São Paulo, 11 de junho de 2001
n.755/01.
Sinais cerebrais de artistas e não-artistas
Estudo investiga as diversas reações de
artistas e não-artistas captando os seus sinais cerebrais diante
de manifestações artísticas. Um dos objetivos é
discutir os limites entre a arte e a ciência.
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NEV divulga dossiê sobre violência policial
Exposição em Ribeirão Preto mostra
pinturas mediúnicas
Inscrições abertas para curso que aprimora
técnicas de atendimento ao cliente
Destaques
Estudo investiga diferenças entre artistas
e não-artistas por meio de seus sinais cerebrais
Roger Pascoal
"Não sei se essa
pesquisa é uma investigação artística em ciência
ou se é uma investigação científica em arte".
A frase é de Rachel Zuanon, pesquisadora que está finalizando
a primeira etapa de um estudo inédito que investiga há mais
de um ano as diferenças e semelhanças entre os sinais cerebrais
de artistas e não-artistas. Mais do que discutir o limite entre
arte e ciência, o principal desejo de Rachel Zuanon é, como
ela diz, "borrar" esta controvertida fronteira. Para isso, ela contou com
a participação de onze voluntários. Entre os artistas:
dançarinos, fotógrafo, artista gráfico e ator. Entre
os não-artistas: engenheiro, físico e médico. Os sinais
cerebrais dos voluntários foram adquiridos enquanto eles assistiam
a um vídeo com movimentos de dança e movimentos comuns do
cotidiano. O resultado da aquisição foi estudado e possibilitou
a comparação entre a recepção das informações
visuais e sensoriomotoras dos dois grupos. A pesquisadora também
procurou comparar os sinais dos voluntários enquanto eles se imaginavam
realizando o mesmo movimento do vídeo e enquanto eles apenas observavam
a cena. Através das comparações, Rachel obteve percentuais
que demonstram diferenciações e aproximações
entre os sinais registrados nos dois grupos.
A atividade do cérebro
foi medida através de um equipamento para aquisição
de sinais cerebrais. Dezesseis eletrodos foram colocados na cabeça
de cada voluntário. O vídeo exibido durante a aquisição
apresentava uma dançarina realizando movimentos de dança
e, a mesma pessoa, em movimentos comuns, cotidianos, como o de mexer as
mãos ou cruzar as pernas. "Nós selecionamos dos movimentos
do cotidiano, as imagens que não tivessem o resíduo de informação
da dança". No vídeo, haviam indicações para
o voluntário apenas observar os movimentos ou para que ele observasse
e imaginasse que estava executando o mesmo movimento. Os sinais coletados,
depois de passarem por uma filtragem, foram inseridos em um rede neural
artificial, a "rede de Kohonen". A rede simula a atividade cerebral com
um número reduzido de neurônios artificiais e foi utilizada
para interpretar os sinais emitidos pelos cérebros dos voluntários.
O processamento destas informações durou mais de três
meses. "O volume de dados era muito grande", relembra Rachel. Ao todo,
foram adquiridos os sinais para doze movimentos. Para cada um deles, foram
adquiridos cinco sinais, três de imaginação, um de
observação e um basal, ou seja, enquanto o voluntário
olhava para uma tela escura, sem imagem.
Através do estudo
dos sinais cerebrais, Rachel pôde obter valores que demonstram, nesse
experimento, diferenças entre artistas e não-artistas. As
comparações foram feitas em duas etapas. Na primeira delas,
os sinais de todos os integrantes de um dos dois grupos foram separados
por cada movimento do vídeo. Depois, esses sinais relativos a cada
movimento foram comparados dentro de um mesmo grupo. A comparação
permitiu observar as diferenças entre os sinais cerebrais de observação
e imaginação emitidos enquanto os voluntários assistiam
aos movimentos de dança, aos movimentos cotidianos e a uma tela
escura. Em seguida, todos os sinais de um movimento exibido para o grupo
de artistas foram reunidos e comparados com os sinais relativos ao mesmo
movimento exibido ao grupo de não-artistas As diferenças
entre os grupos foram marcantes quando comparados os sinais de observação
e imaginação. "Procuramos observar se há diferenças
entre a distribuição espacial do sinal de imaginação
e o de observação na rede de Kohonen. Para o grupo de artistas,
estas diferenças são mais proeminentes, são mais marcantes
que para o grupo de não-artistas ".
