09.10.2000. 

O Estado de S. Paulo

Faculdade de Minas promete melhorar ensino (07/10/2000)
MEC analisou 101 cursos em todo o país (07/10/2000)
Unibam mantém aulas em Osasco (07/10/2000)
 

Jornal da Tarde

O incômodo barulho das ruas

Diário Popular

Arte secular (08/10/2000)
 

IstoÉ

Transgênico natural
 

O Globo

Os mistérios do vassoura-de-bruxa
 



O Estado de S. Paulo

Faculdade de Minas promete melhorar ensino

      Convênio com UFMG é recurso para atender exigências do MEC
     e dos próprios alunos

        EVALDO MAGALHÃES

             SETE LAGOAS - A direção da Faculdade de Direito de Sete Lagoas (Fadisete), a 70
        quilômetros de Belo Horizonte, que ganhou prazo de mais seis meses, esta semana, para
        melhorar a organização didático-pedagógica, garante que está tomando as providências
        necessárias. "Na segunda-feira, a Universidade Federal de Minas Gerais começa a nos dar
        consultoria sobre mudanças nos aspectos pedagógicos e na grade curricular", explica a
        coordenadora pedagógica, Maria Lisboa. Alunos concordam que a parte
        didático-pedagógica do curso é insuficiente. "O currículo é básico e até professores
        reconhecem", diz Adriana Paixão, do 1º ano.
             "Admitimos que precisamos de mudanças, mas elas estão sendo feitas e o
        Conselho Nacional de Educação entendeu isso, ao prorrogar o prazo que nos foi dado", diz
        Maria. Fundada há 30 anos e credenciada pelo MEC desde 1974, a Fadisete por pouco não
        teve as portas fechadas no mês passado.
             Visitada por uma comissão de especialistas do MEC em julho de 1999, a faculdade
        recebeu conceito insuficiente nos três quesitos: infra-estrutura, corpo docente e
        organização didático-pedagógica.
             "Ganhamos seis meses e fizemos pesados investimentos", diz Maria Lisboa,
        ex-pró-reitora de pós-graduação da UFMG e contratada em dezembro pela faculdade. A
        direção afirma ter aplicado R$ 300 mil. "Parte desses recursos foi gasta em melhoria das
        instalações, outra parte, ou cerca de R$ 150 mil, na compra de equipamentos de
        informática e para a biblioteca, que ganhou conceito A do MEC", diz o professor de Direito
        Constitucional Guilherme Wagner Ribeiro. As alterações pedagógicas foram feitas por
        professores da própria escola, que mantiveram a grade curricular anterior, acrescentando
        apenas os chamados temas transversais. Não funcionou. Quando a comissão retornou, em
        julho, o currículo continuou com conceiro insuficiente. A Fadisete fez então uma parceria
        com a Faculdade de Direito da UFMG.
             A Fadisete funciona no câmpus da Fundação Monsenhor Messias, antiga fazenda.
             Para parte dos estudantes, a ameaça se deveu ao fato de ela ter uma das menores
        mensalidades: R$ 230,00. "Isso contraria interesses de donos de faculdades particulares",
        diz Washington de Carvalho, de 50 anos, formado em Engenharia pela UFMG, e no 4º ano
        de Direito na Fadisete.

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MEC analisou 101 cursos em todo o País

             BRASÍLIA - O Ministério da Educação (MEC) pediu ao Conselho Nacional de
        Educação, no mês passado, o fechamento de dois cursos de direito reprovados em três
        avaliações nos últimos dois anos: da Faculdade de Direito de Sete Lagoas (MG) e da
        Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas (RJ). Ambos faziam parte dos 101 cursos
        ameaçados de fechamento desde 1999.
             Ao contrário dos demais, porém, eles continuaram a apresentar falhas graves,
        segundo o MEC.
             Dos 101 cursos, 14 foram reprovados e receberam prazo de seis meses para
        melhorar. Após a reavaliação, em julho, o MEC entendeu que apenas a Faculdade de Sete
        Lagoas e a de Ciências Jurídicas continuavam abaixo do padrão, nos itens professores,
        organização didático-pedagógica e instalações.
             Dos 12 restantes, 10 foram aprovados e 2 voltaram a ser reavaliados. Seus
        processos seguirão para o conselho nas próximas semanas.
             Contrariando orientação do MEC, o conselho deu mais seis meses para Sete
        Lagoas corrigir falhas. Para entrar em vigor, porém, a decisão precisa ser homologada pelo
        ministro da Educação, Paulo Renato Souza. O caso da Faculdade Brasileira de Ciências
        Jurídicas ainda não foi analisado pelo conselho. (Demétrio Weber)

