São Paulo, 11 de maio de 2001
Fórum de Políticas Universitárias da USP
Aqui você confere online, os principais acontecimentos do Módulo III do 1º Fórum de Políticas Universitárias da USP, que acontece na Cidade Universitária de 9 a 11 de maio.

 
16:40 A academia mais próxima da sociedade

André Chaves de Melo, da Agência USP
      “Política e Extensão Universitária” foi a plenária que abriu este último dia do I Fórum USP, sob a coordenação do pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária, Adilson Avansi de Abreu. Os debates enfocaram as iniciativas da USP neste campo. 
      Bolsões de pobreza - O reitor da UFPE, Mozart Ramos, analisou o conjunto de programas de extensão universitária. “Resolvemos pensar sobre o que era necessário oferecer à população, uma vez que dois grandes bolsões de pobreza circunda a área onde fica a UFPE, que deveria ter uma parcela importante de atuação junto à essa comunidade”, enfatizou. A partir disso foram tomadas iniciativas no âmbito da atividade extensionista. Ramos destacou, entre outros projetos, o Vivendo o Campus, em que a comunidade participa de palestras, cursos e oficinas. 
     Terceira idade - A professora Ecléa Bosi, coordenadora do programa Universidade Aberta para a Terceira Idade, destacou a iniciativa como uma das mais importantes na tentativa de aproximar Universidade e comunidade. “Recebemos mais de 20 mil matrículas esse ano”, apontou. “E os alunos gostam de livros ao invés de cópias fragmentadas de capítulos ou partes das obras”, observou. “Eles também mostram gratidão com relação aos professores, um sentimento reanimador. 
Inclusão social - Ary Plonski, coordenador da Cecae refletiu sobre o atual desafio da inclusão social a ser enfrentado pela sociedade, incluindo a Universidade. “Não podemos, nem devemos substituir o papel do Estado, muito menos servir como terceiro setor”, ponderou. “Temos de nos concentrar na formulação e implementação de modelos inovadores. Atravessamos um momento altamente estimulante para a expansão qualitativa e quantitativa da extensão universitária e devemos aproveitá-lo.” 
     De acordo com o professor Adilson Avansi de Abreu, uma série de iniciativas têm sido tomadas nesse sentido, incluindo uma nova resolução que regulamenta as atividades de cultura e extensão da Universidade. “Além disso, estamos em um avançado processo de discussão para o estabelecermos critérios para avaliar a extensão e incluímos uma diretriz no orçamento da Universidade”, informou.
     Atividades no HU - A professora Maria Lúcia Lebrão, superintendente do Hospital Universitário (HU) da USP, ressaltou o papel da área de saúde como uma das maiores contribuintes da área de cultura e extensão e chamou a atenção para as atividades desenvolvidas pelo HU, como cursos, publicações de revistas, além do ensino, representado principalmente pela residência médica. 
A professora Ana Cristina Limongi, da Faculdade de Economia, Administração e 
Contabilidade (FEA) da USP questionou se há um mapeamento das atividades de extensão. De acordo com o professor Adilson Avansi de Abreu, existe um esforço nesse sentido. “Entretanto, algumas dessas iniciativas acabam não sendo registradas, mas estamos trabalhando para solucionar essa questão.” 



