São Paulo, 16 de novembro de 2000 n.642/00.
Conflitos sociais são maior causa da criminalidade
Estudo mostra que os principais motivos dos homicídios praticados na Grande São Paulo são conflitos sociais gerados por brigas domésticas, em bares ou entre vizinhos. A pesquisa também apontou as mulheres como maiores vítimas da violência doméstica. 

Desenvolvimento sustentável no litoral é tema de evento na Geociências
 

Poli realiza seminários para discutir construções e meio ambiente
 

USP Sinfonietta apresenta Beethoven e Ceuma traz piano e clarinete
 


Destaques

Pesquisa mostra que a maior causa de homicídios em São Paulo são conflitos sociais

        O tráfico e o uso de drogas costumam ser apontados como a maior causa da violência em São Paulo. No entanto, em sua dissertação de mestrado, Conflitos Sociais e Criminalidade Urbana, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Renato Sérgio de Lima aponta que este problema está sendo superdimensionado pela administração e pela polícia da cidade. "O trabalho mostrou que os principais motivos dos homicídios na Grande São Paulo são os conflitos sociais diversos, como brigas domésticas, em bares, ou entre vizinhos", afirma Lima. "E estes conflitos estão ligados a um cenário urbano fragmentado, perpassado por uma série de ilegalismos, onde o Estado é incapaz de se legitimizar como mediador eficaz de conflitos".
        Lima estudou todos os boletins de ocorrência e inquéritos policiais de homicídios na cidade de São Paulo em 1995, dividindo-os em mortes causadas em função da lógica comercial ou organizacional do tráfico (como as mortes por dívidas ou brigas por espaços), conflitos sociais diversos e latrocínios. Assim, chegou aos seguintes resultados: no caso dos crimes de autoria conhecida, 92,4% dos homicídios estão relacionados aos conflitos sociais e apenas 1,8% às drogas — 5,8% correspondem aos latrocínios, roubos seguidos de morte. Já nos crimes de autoria desconhecida, 55,9% estão ligados aos conflitos, 22,8% ao tráfico e 21,3% ao latrocínio. "Precisando a dimensão do problema fica mais fácil planejar e atuar nas políticas de prevenção às drogas e à violência", comenta.
        O estudo também mostra que, proporcionalmente, a mulher é a maior vítima dos homicídios gerados pela violência doméstica, e que 39% são mortas por seus próprios familiares, o que, segundo Lima, "demonstra o forte grau de conflitualidade dentro das próprias famílias". Ele também afirma que a participação dos negros é proporcionalmente maior do que a dos brancos, tanto como agressores quanto como vítimas. "Não existe uma guerra de classes onde os pobres matam os ricos; o que se vê é pobre matando pobre, negro matando negro".
        A pesquisa mostra que entre 1979 e 1998 houve um crescimento de 126% nos homicídios em São Paulo, o que corresponde a 550 mil pessoas mortas nesse período. Segundo Lima, cerca de 50% das 3,6 milhões de armas de fogo que circulam no Estado estão na Grande São Paulo, e elas ajudam a explicar os homicídios cometidos na cidade. "Em São Paulo a taxa de homicídios é maior do que a de lesões corporais, enquanto no interior, onde circula um número menor de armas de fogo, o número de lesões corporais é maior do que o dos homicídios". Nos casos de crime de autoria conhecida, a faca é, proporcionalmente, a arma mais usada.
        Para Lima, o contexto urbano da violência passa pela falência gerencial da cidade, ou seja, a incapacidade do poder público de se fazer presente. "A maioria dos crimes ocorre na periferia, onde os ilegalismos, desde a falta e a deficiência de infra-estrutura até o sentimento de impunidade, geram um clima que propicia o crescimento desses crimes causados pelos conflitos sociais", explica. Assim, o Estado e o aparelho de justiça vão perdendo legitimidade frente à população, o que dá margem a outras formas de solução de seus problemas, como a contratação de pistoleiros. "Se o Estado quer voltar a se legitimar como o detentor do monopólio do uso da violência e como espaço ideal da solução de conflitos, tem que investir intensamente na prevenção e na recuperação da paisagem urbana", assegura.
        A outra sugestão de Lima é uma combinação da atuação dos poderes executivo e judiciário, que deveriam integrar informações e pensar em ações globais. Ele cita o caso do Centro Integrado de Cidadania, que une a ação de delegados, juizes, assistentes sociais e o Ministério Público, por exemplo.
        O dimensionamento correto da influência da droga na criminalidade também pode, segundo Lima, influenciar na investigação de homicídios de autoria desconhecida. "Nos casos que eu estudei havia muitos crimes passionais em que o suspeito até tinha envolvimento com drogas, mas essa não era a principal causa dos crimes", afirma. "Homicídios causados por conflitos sociais diversos, que são a maioria, são muito mais difíceis de serem solucionados quando você tem sempre a questão da droga pautando a investigação".
        Como esse tipo de homicídio é imprevisível, Lima considera necessário dar mais ênfase à prevenção. "O modelo de repressão, que pensa numa polícia super armada, com ostentação, está falido", opina Lima. "Pode melhorar pontualmente a questão do crime organizado, mas se a polícia não conquistar a confiança da população em relação à impunidade, o cenário atual só tende a piorar".
        Mais informações: Renato Sérgio de Lima - ( (0XX11) 3224-1752.


