O maior é o Avizinhar, que se divide em cinco frentes e que, em seus dois
        anos de funcionamento, desenvolveu atividades com 73 famílias e 437 crianças e
        adolescentes de baixa renda.
             O primeiro passo do projeto foi a realização de um censo para conhecer a
        quantidade e o perfil dos adolescentes e crianças que perambulavam pelo câmpus. A
        pesquisa revelou que eram cerca de 60 jovens, todos do sexo masculino. “Isso é bom, pois
        quando as meninas aparecem, é porque a desestruturação familiar é profunda”, analisa
        Beatriz de Oliveira, educadora do Avizinhar, que já trabalhou na Febem e na Secretaria do
        Menor.
             Além disso, constatou-se que todos os jovens moravam na Favela São Remo,
        tinham vínculo familiar, não consumiam drogas e usavam o câmpus para lazer e geração de
        renda. Foi iniciada, então, a aproximação com as famílias, e descobriu-se que 30% das
        crianças estavam fora da escola. “Um dos principais motivos desta evasão era a falta de
        contato das mães com as escolas”, explica a educadora.
             A partir daí, a principal preocupação do projeto foi a colocação de todas as crianças
        na escola, levando a um trabalho nas escolas públicas da região. “Outro problema
        importante era a entrada no mercado de trabalho”, lembra Beatriz. Assim foram iniciados
        projetos com faculdades e instituições da USP, como a Escola Politécnica e a Faculdade
        de Matemática e Estatística, que cedem seu espaço físico e seus alunos para cursos de
        capacitação profissional freqüentados por 30 adolescentes.
             Há cursos de técnicas de escritório, informática e técnico de micros, entre outros. A
        iniciativa vem dando resultados. “Hoje, não há mais jovens guardando carros na USP e a
        maioria está na escola”, garante Beatriz. O atendimento foi estendido a outros jovens,
        como os da Favela do Jaguaré. E, em parceria com o Centro de Práticas Esportivas da
        USP, foi criado um grêmio onde são desenvolvidas atividades com jovens de 16 a 21 anos.
             O Avizinhar faz outras pontes entre a comunidade e a USP, com o encaminhamento
        de jovens para o trabalho. A Edusp e o Centro de Computação Eletrônica da Poli têm 30
        adolescentes como estagiários. “Nossa principal função é fazer o acompanhamento social
        desses adolescentes”, diz Vera Soares, coordenadora do Avizinhar.
             Hoje, há o empenho na disseminação do projeto, por meio do contato com
        professores, diretores, centros acadêmicos e guardas das faculdades. A polêmica que
        envolve a permanência dos meninos no câmpus também é tratada. “Após as 19h, menores
        sem os pais não podem entrar na USP”, diz a educadora. “Às vezes, os estudantes
        acreditam que é melhor a criança ficar na USP do modo que for. Mas não é verdade, pois,
        estando aqui, deixam de ir à escola e de desenvolver atividades educativas”.
             Beatriz garante que a convivência não aproxima os jovens da realidade universitária:
        “Indagados sobre o que é a USP, a maioria não tinha idéia”. Mas alguns já estudam para o
        vestibular. “Ainda temos como prioridade a escola e o primeiro emprego. No futuro,
        chegaremos à inclusão universitária”, prevê.
             Outro parceiro do Avizinhar é o circo-escola da Favela São Remo, que atende 700
