São Paulo, 09 de setembro de 2002 n.1044/02.


A nomeação do alto escalão
do Banco Central do Brasil

Os presidentes e diretores do Banco
Central são escolhidos conforme padrões
e perfis diferenciados. Os critérios dessa
nomeação foram pesquisados na FFLCH



MAC apresenta a exposição Operários na Paulista


Na Estação Ciência, curso sobre a presença africana no Brasil


FIA promove cursos sobre varejo




Destaques


A política de nomeação de presidentes e diretores
do Banco Central do Brasil

Valéria Dias

Entre as diversas atribuições do próximo Presidente da República, uma delas será de fundamental importância para a política econômica do País: a escolha do presidente e dos diretores do Banco Central. Um estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP mostra que estes executivos são nomeados segundo padrões que variam conforme a gestão do Governo Federal e as especifidades de cada diretoria do BC. Esses padrões foram identificados pela pesquisadora Cecília Olivieri a partir da análise dos perfis dos nomeados - profissionais do mercado financeiro, burocratas e acadêmicos.

Os dados constam em seu estudo A política de nomeação do alto escalão do Banco Central do Brasil (1985-2000), mestrado defendido em maio deste ano no Departamento de Ciência Política da FFLCH, sob a orientação da professora Lourdes Sola. A pesquisa traz um histórico de como foram feitas as nomeações do alto escalão do BC durante o período de 1985 a 2000. Cecília Olivieri analisou currículos e entrevistou ex-presidentes e ex-diretores do Banco. Dos 13 presidentes do período referente ao estudo, Cecília conseguiu falar com sete deles. Com isso, a pesquisadora estabeleceu padrões e perfis diferenciados para a nomeação de presidentes e diretores.

Segundo a pesquisa, no governo Sarney houve predominância de profissionais do mercado financeiro na presidência do BC. No governo Collor, de acadêmicos que também atuavam no mercado financeiro. No de Itamar Franco, de burocratas. E, no governo Fernando Henrique Cardoso, de acadêmicos com experiência no mercado privado. "Nos oito anos de governo FHC, tivemos como presidentes do Banco Central: Pedro Malan, destacado acadêmico e funcionário de organizações internacionais; Pérsio Arida, que tem uma carreira acadêmica sólida e trabalhou em bancos privados; Armínio Fraga, que sempre conciliou atividades acadêmicas e em instituições financeiras privadas; e Gustavo Franco, que começou como acadêmico, passou por cargos no governo e agora trabalha no mercado privado", diz Cecília. Segunda ela, a única exceção do governo FHC é Gustavo Loyola, funcionário de carreira do BC. "Essa exceção, entretanto, confirma a regra, pois Loyola, à semelhança dos demais presidentes deste período, também fez pós-graduação em economia e trabalhou no mercado financeiro."

Quanto às diretorias, o estudo mostra que os funcionários de carreira predominam nas diretorias ligadas a funções administrativas, de fiscalização e de controle, e que requerem maior conhecimento da máquina burocrática. Já os profissionais do mercado financeiro e os acadêmicos predominam nas diretorias que dirigem a política cambial e monetária, e que exigem maior conhecimento do mercado financeiro nacional e internacional.

Competência técnica e confiança pessoal

O estudo também mostra que são dois os critérios básicos usados para a nomeação de presidentes do BC: competência e confiança. "A competência refere-se ao conhecimento técnico e indica alta exigência quanto à formação e à experiência. Muitos nomeados são pós-graduados e predomina a especialização nas áreas de economia, administração e contabilidade", afirma. "O critério de confiança pessoal, por sua vez, não significa amizade, mas identidade de idéias, experiência em trabalhos conjuntos anteriores e reconhecimento da competência técnica pelos pares."

O presidente e os diretores do BC são nomeados pela Presidência da República, mas essa indicação deve ser aprovada pelo Senado Federal. "A sabatina foi estabelecida pela Constituição de 1988 e, desde então, houve aprovação de 100% dos presidentes e diretores", conta Cecília. "Isso pode indicar um grau muito baixo de influência do Senado na escolha dos dirigentes do BC e, consequentemente, uma enorme liberdade do Presidente da República na escolha dos indicados. O significado desta disparidade para as exigências de responsabilização política do BC, intrínsecas a um regime democrático, ainda devem ser analisadas."

