06.02.2001

O Estado de S.Paulo
Universidades de SP terão verba suplementar de R$ 10 milhões
Novatos tem prova final no museu
Burocrata e mesquinho
A memória da cidade(04/02/2001)
Boa notícia (04/02/2001)

Jornal da Tarde
Universidades públicas querem ampliar vagas



O Estado de S.Paulo

Universidades de SP terão verba suplementar de R$ 10 milhões

        MARTA AVANCINI

             As três universidades estaduais paulistas vão receber, este ano, R$ 10 milhões de
        suplementação orçamentária. O recurso adicional foi possibilitado por uma emenda à Lei de
        Diretrizes Orçamentárias do Estado aprovada pela Assembléia Legislativa no ano passado.
             A emenda permite que as instituições peçam mais recursos do que os previstos no
        orçamento. A Universidade de São Paulo (USP) receberá a maior parcela da
        suplementação: R$ 5 milhões. Isso representa cerca de 6% da dotação orçamentária da
        instituição para 2001. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) receberá R$ 2,3 milhões e
        a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) R$ 2,1 milhões, valores proporcionais ao
        tamanho delas.
             Juntas, as três recebem 10,52% do que São Paulo arrecada com o Imposto sobre
        Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
             Mas, como gastam cerca de 80% do que recebem em salários e aposentadorias, as
        universidades alegam sobrar pouco dinheiro para investir em ensino e pesquisa. O elevado
        comprometimento com folha de pagamento é conseqüência da autonomia administrativa,
        conquistada há 11 anos. Pela lei as universidades são obrigadas a arcar com os cursos de
        aposentadoria. Como gastam muito para pagar os inativos, acabam ficando sem dinheiro
        até para contratar docentes para substituir os que se aposentam.
             A emenda e a lei que tornaram possível a suplementação surgiu de uma articulação
        dos reitores das universidades com o deputado Claury Alves da Silva (PTB), autor do
        projeto.
 

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Novatos têm prova final no museu

     Exposição reúne, a partir de hoje, criações de dez formandos na Casa das Rosas

        CAMILA MOLINA-Especial para o Estado

             Será inaugurada hoje, às 20 horas, a exposição Projeto de Graduação - Artes
        Plásticas - Universidade de São Paulo, que a Casa das Rosas abriga como parte de sua
        iniciativa intitulada Universidade no Museu. Serão expostos os trabalhos de dez formandos
        que, sob a orientação de professores como Carlos Farjado, Ana Maria Tavares e Marco
        Butti, os submeterão a uma banca examinadora formada por críticos de arte, artistas e
        professores convidados. "É o primeiro embate público de estar em um museu. O
        interessante é que não existe o narcisismo de pensar que estão entrando em um circuito.
        Eles têm consciência de que estão em formação experimental, chegaram ao fim de uma
        etapa", observa a historiadora Sônia Salzstein, que comporá algumas das bancas
        examinadoras.
             Alexandre dos Santos, Ana Luiza Dias Batista, Caio Gomes da Costa, Claudio
        Spínola, Daniel Lima, Débora Bolsoni, Fernanda Schunck, Mariana Marcondes, Maurício
        Guerreiro e Thiago Bortolozzo são os dez artistas de "engate frutífero". Cada um optou por
        uma linguagem que indicasse alguma inquietação, muitas vezes do processo de todo o
        curso de graduação.
             Fotografias que se enveredam para a abstração, mostrando que as imagens
        fotográficas podem se transformar em desenhos, tornando-se, assim, atemporais.
        Instalações que simbolizam a inteligência de suas estruturas conceituais, sejam em ferro,
        vidro, elástico, madeira ou de sacos de plástico com água colorida. Desenhos como
        relaxamento. Adesivos que funcionam como intervenções urbanas, uma ação política com
        poesia. Afinal, uma diversidade de meios para marcar o começo de uma nova etapa.

