São Paulo, 11 de junho de 1999 n.416/99
Arquivo
Urbanização e segregação habitacional em SP
Projetos de habitação popular promovem a segregação espacial em São Paulo, enviando a população de baixa renda para as áreas periféricas. Pesquisadora da FAU fala desses espaços desarticulados, sem infra-estrutura e condições ideais de habitação, como saneamento básico, rede de esgoto, espaços públicos e com problemas de erosão. 
 

HC procura mulheres na menopausa para fazer parte de pesquisa
 

USP lança catálogo Sobre o lixo...
 

Cães agressivos é tema de encontro na Veterinária
 



Destaques


Política habitacional da prefeitura de São Paulo causa segregação espacial
        Ao enviar a população de baixa renda para as áreas periféricas da cidade, os projetos de habitação popular da prefeitura promovem a segregação espacial em São Paulo, aponta Marta Dora Grostein, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. "Quando o poder público concentra perto de 130 mil unidades de conjuntos populares na Zona Leste, ele está reforçando o processo de segregação, ao invés de adotar políticas mais equilibradas e inserir suas ações dentro do espaço já consolidado nas cidades", afirma.
        Para Marta, "é evidente" que a estratégia de implantação dos projetos do Cingapura é eleitoreira. "Eles são implantados em locais de grande visibilidade, regiões de intensa circulação remanescentes de obras viárias ou próximas ao sistema viário". Mas destaca que "isso não quer dizer que eles estejam inseridos na cidade". Além disso, "a produção do Cingapura não é significativa diante da demanda popular".
        Tamanha a demanda, nos últimos 40, 50 anos, São Paulo expandiu-se na forma de loteamentos ilegais ou clandestinos. São, segundo Marta, "estratégias de sobrevivência da população", pois esta foi "a única alternativa de moradia e de acesso à terra". Mas isso acarreta sérios problemas. "As áreas ocupadas são frágeis e problemáticas ou de proteção aos mananciais", alerta. "A questão das águas nas grandes cidades hoje é gravíssima. Se perdermos estas áreas, o custo da produção de água subirá muito".
        Para piorar, os espaços destinados à população de baixa renda não são apenas periféricos, mas também "incompletos". São espaços desarticulados, sem equipamentos de infra-estrutura e sem condições ideais de habitação, como saneamento básico, rede de esgoto, espaços públicos (praças), e com problemas de erosão. São construídos ao aberto, de maneira improvisada e precária, prática que "se reproduz nas ações do poder público. Há setores deixados à própria sorte".
        Uma solução seria a ocupação do Centro. "As marginais não são adequadas para a verticalização de favelas. As regiões centrais, porém, que têm estoque de áreas com boa infra-estrutura e equipamentos, não entram na ordem do dia para a produção de sistemas habitacionais". É preciso repovoar o Centro, criando-lhe novas funções. É necessário inserir essas unidades habitacionais na estrutura da cidade. A questão, contudo, passa pela vontade política, que, de acordo com a pesquisadora, "flutua".
        Mas Marta ressalta que a segregação se dá também por parte dos mais abastados. "Os mais ricos constróem condomínios afastados da cidade e se fecham para eles mesmos", diz. Ela lembra ainda que a prática de conduzir a população mais humilde para a periferia é tanto do Estado quanto do empreendedor privado. Neste caso, falta fiscalização do poder público sobre a abertura de empreendimentos imobiliários.
        Há ainda outros pontos frágeis na metrópole paulista. A ocupação dos fundos de vale com avenidas é um deles. "Se forem mapeados os maiores pontos de enchente de São Paulo hoje, todos estarão relacionados aos fundos de vale", aponta Marta. Outro é a expansão urbana dissociada de transporte público. "O transporte é intermitente e sazonal, enfim, a população tem dificuldade de se deslocar dentro da cidade". Há displicência com o destino dos resíduos sólidos da região metropolitana, e falta um plano viário que defina a estrutura da cidade, sua espinha dorsal. "O último plano formulado como tal foi o de Prestes Maia na década de 30", comenta.
        Qualidade ambiental, para Marta, é boa qualidade do ar e da água, áreas sem perigo de enchentes ou erosão, acesso à terra urbanizada, manutenção de patrimônios históricos e ambientais (limpeza pública, iluminação), a recuperação de edifícios e a produção de espaços públicos. Ela atesta que a pobreza urbana e os problemas ambientais estão hoje disseminados na metrópole, mas se anima ao ver que "a consciência social de que estes problemas poderiam ser evitados está mudando". "A população tem condições de entender os problemas e de se mobilizar". Para mudar São Paulo, é preciso partir do que se tem hoje, identificar os problemas e saná-los. "Não podemos partir de uma cidade ideal. Ela sempre será uma meta".
        No próximo dia 14, Marta Dora estará na Sala do Conselho Universitário, das 13 às 17 horas, para debater estas questões dentro do tema Urbanização e qualidade ambiental, no evento "USP fala sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável".
        Mais informações: (011) 818-3496.