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Uniban mantém aulas em Osasco

             A direção da Uniban decidiu manter as aulas no câmpus de Osasco, apesar de o
        Conselho Nacional de Educação ter considerado irregular o funcionamento da unidade,
        conforme parecer aprovado na quarta-feira. As inscrições para o vestibular de 2001 também
        permanecem abertas normalmente.
             A decisão da universidade baseia-se em dois argumentos, segundo o vice-reitor da
        Uniban, Milton Linhares. Primeiro, o fato de o parecer ainda não ter sido homologado pelo
        ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
             Segundo, decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerando o câmpus
        regular. "O conselho ignorou a decisão, que suspendeu liminar usada para sustentar o
        parecer", diz Linhares. O julgamento no STJ foi em setembro.
             A polêmica em torno do câmpus de Osasco da Uniban se prolonga há pelo menos
        um ano. A entidade é acusada de desrespeitar uma portaria de 1997, por ter aberto um
        câmpus em Osasco sem autorização do Ministério da Educação (MEC).
             Estudam na unidade cerca de 2.100 alunos em 15 cursos.
             A instituição, contudo, afirma que a abertura do câmpus é legal, porque já estava
        prevista no plano de desenvolvimento institucional da universidade, aprovado pelo MEC em
        1995, o que dispensaria a solicitação de uma nova autorização. (Marta Avancini)
 
 

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Jornal da Tarde

O incômodo barulho das ruas

             Depois de Seattle, agora foi a vez da confusão se instalar em Praga.
             É preciso aprofundar a análise das razões pelas quais as reuniões de rotina dos três
        organismos internacionais, fiadores do processo de abertura global - FMI, Banco Mundial e
        OMC -, acabaram transformando-se numa sucessão ruidosa de confrontos entre jovens
        ativistas, ONGs e forças policiais locais. Embora mudando de linguagem e reconhecendo,
        finalmente, o lado perverso da globalização, as forças dominantes nessas organizações -
        os principais países desenvolvidos, sob a liderança dos EUA - estão convencidas de que o
        melhor a fazer é induzir as grandes nações da periferia a radicalizar a abertura econômica e
        as reformas que privatizem seus sistemas econômicos. Assim procedendo, acham eles,
        será inevitável que esses países cresçam e distribuam melhor sua renda. Essa crença visa
        a garantir o acesso pleno das corporações transnacionais aos mercados mais pobres,
        alternativas fundamentais à demanda já saturada dos países centrais. De resto, para a
        periferia, até aqui, a abertura tem trazido quase nenhum crescimento e mais exclusão.
             O exame dos argumentos do artigo de Bill Clinton a respeito da concordância
        norte-americana à entrada da China na OMC, publicado recentemente no Estado, ilustra
        bem essas questões. Diz Clinton que as vantagens econômicas desse acordo serão a
        queda pela metade das tarifas chinesas para telecomunicação, automóveis e produtos
        agrícolas e a possibilidade de "vender e distribuir na China bens e produtos de fabricação
        americana sem deslocar nossas fábricas ou transferir tecnologia. Em troca, concordamos
        apenas em manter o acesso ao nosso mercado, de que a China já desfruta". Acha que a
        adoção de um sistema aberto e competitivo é "o único meio de a China enfrentar seus
        crescentes desafios e evitar sublevações internas e desintegração". Admite que esse
        processo gerará enormes tensões no curto prazo, como "mais desemprego e ativismo
        trabalhista e político". No entanto, declara-se convencido de que "a única via segura para a
        estabilidade da China, bem como de qualquer país nesta era global, é a liberação do
        potencial de seu povo, econômica e politicamente, e a redução das barreiras à cooperação
        internacional".
             Conclui dizendo não querer uma China forte, que busque o confronto, tampouco uma
        China fraca acossada por conflitos intensos e transformando-se numa zona de instabilidade
        na Ásia.
             Trata-se de uma competente peça de retórica, complexa e contraditória, claramente
        adequada aos interesses da nação hegemônica mundial que cultua a auto-imagem de
        "potência benévola". Clinton fala que a abertura chinesa evitará transferir fábricas
        americanas para a China. No entanto, deslocar frações de produção dos produtos globais
        aos países mais pobres tem sido uma das raras oportunidades de gerar investimentos não
        especulativos nos grandes países da periferia. E são precisamente China e Brasil os
        maiores beneficiários mundiais recentes deste fluxo que tem garantido a entrada de US$ 20
        bilhões anuais, essenciais ao equilíbrio da balança de pagamentos desses países.
        Justamente quando a OMC caminha para a regulamentação final dos Trim's, disposições
        burocráticas que impedem os países filiados de exigirem contrapartida de exportações e
        conteúdo local dos investimentos internacionais feitos em seu território, o que eliminaria
        uma das últimas possibilidades dos países pobres de direcioná-los a uma lógica de política
        industrial conveniente às suas estratégias individuais.
             É até possível que uma abertura geral e irrestrita da economia mundial - ainda que
        regulada nos grandes mercados pelas restrições de cotas e barreiras que só países
        centrais têm força para impor - possa trazer mais benefícios que desvantagens aos grandes
        países da periferia. Até aqui, no entanto, as evidências são outras. As aberturas causaram
        desequilíbrios adicionais em várias regiões, aumentando déficits comerciais e a
        dependência do capital internacional. A China é um caso particular, dado o grande poder
        que seu tamanho e situação geopolítica lhe conferem. No seu caso é bem provável que,
        embora perca a curto prazo, ela possa ter vantagens fundamentais no futuro. Mas não será
        necessariamente o caso de inúmeros outros países. Por essas e outras não é difícil
        entender o barulho das ruas que tem causado tanto alvoroço nas antes tão assépticas
        reuniões dos fóruns internacionais que sustentam a globalização.

