São Paulo, 19 de dezembro de 2002 n.1116/02.


A internação psiquiátrica na
visão de dependentes químicos

Estudo mostra que pacientes internados
para tratamento de dependência
de drogas têm diferentes maneiras
de encarar sua situação



Centro Universitário Maria Antonia oferece oficinas de férias


No IOT, especialização em Acupuntura


Antonio Palocci e Aloísio Mercadante na USP




Destaques


Estudo mostra que dependentes de drogas devem ter tratamentos diferenciados durante a internação

Pedro Biava

O estudo O Farmacodependente e a internação psiquiátrica, apresentado pelo enfermeiro Josenaldo Pereira da Silva na Escola de Enfermagem da USP, buscou entender como os pacientes internados para tratamento da dependência de drogas vêem sua situação dentro da internação e o que pensam a respeito de sua condição. Com isso, o enfermeiro percebeu a necessidade de novas formas de lidar com essas pessoas.

Silva fez uma abordagem qualitativa para entender quais sentimentos são despertados, fazendo o paciente falar porque acha que está doente e o que o levou a isso. Para tal, entre julho e agosto de 2001 entrevistou e analisou 7 pacientes (2 mulheres e 5 homens) internados no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FMUSP).

O enfermeiro percebeu que, para os pacientes, o tratamento é encarado de modo contraditório. "Por um lado sentem-se como em uma prisão, sem liberdade, mas por outro, estão protegidos e sentem-se finalmente aceitos. Ao mesmo tempo em que querem estar aqui, querem sair", conta. Resumindo o sentimento dos entrevistados: "Lá fora não me aceitam por usar drogas, por outro lado, aqui não produzo nada." Esse sentimento contraditório, segundo Silva, desperta muitas inquietações, alguns não se consideram doentes e não querem estar em uma prisão, por outro lado gostam de não sofrer com o preconceito do mundo exterior.

Para o enfermeiro, a questão é que a dependência de drogas é, muitas vezes, vista pela sociedade, e até mesmo pelos internos, como um problema moral e não de saúde. "Alguns dizem que usam simplesmente porque são sem vergonha mesmo", afirma. Silva conta que tudo isso torna difícil fortalecer a idéia de que a dependência é uma doença e, como tal, deve ser tratada.

Conclusões

Com base nesse estudo, o enfermeiro diz ser possível observar e tratar o paciente de forma diferente, buscando ser mais compreensivo com as diversas manifestações de comportamento. "O que não quer dizer que vamos concordar com o uso de drogas. Podemos observá-lo e tratá-lo de forma diferente, e compreender que ele não se sente bem durante a internação mas, ao mesmo tempo, tenha medo de sair. Tudo isso nos leva a pensar em uma forma de tratamento melhor, em novas estratégias que não sejam apenas o hospital psiquiátrico", observa o enfermeiro.

Segundo o pesquisador, os dados não devem ser generalizados e muitas variáveis devem ser investigadas. Embora a população analisada tenha sido heterogênea, a maioria foi de pessoas de baixa renda. Isso talvez se explique pela importância do fator econômico no relacionamento de uma família. "É muito diferente ser um dependente rico ou pobre. O rico não precisará, por exemplo, se envolver no tráfico para conseguir alguma coisa", explica Silva.

Nos casos estudados, a maioria dos indivíduos estava internada para dependência de álcool, embora alguns fizessem uso de maconha, tabaco e, em um caso, cocaína. Cinco eram homens, "resultado talvez do fato que é muito mais aceitável pela sociedade homens freqüentando bares". Com isso os homens se expõem mais ao risco do alcoolismo no dia a dia e acaba sendo mais comum eles procurarem ajuda.

É preciso uma nova visão

As representações acerca do farmacodependente reforçam o Hospital Psiquiátrico como o centro de tratamento. O estudo mostra que para o interno a doença só é doença quando debilita. Ele só se considera doente quando não consegue mais viver direito, trabalhar ou se relacionar com outros. A busca de tratamento muitas vezes não é pela preocupação com a saúde e sim pela questão moral. Um dos entrevistados atribuiu um significado místico à dependência, atribuindo seus problemas ao demônio.

