São Paulo, 21 de junho de 1999 n.420/99
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O uso comercial do CO2 
Pesquisa da USP sugere o uso de fluido supercrítico, obtido a partir do gás carbônico poluente, em substituição aos solventes orgânicos tóxicos, e em parte cancerígenos, que são utilizados em indústrias para a produção de alimentos, cosméticos e medicamentos, entre outras. 
Poli desenvolve cimento mais barato e de fácil aplicação
 
Pesquisa da USP representa o Brasil em Conferência Mundial de Jornalistas de Ciências
 
Seminário na FEA sobre o mercado de sementes e hortaliças
 

Destaques 
Pesquisa encontra utilização comercial para o gás carbônico
        Os solventes orgânicos, utilizados pelas indústrias para extrair princípios ativos de determinados materiais, colocam em risco a saúde das pessoas e causam uma série de danos ao meio ambiente. A alternativa, de acordo com Aldo Adolar Maul, pesquisador de Fármacos e Medicamentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, está na substituição pelos chamados fluidos supercríticos, obtidos através da elevação de temperatura e pressão de determinadas substâncias até acima de seus pontos críticos. A partir daí, a substância não muda mais de estado, mesmo se elevadas sua temperatura e sua pressão, passando a ter a capacidade de dissolver vários materiais.
        Em suas pesquisas, Maul utiliza o fluido obtido a partir do bióxido de carbono (CO2). As razões estão nos baixos pontos críticos de pressão e de temperatura da substância, o que facilita a obtenção do fluido e diminui os custos da aparelhagem para lidar com ele, assim como em sua alta capacidade de dissolução, na sua inércia, na "não-inflamabilidade" do CO2 e na facilidade de obtenção da substância. Ela é dispersada em enormes quantidades na atmosfera pela respiração dos seres vivos, por indústrias e automóveis. A principal vantagem estaria na utilização comercial de um poluente, em grande parte responsável pelo aquecimento da Terra devido ao "efeito estufa".
        A extração dos princípios ativos é um processo fundamental para a indústria, pois permite a separação dos elementos que interessam nos materiais brutos para a produção de alimentos, cosméticos e medicamentos, por exemplo. Tóxicos em sua totalidade e em parte cancerígenos, os solventes orgânicos causam danos, principalmente no momento de sua eliminação após terem sido utilizados. Seja pelo ralo, pela evaporação, pela destilação ou pela queima do solvente, segundo Maul, a contaminação do ambiente é inevitável. "Em um laboratório, quem mexe com solvente vai dizer que limpou o tubo de ensaio em um pedaço de papel. Mas esse papel vai para o lixo, decompor-se em algum lixão e contaminar o lençol freático", diz.
        O pesquisador afirma também que os técnicos e operários em contato com tais substâncias podem contaminar-se e desenvolver doenças. Além disso, como é impossível separar todo o solvente dos princípios ativos que são aproveitados, produtos colocados no mercado podem estar contaminados com pequenas quantidades. De acordo com ele, "a lei não proíbe e o consumidor não percebe".
        Segundo Maul, a preocupação com o uso de solventes orgânicos e com os problemas que eles podem causar surgiu a partir da revolução industrial das últimas décadas do século 20, quando aumentou muito a quantidade utilizada dessas substâncias. O aumento da poluição e das chuvas ácidas, do efeito estufa, do buraco na camada de ozônio, assim como o medo generalizado de intoxicação, levaram a Agência Americana de Proteção ao Meio Ambiente (EPA) a estabelecer, em 1996, um programa de redução do uso de solventes orgânicos no mundo, que culminaria com redução de 100% no ano 2000. A alternativa do fluido supercrítico começou então a ser pesquisada e posta em prática por algumas empresas européias e norte-americanas.
        Segundo Maul, porém, as indústrias nacionais não parecem se interessar pelos fluidos supercríticos, "talvez até por desconhecimento de causa". Apesar de os custos do processo de extração de princípios ativos serem muito inferiores, diz o pesquisador, as empresas já tem aparelhagem para realizá-lo com solventes orgânicos e não demonstram interesse em gastar para trocá-la. Ele alerta, porém, para os riscos de não se desenvolver uma tecnologia no país. "Quando forem cumpridas as metas da EPA não serão produzidos mais solventes orgânicos, e as indústrias brasileiras terão que comprar a tecnologia do exterior", afirma. E complementa: "Para nós, pesquisadores, representa o grande desafio dos anos zero desenvolver uma tecnologia de ponta para, simultaneamente, reduzir as contaminações por solventes orgânicos e contribuir para a diminuição do efeito estufa, tornando o gás carbônico um produto de grande interesse comercial".
        Mais informações: ( (011) 818-3692.
 
