São Paulo, 31 de agosto de 2000 n.594/00.
Longe do divã, 
perto do paciente
A "psicanálise no hospital" é um método inovador que traz inúmeros benefícios aos pacientes. No Hospital das Clínicas, pessoas que aguardam ou que já se submeteram a um transplante de fígado podem contar com equipe de psicanalistas. 

Editora Humanitas lança o livro Mortos e Desaparecidos Políticos: reparação ou impunidade?
 

Curso de cerâmica e Arqueologia
 

Ciclo "Cinema e Psicanálise" no Cinusp
 


Destaques

Psicanálise onde o paciente está: no hospital

        O que faz um psicanalista dentro de um hospital? "Aquilo que todo analista faz diante de quem sofre", responde a psicanalista Maria Lívia Tourinho Moretto, psicóloga responsável pelo Serviço de Psicologia da Unidade de Fígado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Há dez anos, Maria Lívia coordena um trabalho de psicanálise com candidatos ao transplante de fígado e com pacientes já transplantados.
        Todo o trabalho segue o método psicanalítico e é iniciado desde o momento da entrada do paciente na lista de espera, se estendendo até o pós-operatório, conforme a necessidade e a procura. "Um transplante mexe profundamente com o psiquismo de uma pessoa", diz Lívia. "É uma situação vivenciada com ambigüidade pela maioria dos pacientes, ora encarado como salvação/vida, ora como grande risco/morte". A psicanalista afirma que a angústia do paciente depende menos do seu nível social, cultural ou intelectual e mais do modo como cada um está estruturado psiquicamente. "Admitir que um órgão seu entrou em falência não é tarefa das mais fáceis. E receber um novo fígado, também não".
        Para trabalhar com análise no Hospital, Maria Lívia precisou romper alguns preconceitos, especialmente entre os profissionais da área. Para tanto, empreendeu uma pesquisa a respeito dos limites, alcances e possibilidades da psicanálise. Propôs que se pensasse a partir dos conceitos (e não pré-conceitos) psicanalíticos, lembrando que, ao longo do tempo, as condições da análise foram tomadas pelos psicanalistas como regras que garantiriam o processo analítico. "Freud deixou a associação livre como única regra fundamental da psicanálise", afirma Lívia. "Cumprida essa regra, o que sustenta a direção de um tratamento é a ética e o desejo do psicanalista".
        A pesquisa lhe permitiu concluir que o método psicanalítico não depende do local físico de trabalho do analista, pois ele opera a partir de um lugar psíquico, fazendo com que a eficácia do método não dependa de quatro paredes. "Freud e Lacan nunca se prenderam às contingências para desenvolverem suas pesquisas", diz Lívia. "A psicanálise nasceu nos hospitais, onde, inclusive, deveria começar a formação dos analistas". Ela também esclarece que o trabalho do psicanalista no hospital tem alcances e limites que não são diferentes daqueles encontrados nos consultórios. Ela afirma que o HC é o berço dos avanços científicos e tecnológicos da Medicina e, ao mesmo tempo, é um lugar marcado pelas mais explícitas expressões do sofrimento humano. "Por que não trabalhar com psicanálise justamente aonde aquele que sofre necessita falar de sua dor com um profissional?", questiona.
        Para Lívia, os profissionais da Unidade de Fígado do HC têm uma grande oportunidade de discutir aspectos importantes, como nos casos de Transplante Inter-Vivos, coordenado pelos professores doutores Sérgio Mies e Silvano Raia. "Receber um órgão de um doador cadáver já era material de trabalho psíquico. A relação entre receptor e doador vivos (geralmente um parente próximo), nos fez pesquisar pontos que não surgiam antes, como a questão da dívida subjetiva — não daquele que recebe, mas de quem se dispõe a doar. São questões que merecem nossa atenção, inclusive do ponto de vista da Ética", conclui.
        Mais informações: ( (0XX11) 3086-0194 / 9129-1929 ou e-mail: mlíviatm@uol.com.br
 
 

