São Paulo, 26 de julho de 2000 n.568/00

 
 
 
 
LEM é pioneiro na América Latina  
Laboratório de Espectroscopia Molecular do Instituto de Química da USP utiliza espectroscopia Raman para realizar pesquisas de ponta em diferentes áreas do conhecimento.

Palestra destaca filosofia e mística judaicas
 

Instituto de Psicologia promove jornada sobre Ética
 
 


Destaques

Laboratório do IQ é um dos mais avançados do mundo

        Os visitantes que passam diariamente pelos corredores do Instituto de Química (IQ) da USP não imaginam o que pode ser encontrado em alguns de seus laboratórios. É o caso do Laboratório de Espectroscopia Molecular (LEM), que tem se dedicado ao uso da espectroscopia Raman para a obtenção de informações sobre a estrutura molecular de materiais em várias áreas do conhecimento.
        "A espectroscopia Raman foi desenvolvida a partir da descoberta do efeito de espalhamento inelástico da luz, feita pelo cientista indiano Chandrasekhara Venkata Raman em 1928, denominado efeito Raman em sua homenagem", explica Paulo Sérgio Santos, pesquisador do LEM e atualmente diretor do Instituto.
        "Quando um feixe de luz monocromática atinge um meio material, uma fração muito pequena dessa luz sofre uma mudança na sua freqüência (espalhamento inelástico) e o conjunto dessas freqüências modificadas constitui o que se chama de espectro Raman, que contém informações a respeito da estrutura das moléculas que constituem esse meio material."
        Como a quantidade de luz que sofre o efeito Raman é uma fração mínima da luz incidente, é necessário o uso de fontes de luz de muita intensidade e detectores de altíssima sensibilidade. Atualmente, isso é feito por meio do uso de lasers como fontes de luz monocromática e detectores multicanal, o que tem permitido obter informações a respeito da estrutura molecular de materiais tão diversos como proteínas, polímeros sintéticos, semicondutores, nanotubos (estruturas tubulares microscópicas), tecidos biológicos, entre outros.
        "Mais recentemente foi possível acoplar ao espectrômetro Raman um microscópio óptico, tornando possível a obtenção de espectros Raman de quantidades muito pequenas de material ou, ainda, conseguir espectros Raman de regiões muito pequenas da superfície de um material, da ordem de 1 micron", afirma Santos. "Essas inovações instrumentais dos últimos anos têm estimulado cada vez mais o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares no LEM, envolvendo colaboração com diversos outros grupos de pesquisa do País e do exterior, além da prestação eventual de serviços a empresas e instituições públicas".
        Recentemente, o LEM teve a oportunidade de colaborar com a polícia científica de São Paulo, cuja participação foi solicitada para solucionar um caso ocorrido no Rio Grande do Sul. Uma criança que havia saído de casa estava desaparecida, mas sua bicicleta foi encontrada com sinais de atropelamento. Um veículo suspeito de ter causado o acidente foi localizado e estava com riscos da mesma cor do pedal da bicicleta em sua lataria. O LEM fez espectros Raman de fragmentos da lataria do veículo e do pedal, conseguindo provar que a tinta empregnada no automóvel tinha como origem o pedal da bicicleta. O proprietário do veículo confessou o crime.
        Há poucos anos, pesquisadores do LEM tiveram a oportunidade de colaborar com o Museu da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, no processo de autenticação de um retrato do poeta Murilo Mendes, supostamente pintado por Portinari na década de 30. "Foram retirados minúsculos fragmentos do quadro e os espectros obtidos através da espectroscopia Raman permitiram identificar os pigmentos utilizados, que apontam na direção da originalidade da obra", conta Santos. No momento, outros pesquisadores do LEM estão envolvidos com aplicações da espectroscopia Raman na área de Arqueologia, a qual, eventualmente, também sofre com fraudes.
        Em países mais desenvolvidos, a espectroscopia Raman tem sido amplamente utilizada nos laboratórios de desenvolvimento de novos produtos das indústrias de alta tecnologia, como a de semicondutores e a farmacêutica. Em ambos os casos, a técnica tem sido utilizada para planejar a estrutura molecular para que o material (semicondutor ou fármaco, respectivamente) tenha o melhor desempenho possível. "A espectroscopia Raman é uma das técnicas que, por excelência, permite o conhecimento detalhado da estrutura molecular e supramolecular dos materiais, o que explica a sua incorporação pelos laboratórios de desenvolvimento na tecnologia de ponta", explica Santos.
        Atualmente, o LEM é formado por seis docentes do IQ: Oswaldo Sala, Márcia L. A. Temperini, Yoshio Kawano, Dalva L. A. de Faria, Mauro C. C Ribeiro e Paulo S. Santos. Cada pesquisador desenvolve uma linha de pesquisa própria envolvendo algum aspecto da espectroscopia Raman e orientando estudantes de pós-graduação e de iniciação científica, num total de 15 alunos. "O LEM tem recebido professores visitantes do Japão, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Argentina, entre outros países, e mantém convênios de intercâmbio com algumas universidades do exterior", explica Santos.
        Os recursos para a aquisição dos equipamentos são provenientes da FAPESP, CNPq e de programas especiais como PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e BID/USP (Banco Interamericano de Desenvolvimento/Universidade de São Paulo). "O financiamento à pesquisa no Estado de São Paulo foi sempre plenamente satisfatório devido a existência da FAPESP", afirma Santos. "Mas a falta de uma política científica e tecnológica nacional talvez seja o maior problema hoje, juntamente com a falta de continuidade no financiamento das pesquisa por parte das agências federais", reflete. Em seguida, conclui: "Uma maior visibilidade da ciência brasileira junto a sociedade e o reconhecimento, não apenas como agente do progresso nacional, mas também como um bem cultural intrínseco, são essenciais para se atrair novos talentos para a carreira acadêmica".
        Mais informações: (0XX11) ( 815-3257 e 3818-3839.


