São Paulo, 05 de setembro de 2002 n.1042/02.


"Viva-voz" não diminui
riscos no trânsito
Análise conclui que falar ao celular no carro,
mesmo com as mãos livres, aumenta risco
de colisão em até nove vezes e não se
compara a conversar com passageiro




Museu de Zoologia reabre com mostra inédita


Enfermagem de Ribeirão Preto promove curso sobre tratamento de queimaduras


Coral da USP se apresenta no Teatro Paulo Eiró




Destaques


Especialista alerta que uso de celular no trânsito é perigoso mesmo com "viva-voz"

Fábio de Castro,

especial para a Agência USP de Notícias

Embora deixem as mãos livres para dirigir, os aparelhos tipo viva-voz não são mais seguros que os celulares manuais quando usados por um motorista. A conclusão é do professor José Aparecido da Silva, do Departamento de Psicologia e Educação do Campus da USP de Ribeirão Preto. Silva é pesquisador da área de psicofísica e percepção, especialista em processos sensoriais e se dedica principalmente à psicologia do trânsito.

A análise de Silva desmonta o argumento — surgido com a recente proibição do uso do celular por motoristas — de que o viva-voz, ao deixar livres as mãos do usuário, preservaria sua destreza manual e capacidade motora, não prejudicando a dirigibilidade. "Os dados experimentais analisados provam o contrário", alerta o professor. "O comportamento de dirigir não envolve apenas a habilidade motora, mas também uma habilidade cognitiva global: não adianta ficar com as mãos livres, pois a conversa ao telefone é carga mental (cognitiva). Estar com as mãos ocupadas é apenas a interferência mais elementar".

O pesquisador afirma que há um limite na carga cognitiva humana, que não permite que se atenda sem erros a um número muito grande de estímulos apresentados simultaneamente. "Essa limitação é comparável às limitações do nosso aparelho físico, que nos impedem de carregar uma carga muito pesada".

O professor também refuta, categoricamente, o argumento de que falar ao celular seria tão pouco prejudicial quanto conversar com alguém no banco do passageiro. "É absolutamente diferente. Os passageiros percebem as situações nas rodovias e podem variar as demandas e o tempo de sua conversação em função das condições de tráfego, num "feedback" contínuo. Isso não acontece quando se fala com alguém que não está presente".

O passageiro, segundo Silva, age como um segundo piloto e faz pequenas pausas na conversa quando uma situação externa exige maior concentração do motorista, mesmo sem ter consciência disto. "O ser humano é dinâmico e controla automaticamente a conversa em função do estímulo".

Para Silva, falar no celular também é totalmente diferente de ouvir rádio. "O rádio não exige resposta e não afeta o tempo de reação para brecar o veículo. Já a conversa ao telefone absorve a mente como quando fazemos um cálculo".

Bases científicas

Todas as afirmações, segundo Silva, estão fundamentadas em estudos epidemiológicos e experimentais analisados por ele. Os estudos, publicados em veículos internacionais como o New England Journal of Medicine e o Accident Analysis and Prevention, concluíram que motoristas que regularmente utilizam um telefone celular dentro de seus veículos — mesmo com aparelhos do tipo viva-voz ou com fone de ouvido — têm maior risco de se envolverem em colisões de trânsito, quando comparados com aqueles que não usam celulares.

Análises de cruzamentos de casos e de técnicas de regressão logística mostraram que o risco de se envolver em colisões fatais foi aproximadamente nove vezes maior com o uso do telefone celular. Outros dados mostram que o uso do celular por um período maior que 50 minutos por mês dentro de um veículo aumenta em seis vezes o risco de envolvimento em acidentes. Os dados mostraram que com viva-voz ou fone de ouvido o risco não foi significativamente diferente daquele associado com aparelhos manuais.

As tarefas de tomada de decisão também são claramente prejudicadas. Estudos em simuladores envolvendo tarefas verbais com o uso do telefone celular viva-voz mostraram que foi aumentado o tempo de reação do motorista para detectar quando as luzes de freio de um carro à frente se acendem.

Quando os motoristas, usando o celular, tentam manter uma distância constante em relação a um veículo à frente, suas reações às mudanças de distância foram retardadas. A habilidade do motorista para detectar a desaceleração de um carro à sua frente foi prejudicada em meio segundo.

Outro argumento contra a proibição do viva-voz é de que a aplicação das multas seria difícil. Segundo Silva, isto é um problema, mas a lei deve servir para educar a população sobre os perigos da conversa ao volante. "Também é muito difícil pegar um assassino em flagrante, mas nem por isso a lei permite o assassinato. Precisamos reduzir os fatores que levam aos acidentes fatais no trânsito, que em mais de 90% dos casos são fatores humanos. O uso do celular é um deles", conclui o cientista.

