O Estado de S. Paulo
Faculdade
de Minas promete melhorar ensino (07/10/2000)
MEC
analisou 101 cursos em todo o país (07/10/2000)
Unibam
mantém aulas em Osasco (07/10/2000)
Jornal da Tarde
Diário Popular
IstoÉ
O Globo
Os
mistérios do vassoura-de-bruxa
Faculdade de Minas promete melhorar ensino
Convênio com UFMG
é recurso para atender exigências do MEC
e dos próprios alunos
EVALDO MAGALHÃES
SETE LAGOAS - A direção da Faculdade de Direito de Sete Lagoas
(Fadisete), a 70
quilômetros de Belo
Horizonte, que ganhou prazo de mais seis meses, esta semana, para
melhorar a organização
didático-pedagógica, garante que está tomando as providências
necessárias. "Na
segunda-feira, a Universidade Federal de Minas Gerais começa a nos
dar
consultoria sobre mudanças
nos aspectos pedagógicos e na grade curricular", explica a
coordenadora pedagógica,
Maria Lisboa. Alunos concordam que a parte
didático-pedagógica
do curso é insuficiente. "O currículo é básico
e até professores
reconhecem", diz Adriana
Paixão, do 1º ano.
"Admitimos que precisamos de mudanças, mas elas estão sendo
feitas e o
Conselho Nacional de Educação
entendeu isso, ao prorrogar o prazo que nos foi dado", diz
Maria. Fundada há
30 anos e credenciada pelo MEC desde 1974, a Fadisete por pouco não
teve as portas fechadas
no mês passado.
Visitada por uma comissão de especialistas do MEC em julho de 1999,
a faculdade
recebeu conceito insuficiente
nos três quesitos: infra-estrutura, corpo docente e
organização
didático-pedagógica.
"Ganhamos seis meses e fizemos pesados investimentos", diz Maria Lisboa,
ex-pró-reitora de
pós-graduação da UFMG e contratada em dezembro pela
faculdade. A
direção afirma
ter aplicado R$ 300 mil. "Parte desses recursos foi gasta em melhoria das
instalações,
outra parte, ou cerca de R$ 150 mil, na compra de equipamentos de
informática e para
a biblioteca, que ganhou conceito A do MEC", diz o professor de Direito
Constitucional Guilherme
Wagner Ribeiro. As alterações pedagógicas foram feitas
por
professores da própria
escola, que mantiveram a grade curricular anterior, acrescentando
apenas os chamados temas
transversais. Não funcionou. Quando a comissão retornou,
em
julho, o currículo
continuou com conceiro insuficiente. A Fadisete fez então uma parceria
com a Faculdade de Direito
da UFMG.
A Fadisete funciona no câmpus da Fundação Monsenhor
Messias, antiga fazenda.
Para parte dos estudantes, a ameaça se deveu ao fato de ela ter
uma das menores
mensalidades: R$ 230,00.
"Isso contraria interesses de donos de faculdades particulares",
diz Washington de Carvalho,
de 50 anos, formado em Engenharia pela UFMG, e no 4º ano
de Direito na Fadisete.
MEC analisou 101 cursos em todo o País
BRASÍLIA - O Ministério da Educação (MEC) pediu
ao Conselho Nacional de
Educação,
no mês passado, o fechamento de dois cursos de direito reprovados
em três
avaliações
nos últimos dois anos: da Faculdade de Direito de Sete Lagoas (MG)
e da
Faculdade Brasileira de
Ciências Jurídicas (RJ). Ambos faziam parte dos 101 cursos
ameaçados de fechamento
desde 1999.
Ao contrário dos demais, porém, eles continuaram a apresentar
falhas graves,
segundo o MEC.
Dos 101 cursos, 14 foram reprovados e receberam prazo de seis meses para
melhorar. Após a
reavaliação, em julho, o MEC entendeu que apenas a Faculdade
de Sete
Lagoas e a de Ciências
Jurídicas continuavam abaixo do padrão, nos itens professores,
organização
didático-pedagógica e instalações.