Mais informações: e-mail cecilia.olivieri@ig.com.br



Mostra do Grupo Santa Helena resgata cotidiano de imigrantes
e trabalhadores dos anos de 1930

Juliana Kiyomura Moreno

Para homenagear os cem anos de nascimento do artista Francisco Rebolo Gonsales e lembrar os trabalhos de Aldo Bonadei, Alfredo Rullo Rizzotti, Alfredo Volpi, Manoel Martins e Mário Zanini, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP apresenta, a partir do próximo dia 17 na Galeria de Arte do Sesi, a exposição Operários na Paulista  - MAC USP e artistas artesãos.

Como bem definiu Mário de Andrade eram "artistas proletários". Enfrentavam a vida pintando paredes, decorando igrejas e trabalhando duro como os outros imigrantes e filhos de imigrantes do início dos anos de 1930. Mas, nas horas vagas, eles deixavam a vocação de artista aflorar. Foi esta vida, dividida entre o trabalho pesado e a arte, que os uniu num grupo que, anos mais tarde, foi denominado pelos críticos como Grupo Santa Helena.

Sob a curadoria da diretora do MAC, Elza Ajzenberg, e da pesquisadora Daisy Peccinini, o público poderá apreciar cerca de 100 obras. São paisagens humildes, naturezas-mortas, retratos e cenas do cotidiano de São Paulo e dos integrantes do grupo.

Estes quadros são do acervo do MAC, de outras coleções públicas - Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e Palácio do Governo do Estado de São Paulo - e de particulares.

"Operários na Paulista vem lembrar os registros realizados em um período em que a metrópole paulista passava por grandes passos de desenvolvimento e problemas críticos, como a crise de 1929", explica Elza Ajzenberg. "Os santelenistas correspondem à situação sócio-cultural de uma metrópole em rápida expansão, com forte presença italiana. Volpi e Penacchi são italianos; enquanto Bonadei, Graciano, Rosa, Rizzotti e Zanini são filhos desses imigrantes; Rebolo é descendente de espanhóis e Manoel Martins, de portugueses".

Quase todos precisavam trabalhar duro para garantir a sua sobrevivência e a de suas famílias. Raros eram os artistas considerados "modernos" que se sustentavam através de suas criações artísticas. Volpi, Rebolo e Zanini eram pintores de parede; Rizzotti, torneiro; Bonadei, bordador; Penacchi, açougueiro; Graciano, ferroviário e ferreiro e Manuel Martins, aprendiz de ourives.

Visão humana e Social

O Grupo Santa Helena surgiu durante a segunda fase do Modernismo, período em que diferenciava-se da primeira por ter um cunho mais social e menos intelectualizado. Ele começou a ganhar forma a partir de 1934, no ateliê em que Rebolo mantinha no antigo número 34, da Praça da Sé. Os outros artistas, que comporiam o Grupo, foram montando seus ateliês nos escritórios do edifício Santa Helena, demolido em 1971.

Anos mais tarde, o próprio Rebolo explicaria as origens do Grupo: "O Santa Helena não começou como um movimento. Foi tranformado em movimentos pelos intelectuais".

A exposição desta arte "pouco teórica e bastante prática", segundo as palavras da pesquisadora Daisy Peccinini, pode ser visitada até 19 de janeiro, de terça a sábado das 10 às 20 horas e aos domingo das 10 às 19 horas. A Galeria de Arte do SESI fica na Av. Paulista, 1313- São Paulo. Visitas monitoradas devem ser previamente agendadas. Entrada Franca.