              Gilberto Dupas é coordenador do Instituto de Estudos Avançados da USP
        professor da FDC no Insead (França)
 

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Diário Popular

Arte Secular

                  Faculdade de Odontologia da USP
                   mergulha no passado ao fazer 100 anos

                           A Faculdade de Odontologia da
                   Universidade de São Paulo (USP) está completando 100 anos dedicados à
                   uma tarefa tão nobre quanto ingrata: formar profissionais que, sem dúvida,
                   estão entre os mais temidos da área de saúde. Por medo ou falta de
                   dinheiro, ir ao dentista é uma daquelas decisões que sempre
                   adiamos. Mas o temido motorzinho – que faz muito marmanjo tremer nas
                   bases só de ouvir seu estridente zumbido – é música para os ouvidos,
                   se comparado às condições de um consultório no início do século,
                   quando o curso de “Arte Dentária”, embrião da atual faculdade, foi criado.
                           Para comemorar seu centenário e resgatar a história da Odontologia no mundo e em São
                   Paulo, a instituição prepara um catálogo e um CD-ROM. O primeiro, com 200 páginas e mil
                   exemplares, deve estar pronto mês que vem. Já o CD tem lançamento previsto para a data
                   de aniversário do curso, surgido em 7 de dezembro de 1900. As obras, cuja distribuição será
                   restrita ao meio acadêmico, trarão nome e foto dos 6.148 alunos formados pela Odonto desde
                  1934, quando a faculdade foi incorporada à recém-criada USP e passou a ocupar o imponente
                   prédio na rua Três Rios, Bom Retiro, hoje sede da Universidade Livre de Música e da Oficina
                   Cultural Oswald de Andrade.
 

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Istoé

Transgênico natural

                            Químicos da Universidade de São Paulo
                    implantaram um gene de soja na
                    cana-de-açúcar para torná-la
                    resistente à broca, lagarta que rói a
                    planta por dentro. A cana transgênica
                    fabrica uma proteína que inibe a ação
                    das enzimas digestivas do inseto, que
                    morre por deficiência nutritiva. O próximo passo é aplicar a técnica no
                    combate a gafanhotos (foto), moscas e percevejos.
 

