São Paulo, 31 de outubro
2000 n.633/00.
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Estudo mostra más condições
do trabalho adolescente
Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública
revela as más condições de trabalho de jovens de duas
cidades do interior de São Paulo. Com idade entre 10 e 19 anos,
eles trabalham em condições insalubres, perigosas e mal remuneradas.
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Cerimônia marca posse simbólica de Reitora
mirim na USP
No IEA, Gianotti discute a herança de Marx na
Era Global
Cepeusp realiza avaliação do preparo
físico e da saúde
Destaques
Pesquisa denuncia as más condições
do trabalho de adolescentes
Pesquisa realizada pelo Departamento
de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP)
da USP sob coordenação da professora Frida Marina Fischer,
revela as más condições de trabalho a que jovens de
10 a 19 anos estão submetidos. O estudo, intitulado O trabalho
dos adolescentes e repercussões à saúde, buscou
detectar e avaliar os problemas de saúde do adolescente associados
ao trabalho. "Grande parte dos jovens pesquisados trabalha em condições
perigosas, insalubres, em tarefas fatigantes e mal remuneradas", diz a
professora.
O estudo, que foi realizado
em 1998 e 1999, pesquisou jovens de duas cidades do interior do Estado
de São Paulo, Monteiro Lobato e Santo Antônio do Pinhal, próximos
a São José dos Campos e Campos do Jordão e localizados
em regiões de baixa renda, onde predominam a atividade agropecuária
e o turismo. Inicialmente o grupo de pesquisa percorreu os mais variados
locais dos municípios, como postos de gasolina, oficinas, bares
e fazendas, investigando a vida profissional dos adolescentes da região.
A partir de entrevistas com mais de 50 jovens, foi elaborado um questionário,
que foi posteriormente aplicado nas escolas públicas locais, onde
estudam a maioria dos adolescentes das duas cidades. Foram estudados jovens
cursando da quinta série do ensino fundamental até o terceiro
ano do ensino médio, nos períodos matutino, vespertino e
noturno.
Verificou-se que, dos 781
jovens pesquisados, 604 trabalham. Segundo a professora, "foi considerado
trabalho toda atividade sistemática, de caráter permanente
ou temporário, remunerada ou não, prestada a terceiros ou
no âmbito doméstico, realizada durante os dias de semana e/ou
fins de semana, em período integral ou parcial".
As principais áreas
de trabalho eram: a agrícola (plantio e colheita de frutos e flores,
cuidados com gado, produção de leite e derivados), a indústria
de tijolos (olarias e blocos), o comércio (lojas, supermercados,
bares, padarias) e o lazer. "Os adolescentes praticam atividades, especialmente
as que exigem grandes esforços físicos, que não os
levam a aprender uma profissão. Eles mesmos não vêem
boas perspectivas em relação ao seu futuro", comenta a professora.
"A imensa maioria dos entrevistados
não possui carteira profissional, ou seja, não é registrado
como trabalhador; 47% deles já sofreu algum tipo de acidente de
trabalho, sendo alguns bastante graves", contabiliza a professora. "Por
exemplo, de dez adolescentes que trabalhavam como oleiros, apenas dois
ainda não haviam se machucado no atual trabalho. Sabemos que a ocorrência
de acidentes considerados graves é maior entre os adolescentes do
que entre os adultos. Os jovens não sabem se proteger dos riscos
no trabalho, não se negam a trabalhar em condições
inseguras e não denunciam as más condições
de trabalho por medo de perder o "emprego", comenta Frida. Além
disso, citaram haver com freqüência irregularidades no pagamento,
na duração das jornadas de trabalho e nas folgas. Sobre as
drogas, os adolescentes negaram usa-las, mas dizem haver distribuição
nas cidades".
Em entrevista à professora,
várias autoridades da área educacional e de conselhos tutelares
das duas cidades, disseram que seria muito difícil eliminar o trabalho
entre os adolescentes, mesmo sendo mal pago, insalubre, pois na cultura
da região, "o trabalho entre jovens e seus familiares tem um valor
positivo, mesmo havendo prejuízos à saúde, ao desempenho
escolar, e à socialização".