Mais informações: (0XX11) 3146-7405 ou pelo site http://www.mac.usp.br




Cursos, Seminários e Palestras


Presença africana na cultura brasileira

A Estação Ciência da USP oferece o curso Conhecendo a presença africana na cultura brasileira, que acontecerá de 14 de setembro a 14 de dezembro, sempre aos sábados, das 9 às 12 horas. O objetivo é melhorar a formação de educadores que trabalham com o tema. As inscrições custam R$ 50,00 e podem ser feitas no local ou por fax, com comprovante de depósito bancário, até a data de início, se houver vagas. A Estação Ciência fica na rua Guaicurus, 1274/1394, Lapa, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3675-8828



Ecologia de biomas

O Instituto de Biociências (IB) da USP está com inscrições abertas até o dia 27 de setembro para o curso Ecologia dos principais biomas brasileiros, que acontece de 1o de outubro ao dia 28 de novembro, que será ministrado pelo professor Leopoldo Magno Coutinho. As aulas acontecem no próprio IB (rua do Matão, s/n, Cidade Universitária, São Paulo) todas as terças e quintas, das 19h30 às 22h30. As inscrições custam R$ 20,00.

Mais informações: 3091-7538 ou fax 3091-7536



A enfermeira e o controle da dor

Até quarta-feira (12), o Núcleo de Estudos em Enfermagem e Dor, da Escola de Enfermagem (EE) da USP, estará recebendo inscrições aos interessados em participar do IV Simpósio A enfermeira e o controle da dor, que acontece no sábado, dia 14. O objetivo é aos profissionais da área complementação em seus conhecimentos sobre o assunto, bem como melhorar a atuação junto a doentes com dor. O encontro terá lugar no Anfiteatro da EE/USP, na avenida Dr. Éneas de Carvalho Aguiar, 419, Cerqueira César, São Paulo. A taxa é de R$ 40,00.

Mais informações: (0XX11) 3016-8999 ou pelo e-mail kikic@terra.com.br



Cursos sobre varejo

O Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), ligada à Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP oferece os seguintes cursos:

Operações e Logística no Varejo, de 7 a 9 de outubro, no primeiro dia das 14 às 18 horas, nos dois dias finais, das 9 às 18 horas. O objetivo é apresentar os principais tópicos na área de logística e suas aplicações no contexto do varejo. O custo é de R$ 980,00.

Varejo e internet: cenário atual e tendências, de 7 a 23 de outubro, às segundas e quartas-feiras, das 19 às 23 horas. Curso de introdução, com o objetivo de fornecer uma visão inicial do funcionamento da internet e dos impactos da nova tecnologia na forma de realizar negócios nas empresas. O custo é de R$ 1180,00 divisíveis em dois pagamentos.

Os dois cursos ocorrerão no Centro de Treinamento da FIA, que fica na rua José Alves Cunha Lima, 172, Butantã, São Paulo. As inscrições podem ser feitas até a véspera, se houver vagas, pela internet na página http://www.provar.org ou na sede do Provar, que fica na avenida Luciano Gualberto, 908, sala "G", 121, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-6045 / 3813-6467 ou pelo e-mail nizah@fia.fea.usp.br




Agenda Cultural


Cinema brasileiro contemporâneo

Dando continuidade à programação da Mostra de Cinema Brasileiro Contemporâneo, o Cinusp apresenta, de segunda (9) à sexta-feira (13), os filmes "Carrego comigo", "Sonhos tropicais", "Abril despedaçado" e a pré estréia de "Rocha que voa".

"Carrego Comigo" (documentário, 35mm, 2001, 63'). A direção é de Chico Teixeira e reúne alguns gêmeos famosos: os cartunistas Chico e Paulo Caruso, as modelos Carolina e Mariana Bittencourt e as cantoras Pepê e Neném. O documentário registra histórias curiosas sobre as confusões criadas pelos irmãos e aborda temas como a lealdade, a inveja, o ciúme, a solidão e o medo da morte. Dia 9, às 16 horas. Dia 10, às 19 horas. Dia 12, às 16 horas.

"Sonhos Tropicais" (ficção, 35mm, 2001, 120'). Direção: André Sturm. No elenco, estão Lu Grimaldi, Bruno Giordano, Carolina Casting, Ingra Liberato, José Lewgoy. Situado em 1889, o longa segue dois trajetos individuais para esboçar um retrato histórico da jovem república brasileira, em tempos de Revolta da Vacina. Dia 9, às 19 horas. Dia 11, às 16 horas. Dia 13, às 19 horas, seguido de debate com o diretor.