Pesquisa do HC avalia alterações no humor e na memória em mulheres na menopausa
        Os serviços de Ginecologia e Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC-FMUSP) da USP estão estudando as alterações emocionais causadas pela menopausa. O projeto, iniciado em 1996, consiste em pesquisar o efeito da terapia de reposição hormonal sobre o humor, a ansiedade, a memória, e os ritmos biológicos em mulheres menopausadas sob reposição estrogênica.
        De acordo com o psiquiatra Frederico Navas Demétrio, um dos coordenadores da pesquisa, a menopausa altera essas condições emocionais. "A pesquisa tenta esclarecer se isso se deve ao efeito direto do estrógeno sobre o cérebro (ou a falta dele) ou, secundariamente, aos problemas físicos decorrentes do hipoestrogenismo (resseca-mento vaginal, fogachos, diminuição da libido, etc.). Há também a teoria do "ninho vazio", onde a depressão decorreria do fato da menopausa coincidir com os filhos casando e deixando o lar. Mas isoladamente isto provavelmente não explica os sintomas psíquicos," explica.
        Demétrio diz que a prevalência de depressão unipolar é de duas vezes à duas vezes e meia maior nas mulheres em relação aos homens. "Supõe-se que esta desproporção deva-se às variações do nível de estrógenos ao longo da vida reprodutiva da mulher: pré-menstrual, puerpério e menopausa. Nesse sentido, a pesquisa contribui para confirmar esta teoria. Para as mulheres, significa mais uma indicação à favor da reposição hormonal, além dos benefícios físicos".
        A pesquisa já avaliou, ou está avaliando, cerca de 45 mulheres. Para a conclusão, o HC está selecionando mulheres com idades entre 45 e 55 anos, alfabetizadas e que sejam histerectomizadas, desde que atualmente não usem hormônios (estrógenos), nem medicações psicoativas (calmantes, antidepressivos, etc.).
        O efeito da reposição estrogênica será investigado durante seis ciclos consecutivos de 28 dias, através de estudo duplo-cego controlado com placebo sobre o humor, a ansiedade, a memória e os ritmos biológicos (sono e temperatura).
        A psicometria para humor e ansiedade será realizada quinzenalmente no primeiro ciclo e ao final dos ciclos 2, 3, e 6. Testes de memória e dados de sono e temperatura serão aplicados e coletados no início e ao final do estudo. Os resultados serão analisados sob orientação do Departamento de Estatística Aplicada do Instituto de Matemática e Estatística da USP.
        As voluntárias selecionadas passarão por avaliação ginecológica total no Serviço de Ginecologia no início e final da pesquisa e serão avaliadas regularmente para checagem do uso correto da medicação, monitoração dos efeitos colaterais e novas testagens. No total cada voluntária será avaliada nove vezes num espaço de 182 dias (incluindo a fase de coleta de dados de sono e temperatura). Ao final, serão encaminhadas para o esquema de reposição hormonal convencional padroniza-do pelo Ambulatório de Climatério do HC.
        As interessadas devem entrar em contato com as Srtas. Ana Paula, Eliane ou Therezinha, secretárias do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP - GRUDA, tel. 3069-6648 e 3064-3321, de 2a a 5a feira, das 8:30 às 15 horas. Identificar-se como interessada no "Projeto Menopausa / Psiquiatria".
        Mais informações: ( (011) 3069-6648 com o Dr. Frederico Navas Demétrio; ou 3069-6694 e 881-9404, na Assessoria de Imprensa do HC.