        crianças e é gerido pela Fundação Cesp-Criança. Além disso, um quartel nas imediações
        cede o campo de futebol para atividades de lazer.
             A realidade das crianças e adolescentes que moram vizinhos à Cidade Universitária
        não mobilizou só os canais institucionais da universidade. Os alunos da Faculdade de
        Filosofia, Letras e Ciências Humanas uniram-se a colegas de outras faculdades para
        desenvolver o Projeto Minha História, com sede na Faculdade de História. Já os alunos do
        Instituto de Psicologia fundaram o Núcleo de Ação pela Cidadania.
             O NAC foi criado há dois anos para lidar com os meninos que circulavam nas
        imediações da faculdade. “Eles ficavam aqui para nadar na Raia Olímpica, o que era
        proibido”, conta Lígia, uma das fundadoras do NAC. “Em 1997, um menino de 14 anos foi
        encontrado morto na Raia. Desde então trabalhamos com eles de maneira sistemática”,
        diz.
             O NAC tem apoio do Serviço de Psicologia Escolar, da própria faculdade, por
        intermédio das psicólogas Marilene de Souza, Adriana Machado e Yara Sayão, que
        supervisionam o trabalho. O Núcleo abre vagas no início do ano e trabalha com cerca de 20
        pessoas. Há várias frentes de atuação – em uma delas, são realizadas oficinas de arte que
        trabalham temas como a exclusão. “O importante é a possibilidade de abordar assuntos
        normalmente não tratados em casa e na escola”, ressalta Lígia.
             Não há um número fixo de crianças no Núcleo, que não tem um espaço físico
        próprio. Por isso, trabalham em parceria com outras instituições: já foram promovidas
        oficinas no Circo-Escola da São Remo e desenvolvidos trabalhos em três escolas públicas
        da região. Agora, o NAC tem uma sala no Centro de Práticas Esportivas da USP, em
        parceria com o Avizinhar. Essa sala é a sede de uma das frentes do Núcleo, o Cadê
        Querer, que trata da evasão escolar com adolescentes com idade de 14 a 17 anos.
             A evasão também é trabalhada com a própria escola. “Normalmente só se pensa na
        ‘culpa’ do aluno. Mas, muitas vezes, ele só assume o não-desejo da escola”, afirma Lígia.
        Os alunos da faculdade também têm acesso à escola pública por meio do estágio da
        disciplina Psicologia Escolar.
             Essa experiência acadêmica foi valiosa na criação da frente do NAC que lida com a
        escola. “O trabalho no Núcleo nos ajuda a compreender melhor a realidade com a qual
        trabalhamos como psicólogas, e dinamiza nossa atuação acadêmica”, avalia a
        coordenadora Janaína Corazza.
             Para uma maior inserção dos meninos dentro da universidade, o Núcleo criou o
        projeto Cadê Querer Frente USP, que contará com um circuito cultural, com programação
        nos museus, cinema e teatro da universidade para o público infanto-juvenil. “Será algo para
        todos, mas os meninos poderão usufruir de uma maneira produtiva o universo universitário”,
        explica Lígia.
             Apesar de o Núcleo de Ação pela Cidadania envolver apenas alunos de Psicologia, a
        meta é aumentar o contato com alunos de outras unidades da USP. Para tanto, acontecerá
        em novembro um evento com a Faculdade de Pedagogia sobre os dez anos do Estatuto da