"Abril Despedaçado" (ficção, 35mm, 2001, 105'). Com José Dumont, Rodrigo Santoro, Rita Assemany, Ravi Ramos Lacerda e Luís Carlos Vasconcelos e direção de Walter Salles. Em abril de 1910, o filho do meio da família Breves é impelido pelo pai a vingar a morte do seu irmão, vítima de uma luta ancestral entre famílias pela posse da terra. Se cumprir sua missão, ele sabe que será perseguido por um membro da família rival, como dita o código da vingança da região. Dia 10, às 16 horas. Dia 11, às 19 horas. Dia 13, às 16 horas.

"Rocha que Voa" (documentário, 35mm, 2002, 94'). Na direção de Eryk Rocha, o longa é um filme-ensaio sobre o papel dos intelectuais na América Latina. Uma entrevista concedida por Glauber Rocha a uma emissora de rádio cubana durante seu exílio, de 1971 a 1972, é o fio condutor desta reconstituição do diálogo entre os dois principais movimentos cinematográficos latino-americanos do final dos anos 60: o Cinema Novo brasileiro e o Cine Revolucionário cubano. Dia 12, às 19h. Após a sessão, debate com o diretor Eryk Rocha e com os críticos Ismail Xavier e José Carlos Avellar.

O Cinusp fica na rua do Anfiteatro, 181, Cidade Universitária, São Paulo. A entrada é franca.

Mais informações: (0XX11) 3091-3540 / 3152 ou pelo e-mail cinusp@edu.usp.br




Livros, Revistas e Publicações


Urbanismo e modernização em São Paulo

Nesta quinta-feira (12), às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.703, São Paulo), acontece o lançamento do livro Os rumos da cidade: urbanismo e modernização em São Paulo (Editora SENAC São Paulo), de autoria do professor Candido Malta Campos, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.

Mais informações: (0XX11) 3284-4322




Quadro de Avisos


Brinquedoteca no Instituto de Psicologia

O Instituto de Psicologia (IP) da USP inaugurou no dia 15 de agosto a brinquedoteca da Tecer, que é uma unidade de tratamento para inclusão social e escolar de crianças que apresentam distúrbios graves, coordenada pela professora Jussara Falek Brauer, do Departamento de Psicologia Clínica.

A brinquedoteca oferece monitores para acompanhar as brincadeiras e é destinada a quaisquer crianças que se interessem. As inscrições não têm prazo para terminar e podem ser feitas no local, com uma foto 3X4, uma doação de brinquedo ou livro e uma taxa de R$ 5,00. A Tecer fica na rua Professor Lúcio Martins Rodrigues, 399, bloco 17, sala 16, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: 3091-4173




Teses e Dissertações


Escola de Enfermagem

Doutorado

- Imagens mentais decorrentes da audição musical erudita em dor crônica músculo-esquelética: contribuições para a utilização da música pela enfermagem. Eliseth Ribeiro Leão. Dia 17 de setembro, às14h30.

Mais informações: (0XX11) 3066-7533



Escola Politécnica

Mestrado

-Caracterização tecnológica do carvão das camadas de barro branco e bonito para fins energéticos na região de Criciúma - SC. Rosimeri Venancio Redivo. Dia 18, às 14 horas.

Doutorado

- Uma arquitetura para elaboração de experimentos virtuais interativos suportados por realidade virtual não- imersiva. Alexandre Cardoso. Dia 16, às 9h30.

Mais informações: (0XX11) 3091-5443



Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Doutorado

- Cidade Mítica: uma Poética das Ruínas ou a Cidade Vista pelo Imaginário do Artista. Maria Bernadete Mafra de Andrade. Dia 16, às 14.

Mais informações: (0XX11) 3091-4801



Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Mestrado

- A produtividade fonético-semântica e cultural da raiz indo-européia *Pel-, 'dobrar'. Josenir Alcântara de Oliveira. Dia 17, às 14h30.

Mais informações: (0XX11) 3091-4626



Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Mestrado

- Estudo da pineal em serpentes jararacas (Bothrops jararaca) e cascavéis (Crotalus durissus). Paulo Menezes Holanda Barros. Dia 17 às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-1351



Agência USP de Notícias - Divisão de Informação, Documentação e Serviços Online
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