19:00 Plano Diretor propõe integração da USP com a cidade de São Paulo

Valéria Dias, da Agência USP 
     Tornar a USP um espaço propício para as relações sociais, dando ênfase aos pedestres e a integração do campus com a cidade de São Paulo, observando a crescente procura por vagas. Estas foram algumas das considerações expostas durante o Seminário Plano Diretor da Cidade Universitária, que aconteceram neste último dia de debates do USP Fórum. 
     Ampliação - Paulo Valentino Bruna, da FAU abordou a forte expansão de alunos em busca de vagas nas universidades públicas e a conseqüente necessidade de otimização de recursos e de infra estrutura. Ele afirmou que para que não ocorra a exclusão social de alunos vindos das camadas menos favorecidas da população, o número de matrículas nas três universidades públicas do Estado de São Paulo deveria passar dos atuais 120.000 para 500.000. Destacou que a USP não pode negar seu papel social no sentido de disponibilizar um maior número de vagas nos cursos noturnos. “Mais de 80% dos cursos noturnos estão em instituições privadas de ensino superior”, afirmou. De acordo com o professor, essa demanda é de expansão e de diversificação de ensino, com ênfase na qualificação profissional – requisito necessário na atual situação do país. Para ele, é fundamental que o Plano Diretor observe as perspectivas da USP para os próximos 15 anos. “Algumas medidas de longo prazo devem ser tomadas imediatamente”. 
     Propostas - Witold Zimitrowicz, da Poli, descreveu a dificuldade de locomoção entre as unidades, os estacionamentos congestionados e o saturado sistema viário. Em sua proposta, a reestruturação do campus não só deve privilegiar o pedestre, como também integrar o campus à cidade de São Paulo. Propôs a criação de uma passarela de pedestres que interligasse a Praça do Relógio às imediações do Shopping Villa-Lobos, onde sugeriu a  construção de uma estação de Metrô. A arquiteta Neide Cabral, do Fundo de Construção da Universidade de São Paulo (Fundusp) complementou Zimitrowicz, relatando que o campus não pode ser visto como um parque, mas como um lugar onde a população possa desfrutar das paisagens agradáveis. Segundo ela, existiriam áreas compartilhadas, como o Hospital Universitário (HU) e a Praça do Relógio, e outras áreas de acesso diferenciado e restrito à comunidade uspiana, como os viveiros e o Centro de Práticas Esportivas (Cepeusp). Questionada por um membro da platéia sobre qual forma seria feita essa restrição, Neide afirmou que na passarela haveriam controles de horário e dias, e alguns acessos seriam fechados. Também haveriam campanhas de esclarecimentos que informariam a população sobre as áreas restritas. 
     Priorizar o coletivo - O professor Cândido Malta Campos Filho, da FAU, afirmou que o Plano Diretor da USP deveria ser um exemplo para a cidade de São Paulo. Citando a falta de vagas nos estacionamentos, afirmou que não há como limitá-los, visto que a questão remete aos sérios problemas com o transporte coletivo de São Paulo. “É necessário priorizar o coletivo, não o individual”. Também sugeriu que a passarela de pedestres se transformasse, aos poucos, na entrada principal do campus. Também sugeriu a construção de uma Biblioteca Central. 
A viabilização do Plano Diretor foi abordada pelo professor Antonio Rodrigues Martins, da Escola Politécnica. Segundo ele, a gestão do Plano deve ser feita de forma centralizada e sugeriu a criação de uma Coordenadoria; as diversas unidades devem desenvolver Planos Diretores acadêmicos, em função do aumento da demanda; a utilização dos recursos aplicados deve ser feita sob a orientação da Coordenadoria e as atividades de terceiros e o uso do campus para fins não institucionais devem ser geridos de forma centralizada para coibir abusos e prejuízos às atividades fim da universidade. 
De acordo com Vahan Agopyan, professor da Escola Politécnica e coordenador do seminário, outra reunião com os membros da mesa será convocada o mais rápido possível e quem quiser fazer sugestões sobre o tema poderá enviá-las para o e-mail do Fórum: uspforum@usp.br



19:20Tendência é ampliar política de benefícios

Roberto C. G. Castro, do Jornal da USP
      A USP tende a ampliar e a estender a política de benefícios a todos os servidores — e não apenas aos de mais baixa renda —, afirmou na tarde de hoje o professor Hélio Nogueira da Cruz, da Coordenadoria de Administração 
Geral (Codage), durante o USP-Fórum. Segundo ele, conceder benefícios — ao invés de aumentar salários — é uma prática "muito vantajosa" que vem sendo utilizada por empresas e instituições em todo o mundo. "Há uma tendência a dar remuneração indireta, inclusive por razões fiscais", disse o professor. "Dessa maneira, os recursos não se perdem na forma de impostos."
     Vantagens - Hélio Nogueira deu exemplos das vantagens de uma política de benefícios. Para cada R$ 100,00 pagos como salário, a USP contribui com mais R$ 30,00 em impostos. O beneficiário também leva uma boa mordida do 
Leão: de cada R$ 100,00, o docente da USP fica com R$ 66,70, o funcionário de nível superior, com 72,50, e o servidor de nível técnico, com R$ 85,00. "Isso não ocorre com os benefícios, que chegam ao servidor sem descontos", lembrou o professor. "Daí a importância de uma política no setor."  Ele também destacou que a USP já investe boa parcela de recursos em benefícios aos servidores. No total, são mais de R$ 1,4 milhão mensais destinados a auxílios como creche, transporte, restaurantes e tíquetes-alimentação, entre outros. "A idéia é ampliar ainda mais essa ajuda."
     Benefícios concedidos - A superintendente do Hospital Universitário (HU), professora Maria Lúcia Lebrão, destacou os benefícios concedidos pela USP aos seus servidores na área da saúde. Somente no ano 2000, o Sistema de Saúde da USP (Sisusp) gastou R$ 29 milhões, através do HU e das cinco Unidades Básicas de Saúde (Ubas) mantidas pelo sistema nos campi do Interior. O público-alvo do Sisusp estimado é de 150 mil pessoas — entre elas 25 mil funcionários, 43 mil alunos e seus dependentes. 
     Já o professor Silvio Roberto de Azevedo Salinas, do Instituto de Física da USP — outro expositor do seminário —, voltou a discutir a questão do Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP), o regime de trabalho 
em que o docente se dedica exclusivamente à Universidade. O professor insistiu em que é preciso fortalecer o RDIDP "histórico". O dinheiro para isso tem de vir dos "excessos orçamentários", disse Salinas, reconhecendo que essa medida traria atritos com os sindicatos atuantes na USP. "Mas nós precisamos  dar prioridade ao que é a missão essencial da Universidade, e não ficar sujeitos às pressões sindicais."
     Críticas - As exposições dos professores foram criticadas pela funcionária da USP Neli Maria Paschoarelli Wada, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e representante dos funcionários na Comissão Central de Recursos Humanos (CCRH) da USP. Da platéia, Neli disse que os benefícios citados por Hélio Nogueira estão "só no papel". Os auxílios-creche — direitos que precisam ser estendidos aos pais, e não somente às mães, como é hoje — são 
insuficientes para pagar a mensalidade de uma creche, disse Neli. Para ela, o Sisusp precisa melhorar o atendimento nos campi do Interior, a fim de que o funcionário não precise viajar até São Paulo para fazer uma consulta no HU. 
Neli pediu também uma política de auxílio ao servidor vítima de Aids ou alcoolismo. "Hoje, no momento em que mais precisa, o funcionário com esses problemas sofre a discriminação da chefia." Por fim, a funcionária — dirigindo-se a Salinas — rebateu a idéia de usar os "excessos orçamentários" em favor dos docentes em RDIDP: "Como velho comunista, o senhor deveria saber que a igualdade serve para esta Universidade." O seminário foi coordenado pelo professor Ruy Laurenti, da Faculdade de Saúde Pública.
 