Destino certo para o lixo
        Prefeituras municipais, universidades, instituições ou qualquer pessoa que esteja interessada em aproveitar o lixo da melhor forma possível, ou mesmo saber sobre os vários assuntos referentes a ele, poderá fazer suas consultas numa nova publicação: Sobre o lixo... produção bibliográfica da USP sobre resíduos sólidos, que será lançado dia 14, às 13 horas, na prédio da Reitoria, dentro do evento "USP fala sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável".
        O Catálogo reúne dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos publicados em revistas e jornais, produzidos a partir de pesquisas da USP, sobre as mais diversas áreas que envolvem o lixo: aspectos educativos, legais, políticas públicas, aterro sanitário, reciclagem, coleta seletiva, desperdícios, incineração e muito mais. A publicação está sendo organizada pelo Programa USP Recicla, ligada a Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais (Cecae), juntamente com o Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP.
        O USP Recicla é um programa educativo que procura conscientizar alunos, professores e funcionários sobre a necessidade da redução da quantidade do lixo. Para isso, oferece palestras e encontros educativos. Orienta creches e unidades da USP a respeito do material orgânico produzido pelas lanchonetes, bandejões, restaurantes, e resíduos de jardim.
        "Os resultados têm sido muito bons", diz o coordenador acadêmico do USP Recicla, professor Ruy Laurenti. Segundo ele, percebe-se uma mudança comportamental da comunidade USP com a redução de materiais, particularmente o papel.
        O Catálogo Sobre o lixo...produção bibliográfica da USP sobre resíduos sólidos, poderá ser acessado pela internet na home page http://www.cecae.usp.br/recicla/.
        Mais informações: 818-4428.



Cursos, Seminários e Palestras

Alimentação Bovina
        A Fundação de Estudos Agrários "Luiz de Queiroz" (Fealq), ligada a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba, promoverá, de 22 a 24 de junho, o 7o Simpósio sobre nutrição de bovinos – Alimentação Suplementar. Um dos objetivos do curso é elucidar os problemas ligados à alimentação suplementar de bovinos.
        Mais informações: ( (019) 422-9197.

Biblioteca eletrônica
        O Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP) e o Departamento de Pós-Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação da Faculdade de Biblioteconomia da PUC-Campinas promovem, no dia 16 de junho, o Seminário de Estudos Desafios da Biblioteca Eletrônica. O evento, que contará com a participação de especialistas de Ciências da Informação, será realizado das 9 às 17 horas no auditório Abrahão Moraes do Instituto de Física da USP. As inscrições são gratuitas.
        Mais informações: ( (011) 818-4195 ou pelo e-mail eventos@sibi.usp.br.

Cães agressivos
        A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP promove, de 14 a 18 de junho, das 19h30 às 21h30, o evento Comportamento agressivo de cães: aspectos neurofisiológicas, legais e éticos. As inscrições devem ser feitas a partir das 17 horas do sai 14 de junho.
        Alguns dos temas discutidos: "Pitbull: um símbolo da agressividade dos tempos?" e "A posse de animais e a responsabilidade civil".
        Mais informações: ( (011) 818-7676.



Agenda Cultural

Programação da TV USP
        Confira a programação da TV USP, na semana de 14 a 20 de junho.
        Olhar da USP- apresenta o programa Universidade pública, onde o professor de Jornalismo Bernardo Kucinski recebe o ex-reitor da USP José Goldemberg e a professora de Filosofia Marilena Chauí para continuarem a discussão sobre os rumos da Universidade pública. O programa vai ao ar segunda e sexta-feira às 06h30, 11 horas, 15h30, 20 horas, 00h30 e na quarta-feira às 06h30, 15h30 20 horas e 00h30.
        Delta Pi apresenta Sexualidade e Afetividade, com alunos da USP discutindo a sexualidade nos anos 90 com o prof. Ailton Amélio da Silva, do Instituto de Psicologia, e com Beth Gonçalves, do GTPOS (Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual). Terça-feira às 19h30 e meia-noite; quarta-feira às 10h30, 20 horas e 00h30 e sábado às 06 horas e meia-noite.
        Sinapse- Meio Ambiente apresenta parte 1 DESTAQUE. Primeira parte do especial que aborda as questões de meio ambiente na cidade de São Paulo. Gravado com vários núcleos de pesquisa da USP, aborda as questões do lixo e dos recursos hídricos na capital paulista. Terça-feira às 06h30, 11 horas e 15h30; quinta-feira 5a 06h30, 11 horas, 15h30, 20 horas, 00h30; sábado às 11horas, 15h30 e 20 horas; e domingo às 06h30, 20 horas e 00h30.
        A TV USP é exibida pela TV a cabo na cidade de SP nos canais 15 ou 73.
        Mais informações: ( (011) 818-4101