Segundo a professora, embora
tenha havido inicialmente demonstração de interesse pelas
prefeituras locais após terem recebido o relatório que foi
apresentado pelos pesquisadores, não foi tomada nenhuma ação
efetiva. Ou seja, parece que o estudo não teve nenhuma influência
entre as autoridades locais, que estavam mais preocupadas com as más
repercussões desta pesquisa para os municípios, do que em
discutir e tomar medidas para evitar os acidentes de trabalho entre esta
população trabalhadora.
Uma das propostas feitas
pela professora para a redução dos problemas de saúde
relativo ao trabalho de adolescentes nos municípios estudados, é
a realização de um levantamento, que seria feito regularmente
pelas escolas, dos problemas decorrentes do trabalho infantil e do adolescente.
"Os professores e diretores não sabem o que acontece com seus alunos.
Estes levantamentos permitiriam aos responsáveis pelos estabelecimentos
de ensino participar e colaborar na tomada de decisões e, em especial,
na discussão destes problemas em foros locais, e diretamente com
os interessados", sugere. "É preciso que sejam introduzidas nos
currículos escolares disciplinas relacionadas com a saúde
no trabalho, discutindo-se os problemas enfrentados no cotidiano dos estudantes
com os professores e outros especialistas em educação e saúde".
Para a professora Frida,
há ainda a necessidade de uma intervenção efetiva
das autoridades locais (Conselhos Tutelares) e regionais (fiscalização
do Ministério do Trabalho), para investigar as formas mais difíceis
e perigosas do trabalho executado entre adolescentes e prevenir que continuem
ocorrendo acidentes do trabalho, levando a graves prejuízos a saúde
destes jovens".
Os resultados da pesquisa,
financiada pela Fapesp e pela Capes, serão apresentados no Seminário
Internacional Violência e Criança, promovido pela USP
e pela Universidade de Tel Aviv (Israel). O evento acontece de 6 a 8 de
novembro, das 9 às 18 horas, no Anfiteatro de Convenções
e Congressos "Camargo Guarnieri", que fica na Rua do Anfiteatro 109, na
Cidade Universitária. Além de pesquisadores brasileiros e
israelenses, estarão participando também professores da Universidade
do Texas (EUA).
Mais informações:
(
(0XX11) 3066-7755 ou pelo e-mail: fmfische@usp.br.
Reitora mirim substitui reitor da USP
Amanhã, 1º de novembro,
às 10 horas, na Reitoria da Universidade de São Paulo, acontece
a cerimônia de posse da reitora-mirim Nádia Amorim Dibe, que
substituirá, simbolicamente, o reitor da USP, professor Jacques
Marcovitch. A substituição é parte do programa Autoridades
Mirins, promovido há quatro anos pela Assessoria de Cultura, Lazer
e Criança da Prefeitura de Barueri.
As crianças, com
idade entre 7 e 11 anos, substituem diversas autoridades, como prefeito,
vereadores, delegado de polícia, juiz de direito e comandante da
PM, entre outras. Esta é a segunda vez que o reitor é "substituído".
As autoridades mirins são
indicadas pelas escolas em que estudam e, em meados de setembro, são
sorteados os cargos que irão ocupar. Antes da "posse", os alunos
estudam — com ajuda dos professores — as tarefas e responsabilidades dessas
autoridades.
A idéia do projeto
é estimular nas crianças o exercício da cidadania,
já que têm a oportunidade de conhecer as funções
das autoridades que respondem pela administração da cidade
e do Estado onde moram.
Mais informações:
(
(0XX11) 3818-3500.
Cursos, Seminários
e Palestras
Herança de Marx
O Instituto de Estudos Avançados
(IEA) da USP promove no dia 8 de novembro, às 9h30, a palestra A
Herança Marxista na Era Global, em que o filósofo José
Arthur Gianotti, do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP debate com Jacob Gorender
e Roberto Schwartz, entre outros. O evento ocorre na sede do IEA, que fica
na Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Térreo, na Cidade
Universitária.
Mais informações:(
(0XX11)3818-3919/3818-4442.
