São Paulo, 18 de setembro de 2002 n.1051/02.


Febem é analisada sob a
ótica de seus trabalhadores

Analisando o discurso dos funcionários
da Febem, pesquisador identificou que
nos momentos de crise da instituição,
esses trabalhadores são abandonados



USP e Ceeteps assinam convênio para repovoamento
do cerrado



Jung e elaboração simbólica é tema de curso no Instituto de
Psicologia


Palestra no IPq aborda diagnóstico precoce e tratamento de Alzheimer




Destaques


A Febem sob o olhar dos trabalhadores

Antonio Carlos Quinto

Decidido a implantar uma nova ótica num estudo sobre a Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem) de São Paulo, o professor de História, Fábio Bezerra de Brito, resolveu analisar os discursos de funcionários de unidades que abrigam jovens infratores naquela instituição. O objetivo foi levantar, entre essas pessoas, uma série de temas sobre a entidade na tentativa de traçar um panorama. "Percebi que há diferentes modos de se contar a história da Febem", relata o professor. Os resultados desse trabalho foram apresentados recentemente junto ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) no estudo Ecos da FEBEM. História oral de vida de funcionários da Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor de São Paulo.

"Boa parte dos estudos a que tive acesso sobre a instituição, ou abordavam temas referentes aos internos ou sobre a Febem, especificamente", justifica o pesquisador. Utilizando a metodologia da história oral, de construção de narrativas de vida, Brito entrevistou 11 funcionários da instituição, sendo cinco técnicos — psicólogos e assistentes sociais —, quatro das áreas administrativas e três monitores — que atuam diretamente junto aos internos. Depois de três anos de estudos, de 1999 a 2000, o pesquisador chegou a importantes conclusões, como por exemplo a de que a Febem ainda não conseguiu implantar um amplo projeto pedagógico para a recuperação de jovens infratores. "Muitas iniciativas foram interrompidas em detrimento de ações políticas. Se um governo iniciou um projeto, ao término de seu mandato tudo se encerra", cita.

A instituição, segundo Brito, também não consegue fornecer a seus funcionários uma diretriz de trabalho ou sequer uma preparação adequada. "O trabalhador tem como uma de suas principais funções evitar rebeliões, mesmo que para isso tenha de usar métodos com certo grau de violência", afirma. "Ao mesmo tempo, se ele cometer exageros que comprometam o nome da entidade, será abandonado e exposto à opinião pública", salienta. Assim, de acordo com o pesquisador, a Febem coloca-se numa posição de comodidade, enquanto o trabalhador permanece numa situação de abandono. "Isso aconteceu durante os períodos conturbados das grandes rebeliões ocorridas no complexo da Febem Imigrantes. Percebi que no momento em que a instituição passou a ser julgada pela opinião pública, os funcionários também sentiram-se mal e responsáveis por toda aquela situação."

Conter ou educar

Entre os diversos conflitos de opiniões dos trabalhadores percebidos durante sua pesquisa, Brito relata que há os que defendem modelos de contenção e os que preferem procedimentos de caráter mais educacionais. "Existe na instituição o uso da intimidação e da força física. Contudo, isso é resultado da visão confusa que a própria entidade possui, permitindo a contenção em detrimento de um projeto pedagógico amplo", conta. Entre a maioria dos funcionários mais antigos, que Brito considera como das "primeiras gerações" da Febem, predomina a visão da contenção. "No entanto, percebi que mesmo entre esses trabalhadores, há os que defendem medidas educacionais", diz. Na opinião do pesquisador, há a necessidade de um meio termo para a situação, já que existem jovens infratores que cometem crimes consideravelmente graves.

Brito ressalta ainda que, para que a Febem trace qualquer modelo de atuação junto aos jovens infratores o trabalhador deve ser mais ouvido. "É importante que ele se sinta com mais apoio da instituição e não relegado ao abandono. Ele tem de sentir-se parte de um processo de reeducação dos jovens infratores", recomenda. Para o professor, a instituição deve ser repensada como um todo, principalmente quanto às relações com seus trabalhadores que, ao sentirem-se abandonados, recorrem ao sindicato da categoria. "O bom relacionamento com os trabalhadores é primordial. Afinal, as gerações de jovens infratores passam e o funcionário permanece na instituição", relata.

Mais informações: (0XX11) 3714-6536 ou pelo e-mail frbrito@usp.br




USP e Ceeteps assinam convênio para repovoamento do cerrado

Fábio de Castro, especial para a Agência USP

Foi estabelecida nesta terça-feira (17) uma parceria entre o Instituto de Biociências da USP e o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps) para desenvolver um projeto-piloto de repovoamento do cerrado paulista. A experiência faz parte do Projeto Biota-Cerrado, cujo objetivo é identificar toda a fauna, flora e microorganismos do Estado.