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O Globo

Os mistérios do vassoura-de-bruxa
 
                    Soraya Agége

                           CAMPINAS. A Universidade Estadual de
                   Campinas (Unicamp) começa a produzir
                   um programa para decifrar o código
                   genético do fungo Crimipelis perniciosa,
                   conhecido popularmente como
                   vassoura-de-bruxa. O microorganismo é o
                   causador da doença que exterminou dois
                   terços dos cacaueiros baianos nos últimos
                   11 anos, prejudicando enormemente a
                   indústria nacional de chocolate, que
                   passou a importar a matéria-prima.
                           O grande desafio do projeto é apresentar
                   soluções para a doença do cacau. Para
                   isso, a Unicamp conta com uma novidade:
                   será confeccionado um chip do DNA do
                   fungo, graças a um equipamento que
                   agiliza o seqüenciamento e a
                   decodificação dos agentes biológicos. O
                   genoma do fungo possui
                   aproximadamente 30 milhões de pares de
                   bases.
                           O projeto Genoma Vassoura-de-Bruxa
                   está orçado em US$ 1,3 milhão e teve
                   início há dois meses. O seqüenciamento
                   deve ser concluído até agosto de 2002.
                   - A universidade está contatando a
                   Fundação de Amparo à Pesquisa do
                   Estado de São Paulo (Fapesp) e as
                   indústrias de chocolate para conseguir
                   ampliar sua rede de laboratórios
                   conveniados e também aumentar a verba
                   da pesquisa. Com isso, agilizaremos as
                   tentativas de curar a vassoura-de-bruxa -
                   diz Gonçalo Amarante Guimarães Pereira,
                   coordenador do projeto.
                            Atualmente, metade do chocolate usado
                   pelas indústrias paulistas é importado da
                   África e da Malásia e não seria de boa
                   qualidade, perdendo para a indústria
                   européia de chocolate.
                           O programa é apoiado pelo governo da
                   Bahia, que financia o projeto. As
                   pesquisas são feitas em parceria com a
                   Comissão Executiva do Plano da Lavoura
                   Cacaueira (Ceplac), da Universidade
                   Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia) e
                   do Centro Nacional de Recursos Genéticos
                   da Embrapa, com sede em Brasília.
                           A vassoura-de-bruxa transtornou a
                   economia do Sul do Bahia nos últimos 11
                   anos. O fungo é conhecido há cerca de
                   cem anos, originário da Amazônia. Foi no
                   final da década de 80 que ele atingiu as
                   lavouras de cacau do Sul da Bahia. Ainda
                   hoje provoca perdas de até 90% das
                   plantações. Os municípios baianos que
                   mais produziam cacau, Itabuna e Ilhéus,
                   acabaram se transformando em pólos
                   industrial e de informática,
                   respectivamente. O Brasil hoje, graças às
                   produções do Pará, Amazonas, Rondônia
                   e Sudeste do país, continua na lista dos
                   principais produtores mundiais, mas perde
                   de longe para os países africanos. O
                   principal motivo é o fungo
                   vassoura-de-bruxa.
                           - O fato é que já se tentou até espécimes
                   resistentes ao fungo, mas elas acabam
                   cedendo à vassoura-de-bruxa. O problema
                   básico é que se tem pouca informação
                   sobre esse inimigo -argumenta o
                   professor Pereira.
                           Com os avanços da genômica, os
                   cientistas conseguem montar verdadeiros
                   dossiês de informações sobre como
                   agentes biológicos inimigos atacam. Por
                   meio da bioinformática, o procedimento é
                   remontado virtualmente, na tela de um
                   computador. Com isso, os cientistas
                   fazem seus prognósticos. Mais tarde,
                   numa etapa que a genômica ainda não
                   atingiu, eles poderão entrar em campo e
                   controlar os agentes biológicos que
                   causam as doenças.
                           - A genômica dá a identidade do agente
                   causador de cada doença. Antes, o
                   combate ao inimigo era feito no velho
                   método da tentativa e erro, que é o mais
                   arriscado pois permite que o invasor se
                   fortaleça, tornando-se imune a pesticidas
                   - explica o pesquisador.

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