São Paulo, 29 de setembro de 2000 n.613/00.
Cultura iorubá no Brasil e em Cuba
Pesquisa do Prolam analisa a cultura iorubá através das religiões Nagô, no Brasil, e Lucumi, em Cuba. O objetivo é entender como se formam os mecanismos de construção de um conceito de identidade negra

Instituto de Psicologia promove curso de clínica com bebês
 

Artista plástico discute Carlos Fajardo no Ceuma
 

Edusp lança livro sobre conhecimento, preservação e recuperação de matas ciliares
 


Destaques

Pesquisa analisa cultura iorubá no Brasil e em Cuba

        Com o objetivo de entender os mecanismos de formação de um conceito de identidade negra, o jornalista Juarez Tadeu Xavier realizou pesquisa aprofundada do universo africano. O resultado desse trabalho é a dissertação de mestrado Exu, Ikin e Egan: As Equivalências Universais no Bosque das Identidades Afrodescendentes Nagô e Lucumi – Estudo da religião de matriz iorubá no Brasil e em Cuba, defendida no Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) da USP. Ele afirma que "entender como se forma um conceito de identidade negra é absolutamente fundamental para um projeto político de construção de cidadania dos negros no Brasil".
        A tradição iorubá, segundo Xavier, não é uma religião, mas "uma unidade referenciada em aspectos mitológicos, culturais e lingüísticos, comuns a vários povos da África Ocidental — onde hoje se localizam a Nigéria, Togo e República do Benin —, como os povos de Ketu, Ilê Ifé e Oyo, e que têm Oduduwa, herói civilizador, como protagonista do mito primordial. Buscando as raízes desta tradição e analisando seus diferentes aspectos em sociedades latinas, Xavier fez um estudo comparativo entre as religiões Nagô, no Brasil, e Lucumi, em Cuba. A escolha por esses dois países veio da semelhança cultural e pela singularidade na presença dos iorubás nas Américas: no último ciclo da escravidão, atravessaram o atlântico rumo ao novo continente.
        Ele explica que, na época, dois grandes reinos africanos estavam passando por uma fragmentação: Oyo e Dahomé. Os africanos escravizados provenientes dos dois reinos chegaram simultaneamente ao Brasil e a Cuba. No Brasil, fixaram-se na região norte e nordeste, em especial no Recôncavo Baiano. Em Cuba, fixaram-se em Matança, entre outras regiões costeiras. Esses povos mantiveram a estrutura integral das culturas iorubá (Oyo) e jejê (Dahomé) nos dois países.
        Xavier afirma que a religião em si não poderia ser considerada uma equivalência, pois apesar de algumas semelhanças, a formatação existente em Cuba é outra. A saída encontrada foi analisar o universo litúrgico iorubá singularizado em ambos os países através do Panteão, do Processo Divinatório e do Processo de Iniciação, características comuns aos Nagôs e aos Lacumis. Baseado nisso, estabeleceu três modelos de observação: ancestralidade, oralidade e espaço-tempo. Na ancestralidade, foram encontrados nos dois complexos religiosos o mesmo respeito e reverência aos ancestrais e idosos — resquícios de tradições africanas anteriores à chegada dos europeus. Na oralidade, o poder da fala e da cultura oral. Na relação espaço-tempo, a interligação entre o lugar dos seres sagrados (orum) e o dos seres comuns (aiê). O jornalista também formulou um glossário comparativo, uma tabela com os tipos de oráculos utilizados nos dois complexos, os nomes dos orixás e outras características culturais a fim de mostrar evidências nas estruturas cubana e brasileira.
        O jornalista salienta que perdeu-se muito dessa cultura ao longo do tempo. "Um babalaô (manipulador do jogo sagrado) é uma pessoa com conhecimento universal da cultura iorubá. Nossa mitologia contém conhecimentos científicos, históricos e sagrados e esse babalaô precisa dominar aproximadamente 4000 escrituras com textos sagrados, de estruturas mitológicas diferentes, para desvendar durante um jogo". Ele relata que muito disso acabou se perdendo em função do escravismo, pois a vida útil de um africano escravizado era de 07 a 11 anos, além de ainda ser uma estrutura religiosa que é alvo de muitos preconceitos.
        Xavier, que é militante político anti-racista há mais de 20 anos, acredita que a questão da identidade negra deve ser pensada independente da cor da pele. Utilizou, ao longo da dissertação, o termo afrodescendente para designar todos aqueles que descendem e reproduzem as estruturas culturais, litúrgicas e religiosas africanas. Não usou o termo negro por ser uma definição "estreita que não consegue ultrapassar a fronteira da cor da pele" e afro-brasileiro ou afro-cubano, por representar "uma limitação à construção de um conceito de identidade ancorado numa visão universal: afrodescendentes de diversas partes do mundo", conclui.
        Mais informações: ( (0XX11) 259-0411, com Juarez Xavier ou e-mail bolajixavier@aol.com