O projeto-piloto será realizado no assentamento rural da Fazenda Reunidas, no município de Promissão, noroeste de São Paulo. Ali, alunos da Escola Agrícola do Ceeteps de Penápolis irão orientar cinco famílias assentadas para o plantio de mudas de espécies nativas do cerrado.

Segundo a coordenadora do projeto em Penápolis, Regina Teixeira, o objetivo final é tentar enriquecer as reservas com espécies de valor econômico. "O jatobá, cujo fruto pode ser usado para fazer bolos, o pequi, que é cozido com arroz, e a pimenta-de-macaco, que substitui a pimenta-do-reino sem prejudicar a saúde, são exemplos de espécies típicas que serão reinseridas no cerrado", diz.

A coordenadora afirma que estas espécies estão em processo de extinção e a própria população local já perdeu o hábito de utilizá-las economicamente. "Só os mais velhos têm o conhecimento. O projeto pretende, além de revitalizar o cerrado, recuperar essa cultura".

Após o repovoamento, o projeto prevê uma etapa de recuperação do solo do cerrado, que contém pouca matéria orgânica. "Vamos ensinar o proprietário rural a aproveitar a matéria orgânica com a técnica de compostagem e verme-compostagem aplicada à minhocultura". A intenção, segundo a professora, é que o uso do adubo natural dê condições ao trabalhador rural de diminuir custos e ter melhores condições de trabalhar o solo.

Outro benefício será a recuperação ecológica das áreas, criando um microclima que trará novas espécies animais. Os locais próximos a mananciais serão recuperados com a reciclagem do lixo, evitando o assoreamento do solo.

"O projeto será também uma extensão do aprendizado dos alunos da Escola Agrícola, que poderão ter contato com áreas de trabalho e aplicar seu conhecimento de fato", declara Regina Teixeira.

Segundo os organizadores, o projeto será ampliado posteriormente, incluindo outras escolas agrícolas e se expandindo por outras áreas. As mudas utilizadas no repovoamento serão doadas pela ONG Flora Tietê.

Mais informações: (0XX18) 652-1577, com Regina Texeira




Cursos, Seminários e Palestras


Eventos do Instituto de Física

Nesta quarta-feira (18), às 14 horas, o pós-doutorando Neemias Alves de Lima profere a palestra Teoria do Funcional da Densidade para os Modelos de Hubbard e Hubbard-Peierls. O local será a sala de seminários do edifício Alessandro Volta do IF.

No dia seguinte (19), às 16h55, acontece o colóquio Viabilidade e visibilidade de estados quânticos exóticos: Gatos de Schröedinger, etc, com o professor Antônio F. R. de Toledo Piza, no Auditório Abrahão de Moraes.

Na sexta-feira (20), às 11 horas, o seminário do Grupo de Fluidos Complexos promove a palestra Estados orientacionais e transições de fase em cristais líquidos induzidos por substratos com microtexturas, com o professor Ivan Helmuth Bechtold, no Auditório Adma Jafet.

Todos os eventos têm entrada franca, sem necessidade de inscrição prévia. O IF fica na rua do Matão, travessa "R", 187, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-6979 / 7114 / 7190



Jung e a elaboração simbólica

Até o dia 20 é possível se inscrever para o curso Jung e a elaboração simbólica: mitos, contos e recursos expressivos, mediante pagamento de R$ 240,00. Promovido pelo Instituto de Psicologia (IP) da USP, o curso se direciona a profissionais e estudantes das áreas de saúde, educação e artes. O objetivo é explorar, de maneira sobretudo vivencial, recursos facilitadores da elaboração simbólica no mundo atual. Enfocará a importância e o alcance de contos, mitos e recursos expressivos em contextos educacionais e clínicos. As aulas começam dia 30. Serão dadas todas as segundas-feiras, das 9h30 às 12 horas, na sala 23 do IP, na Av. Prof. Mello Moraes, 1721, bloco "D", Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-4172 ou 3813-8895 ou pelo site http://www.usp.br/ip/cursoseventos



Conceitos de Alzheimer para leigos

Dia 26, às 9h30, o Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP realiza a palestra Demência de Alzheimer: diagnóstico precoce e tratamentos, com Cássio Bottino, Alberto Stoppe Jr. e Ricardo Nitrini. O encontro tem como público alvo a comunidade, é gratuito e sem necessidade de inscrição prévia. O local é o Anfiteatro do IPq, na R. Dr. Ovídeo Pires de Campos, s/n, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3262-0233



