São Paulo, 28 de maio de 1999 n.411/99
Arquivo
 
Os filhos da Aids
O preconceito em relação às crianças portadoras do vírus da Aids é o grande obstáculo enfrentado pelo Grupo de Atendimento de Crianças Infectadas pelo HIV/Aids, do HC-FMUSP, que trabalha no sentido de inseri-las na sociedade como cidadãos. A escola é uma das principais responsáveis por esse isolamento.
 
 
 
Doença do trabalho é causada por estresse
 
 
IAG promove evento para debater a participação do Brasil nos grandes telescópios
 
 
TV USP estréia programa de debates sobre temas nacionais e internacionais com alunos e especialistas
 
 

Destaques 
 
Sociedade oferece obstáculos às crianças com HIV
        Crianças com o vírus da Aids pode-riam ter seu sofrimento reduzido se fossem melhor aceitas pela sociedade. É o que diz a médica, Heloísa Helena de Sousa Marquez, responsável pelo Grupo de Atendimento de Crianças Infectadas pelo HIV/Aids, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP), que trata e apoia filhos de mães aidéticas e crianças com o vírus HIV para que consigam ser inseridos na sociedade como cidadãos.
        Segundo Heloísa, a criança enfrenta inúmeros problemas decorrentes da doença, começando pela rotina diferenciada das demais crianças sadias, pois são medicadas constantemente, além das freqüentes idas ao hospital. Sofrem com dores, são mais magras do que as outras, além de passarem, muitas vezes, pela perda dos pais e abandono. Muitas são filhas de pais drogados. Mas o que agrava a situação, segundo a médica, é a discriminação da sociedade, que gera uma imensa frustração na criança. "Quando ela é pequena e seu meio de socialização está dentro de um grupo pequeno torna-se mais fácil contornar a situação. Os problemas começam quando a criança entra na escola, que é um momento crucial para a formação de qualquer indivíduo", diz Heloísa.
        A atitude das escolas é de isolar a criança com HIV das demais. "Essas crianças além de incitar pena nas pessoas, despertam o medo da transmissão do vírus, apesar dos relatos comprovarem que a transmissão no convívio social não existe". As pessoas sabem que a contaminação só acontece no contato com o sangue, mas para a médica as pessoas continuam com um temor infundado: sabem como devem se comportar, mas não aplicam seu conhecimento.
        Quando a criança chega perto da idade escolar, a médica aconselha que as famílias deve ser orientadas no sentido de se revelar o diagnóstico da doença para a criança. Para Heloísa, ela tem direito da informação sobre sua doença, deve ser comparticipe do seu tratamento. "Pais deixam de dar remédios para seus filhos, que deveriam ser tomados na hora em que a criança está na escola, só para não ter que revelar o diagnóstico. Outros pais acham correto contar, e quando decidem começa o processo de discriminação social", diz a médica.
        A maior parte das crianças que chegam ao Grupo chefiado por Heloísa são filhos de mães com HIV positivo. Mas não é possível saber imediatamente se as crianças foram infectadas. "A mãe transmite anti-corpos para o bebê. Se depois de algum tempo os anti-corpos desaparecerem, quer dizer que ela está livre do vírus", diz a médica. Até aproximadamente 2 anos de idade a criança fica sob observação e periodicamente é submetida a exames para se verificar a taxa de anti-corpos. Segundo a médica, de cada 100 mães HIV positivo, cerca de 15 a 20 transmitem o vírus para seus bebês.
        As crianças, cujo diagnóstico de Aids foi comprovado, continuam sendo atendidas pelo Grupo recebendo o tratamento necessário com médicos, assistentes sociais, enfermeiras, farmacêuticos, nutricionistas, uma psiquiatra e toda a infra-estrutura do Instituto da Criança, com especialistas pediátricos, como cardiologistas, endocrinologistas.
        Apesar do número de mortes por Aids em São Paulo estar diminuindo devido ao uso de medicamentos, a expectativa é diminuir o número de pessoas que se contaminam. Hoje de cada 3 pessoas contaminadas, uma é mulher e geralmente está na fase fértil, apresentando o perigo de se engravidar. "Testes mostram que se houver uso de medicamentos pela grávida infectada pode-se reduzir em até 70% a taxa de transmissão da doença. Mas o problema é que a maior parte das mães não aparentam estar infectadas e muitas vezes a criança chega doente ao Instituto antes da mãe saber da sua própria doença", diz Heloísa.
        O Atendimento oferecido pelo grupo acontece três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras, e está aberto para as pessoas infectadas de até 18 anos.
        Mais informações: ( (011) 3069-8507 ou 3069-8516.
 