Mais informações: (0XX16) 602-3728, ou pelo e-mail jadsilva@ffclrp.usp.br



O Museu de Zoologia reabre com novos cenários

Juliana Kiyomura Moreno

Depois de três anos fechado para uma ampla reforma, o Museu de Zoologia (MZ) da USP reabre com novos cenários que tentam resgatar o habitat natural dos animais e sua evolução. A mostra, Pesquisa em Zoologia: A Biodiversidade Sob o Olhar do Zoólogo, foi projetada para proporcionar um constante aprendizado, o que justifica a duração prevista de três a quatro anos. Esse é o tempo necessário para que haja a renovação do conhecimento científico. O Museu de Zoologia é considerado a maior instituição zoológica do País e detentora de um dos mais completos acervos da fauna neotropical do planeta.

O público poderá apreciar jaguatiricas, tamanduás, onças-pintadas, tartarugas, macacos, além de uma infinidade de aves. Vai observar também réplicas de esqueletos de grandes mamíferos e animais pré-históricos. "Estamos contando com a presença dos estudantes, pesquisadores e da população em geral", diz Mirian David Marques, diretora de difusão cultural do Museu. "A abertura da exposição representa a renovação do museu. Além de estabelecer definitivamente um diálogo entre a ciência e a comunidade, o mais importante neste projeto é conseguir apresentar de forma atraente as coleções e os nossos atuais projetos e pesquisas."

O museu reúne oito milhões de exemplares que foram sendo coletados e estudados ao longo de 109 anos. Sua origem está associada à Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo (CGC), uma instituição criada em 1886 para estudar em suas expedições a fauna e a flora do Brasil. Depois, foi transformado no Departamento de Zoologia da Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, sendo instalado, em 1939, no prédio da avenida Nazaré, edifício este especialmente projetado para as suas coleções onde permanece até hoje. Em 1969, passou a ser incorporado à USP.

Do total de exemplares, apenas uma parte estará sendo disponibilizada para a mostra já que grande parte tem interesse apenas para pesquisadores. "A exposição se tornaria cansativa e pedante. Temos, por exemplo, uma coleção imensa de libélulas, mas a diferença entre elas é pequena e acaba interessando apenas a pessoas que desenvolvem trabalhos científicos sobre a espécime", explica Mirian.

Clima de Expedição

O visitante terá a impressão de estar fazendo uma expedição, apreciando as sutilezas e a diversidade da vida na região neotropical. A mostra foi montada em módulos com os exemplares organizados de acordo com temas e seqüências. O museólogo Maurício Candido da Silva lançou mão de recursos cenográficos, tecnologia e muitos efeitos de iluminação, ambientando de forma dinâmica o prédio tombado e seu mobiliário do início do século.

Esta expedição começa no período pré-histórico com a seção Origem dos Grandes Grupos que traz réplicas em tamanho natural dos fósseis de uma preguiça gigante e de um tigre de dente-de-sabre. "O Brasil é detentor da maior biodversidade do planeta", afirma Mirian. "Possui uma multiplicidade de ambientes geográficos que proporciona essa fixação de uma grande diversidade. É exatamente isso que estamos tentando mostrar."

A exposição Pesquisa em Zoologia- a biodiversidade sob o olhar do zoólogo pode ser visitada de terça a domingo, das 10 às 17 horas, na Av. Nazaré, 481- Ipiranga, São Paulo. O ingresso custa R$ 2,00 e alunos de escolas públicas e visitantes de seis e acima de 65 anos não pagam.

Mais informações: (0XX11) 6165-8100 e 6165-8140

 


Cursos, Seminários e Palestras


Tratamento das queimaduras

A Fundação Instituto de Enfermagem de Ribeirão Preto (FIERP), ligada à Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto (EERP) oferece, nos dias 18 e 19 de outubro, o curso Atualidades no Tratamento das Queimaduras. Entre os objetivos estão estudar a epidemiologia, a etiologia, classificação das queimaduras e a sua fisiopatologia e oferecer diferentes modalidades de tratamento clínico ao paciente queimado. O público-alvo são profissionais da área da Saúde: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionaistas, estudantes. Até dia 30 de setembro, profissionais pagam R$ 80,00. Desta data até o dia 15 de outubro, R$90,00. No local R$ 100,00. Estudantes e residentes, até 30 deste mês, pagam R$ 30,00; até o dia 15 de outubro, R$ 40,00; no local, R$ 50,00. A FIERP fica no prórpio campus da USP de Ribeirão Preto, Av. Bandeirantes, 3900.

Mais informações: (0XX16) 602-3444 / 3398 ou pelo e-mail fierp@eerp.usp.br




Curso de Ultra-sonografia no HC

O Instituto de Radiologia do Hospital da Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina (FM) da USP, recebe inscrições até o dia 9 deste mês para o curso Ultra-sonografia nas Urgências Abdominais. O evento conta com o apoio do Centro de Estudos Rafael de Barros e acontecerá na sede da GE Ultrasound & BMD, na rua Tomás Carvalhal, 711, Paraíso, São Paulo. Será ministrado pelos especialistas convidados Alexandre Maurano e Marcos Roberto de Menezes. A programação inclui urgências em vísceras ocas, urgências do pâncreas e vias biliares, urgências urológicas e discussão de casos. A taxa é de R$ 50,00.