Astronomia: uma visão geral

Até o dia 31 de outubro é possível fazer inscrições para o curso Astronomia: uma visão geral, promovido pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. O curso, voltado principalmente para professores de ensino fundamental e médio, além de outros profissionais das áreas de humanas e biológicas, pretende dar uma formação geral sobre o tema, incluindo as últimas descobertas científicas e as questões ainda em aberto. A taxa é de R$ 35,00. A ficha de inscrição se encontra no site http://www.astro.iag.usp.br~ceu. O evento deve ocorrer de 13 a 18 de janeiro de 2003, no IAG, que fica na rua do Matão, 1226, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-2710 ou no site http://www.astro.iag.usp.br~ceu




Agenda Cultural


Até onde vento levar

A semana cultural da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP promove, nesta sexta-feira (20), às 12h30, a peça teatral Até onde vento levar, encenada por alunos e funcionários da Faculdade. O espetáculo, com entrada franca, será apresentado no anfiteatro da FMVZ, que fica na avenida Professor Doutor Orlando Marques de Paiva, 87, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-7682



Coralusp se apresenta no Centro Cultural São Paulo

Dia 23, às 20 horas, o Coral da USP (Coralusp) se apresenta na Sala Adorniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo. Sob a regência de Márcia Hentschel, o Coralusp apresenta peças como Eu sei que vou te amar, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Los Mareados, de Juan Carlos Cobián, Verano Porteño, de Astor Piazzola, entre outras. A entrada é franca. O Centro Cultural São Paulo fica na rua Vergueiro, 1000, próximo ao metrô.

Mais informações: (0XX11) 3815-5363 / 3091-3930 / 3091-5071, com Cristina ou Lu ou pelo e-mail coralusp@edu.usp.br




Quadro de Avisos


Servidores aposentados da USP

Termina no dia 20 de setembro o recadastramento anual dos servidores aposentados da USP. O processo pode ser realizado de três maneiras: pessoalmente em um dos postos, com a apresentação do CIC, RG e comprovante de residência; pelo correio, enviando o formulário recebido em casa, após reconhecer firma por autenticidade em cartório; por um procurador legalmente designado e procuração emitida em 2002.

O recadastramento servirá também para que os aposentados façam o novo cartão de identificação USP. Para isto, devem levar uma foto 3x4 recente. Aqueles que não puderem se deslocar por motivo de doença, deverão entrar em contato com a USP.

Mais informações: (0XX11) 3091-3470 / 3397, no posto de recadastramento da capital, (0XX14) 235-8389 em Bauru, (0XX19) 3429-4334 em Piracicaba, (0XX19) 3565-4147 em Pirassununga, (0XX16) 602-3524 em Ribeirão Preto (0XX16) e 273-9135 em São Carlos



Oficinas de Contos e Bioética

Até o dia 23 estarão abertas as inscrições para as oficinas organizadas em parceria pela Faculdade de Odontologia (FORP) e Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP). A Oficina Experimental de Contos, coordenada por Carla Cristina Barizza, acontecerá no dia 25 de setembro, com a primeira turma das 10 às 12 horas, e a segunda turma, das 16 às 18 horas. A oficina Bioética Vivencial, coordenada pelo professor Edson Garcia Soares, acontecerá no dia 26 de setembro, das 14 às 17 horas. As inscrições são abertas a qualquer interessado, são gratuitas e devem ser feitas na Comissão de Cultura e Extensão da EERP, na avenida Bandeirantes, 3900, no campus da USP de Ribeirão Preto, São Paulo. As vagas são limitadas.

Mais informações: (0XX16) 602-3386



 


Teses e Dissertações


Escola Politécnica

Mestrado

- Avenidas Nova Faria Lima e Jacu-Pessego/ Nova Trabalhadores. Liane Lafer. Dia 24, às 14h30

Mais informações: (0XX11) 3091-5443



Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

Doutorado

- Ação de biofertilizantes líquidos sobre a bioecologia do ácaro Brevipalpus phoenicis. Marcos Barros de Medeiros. Dia 25, às 8 horas.

Mais informações: (0XX19) 3429-4125



Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Doutorado

- O Mito sobre O/DO/ no Brasil. Pedro Della Páschoa Junior. Dia 25, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-4801



Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Mestrado

- Aspectos radiográficos e ultra-sonográficos das neoplasias abdominais em cães. Matheus Romeiro Pinto de Almeida. Dia 25, às 9 horas.

Doutorado

- Comportamento da artéria ovárica em éguas sem raça definida. (Equus caballus, Linnaeus), 1758. Lindolfo Gonçalves Cabral. Dia 25, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-1351


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