Cursos, Seminários e Palestras

Clínica com bebês
        O Instituto de Psicologia (IP) da USP estará com inscrições abertas até 11 de outubro as inscrições para o curso de atualização Clínica com Bebês, que acontece de 11 de outubro a 6 de dezembro. O programa discute práticas clínicas com bebês a partir do referencial psicanalítico, abordando questões como prevenção, tratamento e outras fundamentais da clínica com bebês. As inscrições podem ser feitas no IP, que fica na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 399, travessa 4, bloco 17, na Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4383/9225-8717


Agenda Cultural

Carlos Fajardo no Ceuma
        O Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) promove no dia 4 de outubro às 20h30 o encontro José Resende fala sobre Carlos Fajardo, que integra o Ciclo Artista por Artista, palestras gratuitas para apresentar a obra de artistas plásticos brasileiros a partir do ponto de vista de quatro artistas contemporâneos. Resende fala da obra de Fajardo e sua indagação sobre a pintura, abordando questões como a virtualidade versus concretude, movimento, velaturas e opacidades, além de especular sobre como a manifestação plástica tem interferido no debate cultural. O Ceuma fica na Rua Maria Antonia, 294.
        Mais informações: ( (0XX11) 255-5538/255-7182


Livros, Revistas e Publicações

Matas Ciliares
        A Edusp acaba de lançar o livro Matas Ciliares: Conservação e Recuperação, do professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Esalq, da USP de Piraciaba, e Hermógenes de Freitas Leitão Filho. A obra reúne trabalho de especialistas em florestas ciliares, para apresentar o estado atual do conhecimento das diversas áreas, como geomorfologia, solos, hidrologia, vegetação e fauna e possibilitar a aplicação desse conhecimento nas ações de conservação, manejo e recuperação dessas formações.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-4149


Quadro de Avisos

Exposição na Geociências
        O Instituto de Geociências (IGc) da USP promove de 4 a 6 de outubro eventos para divulgar sua participação no 31º Congresso Internacional de Geologia. No dia 4 haverá a sessão de abertura, com palestra do professor Umberto Cordani, presidente do Congresso, e exposição de pôsteres, com a presença dos autores dos trabalhos apresentados durante o evento. Os trabalhos dos docentes ficarão expostos até o dia 6, no saguão do bloco de laboratórios do IGc, que fica na Rua do Lago, 562, Cidade Universitária.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-3973


Teses e Dissertações

Faculdade de Saúde Pública
Doutorado
        Escola promotora de saúde: Quem sabe faz a hora. Gisleine Trigo Silveira. Dia 02/10, 9h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3066-7739.

Escola de Enfermagem
Doutorado
        Dimensionando limitações e possibilidades - a trajetória da pessoa com lesão medular traumática. Leila Conceição Rosa dos Santos. Dia 03/10, 13h30.
        Mais informações: ( (0XX11) 3066-7533.

Faculdade de Direito
Doutorado
        Perspectivas do juiz e do poder judiciário no limiar do século XXI. José Renato Nalini. Dia 3/10, 8h30.
        Mais informações: ( (0XX11) 3111-4004.

Escola Politécnica
Doutorado
        Projeto, modelagem e acionamento de motor pentafísico de imãs permanentes . Petrônio Vieira Jr.. Dia 2/10, 9h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-5443.
 
 
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