Pesquisa revela que a LER está relacionada com a tensão no ambiente de trabalho
        Lesões por Esforços Repetitivos, ou somente LER, como é chamado, é o mal que mais atinge trabalhadores em todo o mundo. A doença provoca dores nos membros superiores do aparelho locomotor humano, desde os dedos das mãos até os ombros e o pescoço, e pode levar até à invalidez do trabalhador que vitima. "Mas não são apenas dores físicas", alerta o professor Herval Pina Ribeiro, responsável pelo projeto da Faculdade de Saúde Pública da USP que pesquisa o assunto. "São dores físicas e psíquicas".
        Ao contrário do que se poderia imaginar, o aparecimento da doença está ligado particularmente ao fator emocional do trabalhador. "As relações de trabalho pós-modernas são muito desumanas. Há uma forte pressão sobre o funcionário, que convive o tempo todo com o medo de perder seu emprego", explica o professor. A tensão e o estresse causados por esta circunstância de subordinação, somados ao esforço pelo uso e repetição de movimentos, enfim, todo o ambiente desconfortável do emprego, levam à fadiga conhecida como LER.
        Suas conseqüências são igualmente variadas. "A enfermidade provoca uma diminuição na capacidade de movimentação, reduzindo o ritmo de trabalho, e, em casos mais graves, em que o paciente tem de tomar analgésicos permanentemente para sanar a dor, pode-se chegar à invalidez". Uma vez atestada inválida, a pessoa passa a receber pensão como aposentada do INSS. "É uma pena, pois a doença incide fundamentalmente sobre uma população jovem", lamenta o pesquisador. Juntamente com o surgimento do padecimento físico, seguem-se os tormentos psíquicos. A auto-estima do enfermo diminui, e até suas relações familiares – inclusive sua sexualidade – ameaçam ruir. Herval afirma ter conhecido um caso em que o marido dava banhos na esposa "como se ela fosse uma criança".
        A história da LER acompanha a trajetória da evolução tecnológica. A moléstia teve início no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial, de onde se propagou para os países desenvolvidos, e finalmente para todo o globo. Dados de 1982 acusavam que o mal atingia de 5 (em escritórios) a 30% (no ramo da metalurgia) da população economicamente ativa japonesa. No Brasil, esta marca deve ultrapassar os 200 mil, e "se você pensar em 500 mil, provavelmente terá acertado", aposta Herval. Uma outra característica curiosa acerca da doença é que ela se registra predominantemente em mulheres. "A cada três casos, dois acontecem entre a população feminina", conta o professor.
        Adversamente, a automação que pouparia o esforço manual do homem moderno acabou por provocá-lo. Mas é estrito acusar somente a máquina. As causas da enfermidade abrangem outros fatores. A pressão dentro do ambiente de trabalho é talvez o mais forte. "Estar desempregado nos dias atuais é estar à margem da sociedade, ver-se excluído desta", reflete Ribeiro. Por isso, ele defende como meio de se prevenir a moléstia a transformação das relações de trabalho e da própria população. "É preciso que se diminuam as desigualdades na relação patrão-empregado. Deve haver mais diálogo e negociação, mais trabalho coletivo, um ambiente mais agradável. Os sindicatos também devem intervir pelos seus operários. E, principalmente, deve-se cobrar uma resposta da sociedade".
        Mais informações: (011) 3066-7722.
 
 

Cursos, Seminários e Palestras 
 
Os grandes telescópios
        A Participação do Brasil nos Projetos dos Grandes Telescópios: Gemini e Soar é o encontro que o Instituto Astronômico e Geofísico (IAG) da USP e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) do CNPq promovem, dia 9 de junho, às 14 horas, na Sala da Congregação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, que fica na Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária.
        O evento terá como palestrantes o reitor da USP, Jacques Marcovitch, a diretora dos Institutos do CNPq, Angela Santana, o diretor do IAG, Oswaldo Massambani, o presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), José Renan de Medeiros, o diretor do LNA, João Steiner, além dos astrônomos Beatriz Barbuy, Thaisa Storchi-Bergmann, Augusto Damineli Neto e Jacques Lépine, todos participantes dos projetos.
        Mais informações: homepage http://www.iagusp.usp.br/~telescópios ou pelo e-mail: gemini@orion.isgusp.usp.br.
 