Mais informações: (0XX11) 3069-7067






Sexualidade e transtorno mental

Nesta quinta-feira (5), O Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da USP oferece à população um encontro, aberto e gratuito, para discutir Sexualidade e transtorno mental. A palestra será proferida por Carmita Abdo e não serão necessárias inscrições prévias. O evento acontece às 9h30 no Anfiteatro, localizado no 1º andar do IPq, na rua Dr. Ovídeo Pires de Campos, s/n, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3262-0233




Empreendedorismo

No próximo dia 19, às 15 horas, o Instituto de Psicologia (IP) da USP promove a palestra Empreendedorismo: pontos de contato com a psicologia, com Rose Mary Almeida Lopes, doutoranda do Instituto. A proposta é abordar as características e comportamentos dos empreendedores. Trabalhos relacionados ao tema também serão apresentados. A entrada é franca e para participar, basta ao interessado se dirigir ao IP, na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 399, bloco 23, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-4184, com Cecília ou e-mails anagel@usp.br / rmalopes@usp.br





Agenda Cultural


Coral da USP se apresenta em Santo Amaro

Em comemoração aos 35 anos do Coral Universidade de São Paulo (Coralusp), seus integrantes se apresentam no próximo dia 11, às 20h30, no Teatro Paulo Eiró (Av. Adolfo Pinheiro, 765, em Santo Amaro, São Paulo) sob regência do maestro André Juarez. A entrada é franca.

Mais informações: (0XX11) 3091-3930 / 5071 ou pelo e-mail coralusp@edu.usp.br




Cores da Alma

A exposição Cores da Alma, da artista plástica Elly Grace, é mais uma atividade que integra o calendário comemorativo dos 40 anos da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), 35 Anos do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) e 15 anos da Prefeitura do Campus de Bauru da USP. Os quadros, de óleo sobre tela, poderão ser vistos até o dia 29, no Centro Cultural da Prefeitura, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. A entrada é franca. A mostra terá lugar na alameda Dr. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75, Vila Universitária, Bauru.

Mais informações: (0XX14) 235-8385





Teses e Dissertações


Escola de Engenharia de São Carlos

Mestrado

- Aplicativo windows para análise e dimensionamento de pórticos planos em concreto armado. Malton Lindquist. Dia 13, às 10 horas.

Mais informações: (0XX16) 273-9235 / 9250





Escola Politécnica

Mestrado

- Acompanhamento do aprendizadodo aluno em cursos a distância através da Web: Metodologias e ferramentas. Luciana Aparecida Martinez Zaina. Dia 12, às 9h30.

- Avaliação da contribuição das tipologias de aquecimento de água residencial para a avariação do estoque de gases de efeito estufa na atmosfera. Vanessa Montoro Taborianski. Dia 12, às 14 horas.

Doutorado

- Conservação do uso da água para agricultura irrigada no Vale do Paraíba - São Paulo.Nanci Tieko Soma. Dia 12, às 9 horas.

- Fadiga de contato de discos metálicos não conformes submetidos a ensaios a seco de rolamento cíclico. João Telesforo Nobrega de Medeiros. Dia 12, às 9 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-5443




Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Mestrado

- Concursos de Arquitetura em São Paulo. Valéria Cássia dos Santos. Dia 12 às 14 horas.

- Arquitetura moderna nos trópicos exemplos. Daniele Abreu e Lima. Dia 13 às 14h30.

Mais informações: (0XX11) 3091-4801





Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Doutorado
- Brasil em imaginação: livros, impressos e leituras infantis (1890-1945). Andréa Borges Leão. Dia 13, às 14 horas.

Mais informações:(0XX11) 3091-4626





Instituto de Ciências Biomédicas

Doutorado

- Proteínas regulatórias do ciclo celular durante o processo de poliploidização das células trofoblásticas gigantes de camundongo. Cláudia Regina Gonçalves. Dia 9 às 14 horas.

Mestrado

- Identificação e sequenciamento de genes envolvidos nos reparo de DNA por excisão de nucleotídeos (NER) em cana de açúcar (Saccharum sp.). Carla Ivane Ganz Vogel. Dia 9 às 14 horas.

- Modulação gonadal dos efeitos da testosterona e da arginina na regulação da expressão gênica do hormônio de crescimento (GH) em ratas. Carolina Jungers de Siqueira Chrisman. Dia 9 às 14 horas.

- Inibição in vitro da Enterohemolisina (EHly) produzida por Escherichia coli enteropatogênica pela lipoproteína de alta densidade (HDL). Patrícia de Maria Silva Figueiredo. Dia 9 às 14 horas.

- Canais para K+ em membrana apical de células de túbulo proximal de rato transformadas (IRPTC)". Daniel Hatem. Dia 9 às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-7439




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