Silva lembra que não há cura para a dependência, o que se pode fazer é dar apoio e estrutura para que o paciente consiga manter a abstinência. Para isso a família é importantíssima. Para o pesquisador a idéia de abolir o uso de drogas, "infelizmente é ilusória, porque a droga faz parte da experiência humana desde os tempos mais remotos". Seja para mascarar sintomas de doença mental, seja para mascarar conflitos, a conseqüência é a mesma: o uso. "O que buscamos fazer é ajudar os indivíduos a encontrar hábitos de vida mais saudáveis para resolver seus conflitos e superar a necessidade de usar drogas. O uso de drogas é sempre igual: começa com prazer e termina com sofrimento", diz ele.

Mais informações: (0XX11) 3069-6979



Cursos, Seminários e Palestras


Oficinas de férias no Ceuma

O Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP, oferece de 20 de janeiro até 15 de fevereiro de 2003, uma série de Oficinas de Férias..

Imagem e Palavra, por Constança Lucas. Segundas-feiras, das 14 às 16 horas. Valor R$ 100,00.

Pintando o Sete, por Kátia Salvanny para crianças de 10 a 13 anos .Terças-feiras, às 9h30.Valor R$ 100,00.

Gravura, por Francisco Maringelli, Noely Pomeranz e Paulo Camillo Penna. De 28 janeiro até 25 fevereiro. Terças-feiras, às 16 horas ou às 19 horas. Valor R$ 100,00.

Desenho e Observação com Modelo Vivo, por Paulo Barreto. Quartas-feiras, às 14 horas. Valor R$ 120,00.

Cor, por Kátia Salvanny. Quintas-feiras, às 14 horas. Valor R$ 100,00.

Fotografia, por Inaê Coutinho. Quintas-feiras às 15 horas. Valor R$ 150,00.

As inscrições podem ser feitas até a data do evento ou enquanto houver vagas. São oferecidos descontos para aposentados, professores e estudantes. O Ceuma fica na rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, São Paulo, SP.

Mais informações: (0XX11) 3255 5538 / 7182



Especialização em acupuntura

Entre os dias 2 e 31 de janeiro de 2003, estarão abertas as inscrições para o Curso de Especialização em Acupuntura. O curso, acontece entre os dias 13 de fevereiro e 27 de novembro de 2003, e é oferecido pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (IOT/HC-FMUSP). O objetivo é a formação de profissionais nas técnicas de Acupuntura, para tratamento de patologias dolorosas de diversas etiologias; possibilitar ao médico uma formação especializada em Acupuntura e aprimorar seu espírito crítico no desempenho da atividade de assistência, ensino e pesquisa. Local: IOT/HCF-MUSP, que fica na Av. Ovídio Pires de Campos, 333, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3086-4106




Quadro de Avisos


Palocci e Mercadante na USP

Antônio Palocci Filho, futuro ministro da Fazenda, e Aloísio Mercadante, senador eleito por São Paulo, estarão presentes num encontro com docentes na USP, nesta sexta-feira (20), às 15 horas. O objetivo é discutir como a universidade pública pode contribuir com o novo governo. O evento faz parte do ato de lançamento do Fórum de Políticas Públicas, a ser realizar em abril de 2003. O encontro será no Anfiteatro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), na Rua do Lago, 876, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3672-3793



Leilão de Obras da Artista Plástica Sophia Tassinari

Nesta quinta-feira (19), às 20 horas, serão leiloadas 16 aquarelas da artista plástica Sophia Tassinari no Anfiteatro do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (IOT/HC-FMUSP). Trata-se de estudos de afrescos pintados na Fábrica de Tecidos e Bordados da Lapa, fundada em 1913 pelo empresário Armando Capone.

A renda será destinada a ajudar crianças com câncer ósseo, pacientes do IOT. As obras estão expostas desde novembro no saguão do IOT, sede da Galeria de Arte Godoy Moreira. O Anfiteatro do IOT fica na rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 333, 7º andar, Pinheiros, São Paulo. A entrada é franca.

Mais informações: (0XX11) 3069-7053 / 6694




Teses e Dissertações


 

Escola de Engenharia de São Carlos

Mestrado

- Investigação e análise estratégica o processo de seleção de fornecedores quanto ao estabelecimento de relações de parceria. Etienne Cardoso Abdala. Dia 20 de dezembro, às 9 horas.

Mais informações: (0XX16) 273-9235 / 9250



Instituto Oceanográfico

Mestrado

- Análise dos processos hidrodinâmicos e sedimentares da enseada da Fortaleza, Ubatuba-São Paulo. Lidiane Teixeira de Almeida Andrade. Dia 19 de dezembro, às 9 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091- 6528



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