        Projeto de Graduação - Artes Plásticas Universidade de São Paulo. De terça a domingo, das 12 às 20
        horas. Casa das Rosas. Avenida Paulista, 37, tel. 251-5271. Até 4/3

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Burocrata e mesquinho

             Meu nome é Cláudio Djissey Shikida (com acento). Entretanto, no extrato de conta
        bancária e do cartão de crédito, no contrato de aluguel, na minha inscrição no doutorado
        em Economia da UFRGS, no meu histórico escolar de graduação pela UFMG, na minha
        carteira de identidade e em outros documentos, consto como "Claudio Djissey Shikida",
        sem acento. Quem já praticou o jogo dos 7 erros sabe que a única diferença está no
        acento da letra "a" em "Cláudio". Motivo para alarde? Só se for para um burocrata cujo
        estereótipo - nem sempre justo - circula por aí e com o qual, agora, concordo. Explico-me.
        Em 1998 concluí meu mestrado na USP e desde então aguardo meu diploma. Fui
        informado pela funcionária da pós-graduação da Economia, visivelmente embaraçada por ter
        de me pedir o que vou relatar em seguida, que ela precisava de minha certidão de
        nascimento (ou casamento).
             Por quê? Porque alguém, na Reitoria da USP, recusa-se a liberar a papelada para
        meu diploma por não concordar que "Claudio Djissey Shikida" e "Cláudio Djissey Shikida",
        nem na mais remota das possibilidades, possam ser a mesma pessoa. Orgulho-me muito
        da pós-graduação em Economia pela USP, e mais ainda agora, quando notei que a
        funcionária estava sem jeito de me pedir o dito documento. Vejo que a burocracia daquele
        departamento sabe que sou a mesma pessoa. Não posso dizer o mesmo da Reitoria, pelo
        menos de alguém, cujo nome ignoro (que não representa toda a Reitoria) que insiste em
        implicar com meu nome. Se fosse com meu sobrenome, ainda entenderia. Mas, com
        "Clá(a)udio"?
             Na próxima greve de funcionários públicos vou me lembrar do ocorrido.

             Claudio (Cláudio) Djissey Shikida - Capital
 

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A memória da cidade (04/02/2001)

             No Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) há uma hemeroteca com 8
        mil coleções de jornais antigos, tanto brasileiros como estrangeiros. O valor desse acervo
        pode ser medido, por exemplo, pela raríssima coleção completa do Correio Braziliense,
        jornal que pregava a independência do Brasil, impresso em Londres e contrabandeado para
        o País em 1808. A única proteção com que contam essas coleções de jornais são velhas
        cartolinas, como as que capeiam as primeiras Atas da Assembléia Legislativa paulista,
        também ali depositadas.
             Duas universidades estaduais - a Universidade de São Paulo (USP) e a Estadual
        Paulista (Unesp) assinaram convênio com o instituto para que alunos estagiários iniciem
        um trabalho de catalogação e proteção dos documentos, informatizando o processo de
        consultas à hemeroteca. O projeto das duas universidades está orçado em R$ 2 milhões e
        o financiamento que está sendo pleiteado, junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do
        Estado de São Paulo (Fapesp), se encontra em fase de análise, com resposta esperada
        para julho.
             O IHGSP mantém com verbas próprias importantes arquivos da história paulista.
        Sem cobrar mensalidades dos associados, o custo de preservação do acervo é coberto
        pelos aluguéis que recebe dos inquilinos de parte do prédio que ocupa no Centro velho da
        cidade. A deterioração urbana da área reduziu muito essa receita. A tarefa de cuidar de
        arquivos tão diferentes, desde as Atas da Assembléia Legislativa até as cartas de d. Pedro
        I, passando por documentos de muitos governadores de Estado, como Armando de Salles
        Oliveira e Washington Luís, depende de recursos cada vez menores. As condições de
        conservação são particulamente precárias no Museu José Bonifácio, um andar inteiro do
        prédio do instituto, na Rua Benjamin Constant, dedicado a documentos da Revolução
        Constitucionalista de 1932.
             O projeto apresentado à Fapesp, além de prever a conservação de documentos,
        contempla a informatização da consulta a eles. Documentação histórica, ainda que bem
        preservada, porém de difícil acesso, tem utilidade reduzida. A informatização - para a qual o
        apoio financeiro da Fapesp é imprescindível - tem o objetivo de facilitar o acesso de todos,
        pesquisadores, estudantes e cidadãos comuns, à memória histórica da cidade e do
        Estado. O IHGSP guarda, por exemplo, a primeira Planta da Cidade de São Paulo, de
        1810, doada por Jules Martin, construtor do Viaduto do Chá. A informatização permitirá que
        se tenha acesso a essa memória, sem qualquer risco à documentação consultada.
             Freqüentemente, as novas gerações são recriminadas por seu suposto "desprezo
        pela história", sem que se leve em conta a falta de oferta de ambientes onde a história
        possa ser consultada, com facilidade e até com prazer. O Instituto Histórico e Geográfico,
        dotado dos modernos recursos de consulta propiciados pela informática, com facilidade de
        acesso será, sem dúvida, muito atraente aos jovens. O IHGSP pode voltar a ser um
        importante centro irradiador de cultura, o que, aliás, sempre foi seu objetivo, desde a
        fundação, em 1894.
             Esse tipo de iniciativa tem também um conteúdo de renovação urbana. Aquela área
        da região central da cidade pode se beneficiar em muito com a instalação de pólos
        culturais como o novo IHGSP. As entidades de apoio à reforma do centro da cidade e a
        própria Prefeitura de São Paulo poderiam também colaborar para a reforma desse
        importante núcleo cultural da cidade.

