O estudo mostra a baixa escolarização como um dos principais fatores para a prática de crimes. Sensação de rejeição, abandono, punição, abuso e falta de calor humano nas relações familiares também contribuem com a criminalidade juvenil. |
|
Diretoria da Poli presta homenagem a Mário Covas
USP Sinfonietta apresenta Verdi em seu concerto inaugural
USP-Ribeirão abre inscrições para bolsas de estudos em Técnicas Especializadas
André Chaves de Melo
Traçar o perfil sociodemográfico,
descrevendo as características do ato infracional no município
de São Paulo, relacionando o local de residência dos adolescentes
infratores com o Mapa da Exclusão/Inclusão Social, além
de outros fatores. Esse foi o objetivo de José Ricardo de Mello
Brandão, autor da dissertação de mestrado Adolescentes
infratores em São Paulo: retrato da exclusão social?,
defendida no Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade
de Saúde Pública da USP. "A meta é entender de que
forma estão distribuídos os adolescentes infratores dentro
desta colcha de desigualdades e identificar aspectos que possam, no futuro,
ser utilizados em programas de prevenção, voltados para as
áreas mais afetadas", explica Brandão.
O mapa, produzido no final
de 95, revela dados sobre os abismos sociais da capital paulista. Enquanto
no distrito do Morumbi 38,61% dos chefes de família ganham mais
de 20 salários mínimos, em Tiradentes somente 0,15% dos chefes
de família atingem esse número. O distrito de Marsilac tem
530 vezes mais domicílios precariamente servidos de água
do que o Tucuruvi. Outro exemplo: os moradores do bairro do Sapopemba têm
39 vezes menos acesso às creches públicas e privadas do que
os habitantes do Alto de Pinheiros. "Entretanto, não parece haver
uma relação direta entre a origem dos adolescentes infratores
e os distritos administrativos onde existe maior exclusão social",
diz o pesquisador.
A partir das informações
sobre o período de agosto de 98 a julho de 99, obtidas junto ao
Banco de Dados do Ministério Público, o pesquisador pôde
descrever um quadro bastante preciso da atual situação. Segundo
Brandão, em julho de 1995 a Febem tinha 2.104 internos. Em agosto
de 98 esse número saltou para 3.821, um aumento de 81,6%, chegando
a 3.968 em setembro de 1999, o que representa cerca de 53% dos adolescentes
internados no País, apesar da população do Estado
de São Paulo representar apenas 21,7% da população
brasileira. "Esse aumento se explica devido à ação
mais severa por parte do Sistema Judiciário paulista, assim como
o baixíssimo número de procuradores responsáveis pela
defesa destes adolescentes, além de outros fatores", afirma.
Um dos primeiros resultados
da pesquisa é que há um maior número de infratores
negros, originários de famílias naturais de São Paulo,
com rendas inferiores às médias do município e com
um expressivo abandono educacional. "A origem disso está em nosso
processo histórico de exclusão social desse grupo e no fato
de que, possivelmente, o adolescente negro, independente de estar ou não
mais envolvido com a prática de atos infracionais é, freqüentemente,
mais encaminhado às instâncias policiais e judiciais do que
o adolescente branco", conclui o pesquisador. "Também detectamos
que 66% dos familiares dos infratores moravam no município há
mais de 15 anos, o que acaba com as afirmações preconceituosas
relacionadas a uma suposta maior participação de migrantes
nas atividades criminosas."
Outro dado interessante
é que, geralmente, os adolescentes infratores são, em sua
maioria, do sexo masculino e apresentam problemas escolares. Para se ter
uma idéia, segundo o pesquisador, apenas 2,7% dos menores infratores
ao serem internados na Febem estavam acima da 8ª série, o que
sugere que quanto maior é o nível de escolaridade, maior
é a proteção contra a prática de crimes. No
Brasil todo, 96,6% dos menores infratores não concluíram
o ensino fundamental. A falta de escolaridade também parece estar
relacionada com a reincidência. "Apenas 9,1% dos que estão
acima da 8ª série são reincidentes, número três
vezes menor do que o daqueles que estudam até a 4ª série",
afirma Brandão.
Ainda com relação
à escola, as crianças e adolescentes que têm em suas
famílias mães com maior escolaridade e um posicionamento
positivo perante a vida acabam se envolvendo menos com infrações,
ao mesmo tempo em que mães com menos vivência escolar e/ou
com problemas relacionados ao humor depressivo crônico estão
associadas com maiores taxas de delinqüência grave (prisões
e condenações) e, quase nunca, com delinqüência
leve. "Entretanto, quando o crime é contra a pessoa, observamos
maior taxa de estudantes e de escolaridade entre os adolescentes, devido
ao fato de haver, nesse grupo, maior número de meninas, as quais,
normalmente, freqüentam a escola por mais tempo."
Segundo o pesquisador, sensações
de rejeição, abandono, punição, abuso e falta
de calor emocional nas relações familiares, advindas principalmente
da separação dos pais, também causam, segundo a pesquisa,
aumento da criminalidade entre as crianças e adolescentes.
Mais informações:
(
(0XX11) 9979-3570 ou e-mail jrbranda@ig.com.br.
Escola Politécnica homenageia Covas
Bolsas de estudo
A Pró-Reitoria de
Pesquisa da USP-Ribeirão Preto recebe até 6 de abril as inscrições
para alunos de graduação (a partir do segundo ano) interessados
nas Bolsas de Treinamento de Estudantes de Graduação em Técnicas
Especializadas. A bolsa é de R$ 500,00 por mês e dura um ano.
Os interessados podem fazer inscrições e obter mais informações
no site http://143.107.70.222/projetos/edit2001.htm.
Mais informações:
(
(0XX16) 602-3058.
Escola Politécnica
Mestrado
Algoritmos genéticos
aplicados à engenharia de estruturas. Cristiano Martins Pinto.
Dia 07/03, às 10h.
Avaliação
do desempenho ambiental - proposta metodológica e diretrizes para
aplicação em empreendimentos civis e de mineração.
Francisco
Nogueira de Jorge. Dia 09, às 14h.
Mais informações:
(
(0XX11) 3091-5443.
Faculdade de Direito
Mestrado
Liberdade Sindical entre
Direito e Política. José Rodrigo Rodrigues. Dia 09/03,
às 9h.
Mais informações:
(
(0XX11) 3111-4004.
Instituto Astronômico e Geofísico
Mestrado
A influência da
temperatura da superfície do mar no clima de inverno na cidade de
São Paulo. Andrea de Oliveira Cardoso. Dia 09/03, às
14h.
Mais informações:
(
(0XX11) 3091-4765/5046.
|
Agência USP de Notícias - Divisão
de Informação, Documentação e Serviços
Online
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP. Tel.(0xx11) 3091-4411/3091-4691 - Fax: (0xx11) 3091-4476/3091-4689 Home Page: http://www.usp.br/agen/agweb.htmlE-mail: agenusp@edu.usp.br Diretora da Divisão: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11.552) mfrsouza@usp.br Diretor da Agência: Antonio Carlos Quinto (Mtb 15.949) acquinto@usp.br Repórteres: André Chaves de Melo andrecms@usp.br e Valéria Dias valdias@usp.br Estagiários: Bruna Fontes, Cauê Muraro, Giovana Tiziani e Júlio Bernardes |