Cursos, Seminários e Palestras

Pesquisa e ética
        O Instituto de Psicologia (IP) da USP promove no dia 30 de setembro a I Jornada de Pesquisadores: Ética e Deficiências. Os interessados podem enviar, até 18 de agosto, seus trabalhos, que serão discutidos durante a jornada. O evento terá lugar no Auditório do IP, na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 399, travessa 4, bloco 23, na Cidade Universitária.
        Mais informações : ( (0XX11)3818-4903/3818-4185.

Filosofia Judaica
        O Centro de Estudos Judaicos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realiza no próximo dia 2 de agosto, às 16 horas, a palestra Filosofia e a Mística Judaica, que será ministrada pelo professor Shalom Rosenberg, da Universidade Hebraica de Jerusalém. O evento acontecerá no prédio da Faculdade de Letras (Av. Luciano Gualberto, 403, Cidade Universitária).
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4476/ 3818-4689.

Cursos de idiomas
        O Núcleo de Apoio à Pesquisa em Estudos Norte-Americanos (Napena) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP está com inscrições abertas até 5 de agosto para os cursos de inglês, francês e espanhol. A taxa é de R$ 320,00 para a comunidade externa, R$ 300,00 para alunos e funcionários da USP e R$ 280,00 para alunos e funcionários da ECA.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4286.

Coleta de colesterol
        A Associação Ribeirãopretana de Ensino, Pesquisa e Assistência ao Hipertenso (AREPAH) promove, no dia 28 de julho, a palestra Recomendações atuais para coletas adequadas de lípides sanguíneos (colesterol e triglicérides), com o professor Sérgio Akira Uemura, responsável pelo Laboratório de Bioquímica Clínica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto. O evento será realizado no Sesc da região, que fica na rua Tibiriça, 50, Centro, Ribeirão Preto.
        Mais informações: ( ( (0XX16) 635-3706.


Agenda Cultural

Exposição de fotos francesas
        A partir do dia 28 de julho os visitantes da Estação Ciência poderão conhecer uma exposição fotográfica que retrata trabalhos científicos desenvolvidos em diferentes partes do mundo (África, Oceano Índico, América Latina, Ásia e países insulares do Oceano Pacífico). As pesquisas abordam temas relacionados à biodiversidade, conservação dos solos, recuperação de zonas degradadas, gestão de recursos hídricos, dinâmicas culturais e sociais, entre outros. A mostra, que vai até o dia 13 de agosto, é uma realização do francês Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e conta com o apoio do Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica (Cendotec).
        Mais informações: ( (0XX11) 263-7022/262-8650.


Teses e Dissertações

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Mestrado
        A militância antifascista: Comunistas brasileiros na Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Thais Battibugli. Dia 28/7,
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4626/4584.
 
 
 
 
 
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