Gestão estratégica do conhecimento
        O Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP oferece em junho e julho os seguintes cursos:
        Informação e Conhecimento: estratégias competitivas para o sucesso das organizações, dias 11, 12, 18 e 19 de junho. Inscrições até 10 de junho.
        Informação estratégica: acesso, análise, disseminação de informação para o processo de decisão, dias 25 e 26 de junho e 9 e 19 de julho. Inscrições até 24 de junho.
        A Gestão e o gerente da informação e do conhecimento, dias 16, 17, 23 e 24 de julho. Inscrições até 15 de julho.
        O horário é o mesmo para todos: das 8h30 às 17h30. Cada módulo tem taxa de R$ 500,00, que pode ser paga à vista, com 5% de desconto, ou em duas vezes sem acréscimo.
        Mais informações: ( (011) 818-4325.
 
Cursos de Educação Continuada da ADIFEA
        A Associação dos Diplomados da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (ADIFEA) da USP promove em junho os seguintes cursos de educação continuada:
        Técnicas e Administração de Vendas, de 10 a 29 de junho, às terças e quintas-feiras das 19h30 às 22h30. Taxa de R$ 378, 00 à vista.
        Gestão de Qualidade e Excelência em Marketing, de 1o a 15 de julho, às terças e quintas-feiras das 19h30 às 22h30. Taxa de R$ 315, 00 à vista.
        O objetivo é agregar conhecimentos suficientes e necessários aos profissionais de responsabilidade na empresa, para exercício de suas funções.
        Mais informações: ( (011) 816-7890 ou 816-7975.
 
 

Agenda Cultural 
 
Programação do Cinusp
        Dentro da Mostra de Filmes Ciclo do Renascimento – Parte II (1997-98), o Cinusp "Paulo Emílio" apresenta nos dias 31 de maio, 1 e 2 de junho o filme A hora mágica, de Guilherme de Almeida Prado. E nos dias 7 e 8 de junho Documentário Abrolhos.
        As sessões são sempre às 18h30 e a entrada é franca.
        Mais informações: ( (011) 818-3540.
 
TV USP estréia novo programa
        Na semana de 31 de maio a 6 de junho, a TV USP exibirá três programas:
        Projeto E. A Fundação Vanzolini, ligada à Poli, produziu uma série de programas sobre a educação para o emprego e o espírito empreendedor. Este programa traz um debate com a professora Diva Benevides Pinho, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, e Walter Tesch, sobre o trabalho em cooperativas. Este programa será exibido na segunda e na quarta-feira, nos seguintes horários: 6h30, 11 horas, 15h30, 20 horas e 0h30.
        Delta Pi, o novo programa de idéias e debates da TV USP, com uma hora de duração. Lado a lado na tela, estudantes da USP e especialistas discutem temas nacionais e internacionais. Na estréia do programa, o tema discutido é a informação e o poder, com a participação do professor de jornalismo Laurindo Leal Filho, do jornalista Heródoto Barbeiro e dos alunos da USP. Este programa será exibido na terça em sexta-feira às 6h30, 11 horas, 25h30, 20 horas e 0h30, e no domingo às 6h30, 15h30 e 0h30.
        Panorama traz nesta semana uma reportagem sobre a exposição de alunos de Artes Plásticas chamada "Expositivo Negativo" e também uma discussão sobre a queimada na Amazônia com o geógrafo Aziz Ab’Saber. A série Qual é o curso desta semana destaca o curso de Enfermagem. Este programa será exibido quarta-feira e sábado às 6h30, 11 horas, 25h30, 20 horas e 0h30, e domingo às 11 e 20 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-4101; e-mail: tvusp@edu.usp.br.
 