Dos 12 restantes, 10 foram aprovados e 2 voltaram a ser reavaliados. Seus
processos seguirão
para o conselho nas próximas semanas.
Contrariando orientação do MEC, o conselho deu mais seis
meses para Sete
Lagoas corrigir falhas.
Para entrar em vigor, porém, a decisão precisa ser homologada
pelo
ministro da Educação,
Paulo Renato Souza. O caso da Faculdade Brasileira de Ciências
Jurídicas ainda não
foi analisado pelo conselho. (Demétrio Weber)
A direção da Uniban decidiu manter as aulas no câmpus
de Osasco, apesar de o
Conselho Nacional de Educação
ter considerado irregular o funcionamento da unidade,
conforme parecer aprovado
na quarta-feira. As inscrições para o vestibular de 2001
também
permanecem abertas normalmente.
A decisão da universidade baseia-se em dois argumentos, segundo
o vice-reitor da
Uniban, Milton Linhares.
Primeiro, o fato de o parecer ainda não ter sido homologado pelo
ministro da Educação,
Paulo Renato Souza.
Segundo, decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerando
o câmpus
regular. "O conselho ignorou
a decisão, que suspendeu liminar usada para sustentar o
parecer", diz Linhares.
O julgamento no STJ foi em setembro.
A polêmica em torno do câmpus de Osasco da Uniban se prolonga
há pelo menos
um ano. A entidade é
acusada de desrespeitar uma portaria de 1997, por ter aberto um
câmpus em Osasco sem
autorização do Ministério da Educação
(MEC).
Estudam na unidade cerca de 2.100 alunos em 15 cursos.
A instituição, contudo, afirma que a abertura do câmpus
é legal, porque já estava
prevista no plano de desenvolvimento
institucional da universidade, aprovado pelo MEC em
1995, o que dispensaria
a solicitação de uma nova autorização. (Marta
Avancini)
Jornal da Tarde
Depois de Seattle, agora foi a vez da confusão se instalar em Praga.
É preciso aprofundar a análise das razões pelas quais
as reuniões de rotina dos três
organismos internacionais,
fiadores do processo de abertura global - FMI, Banco Mundial e
OMC -, acabaram transformando-se
numa sucessão ruidosa de confrontos entre jovens
ativistas, ONGs e forças
policiais locais. Embora mudando de linguagem e reconhecendo,
finalmente, o lado perverso
da globalização, as forças dominantes nessas organizações
-
os principais países
desenvolvidos, sob a liderança dos EUA - estão convencidas
de que o
melhor a fazer é
induzir as grandes nações da periferia a radicalizar a abertura
econômica e
as reformas que privatizem
seus sistemas econômicos. Assim procedendo, acham eles,
será inevitável
que esses países cresçam e distribuam melhor sua renda. Essa
crença visa
a garantir o acesso pleno
das corporações transnacionais aos mercados mais pobres,
alternativas fundamentais
à demanda já saturada dos países centrais. De resto,
para a
periferia, até aqui,
a abertura tem trazido quase nenhum crescimento e mais exclusão.
O exame dos argumentos do artigo de Bill Clinton a respeito da concordância
norte-americana à
entrada da China na OMC, publicado recentemente no Estado, ilustra
bem essas questões.
Diz Clinton que as vantagens econômicas desse acordo serão
a
queda pela metade das tarifas
chinesas para telecomunicação, automóveis e produtos
agrícolas e a possibilidade
de "vender e distribuir na China bens e produtos de fabricação
americana sem deslocar nossas
fábricas ou transferir tecnologia. Em troca, concordamos
apenas em manter o acesso
ao nosso mercado, de que a China já desfruta". Acha que a
adoção de
um sistema aberto e competitivo é "o único meio de a China
enfrentar seus
crescentes desafios e evitar
sublevações internas e desintegração". Admite
que esse
processo gerará enormes
tensões no curto prazo, como "mais desemprego e ativismo
trabalhista e político".