Cursos, Seminários e Palestras

Odontologia
        A Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) realiza entre os dias 20 e 22 o workshop Avaliações Clínicas em Odontologia. O evento conta com a presença de palestrantes renomados discutindo temas como problemas com métodos atuais e com pesquisas clínicas, hipersensibilidade dentinária e potencial de desenvolvimento de pesquisas clínicas no Peru, entre outros.
        Mais informações:( (0XX14) 234-4384/235-8325/235-8266 ou e-mail info@funbeo.com.br.

Litoral e desenvolvimento sustentável
        O Instituto de Geociências (IGc) da USP abre inscrições para o curso Tópicos de Geociências para o Desenvolvimento Sustentável: as Regiões Litorâneas, que ocorre entre os dias 27 e 30. O curso pretende auxiliar a compreensão dos processos de formação, evolução e alteração das feições litorâneas, contribuindo para o planejamento adequado da ocupação dessas regiões. A taxa é de R$ 150,00 para estudantes e R$ 220,00 para profissionais.
        Mais informações:( (0XX11) 3818-3973.

Construção e Meio Ambiente
        A Escola Politécnica (Poli) da USP promove nos dias 23 e 24 o Simpósio Construção e Meio-Ambiente - da teoria à prática. O evento pretende discutir políticas e soluções de mercado visando à gestão e redução do impacto ambiental da cadeia produtiva da construção civil, auxiliando a indústria da construção a adaptar-se às novas demandas ambientais da sociedade. O simpósio ocorre no anfiteatro da Poli, no Edifício da Administração, na Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº380, na Cidade Universitária.
        Mais informações:( (0XX11) 3818 5420 / 3818 5430.

Psicanálise e Ciência
        Entre os dias 25 e 26 ocorre o simpósio de encerramento Psicanálise e Ciência, finalizando as Exposições Freud: Conflito e Cultura e Brasil: Psicanálise e Modernismo, no Grande Auditório do Masp. Os temas serão "Revisitando a Interpretação dos Sonhos", "A Sexualidade Recontextualizada", "Violência e Medo na Cultura Contemporânea" e "Psicanálise, Arte e Ciência". A taxa é de R$ 90,00 para o simpósio completo e R$ 25,00 para a mesa avulsa.
        Mais informações:( (0XX11) 3714-0506/3768-0662.


Agenda Cultural

Beethoven
        A USP Sinfonietta apresenta no sábado (18) às 16 horas o Festival Beethoven, 3º concerto da série Universitária. Sob regência de Kurt Redel, com a solista de piano Yara Bernette, a USP Sinfonietta apresenta a Abertura Coriolano op.62, Concerto nº4 em sol maior para piano e orquestra e a Sinfonia nº2 em Ré Maior. A entrada é franca e o evento ocorre no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária.
        Mais informações:( (0XX11) 3818-3000/3818-3154.

Piano no Ceuma
        O Projeto Música na Maria Antonia apresenta na próxima quarta-feira (22) às 20h30 os músicos Dante Pignatari (piano) e Nivaldo Orsi (clarinete). No programa, Villa-Lobos, Nilson Lombardi, Oswaldo Lacerda, Júlio Medaglia, Alban Berg, Claude Debussy e François Poulenc. A entrada é franca. O Ceuma fica na Rua Maria Antonia, 294.
        Mais informações: ( (0XX11) 255-7182/255-5538.

Cultura e Imaginário
        O Centro de Estudos do Imaginário, Culturanálise de Grupos e Educação (CICE) e a Faculdade de Educação (FE) da USP promovem, hoje (16), a partir das 14 horas, o V Ciclo de Estudos: Seminários sobre Cultura & Imaginário, com a palestra A Imagem Negra nos Tambores d’África, que será proferida por Carlos Caçapava, músico e artesão. O evento ocorre no Auditório da sala 61 da FE, que fica no Bloco B, Ala C, av. da Universidade, 308, Cidade Universitária. São Paulo, SP.
        Mais informações: ( (0XX11) 3815-0232 ou e-mails: cila@usp.br ou marcosfe@usp.br


Teses e Dissertações

Escola Politécnica
Doutorado
        Determinação da vida de prateleira de um produto alimentício com base em avaliações sensoriais: uma proposta alternativa de modelagem estatística. Marta Afonso Freitas. Dia 20/11, 14h.
        Mais informações: ( (0XX11) 3818-5443.
 
 
Agência USP de Notícias - Divisão de Informação, Documentação e Serviços Online
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