        Criança e do Adolescente. Além disso, está sendo iniciado um trabalho em uma ocupação
        junto com o Projeto Piá, da Faculdade de Ciências Sociais, onde será desenvolvido um
        projeto de educação extra-escola. E tem mais: os integrantes do NAC trabalham ainda com
        o Escritório Piloto da Poli em um mutirão na periferia da cidade.
             Como um espaço de formação dos alunos, o coordenador do Núcleo é mudado
        anualmente e quinzenalmente um grupo de estudo se reúne para refletir sobre a prática do
        NAC. “Não somos uma ONG, mas uma ação específica vinculada à universidade, que
        auxilia os alunos a pensarem e a executarem seu papel social”, define Lígia.
             Outro projeto que nasceu na Cidade Universitária com o objetivo de colocar os
        meninos que freqüentavam o câmpus em atividades produtivas foi o Minha História. Ele tem
        sede na Faculdade de História, em uma sala feita especialmente para o projeto, há dois
        anos.
             É ali que 15 alunos dos vários departamentos da Faculdade de Filosofia, Letras e
        Ciências Humanas e da Escola de Comunicações e Artes desenvolvem diversas oficinas –
        jogos teatrais, literatura, cerâmica e música – com os adolescentes, sob supervisão da
        professora Marisa Célia Dias, da Faculdade de Educação.
             A população atendida é flutuante, mas já chegou a cerca de 50 jovens – que são
        buscados em suas casas pelos estudantes. Atualmente, o projeto está parado, pois alguns
        alunos se formaram e saíram do projeto, e a renovação das bolsas estudantis ainda não foi
        acertada. “Seria uma pena se não prosseguíssemos”, diz a educadora Ana Paula Pacheco.
        “O mais difícil nesses trabalhos é o vínculo com os adolescentes, e isso já é bastante
        forte”.
             A Faculdade de História era um dos locais preferidos pelos meninos para pedir
        esmolas e comida, assim como a de Psicologia. Isso não existe mais nos dias de hoje.
        “Com o trabalho desenvolvido com eles, a maioria voltou a estudar. Ao invés de pedir
        esmolas, vinham participar das atividades”, conta Ana Paula.
             O Centro Acadêmico de História auxilia o projeto Minha História com uma verba
        mensal para a compra de material, além de ter publicado a história do projeto no livro
        Espaço Estudantil. A equipe reúne-se toda semana para discutir as atividades e decidir a
        seqüência do trabalho.
             Quando há dificuldades com os jovens ou dúvidas de como encaminhar questões do
        dia-a-dia, o socorro vem dos educadores do Avizinhar, que têm uma ligação estreita com a
        maior parte dos meninos que vão ao câmpus. “Sempre trabalhamos em parceria”, diz Ana
        Paula.
             E as atividades são desenvolvidas principalmente com os meninos da São Remo e
        da Favela do Jaguaré. “O mais importante desse trabalho é o retorno que damos à
        sociedade, pois é com o dinheiro dela que estamos estudando”, diz Ana Paula. “Por outro
        lado, o projeto propicia um contato com a comunidade que é difícil ter em cursos teóricos”.
             Enquanto espera a redefinição das bases do Minha História, a educadora defende a
        ampliação desse espaço na USP: “Deveria haver uma sala dessas em todas as unidades.
        Só assim poderíamos ter uma formação realmente crítica".
              Paula Chagas, especial para o JT
 