No entanto, declara-se convencido de que "a única via segura para
a
estabilidade da China, bem
como de qualquer país nesta era global, é a liberação
do
potencial de seu povo, econômica
e politicamente, e a redução das barreiras à cooperação
internacional".
Conclui dizendo não querer uma China forte, que busque o confronto,
tampouco uma
China fraca acossada por
conflitos intensos e transformando-se numa zona de instabilidade
na Ásia.
Trata-se de uma competente peça de retórica, complexa e contraditória,
claramente
adequada aos interesses
da nação hegemônica mundial que cultua a auto-imagem
de
"potência benévola".
Clinton fala que a abertura chinesa evitará transferir fábricas
americanas para a China.
No entanto, deslocar frações de produção dos
produtos globais
aos países mais pobres
tem sido uma das raras oportunidades de gerar investimentos não
especulativos nos grandes
países da periferia. E são precisamente China e Brasil os
maiores beneficiários
mundiais recentes deste fluxo que tem garantido a entrada de US$ 20
bilhões anuais, essenciais
ao equilíbrio da balança de pagamentos desses países.
Justamente quando a OMC
caminha para a regulamentação final dos Trim's, disposições
burocráticas que
impedem os países filiados de exigirem contrapartida de exportações
e
conteúdo local dos
investimentos internacionais feitos em seu território, o que eliminaria
uma das últimas possibilidades
dos países pobres de direcioná-los a uma lógica de
política
industrial conveniente às
suas estratégias individuais.
É até possível que uma abertura geral e irrestrita
da economia mundial - ainda que
regulada nos grandes mercados
pelas restrições de cotas e barreiras que só países
centrais têm força
para impor - possa trazer mais benefícios que desvantagens aos grandes
países da periferia.
Até aqui, no entanto, as evidências são outras. As
aberturas causaram
desequilíbrios adicionais
em várias regiões, aumentando déficits comerciais
e a
dependência do capital
internacional. A China é um caso particular, dado o grande poder
que seu tamanho e situação
geopolítica lhe conferem. No seu caso é bem provável
que,
embora perca a curto prazo,
ela possa ter vantagens fundamentais no futuro. Mas não será
necessariamente o caso de
inúmeros outros países. Por essas e outras não é
difícil
entender o barulho das ruas
que tem causado tanto alvoroço nas antes tão assépticas
reuniões dos fóruns
internacionais que sustentam a globalização.
Gilberto Dupas é coordenador do Instituto de Estudos Avançados
da USP
professor da FDC no Insead
(França)
Diário Popular
Faculdade de Odontologia da USP
mergulha no passado ao fazer 100 anos
A Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (USP) está completando 100 anos
dedicados à
uma tarefa tão nobre quanto ingrata: formar profissionais que, sem
dúvida,
estão entre os mais temidos da área de saúde. Por
medo ou falta de
dinheiro, ir ao dentista é uma daquelas decisões que sempre
adiamos. Mas o temido motorzinho – que faz muito marmanjo tremer nas
bases só de ouvir seu estridente zumbido – é música
para os ouvidos,
se comparado às condições de um consultório
no início do século,
quando o curso de “Arte Dentária”, embrião da atual faculdade,
foi criado.
Para comemorar seu centenário e resgatar a história da Odontologia
no mundo e em São
Paulo, a instituição prepara um catálogo e um CD-ROM.
O primeiro, com 200 páginas e mil
exemplares, deve estar pronto mês que vem. Já o CD tem lançamento
previsto para a data
de aniversário do curso, surgido em 7 de dezembro de 1900. As obras,
cuja distribuição será
restrita ao meio acadêmico, trarão nome e foto dos 6.148 alunos
formados pela Odonto desde
1934, quando a faculdade foi incorporada à recém-criada USP
e passou a ocupar o imponente
prédio na rua Três Rios, Bom Retiro, hoje sede da Universidade
Livre de Música e da Oficina
Cultural Oswald de Andrade.