Avaliação Física
O Centro de Práticas
Esportivas da USP (Cepeusp) realiza entre os dias 6 e 10 de novembro, das
8 às 20 horas, uma avaliação física, como parte
do projeto Cartão Vermelho para o Sedentarismo, onde especialistas
analisarão o preparo físico e as condições
de saúde dos interessados. O atendimento acontece na sala 17 do
Velódromo do Cepeusp, que fica na Praça 02, Prof. Rubião
Meira, 61, Cidade Universitária.
Mais informações:(
(0XX11) 3818-3361/3818-3362.
Serrarias
O Instituto de Pesquisas
e Estudos Florestais (Ipef) promove entre 8 e 10 de novembro em Piracicaba
o I Curso sobre técnicas e planejamento em serrarias, em
parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da
USP de Piracicaba e a Universidade Federal do Paraná. O curso pretende
discutir e proporcionar uma troca de informações sobre assuntos
relacionados ao processamento de madeiras, planejamento, implantação
e layout de serrarias. Também serão realizadas visitas técnicas
a três empresas da área.
Mais informações:(
(0XX19) 430-8602 ou pelo e-mail eventos@carpa.ciagri.usp.br.
Agenda Cultural
Ver Ciência
A Estação
Ciência realiza entre os dias 7 e 11 de novembro a 6º Mostra
de Vídeo Ver Ciência, que reúne produções
de divulgação científica de diferentes partes do mundo,
incluindo produções brasileiras. As apresentações
ocorrem a cada uma hora — de terça a sexta-feira, a partir das 9
horas, sendo a última às 17 horas. No sábado, a primeira
sessão começa às 13 horas e a última às
17 horas. A entrada é gratuita. A Estação Ciência
fica na Rua Guaicurus, 1274/1394, Lapa.
Mais informações:(
(0XX11) 3673-7022 ou pelo e-mail info@eciencia.usp.br.
Livros, Revistas e Publicações
Plumas
A Edusp lança no
próximo dia 9 de novembro, às 18 horas, o livro A Plumária
Indígena Brasileira no Acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia
da USP, de Sônia Ferraro Dorta e Marília Xavier Cury.
A obra é um dos volumes da Coleção Uspiana, em co-edição
com o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP e Imesp. O evento ocorre
no MAE, que fica na Av. Prof. Almeida Prado, 1466, na Cidade Universitária.
Mais informações:(
(0XX11) 3818-4905.
Quadro de Avisos
Hospital Universitário no combate à rubéola
O Hospital Universitário
(HU) alerta a comunidade USP para uma epidemia de rubéola que o
município de São Paulo vem enfrentando, e que atinge principalmente
jovens e adultos. Por isso, pede que todos os casos suspeitos, na Universidade,
sejam comunicados aos respectivos serviços de saúde.
Embora a doença seja
benigna, é preciso mantê-la sob controle para impedir o aumento
do número de casos de rubéola congênita, que pode ocorrer
quando as mulheres grávidas são atingidas. A principal medida
de controle — que já vem sendo implementada pelo HU — é a
ampla vacinação das pessoas doentes, em casa ou nos locais
de trabalho. Os principais sintomas da rubéola são vermelhidão
no corpo, febre baixa e dores nas articulações.
Mais informações:(
(0XX11) ( (0XX11) 3726-7492 ou 3726-8452,
com Gisele.
Teses e Dissertações
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Mestrado
Território e Temporalidade
da Federação de Órgãos para a Assistência
Social e Educacional – FASE – estudo sobre território e organização
não-governamental. Eduardo Karol. Dia 09/11, 9h.
Mais informações:
(
(0XX11) 3818-4626.
Faculdade de Saúde Pública
Doutorado
Prevalência de
deficiência de vitamina A em pré-escolares de três capitais
da Amazônia Ocidental Brasileira. Helyde Albuquerque Marinho.
Dia 10/11, 9h.
Mais informações:
(
(0XX11) 3066-7739.
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Agência USP de Notícias - Divisão
de Informação, Documentação e Serviços
Online
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374,
conj. 244, São Paulo - SP.
Tel.(0xx11) 3818-4411/3818-4691 - Fax: (0xx11) 3818-4476/3818-4689
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