16:40 A
academia mais próxima da sociedade
André Chaves de Melo, da Agência
USP
“Política
e Extensão Universitária” foi a plenária que abriu
este último dia do I Fórum USP, sob a coordenação
do pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária,
Adilson Avansi de Abreu. Os debates enfocaram as iniciativas da USP neste
campo.
Bolsões
de pobreza - O reitor da UFPE, Mozart Ramos, analisou o conjunto de
programas de extensão universitária. “Resolvemos pensar sobre
o que era necessário oferecer à população,
uma vez que dois grandes bolsões de pobreza circunda a área
onde fica a UFPE, que deveria ter uma parcela importante de atuação
junto à essa comunidade”, enfatizou. A partir disso foram tomadas
iniciativas no âmbito da atividade extensionista. Ramos destacou,
entre outros projetos, o Vivendo o Campus, em que a comunidade participa
de palestras, cursos e oficinas.
Terceira idade -
A professora Ecléa Bosi, coordenadora do programa Universidade Aberta
para a Terceira Idade, destacou a iniciativa como uma das mais importantes
na tentativa de aproximar Universidade e comunidade. “Recebemos mais de
20 mil matrículas esse ano”, apontou. “E os alunos gostam de livros
ao invés de cópias fragmentadas de capítulos ou partes
das obras”, observou. “Eles também mostram gratidão com relação
aos professores, um sentimento reanimador.
Inclusão social - Ary Plonski, coordenador
da Cecae refletiu sobre o atual desafio da inclusão social a ser
enfrentado pela sociedade, incluindo a Universidade. “Não podemos,
nem devemos substituir o papel do Estado, muito menos servir como terceiro
setor”, ponderou. “Temos de nos concentrar na formulação
e implementação de modelos inovadores. Atravessamos um momento
altamente estimulante para a expansão qualitativa e quantitativa
da extensão universitária e devemos aproveitá-lo.”
De acordo com o professor
Adilson Avansi de Abreu, uma série de iniciativas têm sido
tomadas nesse sentido, incluindo uma nova resolução que regulamenta
as atividades de cultura e extensão da Universidade. “Além
disso, estamos em um avançado processo de discussão para
o estabelecermos critérios para avaliar a extensão e incluímos
uma diretriz no orçamento da Universidade”, informou.
Atividades no HU
- A professora Maria Lúcia Lebrão, superintendente do
Hospital Universitário (HU) da USP, ressaltou o papel da área
de saúde como uma das maiores contribuintes da área de cultura
e extensão e chamou a atenção para as atividades desenvolvidas
pelo HU, como cursos, publicações de revistas, além
do ensino, representado principalmente pela residência médica.
A professora Ana Cristina Limongi, da Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA) da USP questionou se há
um mapeamento das atividades de extensão. De acordo com o professor
Adilson Avansi de Abreu, existe um esforço nesse sentido. “Entretanto,
algumas dessas iniciativas acabam não sendo registradas, mas estamos
trabalhando para solucionar essa questão.” |
19:00 Plano Diretor
propõe integração da USP com a cidade de São
Paulo
Valéria Dias, da Agência USP
Tornar a USP um espaço propício
para as relações sociais, dando ênfase aos pedestres
e a integração do campus com a cidade de São Paulo,
observando a crescente procura por vagas. Estas foram algumas das considerações
expostas durante o Seminário Plano Diretor da Cidade Universitária,
que aconteceram neste último dia de debates do USP Fórum.
Ampliação - Paulo Valentino
Bruna, da FAU abordou a forte expansão de alunos em busca de vagas
nas universidades públicas e a conseqüente necessidade de otimização
de recursos e de infra estrutura. Ele afirmou que para que não ocorra
a exclusão social de alunos vindos das camadas menos favorecidas
da população, o número de matrículas nas três
universidades públicas do Estado de São Paulo deveria passar
dos atuais 120.000 para 500.000. Destacou que a USP não pode negar
seu papel social no sentido de disponibilizar um maior número de
vagas nos cursos noturnos. “Mais de 80% dos cursos noturnos estão
em instituições privadas de ensino superior”, afirmou. De
acordo com o professor, essa demanda é de expansão e de diversificação
de ensino, com ênfase na qualificação profissional
– requisito necessário na atual situação do país.
Para ele, é fundamental que o Plano Diretor observe as perspectivas
da USP para os próximos 15 anos. “Algumas medidas de longo prazo
devem ser tomadas imediatamente”.
Propostas - Witold Zimitrowicz, da
Poli, descreveu a dificuldade de locomoção entre as unidades,
os estacionamentos congestionados e o saturado sistema viário. Em
sua proposta, a reestruturação do campus não só
deve privilegiar o pedestre, como também integrar o campus à
cidade de São Paulo. Propôs a criação de uma
passarela de pedestres que interligasse a Praça do Relógio
às imediações do Shopping Villa-Lobos, onde sugeriu
a construção de uma estação de Metrô.
A arquiteta Neide Cabral, do Fundo de Construção da Universidade
de São Paulo (Fundusp) complementou Zimitrowicz, relatando que o
campus não pode ser visto como um parque, mas como um lugar onde
a população possa desfrutar das paisagens agradáveis.