 
 
Novo cimento tem baixo custo e é de fácil aplicação
        Já está sendo repassada à indústria a tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP para a produção de um novo tipo de cimento de custo reduzido e fácil aplicação, além de genuinamente brasileiro. O novo cimento é composto basicamente (85%) pelas sobras do aço produzido em siderúrgicas, por fibra de vidro - que aumenta a resistência mecânica e a possibilidade de moldar o material em superfícies curvas-, e ativadores (compostos como silicatos de sódio e hidróxidos de cálcio). O produto poderá ter aplicações imediatas na construção de paredes, forros, pisos e divisórias. A pesquisa, intitulada Painéis de cimentos de escória reforçados com fibras de vidro E, é financiada pela Fapesp.
        Outra vantagem do novo cimento é a redução do impacto ambiental: uma grande usina produz 3 mil toneladas de escória por dia, e, a cada tonelada de aço produzido, 330kg do resíduo se acumulam em morros de até 30 metros que poluem o solo e as águas do subsolo, e ocupam áreas que poderiam ter outras utilidades.
        Coordenado pelo engenheiro civil Vahan Agopyan, o trabalho contou com o apoio da Companhia Siderúrgica de Tubarão e a parceria da Owens Corning Fiberglass, fabricante de fibras de vidro.
        Mais informações: ( (011) 838-4151, 838-4008 ou 838-4116.

Cursos, Seminários e Palestras 

Debate enfoca mercado de sementes de hortaliças
        O seminário O mercado de sementes e hortaliças reúne no próximo dia 25, das 11 às 13 horas, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, pesquisadores, executivos e profissionais do setor de hortaliças.
        O seminário será proferido por Martinho Veiga de Luna Alencar, gerente geral da Savia, subsidiária da Seminis Vegetable Seeds, empresa de capital mexicano pertencente ao grupo Pulsar. Durante a apresentação, Alencar falará sobre as estratégias adotadas pela Savia para atuar na cadeia produtiva de sementes. Segundo ele, o mercado, ao mesmo tempo complexo e específico, exigiu da empresa estratégias de marketing bastante inovadoras.
        Mais informações: ( (011) 210-5966 e 818-5848.

Cursos na Geociências
        O Departamento de Mineralogia e Geotectônica do Instituto de Geociências da USP promove, dia 24 de junho, às 17 horas, a palestra O potencial interpretativo das datações Ar/Ar: o exemplo dos diques máficos mesoproterozóicos do cráton Rio de La Plata, Uruguai, com o professor Wilson Teixeira.
        No mesmo dia, às 17h20, o Departamento promove a palestra O método Re-Os no CPGeo, com o professor Ciro Teixeira Correia.
        Mais informações: ( (011) 818 3958.
 
 


Quadro de Avisos 

Pesquisa da USP representa o Brasil em conferência da Unesco
        Pesquisa do jornalista Luís Victorelli, que integra o Núcleo de Jornalismo e Cidadania do programa de pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, irá representar o Brasil na 2a Conferência Mundial de Jornalista de Ciências, de 2 a 4 de julho, na Hungria. A pesquisa trata da cultura da divulgação científica na Universidade de São Paulo.
        O evento, que contará com jornalistas de 31 países, é uma promoção da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e da União Européia das Associações de Jornalismo Científico (EUSJA). É um prolongamento da Conferência Mundial de Ciências que começa dia 26 de junho. Segundo os organizadores, trata-se do primeiro grande acontecimento da ciência mundial nos últimos 20 anos.
 
 

Defesa de Teses 

Instituto de Ciências Biomédicas
Mestrado
        Avaliação da imunidade contra o sarampo em gestantes durante a epidemia de 1997 em São Paulo. Gilvan Viana dos Santos. Dia 24/6, 9 horas.
        Subtipos de HIV-1 em mulheres em seguimento ambulatorial na cidade de Santos. Rubia Anita Ferraz Santana. Dia 25/6, 9 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-7439.

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Mestrado
        Diarréia neonatal: desenvolvimento e avaliação de um método de Elisa para a detecção de rotavírus de material fecal. Fábio Gregori. Dia 25/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-7667.

Faculdade de Direito
Mestrado
        Garantias bancárias autônomas. Maria do Carmo Garcez Ghirardi. Dia 24/6, 9 horas.
        Mais informações: ( (011) 3111-4004.

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Mestrado
        Estudo das propriedades de adsorção de tensoativos aniônicos em hidróxidos duplos lamelares. Paulo César Pavan. Dia 25/6.
        Mais informações:((016) 602-3675.

Escola de Enfermagem
Mestrado
        A dialética da representação do tratamento quimioterápico para o doente oncológico: vida versus morte. Selma Montosa da Fonseca. Dia 24/6, 8 horas.
        Mais informações: ( (011) 3066-7533.

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Mestrado
        Estudo comportamento eletroquímico do albendazol e fenbendazol. Marcelo Firmino de Oliveira. Dia 25/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (016) 602-3675.

Instituto de Biociências
Mestrado
        Sistemática do gênero pseudauchenipterus, Bleeker, 1862 (Siluriformes, Auchenipteridae). Alberto Akama. Dia 22/6, 14 horas.
        Mais informações: ( (011) 818-7517.
 
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP. 
Tel. 818-4411/818-4691 - Fax: 818-4476/ 818-4426/818-4689 - E-mail: agenusp@edu.usp.br 
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Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11552) mfrsouza@usp.br 
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br , Ivanir Ferreira ivanir@usp.br 
Estagiários: Renata Bessi, Henry Koibuchi Sakane, Carolina Cavalcanti e Ciro Bonilha
 
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