 

Livros, Revistas e Publicações 
 
Lançada mais uma revista de Saúde Pública
        O último número da Revista de Saúde pública, vol. 33, editada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, aborda, entre outros temas, a avaliação de cuidado prestado a pacientes diabéticos em nível primário, avaliação da qualidade dos dados populacionais e cobertura dos registros de óbitos para as regiões brasileiras, estudo da assistência hospitalar pública e privada, Aedes albopictus em área rural do Brasil e implicações na transmissão de febre amarela silvestre. O editorial fala da erradicação da varíola.
        Mais informações: ( (011) 3066-7778, 280-9163, com Leila ou Sônia; na internet: http://www.fsp.usp.br/~rsp, http://www.fsp.scielo.br/rsp.htm; ou e-mail: revsp@edu.usp.br
 
Edusp lança livro em encontro de gerações
        A Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) promovem dia 8 de junho, ás 17 horas, o Encontro de Gerações Uspianas, com a participação dos professores Antônio Cândido, Francis Henrik Aubert, João Adolfo Hansen, Maria Isaura Prereira de Queiróz e Murillo Marx.
        O Encontro acontece na Sala do Conselho Universitário, que fica na Rua do Anfiteatro, 513, Cidade Universitária. Na ocasião, a Edusp (Editora da USP) lança o livro A literatura brasileira: origens e unidade (1500-1960), de José Aderaldo Castello.
        Mais informações: ( (011) 818-3575.
 
Lançamento de livro tem noite de autógrafos
        O Centro Universitário Maria Antonia promove dia 1o de junho, às 19 horas, o lançamento do livro Famílias Abandonadas, de Renato Pinto Venâncio. O autor estará no local autografando os exemplares da obra, que aborda a assistência à criança de camadas populares no Rio de Janeiro e em Salvador nos séculos XVIII e XIX.
        O Centro Universitário fica na Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque.
        Mais informações: ( (011) 255-5538.
 
 

Quadro de Avisos 
 
Professor da ECA lança primeiro CD
        Gil Jardim, professor do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, prepara a estréia de seu primeiro CD, O Soprador de Vidro, pelo selo Núcleo Contemporâneo. O repertório do CD é a trilha sonora do balé Ponto Virtual, montado pelo Balé do Teatro Castro Alves de Salvador, que estréia em breve no Sesc Vila Mariana.
        O disco reúne talentos como o cantor Milton Nascimento, a soprano Celine Imbert, o percussionista Naná Vasconcelos e o violista Marcelo Jafé.
 
Diretor do INPA
        Termina no dia 9 de junho o prazo de inscrição para os candidatos ao cargo de Diretor do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA). Para habilitar-se à candidatura é necessário possuir experiência na administração de instituição ou unidades de ensino e/ou pesquisa. Os interessados devem enviar o Curriculum Vitae e uma Proposta de Trabalho completos.
        Mais informações: http://inpa.gov.br
 
 

Defesa de Teses 
 
Faculdade de Direito
Mestrado
        Provas ilícitas: uma questão constitucional. Rodrigo Pereira de Mello. Dia 2/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 3111-4004.
 
Instituto de Psicologia
Mestrado
        Memória e linguagem em indivíduos HIV+. Andréa Maria Nicastro Capuano. Dia 1/6, 9 horas.
        A influência de fatores visuais e lingüísticos nos processamentos iniciais de leitura: dois estudos de caso de portadores de dislexia de negligência. Beatriz Monteiro Vidigal. Dia 1/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-4183.
 
Instituto de Química
Doutorado
        A química de vidalia obtusiloba (=osmundaria obtusiloba) [Rhodophyta ceramiales] e suas implicações sistemáticas. Luciana Retz de Carvalho. Dia 2/6, 13h30.
Mestrado
        Lindano como indutor de estresse oxidativo em fígado de peixes (Oreochromis niloticus). Erika Saito. Dia 2/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-3844.
 
Instituto de Ciências Biomédicas
Mestrado
        Influência do bloqueador de canal de cálcio (Verapamil) e do antiinflamatório não-esteroidal (dioclofenaco de potássio) sobre o comportamento de leucócitos in vivo. Luiz Lopez Martinez. Dia 1/6, 9 horas.
        Estudo genético da produção de esterigmatocistina em Asperigmatocistina em Aspergillus nidulans. Tania Otilia Chacon Reche Dezotti. Dia 2/6, 10 horas.
        Mais informações:( (011) 818-7439.
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP.  
Tel. 818-4411/818-4691 - Fax: 818-4476/ 818-4426/818-4689 - E-mail: agenusp@edu.usp.br 
Home Page: http://www.usp.br/agen/agweb.html 
Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11552) mfrsouza@usp.br  
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br , Ivanir Ferreira ivanir@usp.br  
Estagiários: Renata Bessi, Henry Koibuchi Sakane, Carolina Cavalcanti, Alvaro Magalhães e Ciro Bonilha
 
 
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