Estudo mostra queda nos casos de Aids em Santos Pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública revela que houve queda nos casos de Aids entre os usuários de drogas injetáveis em Santos. Após a implantação de um programa de prevenção, a cidade passou a ser a 11ª em casos da doença.

André Chaves de Melo

        Pesquisa realizada pelo médico Fábio Caldas de Mesquita, coordenador do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) da Prefeitura Municipal de São Paulo, apontou que houve uma queda nos casos de Aids entre usuários de drogas injetáveis na cidade de Santos, SP. Mesquita defendeu recentemente na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP sua tese de doutorado Aids entre usuários de drogas injetáveis na última década do século XX, na região metropolitana de Santos, Estado de São Paulo - Brasil. O objetivo do estudo foi traçar um panorama e analisar a atual situação dos dependentes de drogas injetáveis que estão com aids na cidade de Santos.
        "Meu envolvimento com a questão começou em 1987, quando fui designado para atender casos de pacientes com Aids que chegavam ao Centro de Saúde de Santos, que na época era a cidade com mais casos em termos proporcionais do País", conta Mesquita. "Posteriormente, em 1989, fui convidado por David Capistrano, então secretário de Saúde, para implantar um programa de prevenção e educação que contribuísse na diminuição dos índices da doença no município, que chegavam, no final da década de 80, a 69,5 casos para cada 100 mil habitantes, sem contar os soropositivos, aqueles que tinham o vírus HIV mas não manifestavam a doença."
        O programa implantado por Mesquita seguiu o modelo criado por vários países europeus e pela Austrália, baseado na distribuição gratuita de seringas descartáveis para usuários de drogas injetáveis. "Para receber uma descartável, a pessoa precisava devolver uma seringa usada, forma de evitar que o material doado fosse vendido para comprar mais drogas", explica o pesquisador. "Hoje as pessoas apoiam a medida mas, no começo, fomos processados por crime de tráfico. Houve uma interpretação equivocada de alguns setores da sociedade que não compreenderam que nosso objetivo era evitar maior disseminação da doença através da redução dos índices de contaminação, nos acusando de incentivar o consumo de drogas." Segundo o médico, em dez anos de campanha no município, o número caiu de 69,5 para 50,9 casos para cada 100 mil habitantes, colocando Santos na 11ª posição do ranking de cidades brasileiras atingidas pela Aids.
        Para realizar o estudo, Mesquita utilizou uma metodologia comparada de análise de dados obtidos a partir do acompanhamento e de entrevistas com usuários de drogas injetáveis maiores de 16 anos, alfabetizados, e que tivessem condições físicas e psíquicas para assinar um termo de consentimento. Foram três grupos. O primeiro entre os anos de 1991 e 1992, o segundo a partir de 1994 e com término em 1996, e o terceiro, ainda em andamento, que teve início em 1999, todos formados com o apoio de diferentes entidades, como a Organização Mundial de Saúde (OMS). "Todos os grupos eram constituídos por membros diferentes, pois a maioria dos participantes não sobrevive ou não têm condições de participar de um novo grupo devido aos efeitos do vício, da entrada na criminalidade, da Aids ou de outras doenças, como a as hepatites de tipo B e C", explica Mesquita.
        A pesquisa revelou que, de um total de 468 entrevistados (70% homens e 30% mulheres), 60% se encontram na faixa dos 25 aos 40 anos, 84% possuem menos que oito anos de educação formal — o que significa que não concluíram nem o ensino fundamental (8ª série) —, apenas 17% tem emprego formal, 95% usam cocaína injetável — o que mostra uma redução da utilização de outras drogas, principalmente do crack — e 59% já esteve preso pelo menos por uma vez depois que começou a usar drogas. "Outra informação fundamental é que, no começo da década de 90, 55% dos usuários de drogas compartilhavam as seringas com outros usuários enquanto atualmente esse número caiu para 24%, o que mostra o impacto das campanhas de prevenção educativa e distribuição de seringas", diz Mesquita. O uso diário de drogas também caiu, de 32% para 13%, acompanhado pelos índices de contaminação pelo HIV, que passaram de 63% para 42%. "Os índices de contaminação não caíram mais porque, infelizmente, não houve uma mudança significativa nos hábitos sexuais destas pessoas, sendo que muitas se apresentam, por causa do vício, inseridas no mundo da prostituição."
        De acordo com o pesquisador, a pesquisa deixou evidente que as medidas de prevenção foram fundamentais para a diminuição da epidemia de Aids. "Essas medidas somente não foram maiores por causa dos processos e da falta de recursos para ampliá-las", afirma. "Aqui em São Paulo ainda é possível tomar uma série de medidas para reduzir os danos da doença, partindo da experiência e dos dados obtidos a partir das ações feitas no próprio município, em Santos e em outras cidades brasileiras."
        Mais informações: ( (0XX11) 3884-0885 ou 3885-8400, ramal 175, com Fábio Caldas de Mesquita.

Softwares educacionais
        A Escola do Futuro está com inscrições abertas para o curso Analisando e Avaliando Softwares Educacionais, que ocorre entre os dias 22 e 24. Nesta oficina os professores poderão conhecer alguns softwares educacionais, identificar procedimentos de avaliação qualitativa de softwares, considerando os aspectos técnicos, pedagógicos e estéticos bem como a sua aplicação em cada contexto educacional. O programa do curso fala sobre o que é um software, porque utilizá-lo na escola como recurso pedagógico, quais são os diferentes tipos de software educacional e critérios de avaliação de software. A taxa é de R$ 100,00.
        Mais informações: ( (0XX11) 255-7182/255-5538 ramais 38 e 39 ou pelo e-mail capacita@futuro.usp.br.

Arte das missões
        O Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promove na próxima quarta-feira (23), às 10 horas, a conferência Aspectos da Arquitetura e da Escultura das Missões no Rio Grande do Sul, apresentada por Armindo Trevisan, poeta e professor do curso de pós-graduação de artes visuais da UFRGS. O evento ocorre no USPOficina, que fica na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 314, Cidade Universitária
        Mais informações: ( (0XX11) 3091-3919/3091-4442 ou pelo e-mail clauregi@usp.br.

Posse no IAG
        Na próxima quarta-feira (23), às 10 horas, acontece a cerimônia de posse do professor Jacques Lépine, na função de diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. O evento terá lugar na Sala do Conselho Universitário da USP, que fica na Rua da Reitoria, 109, Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3091-3402.

Inscrições prorrogadas
        Os alunos de graduação e pós-graduação da USP podem se inscrever no Projeto Nascente até 6 de julho. O projeto é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e da Editora Abril e busca identificar e premiar vocações artísticas dos estudantes nas áreas de música, texto, dança, teatro, cinema e vídeo, poesia e artes plásticas. Os interessados devem se inscrever no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3091-3277 ou pelo e-mail nascente@recad.usp.br.

Faculdade de Direito

Mestrado
        - O controle jurisdicional dos atos praticados pelas comissões parlamentares de inquérito. Lucimara Morais Lima. Dia 22, às 10 horas.
        Mais informações: ( (0XX11) 3111-4004

Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Mestrado
        - Efeitos da radiação ionizante de 60 Co sobre as concentrações de alfa-tocoferol e ácido ascórbico em alho (Allium sativum, L.). Magda Dias Gonçalves Rios. Dia 21, às 9 horas.
        Mais informações: ( (0XX11) 3091-3621
 
 

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