Quando comparou, entre os
dois grupos, os sinais de observação e imaginação
de movimentos do cotidiano e de dança , Rachel encontrou uma maior
receptividade de informação no grupo de artistas. "Fazendo
esta comparação, notou-se que esses índices são
maiores para o grupo de artistas do que para o grupo de não-artistas,
ou seja, o grupo de artistas consegue extrair mais informações,
perceber mais informações, que o grupo de não-artistas".
No entanto, essa comparação também trouxe surpresas.
A pesquisadora observou que para um dos movimentos os valores indicam uma
maior receptividade no grupo de não-artistas. "Para o grupo de não-artistas
a quantidade de informações daquele movimento foi maior do
que para o grupo de artistas". Em outro movimento, o valor associado à
recepção de informação foi idêntico para
ambos os grupos.
O estudo feito por Rachel
colocou lado a lado os dois grupos, mas não considerou diferenças
individuais. Esta é uma das possibilidades que a pesquisadora pretende
explorar nas próximas etapas de seu trabalho. Além disso,
Rachel pretende aprofundar a análise dos números obtidos
nas aquisições e pensa, também, em realizar novas
experiências. No próximo dia 12 de junho, Rachel apresenta
a sua dissertação de mestrado, Co-evolução
entre corpos, uma investigação com sinais cerebrais, que
traz os dados e análises de sua pesquisa. A pesquisadora é
aluna do Programa de Pós-graduação em Comunicação
e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica (PUC)
de São Paulo, mas realizou suas experiências no Laboratório
de Comunicação e Sinais da Escola Politécnica (Poli)
da USP, onde contou com a colaboração do professor Euvaldo
Ferreira Cabral Júnior. Rachel conseguiu demonstrar na prática
o desejo de discutir as fronteiras entre arte e tecnologia. Depois de anos
de dedicação à dança e às artes visuais,
escolheu passar dias e semanas em laboratórios de alta tecnologia
e transformar-se em um exemplo vivo de que as fronteiras entre arte e ciências
não são bem definidas como muitos podem imaginar.
Mais informações:
((0XX11)
3091-5142, com Rachel Zuanon
NEV divulga dossiê sobre práticas de violência
policial
O Núcleo de Estudos da
Violência (NEV) da USP divulgará amanhã (12) um dossiê
contendo depoimentos e informações sobre violações
de direitos humanos cometidas por membros da Polícia Civil e Militar
de São Paulo contra estudantes e manifestantes no protesto contrário
à implementação da Área de Livre Comércio
das Américas (Alca), realizado no dia 20 de abril deste ano na Avenida
Paulista. A divulgação do dossiê acontece às
15h30, no Centro Cultural Maria Antônia da USP, que fica na Rua Maria
Antônia, 294 - Vila Buarque.
A ação policial
na manifestação que reuniu 1,5 mil pessoas resultou em 69
manifestantes detidos e cerca de 100 feridos, sendo 8 com gravidade. Para
os coordenadores do NEV, professores Paulo Sérgio Pinheiro e Sérgio
Adorno, os fatos apontados no dossiê são incompatíveis
com um Estado democrático. Segundo eles, não se pode criminalizar
manifestações pacíficas. Além de apontar os
excessos cometidos pela ação policial, o dossiê informa
a falta de coordenação entre a Companhia de Engenharia de
Tráfego (CET) e os agentes policiais no trato da manifestação
contrária à Alca.