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Boa notícia(04/02/2001)

             USP deve abrir novo câmpus na zona leste (31/1). Até que enfim leio uma boa
        notícia sobre a intenção do governo estadual com relação à sofrida zona leste. O
        governo Covas tem um débito com o capital humano da região e, em especial, com
        relação à educação.
             Edivelton Tadeu Mendes, São Paulo
 

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Jornal da Tarde
Universidades públicas querem ampliar vagas

    Comissão formada pela USP, Unicamp e Unesp estudam expansão. Uma das propostas
    é usar salas ociosas das escolas técnicas

             Usar as salas de aulas e os laboratórios livres das 99 escolas técnicas do Estado
        para dar cursos de graduação da USP, da Unesp e da Unicamp. Esta é a proposta que
        está sendo analisada pela Comissão Especial para Expansão do Ensino nas Universidades
        Estaduais Paulistas, criada há duas semanas. "Temos de ampliar o número de vagas
        porque só a rede particular vem crescendo", diz a pró-reitora de graduação da USP, Ada
        Pelegrini. "E estamos estudando vários caminhos."
             Um deles é usar as escolas de ensino técnico. "Queremos ocupar estruturas
        ociosas para criar novos cursos que nem sempre precisam ser da graduação tradicional",
        explica. "Podem ser seqüenciais (de curta duração), de licenciatura (que formam
        professores) ou para a formação de tecnólogos (técnicos com ensino superior). O
        importante é oferecer várias opções."
             Ada explica que a iniciativa de expansão partiu das universidades. "Ao contrário do
        que vem sido divulgado, não criamos a comissão por causa do Ministério Público (MP).
        Não há pressão para que tenhamos mais vagas." Em 97, o MP só exigiu que um terço das
        vagas da graduação fossem oferecidas em cursos noturnos. "Isto é cumprido desde aquela
        época."
             Mais do que ampliar as vagas, diz o pró-reitor de graduação da Universidade
        Estadual de Campinas, Angelo Cortelazzo, a comissão quer diversificar o ensino superior.
        "Podemos criar cursos de formação básica ou seqüenciais.
             Assim, contentaremos os alunos que precisam de uma formação rápida, os que
        trabalham e os que não querem se envolver com pesquisa."
             Ex-reitor da USP e dono da Lobo & Associados, consultoria de ensino superior,
        Roberto Leal Lobo também acha que é preciso variar o ensino superior. "A pesquisa é
        muito importante, mas não vivemos só dela. Temos de formar profissionais em áreas mais
        dinâmicas." Ele lembra que, em países desenvolvidos, a diversificação já é comum. "Nos
        Estados Unidos, há os comunity colleges: cursos de formação geral que atendem às
        necessidades locais e não têm pesquisa. Na Inglaterra há as politécnicas, que formam
        tecnólogos no nível superior."
             Outras alternativas estudadas pela comissão, explica Ada, são oferecer mais vagas
        dentro das próprias universidades e, ainda, criar novos câmpus. "Há um estudo preliminar
        da Fuvest de se abrir uma universidade na zona leste, mas esta hipótese ainda está
        começando a ser estudada." Ela deixa claro que nada está decidido sobre este câmpus.
        "Não sabemos nem se ele existirá, quanto mais quando."
             Qualquer idéia aprovada, no entanto, só poderá se concretizar se as universidades
        receberem verbas suplementares. "Não dá para fazer a expansão com a mesma verba de
        hoje", diz. "Nossos recursos já estão comprometidos."

        Daniela Tófoli

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