Segundo ela, existiriam áreas compartilhadas, como o Hospital Universitário
(HU) e a Praça do Relógio, e outras áreas de acesso
diferenciado e restrito à comunidade uspiana, como os viveiros e
o Centro de Práticas Esportivas (Cepeusp). Questionada por um membro
da platéia sobre qual forma seria feita essa restrição,
Neide afirmou que na passarela haveriam controles de horário e dias,
e alguns acessos seriam fechados. Também haveriam campanhas de esclarecimentos
que informariam a população sobre as áreas restritas.
Priorizar o coletivo - O professor
Cândido Malta Campos Filho, da FAU, afirmou que o Plano Diretor da
USP deveria ser um exemplo para a cidade de São Paulo. Citando a
falta de vagas nos estacionamentos, afirmou que não há como
limitá-los, visto que a questão remete aos sérios
problemas com o transporte coletivo de São Paulo. “É necessário
priorizar o coletivo, não o individual”. Também sugeriu que
a passarela de pedestres se transformasse, aos poucos, na entrada principal
do campus. Também sugeriu a construção de uma Biblioteca
Central.
A viabilização do Plano Diretor foi abordada pelo professor
Antonio Rodrigues Martins, da Escola Politécnica. Segundo ele, a
gestão do Plano deve ser feita de forma centralizada e sugeriu a
criação de uma Coordenadoria; as diversas unidades devem
desenvolver Planos Diretores acadêmicos, em função
do aumento da demanda; a utilização dos recursos aplicados
deve ser feita sob a orientação da Coordenadoria e as atividades
de terceiros e o uso do campus para fins não institucionais devem
ser geridos de forma centralizada para coibir abusos e prejuízos
às atividades fim da universidade.
De acordo com Vahan Agopyan, professor da Escola Politécnica
e coordenador do seminário, outra reunião com os membros
da mesa será convocada o mais rápido possível e quem
quiser fazer sugestões sobre o tema poderá enviá-las
para o e-mail do Fórum: uspforum@usp.br |
19:20Tendência
é ampliar política de benefícios
Roberto C. G. Castro, do Jornal da USP
A USP tende a ampliar e a estender a
política de benefícios a todos os servidores — e não
apenas aos de mais baixa renda —, afirmou na tarde de hoje o professor
Hélio Nogueira da Cruz, da Coordenadoria de Administração
Geral (Codage), durante o USP-Fórum. Segundo ele, conceder benefícios
— ao invés de aumentar salários — é uma prática
"muito vantajosa" que vem sendo utilizada por empresas e instituições
em todo o mundo. "Há uma tendência a dar remuneração
indireta, inclusive por razões fiscais", disse o professor. "Dessa
maneira, os recursos não se perdem na forma de impostos."
Vantagens - Hélio Nogueira deu
exemplos das vantagens de uma política de benefícios. Para
cada R$ 100,00 pagos como salário, a USP contribui com mais R$ 30,00
em impostos. O beneficiário também leva uma boa mordida do
Leão: de cada R$ 100,00, o docente da USP fica com R$ 66,70,
o funcionário de nível superior, com 72,50, e o servidor
de nível técnico, com R$ 85,00. "Isso não ocorre com
os benefícios, que chegam ao servidor sem descontos", lembrou o
professor. "Daí a importância de uma política no setor."
Ele também destacou que a USP já investe boa parcela de recursos
em benefícios aos servidores. No total, são mais de R$ 1,4
milhão mensais destinados a auxílios como creche, transporte,
restaurantes e tíquetes-alimentação, entre outros.
"A idéia é ampliar ainda mais essa ajuda."
Benefícios concedidos - A superintendente
do Hospital Universitário (HU), professora Maria Lúcia Lebrão,
destacou os benefícios concedidos pela USP aos seus servidores na
área da saúde. Somente no ano 2000, o Sistema de Saúde
da USP (Sisusp) gastou R$ 29 milhões, através do HU e das
cinco Unidades Básicas de Saúde (Ubas) mantidas pelo sistema
nos campi do Interior. O público-alvo do Sisusp estimado é
de 150 mil pessoas — entre elas 25 mil funcionários, 43 mil alunos
e seus dependentes.
Já o professor Silvio Roberto de Azevedo
Salinas, do Instituto de Física da USP — outro expositor do seminário
—, voltou a discutir a questão do Regime de Dedicação
Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP), o regime
de trabalho
em que o docente se dedica exclusivamente à Universidade. O
professor insistiu em que é preciso fortalecer o RDIDP "histórico".
O dinheiro para isso tem de vir dos "excessos orçamentários",
disse Salinas, reconhecendo que essa medida traria atritos com os sindicatos
atuantes na USP. "Mas nós precisamos dar prioridade ao que
é a missão essencial da Universidade, e não ficar
sujeitos às pressões sindicais."