Mais informações:
((0XX11)
3091-4951, 3091-4950 ou 9344-5002; E-mail: nev@usp.br
Cursos, Seminários
e Palestras
Relações públicas
A Escola de Comunicações
e Artes (ECA) da USP tem inscrições abertas até dia
18 para o curso Pessoas Atendendo Pessoas, que será realizado no
dia 23. O curso pretende aprimorar o uso da voz e da fala como ferramenta
de posicionamento no mercado e aborda questões como respiração
e relaxamento, articulação das palavras, saber ouvir e atendimento
ao cliente. Há 30 vagas e a taxa é de R$ 150,00.
Mais informações:
((0XX11)
3091-4122 ou pelo e-mail iannovic@eca.usp.br
Física
O Instituto
de Física (IF) da USP realiza duas palestras nesta semana. Amanhã
(12), às 16 horas, Jacinto da Silva Esteves, o professor do IF,
apresenta Cristais Líquidos Liotrópicos Dopados com Corantes
(Resultados Preliminares), no Edifício Basílio Jafet, sala
105. Na quarta-feira (13), às 14 horas, haverá a palestra
O Teorema de Coleman-Hill e Sua Generalização Para o Caso
Não-Abeliano, apresentada pelo professor Ashok Dias, da Universidade
de Rochester (EUA), na Sala Jayme Tiommo do Edifício Central do
IF, que fica na Rua do Matão, Travessa R, 187, na Cidade Universitária.
Mais informações:
((0XX11)
3091-6992 ou pelo e-mail fismat@fma.if.usp.br
Divulgação científica
Amanhã (12), às
19 horas, o Núcleo José Reis de Divulgação
Científica da Escola de Comunicações e Artes (ECA)
da USP promove o 1º Encontro JR de Divulgação Científica,
um evento que comemora os 94 anos do Dr. José Reis e lança
o quarto volume da Coleção Divulgação Científica,
intitulada José Reis: Jornalista, Cientista e Divulgador Científico.
O encontro acontece na Sala de Congregação da ECA, que fica
na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, na Cidade Universitária.
Mais informações:
((0XX11)
3091-4021 , E-mail nucleojosereis@eca.usp.br ou site www.eca.usp.br/nucleos/njr
Agenda Cultural
Exposição em Ribeirão
Começa hoje a exposição
de Annercy Tojeiro Giordani, Pintura Mediúnica, na Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto (EERP). Annecy é enfermeira e trabalha
com pintura mediúnica desde os treze anos com artistas como Aleijadinho,
Anita Malfatti, Degas, Matisse e Rembrandt, entre outros. A exposição
pode ser visitada até dia 28, das 8 às 17 horas na EERP,
que fica na Av. dos Bandeirantes, 3900.
Mais informações:
((0XX16)
602-3386 ou e-mail wagnerbb@eerp.usp.br
Teses e Dissertações
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Mestrado
- Ocorrência
de esporos e toxinas de Clostridium botulinum tipos C e D em cacimbas
utilizadas como bebedouros de bovinos em pastagem do Vale do Araguaia,
estado de Goiás, Brasil. Ariel Manoel de Souza. Dia 12, às
14 horas.
- Função
hepática em bezerras sadias, da raça holandesa, no primeiro
mês da vida. Marta Lizandra do Rêgo Leal. Dia 12, às
14 horas.
Mais informações:
(
(0XX11) 3091-7667
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Doutorado
- Identificação,
purificação e caracterização parcial da enzima
amido fosforilase em bananas nanicão ( Musa acuminata Grupo
Cavendishi). Renata Vieira da Mota. Dia 12, às 14 horas.
- Avaliação
da disponibilidade in vitro de ferro de sulfato ferroso microencapsulado.
Tatiana de Oliveira Santos. Dia 12, às 14 horas.
Mais informações:((0XX11)
3091-3621
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas
Mestrado
- Em busca da cidadania:
praças da armada nacional 1867-1910. José Miguel Arias Neto.
Dia 13, às 14 horas.
- Língua e história:
análise sociolingüística em um grupo Terena. Maria Elisa
martins Kadeira. Dia 13, às 14 horas.
Mais informações:((0XX11)
3091-4626