20:56  Universidade faz reflexão sobre o rápido avanço da tecnologia

Roger Pascoal
     "A sociedade, como um todo, vai mudar em rede, de diversas formas". Estas palavras, ditas pelo professor Imre Simom, do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, ilustram a perspectiva partilhada pelos integrantes da plenária "A Universidade e a Tecnologia da Informação", que encerrou o módulo  III do Fórum de Discussão de Políticas Universitárias da USP. As discussões procuraram apontar caminhos possíveis para o futuro da Universidade frente às novas necessidades, e soluções criadas pelo desenvolvimento tecnológico. As apresentações concentraram-se nas mesmas questões. Como a Universidade deve preparar-se para enfrentar as conseqüências do rápido desenvolvimento da  tecnologia da informação? E, mais do que isto, como ela deve contribuir para este desenvolvimento? 
     Rede de aprendizado - O professor visitante do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, Gilson Schwartz, procurou abordar o tema apresentando as suas reflexões sobre o projeto "Cidade do Conhecimento". Criado a partir de uma iniciativa do próprio Schwartz, o projeto, ainda em fase inicial de implantação,  pretende estimular a comunicação entre alunos de vários níveis escolares e profissionais de diferentes áreas. O objetivo é evoluir até a criação de uma Rede de  Aprendizado Permanente. A idéia é explorar as possibilidades de comunicação criadas pelas novas tecnologias para construir 'comunidades de conhecimento', espaços públicos onde a produção de conhecimento é coletiva. Schwartz analisou as necessidades de  mudança no interior de todas as organizações, empresas, escolas, universidades, etc. Para ele, estas mudanças precisam criar e organizar novas redes, "onde a interatividade seja levada a sério". Estas mudanças não seriam apenas organizacionais, mas também deveriam envolver mudanças de comportamento. Schwartz defendeu a importância do que chamou de "conhecimento tácito", surgido e criado da própria comunicação, de forma coletiva.
     Processo de mudança - Imre Simom, complementou as idéias de Schwartz apresentando a sua visão sobre as possibilidades e conseqüências causadas pela evolução da tecnologia. Para Simom, "estamos diante de um processo de mudança muito intensa". Segundo ele, a velocidade deste processo causa um efeito transformador sobre a sociedade e um novo paradigma de comunicação. Como  conseqüência destas mudanças, surgiram fenômenos inéditos. É o caso das "cooperativas de informação", como a internet, o software livre e a "enciclopédia aberta na teia", ou seja, as páginas da rede mundial de computadores. A participação da Universidade nesta dinâmica, segundo o professor, estaria ligada a duas situações: como produtora destas novidades e também "cobaia" para grande parte destas transformações. Mas, apesar da grande participação no avanço tecnológico, a estrutura cristalizada das universidades também pode trazer dificuldades. Para Simom, a solução para as dificuldades enfrentadas pela USP hoje passam pela conscientização, por adaptações curriculares e pelo investimento em hardware, software e, principalmente, na atualização profissional, item que, segundo Simom, "está numa situação desastrosa".
      Investimentos - Os investimentos em equipamentos, em software e em pessoal técnico especializado, foi o principal assunto dos outros palestrantes da noite. Henrique Rozenfeld, presidente do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP, apresentou as últimas novidades no  Sistema e as necessidades para o seu aprimoramento no futuro. Clésio Luiz Tozzi, Coordenador Geral da Coordenadoria Geral de Informática (CGI) da UNICAMP,  relatou o funcionamento atual da  rede de computadores da universidade e as necessidades que deverão ser superadas com o desenvolvimento tecnológico e as novas solicitações dos usuários frente às novas tecnologias. Paulo Cesar Masiero, presidente da Comissão Central de Informática (CCI) da USP e também coordenador da mesa, foi o último orador da noite. Masiero abordou a atual situação da rede de computadores e relatou os projetos que estão em implantação na área de informática nos Campi da Universidade. 



 
 
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