Críticas - As exposições
dos professores foram criticadas pela funcionária da USP Neli Maria
Paschoarelli Wada, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp)
e representante dos funcionários na Comissão Central de Recursos
Humanos (CCRH) da USP. Da platéia, Neli disse que os benefícios
citados por Hélio Nogueira estão "só no papel". Os
auxílios-creche — direitos que precisam ser estendidos aos pais,
e não somente às mães, como é hoje — são
insuficientes para pagar a mensalidade de uma creche, disse Neli. Para
ela, o Sisusp precisa melhorar o atendimento nos campi do Interior, a fim
de que o funcionário não precise viajar até São
Paulo para fazer uma consulta no HU.
Neli pediu também uma política de auxílio ao servidor
vítima de Aids ou alcoolismo. "Hoje, no momento em que mais precisa,
o funcionário com esses problemas sofre a discriminação
da chefia." Por fim, a funcionária — dirigindo-se a Salinas — rebateu
a idéia de usar os "excessos orçamentários" em favor
dos docentes em RDIDP: "Como velho comunista, o senhor deveria saber que
a igualdade serve para esta Universidade." O seminário foi coordenado
pelo professor Ruy Laurenti, da Faculdade de Saúde Pública.
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20:56
Universidade faz reflexão sobre o rápido
avanço da tecnologia
Roger Pascoal
"A sociedade, como um todo, vai mudar em rede,
de diversas formas". Estas palavras, ditas pelo professor Imre Simom, do
Departamento de Ciência da Computação do Instituto
de Matemática e Estatística (IME) da USP, ilustram a perspectiva
partilhada pelos integrantes da plenária "A Universidade e a Tecnologia
da Informação", que encerrou o módulo III do
Fórum de Discussão de Políticas Universitárias
da USP. As discussões procuraram apontar caminhos possíveis
para o futuro da Universidade frente às novas necessidades, e soluções
criadas pelo desenvolvimento tecnológico. As apresentações
concentraram-se nas mesmas questões. Como a Universidade deve preparar-se
para enfrentar as conseqüências do rápido desenvolvimento
da tecnologia da informação? E, mais do que isto, como
ela deve contribuir para este desenvolvimento?
Rede de aprendizado - O professor visitante
do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, Gilson Schwartz,
procurou abordar o tema apresentando as suas reflexões sobre o projeto
"Cidade do Conhecimento". Criado a partir de uma iniciativa do próprio
Schwartz, o projeto, ainda em fase inicial de implantação,
pretende estimular a comunicação entre alunos de vários
níveis escolares e profissionais de diferentes áreas. O objetivo
é evoluir até a criação de uma Rede de
Aprendizado Permanente. A idéia é explorar as possibilidades
de comunicação criadas pelas novas tecnologias para construir
'comunidades de conhecimento', espaços públicos onde a produção
de conhecimento é coletiva. Schwartz analisou as necessidades de
mudança no interior de todas as organizações, empresas,
escolas, universidades, etc. Para ele, estas mudanças precisam criar
e organizar novas redes, "onde a interatividade seja levada a sério".
Estas mudanças não seriam apenas organizacionais, mas também
deveriam envolver mudanças de comportamento. Schwartz defendeu a
importância do que chamou de "conhecimento tácito", surgido
e criado da própria comunicação, de forma coletiva.
Processo de mudança - Imre Simom,
complementou as idéias de Schwartz apresentando a sua visão
sobre as possibilidades e conseqüências causadas pela evolução
da tecnologia. Para Simom, "estamos diante de um processo de mudança
muito intensa". Segundo ele, a velocidade deste processo causa um efeito
transformador sobre a sociedade e um novo paradigma de comunicação.
Como conseqüência destas mudanças, surgiram fenômenos
inéditos. É o caso das "cooperativas de informação",
como a internet, o software livre e a "enciclopédia aberta na teia",
ou seja, as páginas da rede mundial de computadores. A participação
da Universidade nesta dinâmica, segundo o professor, estaria ligada
a duas situações: como produtora destas novidades e também
"cobaia" para grande parte destas transformações. Mas, apesar
da grande participação no avanço tecnológico,
a estrutura cristalizada das universidades também pode trazer dificuldades.
Para Simom, a solução para as dificuldades enfrentadas pela
USP hoje passam pela conscientização, por adaptações
curriculares e pelo investimento em hardware, software e, principalmente,
na atualização profissional, item que, segundo Simom, "está
numa situação desastrosa".
Investimentos - Os investimentos
em equipamentos, em software e em pessoal técnico especializado,
foi o principal assunto dos outros palestrantes da noite. Henrique Rozenfeld,
presidente do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP, apresentou
as últimas novidades no Sistema e as necessidades para o seu
aprimoramento no futuro. Clésio Luiz Tozzi, Coordenador Geral da
Coordenadoria Geral de Informática (CGI) da UNICAMP, relatou
o funcionamento atual da rede de computadores da universidade e as
necessidades que deverão ser superadas com o desenvolvimento tecnológico
e as novas solicitações dos usuários frente às
novas tecnologias. Paulo Cesar Masiero, presidente da Comissão Central
de Informática (CCI) da USP e também coordenador da mesa,
foi o último orador da noite. Masiero abordou a atual situação
da rede de computadores e relatou os projetos que estão em implantação
na área de informática nos Campi da Universidade. |
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