Istoé
Químicos da Universidade de São Paulo
implantaram um gene de soja na
cana-de-açúcar para torná-la
resistente à broca, lagarta que rói a
planta por dentro. A cana transgênica
fabrica uma proteína que inibe a ação
das enzimas digestivas do inseto, que
morre por deficiência nutritiva. O próximo passo é
aplicar a técnica no
combate a gafanhotos (foto), moscas e percevejos.
O Globo
Os
mistérios do vassoura-de-bruxa
Soraya Agége
CAMPINAS. A Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) começa a produzir
um programa para decifrar o código
genético do fungo Crimipelis perniciosa,
conhecido popularmente como
vassoura-de-bruxa. O microorganismo é o
causador da doença que exterminou dois
terços dos cacaueiros baianos nos últimos
11 anos, prejudicando enormemente a
indústria nacional de chocolate, que
passou a importar a matéria-prima.
O grande desafio do projeto é apresentar
soluções para a doença do cacau. Para
isso, a Unicamp conta com uma novidade:
será confeccionado um chip do DNA do
fungo, graças a um equipamento que
agiliza o seqüenciamento e a
decodificação dos agentes biológicos. O
genoma do fungo possui
aproximadamente 30 milhões de pares de
bases.
O projeto Genoma Vassoura-de-Bruxa
está orçado em US$ 1,3 milhão e teve
início há dois meses. O seqüenciamento
deve ser concluído até agosto de 2002.
- A universidade está contatando a
Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp) e as
indústrias de chocolate para conseguir
ampliar sua rede de laboratórios
conveniados e também aumentar a verba
da pesquisa. Com isso, agilizaremos as
tentativas de curar a vassoura-de-bruxa -
diz Gonçalo Amarante Guimarães Pereira,
coordenador do projeto.
Atualmente, metade do chocolate usado
pelas indústrias paulistas é importado da
África e da Malásia e não seria de boa
qualidade, perdendo para a indústria
européia de chocolate.
O programa é apoiado pelo governo da
Bahia, que financia o projeto. As
pesquisas são feitas em parceria com a
Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira (Ceplac), da Universidade
Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia) e
do Centro Nacional de Recursos Genéticos
da Embrapa, com sede em Brasília.
A vassoura-de-bruxa transtornou a
economia do Sul do Bahia nos últimos 11
anos. O fungo é conhecido há cerca de
cem anos, originário da Amazônia. Foi no
final da década de 80 que ele atingiu as
lavouras de cacau do Sul da Bahia. Ainda
hoje provoca perdas de até 90% das
plantações. Os municípios baianos que
mais produziam cacau, Itabuna e Ilhéus,
acabaram se transformando em pólos
industrial e de informática,
respectivamente. O Brasil hoje, graças às
produções do Pará, Amazonas, Rondônia
e Sudeste do país, continua na lista dos
principais produtores mundiais, mas perde
de longe para os países africanos. O
principal motivo é o fungo
vassoura-de-bruxa.
- O fato é que já se tentou até espécimes
resistentes ao fungo, mas elas acabam
cedendo à vassoura-de-bruxa. O problema
básico é que se tem pouca informação
sobre esse inimigo -argumenta o
professor Pereira.
Com os avanços da genômica, os
cientistas conseguem montar verdadeiros
dossiês de informações sobre como
agentes biológicos inimigos atacam. Por
meio da bioinformática, o procedimento é
remontado virtualmente, na tela de um
computador. Com isso, os cientistas
fazem seus prognósticos. Mais tarde,
numa etapa que a genômica ainda não
atingiu, eles poderão entrar em campo e
controlar os agentes biológicos que
causam as doenças.
- A genômica dá a identidade do agente
causador de cada doença. Antes, o
combate ao inimigo era feito no velho
método da tentativa e erro, que é o mais
arriscado pois permite que o invasor se
fortaleça, tornando-se imune a pesticidas
- explica o pesquisador.