São Paulo, 11 de janeiro de 2001 n.672/01.

A evolução agrária de São Paulo
Livro recém-lançado pela pesquisadora Maria Luiza Marcílio analisa a população do Estado no século XVIII. A obra revela dados sobre o campesinato paulista e a importância da agricultura não cafeeira para a riqueza regional.

Museus da USP abrem neste final de semana

Cinusp apresenta filme de Woody Allen

Lançamento da Edusp aborda diversos conceitos da ética na computação


Destaques

Livro revela história agrária de São Paulo

        Quem pensa na história colonial de São Paulo lembra logo dos bandeirantes e do café. Contudo, para muitos existe um hiato nebuloso entre estes dois períodos. Esta fase intermediária da história paulista é desvendada no livro Crescimento Demográfico e Evolução Agrária Paulista — 1700-1836, da professora Maria Luiza Marcílio, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Analisando dados sobre a população de São Paulo, a obra examina aspectos não conhecidos até então, revelando a estrutura demográfica da natalidade, nupcialidade, mortalidade, ocupações, migrações, diferenciando a população livre e escrava e relacionando esses dados às bases da vida agrária. O livro destaca a importância e a riqueza gerada pela agricultura em São Paulo no século XVIII e a existência de um campesinato no Brasil.
        Maria Luiza levantou e analisou as "listas nominativas" da capitania de São Paulo (cuja área eqüivalia aos Estados de São Paulo e Paraná) em cinco datas, com intervalos regulares, para recompor sua população e relacionar essas análises com variáveis sociais, como casamento, composição dos domicílios e das famílias e, sobretudo, com a atividade agrícola anterior ao café. Essas listas eram uma espécie de censo. Feitas pelo governo português, registravam anualmente toda a população por domicílio, anotando dados como nome, idade, cor, nacionalidade, ocupação, relações com o chefe do domicílio, produção da terra e outras atividades. "Geralmente isso era feito após as missas de domingo, quando todo o povoado se reunia na vila", conta a autora.
        Com base nesses dados sobre a população, complementados por documentos colhidos em arquivos nacionais e de Portugal, a pesquisadora traçou um perfil socioeconômico de São Paulo. "A historiografia dizia que São Paulo, antes do café, passava por uma crise econômica e agrícola muito grande, por um forte período de decadência", diz Maria Luiza. "Eu percebi exatamente o contrário: no século XVIII, o território paulista se organizou para abastecer a região mineradora, o que possibilitou um desenvolvimento extraordinário da agricultura de alimentos e do mercado regional, maior do que o da mineração". Posteriormente, com a decadência da mineração, São Paulo voltou sua produção agrícola para o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro, que se tornou capital do Brasil em 1763 e cresceu vertiginosamente com a vinda da Corte portuguesa em 1808.
        A historiadora ressalta que esse desenvolvimento construiu as bases econômicas e sociais que permitiram o sucesso do café. Nessa época, iniciou-se o processo de formação das primeiras fortunas e das grandes escravarias africanas em São Paulo. Apesar da existência de um campesinato ser sempre negada na história do Brasil, o livro mostra que uma parte substantiva da população paulista não tinha escravos: eram pequenos proprietários ou posseiros que tinham a família e, às vezes, alguns agregados assalariados como mão de obra na lavoura. "É na identificação desse campesinato e na discussão da ocupação da terra que este livro marca sua grande contribuição", escreve no prefácio da obra o brasilianista Stuart Schwartz, da Universidade de Yale.
        O livro, publicado pela Edusp e Editora Hucitec, é a edição da tese de livre docência de Maria Luiza, concluída em 1974 e premiada pelo governo da Espanha em 1990. A autora, que introduziu a demografia histórica no País e estudou a população da cidade de São Paulo entre 1750 e 1850, com este livro realiza a primeira análise das grandes populações brasileiras do passado relacionadas com a evolução agrária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3082-8550, com a professora Maria Luiza Marcílio.

Ciência, cultura e lazer

        A Universidade de São Paulo (USP) está ampliando suas atividades de lazer qualificado (cultural, artístico, científico e tecnológico) para a comunidade. A partir do próximo sábado (13), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) ficarão abertos nos finais de semana, das 10 às 16 horas. Segundo Sérgio Muniz Oliva Filho, professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) e assessor da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, "o que a Universidade está propondo é um aumento dessas opções de lazer durante os finais de semana, especialmente aos domingos, pois aos sábados os museus da Cidade Universitária já funcionam, ainda que com horários reduzidos, e os institutos e faculdades também oferecem diferentes programações e eventos."
        Essas alterações pretendem ampliar o atendimento, mantendo as atividades que estão sendo desenvolvidas e buscando a criação de novidades. "Se a experiência der certo, em breve poderemos estender o horário de atendimento para até às 17 horas", afirma Oliva.
        No Posto de Informações da USP, que fica na entrada da Cidade Universitária, os visitantes receberão um mapa com informações sobre os museus e orientações a respeito da natureza das funções do campus, o qual não possui infra-estrutura para funcionar como um parque. "A partir desse trabalho educativo, queremos evitar as depredações e outros problemas que ocorreram no passado", diz Oliva.
        Mais informações: ( (0XX11) 3816-7689.


