São Paulo, 24  de dezembro de 1999 n.494/99
Mofo nas paredes
Microbiologista do ICB identifica o principal fungo responsável pelo mofo e pela deterioração de materiais de construção. O problema, que tem proporções mundiais, demanda elevado custo em reparos de obras civis com biodeterioração. Na saúde, por causa da alta contaminação microbiológica, interfere na qualidade do ar de interiores, desencadeando alergias respiratórias.

Poli assina convênio de cooperação com a Fiesp
 


Destaques


Materiais de construção podem favorecer o surgimento do mofo
        Pesquisa identifica os fungos que causam biodeterioração de materiais de construção e propõe teste padronizado para avaliar a susceptibilidade das argamassas que apresentem melhor desempenho contra o desenvolvimento desses microorganismos. O assunto vem tomando relevância mundial por causa do elevado custo com reparos de obras civis que sofrem biodeterioração. Do ponto de vista da saúde, o problema se torna importante pela alta contaminação microbiológica que interfere na qualidade do ar de interiores, desencadeando alergias respiratórias nas pessoas que vivem nesse tipo de ambiente. O estudo foi feito pela microbiologista Márcia Aiko Shirakawa para sua tese de doutorado apresentada no Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
        Papéis de parede, madeira e seus derivados, tintas, vernizes e rejuntes de azulejos estão entre os materiais de construção mais atacados pelos fungos. Os revestimentos inorgânicos —argamassas de cal, areia, e cimento — podem ser mais ou menos suscetíveis, dependendo de sua composição, características da base e do acabamento final, bem como de suas condições de exposição em serviço. O concreto também pode ser atacado se exposto a condições ambientais severas, como num ambiente de infiltração subterrânea de água misturada com óleo diesel ou gasolina. "A maioria das espécies de fungos é capaz de se reproduzir quando encontram condições adequadas para seu desenvolvimento — umidade e alimento — como compostos orgânicos pré-sintetizados, e inorgânicos como o fósforo, nitrogênio, traços de ferro, magnésio, cálcio e outros minerais. Outras pesquisas mostram que a água é um elemento condicionante para o aparecimento, manutenção e proliferação do bolor no revestimento", diz Márcia.
        O surgimento desses microorganismos em revestimentos internos ou de fachada de casas e de edifícios causa alterações estéticas pela formação de manchas escuras (mofo ou bolor). A sua multiplicação pode provocar ao longo do tempo a deterioração da construção e o desencadeamento de alergias respiratórias e asmas em pessoas com predisposição. O problema também tem reflexos econômicos. "No Reino Unido, mais de 400 milhões de libras esterlinas são gastas por ano, em reparo de materiais e construção atacados por fungos", relata a pesquisadora.
        O fungo Cladosporium foi o gênero mais freqüente encontrado em revestimentos internos de argamassa com ou sem pintura. Ele foi coletado em amostras de 41 edificações na cidades de São Paulo e São Bernardo do Campo. Para a pesquisa, foram realizados testes em laboratório em quatro argamassas diferentes, duas compostas de cimento comum, cal hidratada com alto teor de cálcio e areia normal para ensaio de cimento, e duas outras argamassas de origem industrial, disponíveis no mercado brasileiro. A aplicação do teste permitiu diferenciar a bio-receptividade das argamassas ao crescimento do fungo Cladosporium sphaerospermum. Somente uma das argamassas industrializadas apresentou menor bioreceptividade do que a argamassa de cimento e cal usada como referência.
        Uma das diretrizes para a prevenção dos problemas com fungos em revestimentos é a implantação de uma política de certificação de qualidade dos materiais de construção, que possa auxiliar no julgamento de danos observados, avaliando a apuração de responsabilidades, do fabricante por qualidade inadequada dos produtos, ou do construtor, pela utilização inadequada dos materiais.
        Segundo a microbiologista, estudos nessa área requerem equipe muldisciplinar, envolvendo várias áreas do conhecimento, como a microbiologia, engenharia civil, arquitetura e química dos materiais de construção. Márcia diz que essa multidisciplinaridade é essencial para o estabelecimento de um correto diagnóstico, além da determinação de diretrizes para controle, prevenção e remediação deste fenômeno. A pesquisa da microbiologista, Bioterioração de Argamassas por Fungos, envolveu pesquisadores do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP, do Agrupamento de Materiais de Construção do IPT, do Laboratório de Pesquisa em Microbiologia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Portsmouth, do Centro de Microscopia Eletrônica da Universidade de Manchester (ambas na Inglaterra), do Instituto de Botânica do Estado de São Paulo e do Departamento de Microbiologia do ICB-USP.
        Mais informações: ( (0XX11) 211-1398, Bip 253-4545, cod. 102456, e-mail shirakaw@usp.br.

Poli celebra convênio de cooperação com a Fiesp
        A Escola Politécnica (Poli) da USP firmou, dia 25 de novembro, um convênio de cooperação técnico-científica com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O objetivo, definido no encontro que marcou a celebração do convênio, é aumentar a interação entre a indústria e a Poli, para uma maior aproximação e convivência entre empreendedores e pesquisadores.
        O evento contou com a participação do professor Jacques Marcovitch, reitor da USP, e de Horácio Lafer Piva, presidente da FIESP. O diretor da Poli, professor Antonio Marcos de Aguirra Massola, o diretor titular do Departamento de Tecnologia da Fiesp, Ozires Silva, e o Superintendente Nacional do Instituto Euvaldo Lodi e da Confederação Nacional da Indústria, Carlos Sérgio Asinelli, também estiveram presentes.
        Segundo o professor Marcovitch, há "dois mitos a destruir. O primeiro, cultivado pelos empresários, de que o pesquisador acadêmico é um ser etéreo, descolado da realidade. O segundo, corrente na área de pesquisa, de que o empresário despreza a ciência. Vencidos estes equívocos, universidade e empresa encontrarão finalmente um novo modelo de convívio". Já Piva ressaltou que, com a aliança entre empreendedores e homens de ciência, "certamente nossa indústria dará um grande salto. É em função disto que pretendemos transformar a Fiesp num braço da Universidade, disseminando no meio industrial e empresarial os conhecimentos e avanços gerados pelos cientistas e pesquisadores".
        No evento, que reuniu também um expressivo número de docentes, técnicos e pesquisadores das áreas de ciência e tecnologia, foram realizados o seminário "Inovação Tecnológica: a Escola Politécnica e a Indústria" e uma exposição de projetos de pesquisa desenvolvidos pela Poli através de convênios com o setor produtivo em regime de parceria.
        Mais informações: ( (0XX11) 818-5295.


Teses e Dissertações

Instituto de Ciências Biomédicas
Doutorado
        Comparação entre a camada epitelial da mucosa dorsal da língua de ratos normais e desnutridos: estudo ao microscópio de luz e microscópios eletrônicos de varredura e transmissão . Maria Cecília Kumiko Makiyama. Dia 28/12, 9h.
        Mais informações: ( (011) 818-7439.
 
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP. 
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Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11552) mfrsouza@usp.br
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br , Ivanir Ferreira ivanir@usp.br
Estagiários: Caco Cardoso, Ciro Bonilha, Júlio Bernardes e Renata Bessi.