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São Paulo, 19 de setembro de 2000 n.605/00.
Prostituição e crack no centro de São Paulo
Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública estudou a relação entre a prostituição e o uso de crack. O consumo da droga na região do bairro da Luz, na área central de São Paulo, é mais que uma simples adesão à substância química ou uma dependência física: é um estilo de vida.

Encontro discute Psicoterapia Psicanalítica e Contemporaneidade

Curso de especialização em Divulgação Científica

Livro A Floresta e o Homem conta a evolução das florestas através dos tempos


Destaques

Mulheres e crack na região central de São Paulo
        Observar as relações entre a prática da prostituição e o uso do crack foi o objetivo da pesquisa de mestrado de Selma Lima da Silva, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, intitulada Mulheres da luz: uma etnografia dos usos e preservação, no uso do crack. Para sua análise, a pesquisadora escolheu a região da Luz, bairro da área central de São Paulo, um dos locais de maior concentração de uso e do tráfico de crack. As moradoras de rua usuárias da droga e freqüentadoras da área também fizeram parte das investigações.
        A pesquisa revelou que o consumo do crack na região é mais do que uma simples adesão à substância química ou dependência física, é um estilo de vida adotado no circuito da rua, em que os relacionamentos são marcados pela situação de marginalidade das pessoas e pela violência. "O consumo não se dá apenas pela dependência física ou química, está vinculado ao tipo de relacionamento estabelecido entre as mulheres no espaço de convívio social, espaço este com seu próprio código de conduta regido pela violência e marcado pela situação de pobreza e de exclusão".
        Dentro do estilo de vida levado pelas freqüentadoras da Luz, o crack é, muitas vezes, fonte de conflitos entre as mulheres de programas usuárias ou não da droga. "Há o discurso por parte das não usuárias de que as consumidoras abaixam o valor do programa". Mas para Selma esse é um falso discurso, pois quando o estado de pobreza se extrema todas acabam reduzindo o preço. "A própria troca da pedra pelo sexo não é bem vista pelas prostitutas que não são consumidoras. As mulheres fazem programas pelo preço da pedra ou pelo crack", diz a pesquisadora.
        Além de todos esses problemas de relacionamento enfrentados pelas prostitutas usuárias da droga, elas se encontram numa situação de maior exposição às doenças sexualmente transmissíveis (DST), em especial a Aids. "O crack é um fator a mais para a vulnerabilidade à doença sexualmente transmissível e à gravidez, pois infere menor autonomia para as mulheres tomarem decisões. Além disso, o uso de preservativos é uma prática facultativa entre elas".
        Selma observou que, apesar do estado de pobreza e de exclusão, as mulheres usuárias se valem, dentro do estilo de vida que levam, de certo controle no uso do crack e de cuidados com a saúde e com o corpo. "Buscam o uso menos danoso do crack e uma redução de problemas causados pela droga", diz a pesquisadora. As mulheres cuidam-se para não sofrerem overdose e para não emagrecerem, de maneira que não ganhem a aparência de doentes. Para isso, estabelecem regras de desintoxicação, usando a maconha ao invés do crack ou vivendo algum tempo fora das ruas. E todas essas experiências são adquiridas e trocadas no convívio entre as usuárias, estabelecendo vínculos sociais entre elas.
        De acordo com a pesquisadora, o crack possui a peculiaridade de infiltrar-se no cenário internacional sempre em zonas periféricas, em bairros degradados, em que as pessoas se encontram em estado de exclusão. "Em São Paulo não poderia ser diferente", declara. A região da luz, conhecida antigamente por "boca do lixo" e hoje por crackolândia, sempre serviu, segundo ela, como depósito de pessoas excluídas e marginalizadas, indesejáveis à cidade. "O processo de reurbanização que vem ocorrendo no centro de São Paulo não leva em consideração os freqüentadores e os moradores daquela região. Eles foram esquecidos e aos poucos estão sendo expulsos do local em que circulam", conclui.
        Mais informações: ( (0XX11) 6949-4804 ou 9107-2167 ou pelo e-mail selmals@usp.br


Cursos, Seminários e Palestras

Anfíbios
        Estão abertas até o dia 24 as inscrições para o curso Biologia de Anfíbios, do Instituto Butantan. O programa aborda a biologia e reconhecimento de anfíbios, prevenção e cultura popular. Haverá também uma visita ao Museu Biológico. O curso ocorre no dia 24 de outubro e a taxa é de R$ 10,00.
        Mais informações : ( (0XX11) 813-7222, ramal 2117

Educação Física
        Estão abertas as inscrições para o V Ciclo de Palestras - Exercício físico: da teoria à prática promovido pelo Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). O evento, que ocorre entre os dias 27 de setembro e 11 de dezembro, é dirigido a professores de Educação Física da rede pública. A taxa de inscrição é de R$ 40,00.
        O Cepeusp fica na Praça Prof. Rubião Meira, 61, na Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-3361

Divulgação Científica
        O Núcleo José Reis de Divulgação Científica da Escola de Comunicações (ECA) da USP estará com inscrições abertas até o dia 25 para o curso Teoria e Prática da Divulgação Científica, que visa proporcionar conhecimentos básicos sobre o exercício da divulgação científica como instrumento fundamental de ação para a promoção da cidadania. O curso tem início no dia 2 de outubro e duração de um ano e meio. A taxa de inscrição é de R$ 20,00. O Núcleo fica na Av Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, bloco 9, na Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4021 ou e-mail nucleojosereis@eca.usp.br

Psicoterapia
        Estão abertas as inscrições para o IV Encontro do Curso de Especialização Psicoterapia Psicanalítica "Psicoterapia Psicanalítica e Contemporaneidade", organizado pelo Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP) da USP. O evento ocorre no dia 7, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, na Rua do Lago, 976.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4173/3818-4910


Livros, Revistas e Publicações

Desenvolvimento Florestal
        O Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef) lança na quinta-feira (21) o livro A Floresta e o Homem, de Regina Machado Leão, que conta a história da origem e da evolução das florestas através do tempo, seus usos, benefícios e as ameaças ao seu equilíbrio. A obra relata também o desenvolvimento do setor florestal brasileiro, que saiu da exploração extrativista para instalar um parque industrial, resgatando a ciência e a tecnologia florestal no Brasil.
        Mais informações: ( (0XX19) 430-8678


Teses e Dissertações

Instituto Astronômico e Geofísico
Doutorado
        Oscilações intersazonais associadas à zona de convergência do Atlântico Sul no Sudeste Brasileiro. Edilson Marton. Dia 22/9, 13h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-5046.

Escola Politécnica
Doutorado
        Sistemas computacionais distribuídos aplicados em automação dos transportes. Cláudio Luiz Marte. Dia 21/9, 9h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-5443.

Faculdade de Direito
Doutorado
        O interrogatório à distância. José Raul Gavião de Almeida. Dia 21/9, 16h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3111-4004.

Instituto de Química de São Carlos
Mestrado
        Estudo cristalográfico de complexos de níquel com difosfinas. Alexsandro Gomes de Souza. Dia 21/9, 14h.
        Preparação de compostos de matriz fenólica e matriz lignina-fenol reforçada com fibras de curuá modificadas superficialmente. Wanderson Gonçalves Trindade. Dia 22/9, 14h30.
        Preparação e caracterização de mantas de colageno aniônico: hidroxiapatita para reconstrução de tecido ósseo. Maria Fernanda do Carmo Gurgel. Dia 21/9.
        Mais informações: ( (0XX16) 273-9986 ou 273-9909.
 
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