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Adultos também têm vez, com trabalho

      A Incubadora da USP organiza cooperativas em comunidades de baixa renda e as
     encaminha para o mercado. Já o projeto Rede Saci é desenvolvido com portadores de
     todos ostipos de deficiências

           Os projetos sociais criados e desenvolvidos por
      alunos e professores da Cidade Universitária não se destinam apenas a crianças e jovens. Para os adultos das
      comunidades vizinhas, que muitas vezes não têm acesso a empregos, foi criada há dois anos a Incubadora
      Tecnológica de Cooperativas Populares, sob a supervisão do professor de Economia Paul Singer.
           O objetivo principal do grupo é organizar cooperativas em comunidades de baixa renda e
       encaminhá-las para o mercado de trabalho. A Incubadora da USP surgiu a partir do convite da Coordenadoria
       Executiva de Cooperação Universitária e Atividades
       Especiais ao professor Singer, que tinha um grupo de estudos sobre cooperativismo.
            Mas o projeto ganhou autonomia, ligando-se a uma
        rede de incubadoras de outras universidades – entre elas,
        a da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade do Ceará e Fundação
        UniTrabalho. Essa rede teve início em 1996, com a Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz), do
        Rio de Janeiro, que fica próxima à Favela de Manguinhos.
             A Incubadora paulistana hoje agrega 15 comunidades, algumas de outras cidades,
        como Embu e Praia Grande. O processo de incubagem, que resultará na criação de uma
        cooperativa, começa com um contato com a comunidade, para verificar suas necessidades.
        O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Multidisciplinar (Gepem) monta então um curso,
        cujo conteúdo básico é a história do cooperativismo, discussões sobre formas
        democráticas de gerenciamento e o estabelecimento de um estatuto. A duração média do
        curso é de 35 horas – três horas semanais. Há ainda um grupo aberto de discussão
        semanal.
             “Esse suporte teórico é importante, mas traduzimos esses conceitos de maneira
        simples, pois grande parte das pessoas com as quais trabalhamos é analfabeta, ou não
        completou a escola”, explica Maíra Rocha, coordenadora da Incubadora . “Com o início da
        cooperativa, a maioria volta a estudar”, afirma. A formação é continuada, pois o Gepem
        visita os grupos regularmente.
             Uma das bases do trabalho em cooperativa é a autonomia, mas um dos entraves
        encontrados é a legislação brasileira de cooperativas, de 1971. “Há várias limitações na lei.
        Por exemplo, só se pode formar uma cooperativa a partir de 20 pessoas”, diz o coordenador
        Aguinaldo Lima. “É difícil organizar tanta gente dentro dessas comunidades”.
             A Incubadora, no entanto, não força a legalização. Trabalha com grupos informais e
        possibilita o encontro entre as cooperativas, o que já rendeu frutos. A Itacoperarte, de
        Itapevi, que faz cestaria em jornal, e a União Sul, do Jardim Ângela, que faz material
        artesanal para cama, mesa e banho, uniram seus trabalhos. “Eles mesmos perceberam
        que podiam atuar juntos”, conta Maíra. Hoje, estão desenvolvendo um catálogo conjunto
        com seus produtos.
             Roteiro de vendas Outra atribuição da Incubadora é idealizar formas de
        comercializar os produtos. Para isso, desenvolveram um roteiro de vendas nas faculdades,
        parcerias com a Superintendência de Artesanato da Prefeitura e com o Senac. Há
        cooperativas que trabalham com serviço de jardinagem, costura, artesanato, reciclagem e
        alimentação. Sempre buscam parcerias na USP, como o da CooperBrilha, de moradores da
        Favela São Remo, que faz jardinagem na USP. Há parceria ainda com a Financiadora de
        Estudos e Projetos (Finep), do Ministério de Ciência e Tecnologia, e bolsa-trabalho da
        própria USP.
             A rede de 65 pessoas ligadas à Incubadora reúne-se em assembléias mensais. Há
        30 alunos bolsistas e professores de várias faculdades. Um dos intuitos da Incubadora é
        levar a tecnologia produzida na USP para a população de baixa renda. “Essa tecnologia
        geralmente fica restrita aos pesquisadores e a quem possa comprá-la”, lembra Maíra.
        “Nosso trabalho é uma forma de democratizar essa tecnologia”.
             Além da questão dos excluídos econômicos, há um vasto leque de problemas
        sociais que se refletem na universidade, e um deles é a inclusão do portador de deficiência.
        Na USP, é muito pequeno o número de alunos deficentes, o que levou à formação, há
        alguns anos, de uma rede de pesquisa chamada Reintegra, para discutir e armazenar
        informações sobre essa questão.
             Saci moderno “A partir do Reintegra, descobrimos que cerca de 60 docentes da