Mortos e desaparecidos políticos

        No próximo dia 4 de setembro, às 18 horas, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, 100), acontece o lançamento do livro Mortos e Desaparecidos Políticos: reparação ou impunidade (Ed. Humanitas - FFLCH), organizado por Janaína Teles. Às 18h30, acontece a exibição do filme Vala Comum, de João Godoy. E às 19 horas, o ato público 10 Anos de Abertura da Vala de Perus. O livro aborda as contradições do processo de implementação da Lei dos Desaparecidos e seus desdobramentos, reunindo artigos que contribuem para a reflexão sobre os mistérios de nossa história recente. Aspectos jurídicos sobre o tema são tratados no capítulo "A luta pela reparação".
        A obra discute o tratamento ficcional e documental dado pelos meios de comunicação às lutas do período em "Os anos 60 e 70 na mídia". No capítulo "A busca pelos desaparecidos na Argentina" é relatado o trabalho pericial especializado, fundamental para evitar a perda de provas vitais às investigações dos corpos de militantes mortos, no país e no exterior. Em "21 anos de anistia e impunidade", textos de familiares, advogados, intelectuais e militantes.
        Desaparecidos Políticos: reparação ou impunidade, traz artigos de André Herzog, Caco Barcellos, Dalmo Dallari, Daniel Aarão Reis Filho, Edson Luís de Almeida Teles, Eugênio Bucci, Fábio Konder Comparato, Frei Betto, Gilberto Molina, Hélio Bicudo, Ismail Xavier, James Cavallaro, João Roberto Martins Filho, José Carlos Dias, Kenneth P. Serbin, Luís Fondebrider, Luís Francisco da Silva Carvalho Filho, Luiz Felipe de Alencastro, Marcelo Rubens Paiva, Maria Aparecida de Aquino, Maria Lygia Quartim de Moraes, Maria Rita Kehl, Mário Simas, Marta Nehring, Miguel Reale Jr. Suzana Keniger Lisbôa, Osvaldo Coggiola.
    Mais informações: ( (0XX11) 3818-4593 ou 3818-4589, na Editora Humanitas da FFLCH/USP; E-mail: pubfflch@usp.br


Cursos, Seminários e Palestras
Cerâmica e arqueologia
        O Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP está com inscrições abertas até dia 6 de setembro para os seguintes cursos:
        Cerâmica Romana e Arqueologia, que ocorre de 12 de setembro a 31 de outubro. O curso explora a cerâmica romana como meio para compreender a sociedade que a produziu e utilizou, abordando pontos básicos teórico-metodológicos da pesquisa arqueológica. A taxa de inscrição é de R$ 40,00;
        Teoria e Prática da Apreciação em Museus, que ocorre de 12 de setembro a 14 de novembro. O curso apresenta os principais conceitos sobre museu, exposição e apreciação, reflete sobre a abordagem triangular do ensino da arte, explora as relações entre arte, cultura, museologia e educação, além de elaborar planos de ação educativa via apreciação em museus. A taxa de inscrição é de R$ 45,00. Professores da rede pública e comunidade USP pagam 50% do valor das taxas de inscrição.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4906

Curso de informática
        O Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP oferece em setembro dois cursos de treinamento para a comunidade USP:
        Staroffice 5.2 (Processador de Texto), nos dias 5 e 6;
        Staroffice 5.2 (Planilha Eletrônica), nos dias 19 e 22.
        Os cursos são gratuitos e acontecem na Sala de Cursos do CCE, na Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 71, na Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-6433


Agenda Cultural
Cinusp
        Em setembro, o Cinusp apresenta os seguintes filmes dentro da mostra "Cinema e Psicanálise":
        De 4 a 6 de setembro, às 12h30, Psicose, de Alfred Hitchcock, às 19 horas, São Paulo Sinfonia e Cacofonia e Sobre Anos 60 (vídeo), de Jean-Claude Bernardet.
        De 11 a 15 de setembro, às 12h30, Dead Man, de Jim Jarmusch, e às 19 horas, O Sacrifício, de Andrei Tarkovski.
        Entre os dias 18 e 22 de setembro, às 12h30, Taxi, de Carlos Saura. Às 19 horas, O livro de Cabeceira, de Peter Greenway.
        De 25 a 29 de setembro, às 19 horas, Antes da Chuva, de Milcho Manchevskis.
        No dia 21, após o filme O Livro de Cabeceira, haverá o debate Cinema e Psicanálise, com a participação de Jean-Claude Bernardet, crítico, ensaísta e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Giovanna Bartucci, psicanalista e ensaísta, e Renata Udler Cromberg, psicanalista, filósofa, supervisora clínica e institucional, membro do Instituto Sedes Sapientiae.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-3364/3818-3540


Teses e Dissertações
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Mestrado
        Um levantamento das práticas de logística na indústria de alimentos, no estado de São Paulo. Célio Mauro Placer Rodrigues Almeida. Dia 04/9, 15h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-5811
 
 
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP. 
Tel.(0xx11) 3818-4411/3818-4691 - Fax: (0xx11) 3818-4476/3818-4426/3818-4689 
Home Page: http://www.usp.br/agen/agweb.htmlE-mail: agenusp@edu.usp.br
Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11.552) mfrsouza@usp.br
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br , Ivanir Ferreira ivanir@usp.br e Valéria Dias valdias@usp.br
Estagiários: Bruna Fontes, Giovana Tiziani, Júlio Bernardes e Renata Bessi