Agenda Cultural
Woody Allen no Cinusp
        Desconstruindo Harry será o filme exibido na próxima semana (15 a 19 de janeiro) no Cinusp. Woody Allen, que além de dirigir também atua no filme, vive as confusões de um escritor que insiste em usar suas ex-mulheres como personagens de seus livros. O filme, de 1998, tem no elenco Elizabeth Shue e Judy Tadvis. Sessões às 16 horas e 19 horas. A entrada é franca. O Cinusp fica na Cidade Universitária, r. do Anfiteatro, 181, Favo 4, Colméias.
        Mais informações: ( (0XX11) 3091- 3540.

Programação da TV USP
        A TV USP apresenta, entre os dias 15 e 21 de janeiro, a seguinte programação:
        DELTA, PI – Projetos para São Paulo "Educação". O programa é uma co-produção das TVs USP e PUC. Alunos e especialistas debatem a questão dos ciclos na educação, a obrigação de investir 30% do orçamento na área, o salário dos professores e o papel da escola. Segunda-feira (15), às 9h, 13h30, 18h, 22h30 e 3h.
        ABD NO AR – A viabilização da indústria cinematográfica. Nesse programa, a produtora Assunção Hernandez e a diretora da Quanta, Edina Fujiios, contestam as tarifas de importação dos equipamentos de cinema necessários para a produção audiovisual. Terça-feira (16), às 9h, 13h30, 18h, 22h30 e 3h; sábado (20), às 18h.
        PANORAMA - Pichadores - O programa retrata o trabalho dos pichadores na cidade de São Paulo, enfocando a depredação e o vandalismo por uma ótica diferente - a pichação encarada como meio de comunicação entre jovens que criam seu próprio código e como um fenômeno social que disputa espaço com a propaganda. Quarta-feira (17), às 9h, 13h30, 18h, 22h30 e 3h; sábado (20), às 13h30; domingo (21), às 9h.
        OLHAR DA USP – Jovens Infratores - No programa desta semana, os professores Sérgio Adorno, do Centro de Estudos da Violência da USP, e a professora Irandi Pereira, da Universidade Federal de São Carlos, discutem a presença da violência urbana entre os jovens. Quinta-feira (18), às 9h, 13h30, 18h, 22h30 e 3h; sábado (20) e domingo (21), às 22h30 e 3h.
        2 APÊS – Homens de Preto - Oscar e Adriana criam um site esotérico enquanto Betão dá uma de consultor. Clara atende pacientes pelo telefone e Bel se apaixona por um mago contratado por Seu Lino para exorcizar o prédio. Hermano teme perder o visto de estrangeiro em virtude de sua reprovação na faculdade. Sexta-feira (19), às 9h, 13h30, 18h, 22h30 e 3h; sábado (20), às 9h; domingo (21), às 13h30 e 18h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3091-4101 ou e-mail tvusp@edu.usp.br.


Livros, Revistas e Publicações
Ética em Computação
        A Edusp lança o livro Ética em Computação, de Paulo César Masiero, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos. A obra apresenta os principais conceitos da ética em computação; questões como acesso não autorizado, direitos autorais de software, liberdade de informação na Internet, privacidade e censura.
        Mais informações: ( (0XX11) 3091- 4149.


Quadro de Avisos
Concurso para professor na FSP
        A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP abre concurso para Professor Doutor, referência MS-3, em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP). O salário é de R$ 3.475,16 para trabalhar no Departamento de Nutrição. As inscrições estão abertas até 21 de março, das 9 às 17 horas, de segunda à sexta-feira, na Secretaria do Departamento de Nutrição da faculdade, que fica na Av. Dr. Arnaldo, 715, 2º andar.
        Mais informações: ( (0XX11) 3066-7762.

Site sobre habitação
        O site do Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida (Nomads) já está no ar, incluindo a Nomads Livraria. O núcleo, parte do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos, trabalha com o tema da habitação relacionada a fatores como meio ambiente, novas mídias e as transformações familiares da sociedade industrial. O site traz informações e fotos sobre eventos do Nomads, apresenta suas atividades, grupos e linhas de pesquisa e vende publicações sobre o tema na Nomads Livraria.
        Mais informações: ( (0XX16) 273-9302.
 
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