        USP estudavam essa questão sem se comunicarem”, diz Guilherme Ary Plomski,
        coordenador da Cecae. “Aproximamos essas pessoas, o que gerou outro projeto”. O projeto
        é o Rede Saci que, por meio de um site na Internet (www.saci.org.br), armazena
        informações e desenvolve tecnologia voltada para portadores de todos os tipos de
        deficiência.
             A Rede Saci é um projeto conjunto da USP, UFRJ, Rede Nacional de Pesquisa do
        Ministério de Ciência e Tecnologia e da ONG Amankay, e recebe apoio financeiro das
        Fundações Telefônica e Vitae. Funcionando há um ano, a Rede tem o personagem do
        folclore brasileiro como símbolo porque, apesar de ter só uma perna, ele se locomove
        através do redemoinho. Além disso, a palavra “saci” transformou-se em sigla: Solidariedade,
        Apoio, Comunicação e Informação. “O nosso saci é moderno e o seu redemoinho é a
        Internet”, explica Marta Gil, gerente do projeto.
             O site contém listas de discussão, jornais e revistas, bancos de currículos,
        classificados e agenda. Conta também com o apoio do Ministério Público de São Paulo,
        que responde a dúvidas, e de deputados e vereadores que participam das listas de
        discussão. Mas a maior novidade do site é o fato de ser construído segundo critérios de
        acessibilidade virtual. “Até há pouco tempo, só falávamos de acessibilidade física. Mas a
        Internet também precisa se adequar à realidade do portador de deficiência”, lembra Marta.
        “Temos usuários com todos os tipo de deficiência e almejamos a adequação a todas elas”,
        planeja a gerente.
             Para que a acessibilidade se expanda, a Rede Saci tem uma equipe de pesquisa
        que desenvolveu o Kit Saci 1, que contém material tecnológico para portadores de
        deficiência visual. Agora, está sendo preparado o Kit Saci 2, para portadores de
        dificuldades motoras, em fase de teste. A acessibilidade social não é esquecida. “Como
        grande parte da população não tem computador, criamos os Centros de Informação e
        Convivência (CIC), onde o acesso é gratuito”, conta Marta.
             O primeiro CIC foi inaugurado em fevereiro passado no Instituto para Deficientes
        Visuais Benjamim Constant, no Rio de Janeiro. Lá, há computadores e monitores, além de
        cursos gratuitos. Em São Paulo, o CIC foi inaugurado em maio, no Centro de Medicina de
        Reabilitação do Hospital das Clínicas. A equipe conta com terapeutas ocupacionais,
        médicos e técnicos em computação. “São os pacientes que nos mostram o que é melhor
        para cada limitação física”, diz Moacir Farias Bezerra, monitor do CIC na área de
        informática.
             O Kit 2, para deficientes físicos, terá calculadora, editor de texto, navegador para a
        Web, impressora e leitor de CD . Além de acompanhar os pacientes, as terapeutas
        interagem com os técnicos de informática. “Fazemos relatórios semanais dos pacientes e
        enviamos para os envolvidos no processo. Isso ajuda na interação da equipe e melhora os
        resultados”, diz Bezerra.
             Teoria na prática A equipe abre espaço também para os estudantes da USP, que
        fazem estágio no CIC. “Esse estágio me ajuda a entender melhor a teoria que tenho na
        faculdade”, assegura Denise R. Tsukimoto, que cursa o 2.º ano de Terapia Ocupacional.
        Ela tomou conhecimento do projeto pela Internet e faz o estágio sem vínculo com a
        faculdade, recebendo bolsa da própria Rede Saci.
             “A integração dos alunos é muito importante, pois eles disseminam os
        conhecimentos que desenvolvemos”, diz Marta. As perguntas dos pacientes são levadas à
        equipe da Rede via e-mail e respondidas da mesma forma.
             Além de desenvolver artefatos tecnológicos, o CIC utiliza o computador para
        diagnósticos, principalmente da parte cognitiva. “Se a pessoa teve um derrame, com o
        computador pode-se verificar que parte do cérebro foi afetada”, exemplifica Marta. O
        atendimento limita-se ainda aos pacientes do Centro, mas a expectativa é de ampliação,
        além do desenvolvimento de centros em outras cidades.
             O objetivo da Rede Saci, de disseminação de informações também para o público
        leigo, aos poucos vai sendo atingido. Lançado em novembro passado, o site já recebeu 25
        mil visitas. “Cadastramos nossos usuários mais assíduos, que até julho eram 1.070 – 48%
        deficientes, 25% profissionais ligados à área e o restante leigos”, conta Marta.
             Outra preocupação da equipe é que mais sites sejam adaptados. “A reforma
        necessária para a acessibilidade é muito simples. Damos a receita no site”, avisa Marta.
        No site há também 1.300 links para outras páginas sobre deficiência, mas nem todas
        acessíveis. “Nosso sonho é que todas as páginas sejam acessíveis”, diz Marta.
              Paula Chagas, especial para o JT
 