Filmes
        Dentro da mostra Ciclo do Renascimento – Parte II (1997/98), o Cinusp "Paulo Emílio" apresenta os seguintes filmes:
        Central do Brasil, de Walter Salles Jr. Dia 16 de junho.
        Terra do mar, de Mirela Martinelli. Dia 17 de junho.
        A Ostra e o Vento, de Walter Lima Jr. Dia 18 de junho.
        Mais informações: ( (011) 818-3540



Livros, Revistas e Publicações

Inconsciente
        Será lançado, dia 18 de junho, às 19 horas, o vol. 10, n.1 de 1999 da Revista Psicologia USP, no Bar Rosenbeeff, Vila Madalena. Dando continuidade ao projeto de tematizar problemáticas há muito presentes na Psicologia, o novo número da revista, organizado pelo professor João Frayze-Pereira, privilegia a questão do Inconsciente.
        Mais informações: ( (011) 818-4178 ou pelo e-mail islaine@usp.br.

Livros da FFLCH
        Será lançado dia 16 de junho, das 18h30 às 21h30, o livro Ciladas da Diferença, de Antonio Flavio Pierucci, do departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Na oportunidade, estarão sendo lançados os livros "Estrutura Urbana e a Ecologia Humana", de Mário A. Eufrásio e "Um sonho de classes", de Antonio Sérgio Guimarães.
        Mais informações: ( (011) 814-5811.



Quadro de Avisos

Outorga de título ao Prof. Luiz Rachid Trabulsi
        O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) realiza no dia 15 de junho, a partir da 17 horas, a cerimônia de outorga do Título de Professor Emérito ao Prof. Luiz Rachid Trabulsi. O evento acontecerá no Anfiteatro 1 do Edifício ICB III, que receberá o nome do docente na ocasião.



Defesa de Teses

Faculdade de Direito
Doutorado
        Execução provisória: perspectivas de um novo processo civil. Paulo Henrique dos Santos Lucon. Dia 14/6 9h30.
        O princípio da subsidiariedade e as formas de parceria aplicáveis ao ensino público de nível básico. Fernando Pimentel Cintra. Dia 15/6, 8 horas.
        Mais informações: ( (011) 3111-4004.

Instituto de Biociências
Mestrado
        Estudo da história natural do pseudoscorpião cavernícola maxchernes iporangae (Chernetidae). Renata de Andrade. Dia 14/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-7517.

Instituto de Ciências Biomédicas
Doutorado
        Avaliação de vacinas anti-rábicas produzidas em cultivo celular, utilizando modelo de camundongos imunogeneticamente selecionados. Cleide Aschenbrenner Consales. Dia 14/6, 9h30.
Mestrado
        Isolamento e identificação do vírus da Influenza A em aves residentes e migratórias no Estado de São Paulo. Adélia Hiroko Nagamori Kawamoto. Dia 15/6, 9h30.
        Avaliação clínica e microbiológica do uso da própolis como coadjuvante no tratamento periodontal. Elaine Cristina Escobar Gebara. Dia 16/6, 9h30.
        Mais informações: ( (011) 818-7439.

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Doutorado
        Partidos políticos, maiorias parlamentares e tomada de decisão na constituinte. Ricardo Corrêa Coelho. Dia 14/6, 15 horas.
Mestrado
        Alguns fatores da crise paulista de 1930/32. João Paulo Martino. Dia 15/6, 14 horas.
        A eleição de Israel – um estudo histórico – comparativo sobre a doutrina do "povo eleito". Ariel Finguerman. Dia 14/6, 15 horas.
        A reatualização do mito da dramaturgia de Bernardo Santareno: Antônio Marinheiro e o Inferno. Domingos Pereira Nunes. Dia 16/6, 14 horas.
        Arqueologia histórica do baixo Vale do Ribeira: inventário dos sítios entre Iguape e Icapara. Cleide Franchi. Dia 15/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-4626.
 
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP. 
Tel. 818-4411/818-4691 - Fax: 818-4476/ 818-4426/818-4689 - E-mail: agenusp@edu.usp.br
Home Page: http://www.usp.br/agen/agweb.html
Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11552) mfrsouza@usp.br 
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br , Ivanir Ferreira ivanir@usp.br 
Estagiários: Renata Bessi, Henry Koibuchi Sakane, Carolina Cavalcanti, Alvaro Magalhães e Ciro Bonilha

 
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