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Diário Popular

Funcionária da USP fica refém de ladrões

                       Funcionária do Departamento de Compras do Instituto de Biociências da Universidade São
                   Paulo (USP), Marisa Vicente, de 33 anos, foi assaltada e mantida refém por uma quadrilha, na
                   manhã de ontem. Ela foi atacada quando ia depositar pouco mais de R$ 13 mil na Nossa Caixa
                   do campus da universidade. Marisa ficou meia hora em poder dos bandidos e foi libertada nos
                   Jardins.
                       Marisa foi atacada por uma mulher na Cidade Universitária, Zona Oeste, quando se dirigia ao
                   banco. Na rua Professor Luciano Gualberto, próximo à instituição financeira, a desconhecida
                   lhe perguntou sobre um endereço. Quando ia responder, teve uma arma apontada em sua
                   direção.
                       A vítima teve de percorrer alguns metros e depois foi forçada a entrar em um carro branco,
                   onde dois homens aguardavam. No veículo, que ela não soube dizer qual a marca e as placas,
                   os bandidos lhe roubaram R$ 13.094,88, além de cheques e documentos pessoais.
                       Os assaltantes saíram do Campus tranquilamente e rodaram 30 minutos com a vítima, que foi
                   abandonada nas imediações do 78º Distrito (Jardins), onde a ocorrência foi registrada pelo
                   delegado Adriano Rodrigues Caleiro. A Polícia ainda não tem pistas dos bandidos.
 
 

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Istoé

Becas de primeira
 
                    Internos da Febem terão a maior banca de advogados do País,
                inclusive um ex-ministro

                    Gilberto Nascimento

                            Os adolescentes infratores da Febem de São Paulo terão à disposição, a partir de
                    agora, a maior banca de advogados do País para sua defesa. Vão
                    ajudar os internos, entre outros, o ex-ministro da
                    Justiça José Carlos Dias, o jurista Miguel Reale Júnior,
                    presidente da comissão de reforma do Código Penal
                    Brasileiro, e Márcio Thomaz Bastos, um dos mais
                    renomados criminalistas do País e ex-presidente da OAB-SP.
                    José Carlos Dias e Thomaz Bastos, no momento, estão em
                    pólos opostos no caso Pimenta Neves. Dias defende o ex-diretor de
                    redação do Estadão, que matou a namorada, enquanto Bastos atua
                    como advogado da família da vítima. Para atender os adolescentes no
                    dia-a-dia, mais de 40 jovens advogados e estagiários da USP,
                    PUC-SP, Mackenzie e Universidade Paulista (Unip), além de psicólogos
                    e pedagogos, manterão um plantão permanente. A equipe deverá ser
                    elevada para 60 profissionais.
                            O projeto, chamado Defensor ao Seu Lado, vai custar R$ 800 mil ao
                    ano. Será coordenado pelo Instituto Latino-Americano das Nações
                    Unidas para a Prevenção do Delito (Ilanud) e quem vai bancar os
                    gastos é o governo do Estado de São Paulo. Os advogados de renome
                    não cobrarão honorários e os jovens profissionais e estagiários
                    receberão cerca de R$ 500 mensais. Os adolescentes serão atendidos
                    desde a chegada à Unidade de Atendimento Inicial (UAI). Numa
                    segunda fase, será feito o acompanhamento dos processos e
                    execução das penalidades. “Hoje, os jovens infratores têm contato
                    primeiro com o Ministério Público. Só que os promotores são
                    acusadores e não defensores”, observa o advogado Oscar Vilhena
                    Vieira, coordenador do Ilanud. “Os profissionais vão receber o jovem,
                    explicar os seus direitos e fazer um relatório dos fatos. O documento
                    será encaminhado à Procuradoria do Estado, responsável pela defesa”,
                    explica a advogada Karina Sposato, uma das coordenadoras do
                    projeto.
                            Ao contrário do adulto que pratica um delito, os adolescentes nunca
                    têm idéia de quanto tempo ficarão reclusos. “Dizem que o Estatuto da
                    Criança é brando, mas por um delito sem grande potencial ofensivo um
                    adolescente pode ficar até três anos na Febem. Isso pode acontecer
                    em caso de porte de droga. Um adulto nunca ficaria todo esse
                    tempo”, afirma Vieira. Uma equipe de jovens advogados já vinha
                    atuando como voluntário na Febem, mas praticamente sem
                    infra-estrutura. A experiência impulsiona a prática da advocacia
                    solidária. “Precisamos garantir os direitos mínimos desses jovens e
                    pensar alternativas para a sociedade”, diz Marcelo Nastari, 23 anos,
                    estudante do quarto ano de Direito na PUC. “É importante estabelecer
                    laços de solidariedade entre jovens universitários de classe média,
                    grandes advogados e aqueles que se encontram na base da pirâmide
                    social”, enfatiza Vieira. “Eu tinha uma idéia diferente dessa realidade
                    antes de participar do trabalho”, atesta a advogada Ana Gabriela
                    Sambiase, 26 anos.
 
 

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Ajuda telefônica

                            Dependentes de álcool e familiares contam com mais um apoio na luta
                    contra o vício. A Universidade de São Paulo e o Laboratório Merck
                    estão oferecendo o Alcoofone, serviço telefônico por meio do qual é
                    possível esclarecer dúvidas sobre a dependência, melhores
                    tratamentos e remédios. O atendimento é feito por médicos e
                    psicólogos. O serviço funciona pelo telefone 0800-132626, das 7h às
                    19h.
 

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Diário do Grande ABC

Mostra resgata o valor do papel

              Everaldo Fioravante
              Da Redação
 
                      O Papel da Arte é uma exposição imperdível que soma
              mais de 200 trabalhos de artistas brasileiros e
              estrangeiros. O Museu de Arte Contemporânea da
              Universidade de São Paulo (MAC-USP) se uniu ao
              Centro Cultural Fiesp – sede do evento – para
              apresentar a mostra, composta por obras que têm o
              papel como suporte. Tratam-se de gravuras,
              guaches, aquarelas, entre trabalhos em outras
              técnicas. Com entrada franca, está aberta para
              visitação a partir de hoje e poderá ser vista até o dia
              28 de janeiro.
                      Tem de Miró e Picasso a Regina Silveira e Gregório
              Gruber. E isso não é tudo. Para citar apenas alguns
              exemplos, entre os estrangeiros estão Léger,
              Kandinsky, Chagall e Morandi; já entre os brasileiros,
              Leonilson, Amilcar de Castro, Nelson Leirner e Evandro
              Carlos Jardim. No total, são mais de 50 artistas.
                      “A idéia central desta mostra não é excepcional, mas
              é fora do comum. Queremos mostrar o significativo
              acervo de obras em papel do MAC-USP – mais de 4,5
              mil trabalhos. A noção de que o papel é um veículo
              acessório, suplementar, está ultrapassada. Ele é tão
              expressivo quanto qualquer outro suporte. Está mais
              do que na hora de o papel voltar a ter a função que
              já teve”, diz Teixeira Coelho, diretor do MAC-USP e
              curador da exposição. “O papel não está fora do
              tempo, não deixa de ser moderno nem
              contemporâneo”, conclui.
                      Para o curador, “é uma bobagem” dizer que o papel
              serve apenas para receber um estudo, um esboço,
              para depois a obra final ser desenvolvida. Segundo
              Teixeira Coelho, o sentimento do artista não varia de
              acordo com o suporte: ele deposita as mesmas
              sensações, utiliza as mesmas técnicas e busca os
              mesmos resultados estéticos ao fazer uma tela ou um
              papel.
                      Existem três principais objetivos para a mostra:
              apresentar o acervo de trabalhos em papel do
              MAC-USP; demonstrar que o suporte é
              contemporâneo; e marcar a abertura do Gabinete de
              Papel.
                      “Quando terminarmos a reforma da sede do museu, na
              Cidade Universitária, em meados de novembro,
              também vamos inaugurar o Gabinete de Papel, uma
              galeria de 64m2 na qual os visitantes poderão ter
              acesso direto às obras em papel – sem molduras –
              que estarão devidamente acondicionadas. A
              capacidade de exposição será de 450 trabalhos”, fala
              o diretor .
                      A exposição (que traça um panorama dos trabalhos
              em papel realizados durante este século) não é
              dividida por estilo, tema ou época: a base são os
              artistas.
                      Em O Papel da Arte, os mineiros Roberto Bethônico,
              Nydia Negromonte e Marconi Drummond apresentam
              obras nas quais o papel não é necessariamente o
              suporte, mas aparece nas composições.
                      Roberto Bethônico mostra cinco peças em gesso de
              15 cm x 15 cm cada. No centro dos objetos, que têm
              cerca de 2 cm de espessura, uma lente de aumento,
              e atrás, uma fotografia (papel). “São imagens da
              mineradora Cauê, em Itabira (MG), cidade onde nasci.
              Meu trabalho está se direcionando para uma análise
              deste impacto ambiental que a extração mineral
              causa, e as interferências que ela provoca inclusive
              na paisagem”. Para analisar a obra, o espectador
              precisa se deslocar, pois as peças estão distribuídas
              em alturas diferentes. E para enxergar os detalhes
              das fotos, o visitante tem de percorrer o olho pela
              lente.
                      Marconi Drummond mostra um site specific (obra
              produzida especialmente para o local) em que utiliza
              papel e chumbo. E Nydia Negromonte apresenta o
              papel como matéria, saindo do plano. “Há obras que
              escondem o plano, ocultam o fundo. Em outras, este
              fundo é visível, é utilizado e se torna evidente. E há
              também trabalhos em que o papel sai do plano e
              apresenta o espaço, o volume”, fala Teixeira Coelho.
                      Soulages – Paralelamente, o Centro Cultural Fiesp
              abriga a mostra Obra em Contexto: Disciplinando
              Soulages, com curadoria de Tadeu Chiarelli. A
              exposição aproxima e propõe relações entre duas
              telas do acervo do MAC-USP: uma de Pierre Soulages
              (Composição, óleo de 1959) e outra de Mônica Nador
              (Sem título, acrílica de 1985).
                      O Papel da Arte – Exposição coletiva. No Centro Cultural Fiesp /
              Galeria de Arte do Sesi – av. Paulista, 1.313, próximo à estação
              de metrô Trianon-Masp. Tel.: 284-3639. De terça a sábado,
              das 10h às 20h, e domingos, das 10h às 19h. Entrada franca.
              Até 28 de janeiro.

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Obra protege o acervo

              Da Redação

                      O edifício-sede do Museu de Arte Contemporânea da
              Universidade de São Paulo (MAC-USP), na Cidade
              Universitária, em São Paulo, deverá ter sua reforma
              concluída em meados de novembro, segundo o diretor
              do museu, Teixeira Coelho.
                      A obra permitirá a implantação de equipamentos de
              prevenção e combate a incêndio, sistema de
              ar-condicionado e um novo circuito de iluminação,
              entre outras melhorias.
                      As modificações – possíveis devido a projetos
              aprovados pela Fapesp (Fundação para o Amparo à
              Pesquisa do Estado de São Paulo) – devem garantir a
              conservação adequada da coleção. Com o fim das
              obras, também será inaugurado o Gabinete de Papel,
              único em São Paulo.
                      Teixeira Coelho falou ao Diário sobre a possibilidade
              de, em poucos anos o MAC-USP – que tem um dos
              mais significativos acervos de arte moderna e
              contemporânea da América Latina – ter um novo
              prédio para suas atividades: “Temos um terreno, da
              prefeitura, na avenida Francisco Matarazzo,
              antigamente ocupado pelas indústrias da família
              Matarazzo. Ele tem 12 mil ms. Agora precisamos
              captar recursos para sua construção. A conclusão da
              obra deve demorar cerca de três anos”, conta.
                      Segundo o diretor do museu, o novo prédio deverá
              ser utilizado para grandes exposições. E o
              edifício-sede, na Cidade Universitária, continuará com
              suas atividades e estará voltado mais para estudos e
              pesquisas sobre arte e para exposições de
              professores e alunos da USP.
                      “Esse novo espaço destinado ao MAC-USP abrigará
              um museu modelar para São Paulo e para o Brasil”, diz
              Teixeira Coelho. “Para a construção do edifício,
              haverá um concurso internacional de arquitetura”,
              completa. — EF
 
 
 

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