São Paulo, 14 de fevereiro de 2002 n.901/02.


Ouvir o policial é fundamental, diz pesquisadora
Segundo Nancy Cardia, do NEV/USP, forte
hierarquização e conservadorismo na instituição
dificultam adoção de novas idéias.
"Polícia e Sociedade", série de livros,
auxilia as polícias no combate à violência




Curso na FFLCH aborda francês no contexto romântico


Abertas as inscrições para especialização em Ensino, Arte e Cultura




Destaques


Melhoria da polícia brasileira está nas mãos de seus profissionais, diz pesquisadora do NEV

Marcelo Gutierres

Para Nancy Cardia, coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, melhorar os resultados da polícia no Brasil passa, necessariamente, pela adoção de inovações propostas por seus membros, em especial pelos policiais que atuam com a população no dia-a-dia. Ela se baseia na obra Nova Polícia, de David H. Bayley e Jerome Skolnik, que trata dessa questão, e que foi traduzida para a série "Polícia e Sociedade". A série faz parte de um programa homônimo de transferência de tecnologia do NEV, em conjunto com a Fundação Ford e com a Edusp, visando facilitar o acesso de policiais brasileiros às informações sobre as mais reconhecidas técnicas de formação policial no mundo.

Nancy conta que o problema é que a inovação é "pouquíssimo estimulada" dentro de instituições como a polícia brasileira. Ela acredita que, devido à forte hierarquização e ao conservadorismo existentes nas polícias civil e militar, fica difícil a recepção de idéias que melhorem o desempenho das instituições. "Se há alguém que vai mudar a estrutura existente [na polícia brasileira], esse alguém é o próprio policial", afirma. Portanto, segundo a pesquisadora, é fundamental dar espaço aos profissionais para que manifestem suas idéias. E, sobretudo, que as instituições as implementem.

"O que vale atualmente em muitas instituições é com quem você se alia politicamente, pois é isso que possibilita galgar as posições burocráticas nelas", avalia Nancy. Para ela, a quebra dessa visão de poder é necessária para dar espaço às novas idéias. De acordo com a estudiosa, as duas polícias, militar e civil, estão focadas na estrutura administrativo-burocrática, no sentido mais conservador e antigo possíveis, e não àquela atividade final do policial, que é o policiamento. "Quando uma instituição policial é muita rígida, ela privilegia sua própria sobrevivência e não a sua missão última que é segurança pública."

Estudos internacionais

A coordenadora do NEV acredita que experiências internacionais podem ser usadas no Brasil. No caso específico do seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, ela explica que o fato de a testemunha não se lembrar de determinados momentos da ocorrência "é perfeitamente aceitável porque os estudos internacionais mostram que a atenção da pessoa fica totalmente centrada na arma presente na cena". Assim, esses estudos auxiliariam os policiais em como abordar a testemunha. "Eles revelam como trabalhar com alguém nessas condições", explica Nancy.

Para a pesquisadora, as afirmações acerca das diferenças culturais - e que, por isso, há dificuldades na adoção de práticas exercidas em outros países - não procede. Ela justifica sua posição dizendo que muito daquilo que a polícia brasileira acha que é uma experiência única, especial ou que só ela vive faz parte de um estágio da história do segmento em nível mundial. "Essa história de que a polícia é muito específica da cultura - no caso, de cada país - e que, portanto, não dá para olhar para outras instituições, é uma balela. A cultura de um país não é um indicativo que se crie uma polícia tão específica que não seja possível a comparação ou a troca de experiências."

"Polícia e Sociedade"

A série "Polícia e Sociedade" é composta de onze livros. Três deles, Padrões de Policiamento, de David H. Bayley, Polícias e Sociedades na Europa, de Jean-Claude Monet e Nova Polícia, de Bayley e Jerome Skolnilk, foram lançados pelo NEV em dezembro último. Traduzidos em português, eles mostram como a polícia pode realizar uma estratégia de atuação, a sua própria pesquisa de campo, para avaliar a qualidade do atendimento, como estimular as idéias de seus membros e aproveitá-las, entre outros.

O título Nova Polícia  é o resultado comparativo feito dentro dos EUA no começo dos anos 80. Muitas cidades norte-americanas viviam um crescimento exponencial dos índices da violência. "Justamente neste momento é o mais difícil para a polícia inovar, pois ela está sob pressão, da mídia, dos governantes e da população. Essa é a hora em que uma entidade conservadora tende a ficar ainda mais conservadora porque se fecha e vai se defender", explica a coordenadora. Os pesquisadores de lá estudaram seis cidades em que ocorreu exatamente o oposto, ou seja, no meio de crescimento da violência a polícia inovou e o índice caiu. As inovações partiram dos próprios membros da instituição. "Os policiais descobriram também que o envolvimento da sociedade era importante. Com isso, desenvolveram, à sua maneira, as parcerias com a comunidade", ressalta Nancy.

A expectativa da pesquisadora é de que as obras estimulem as pessoas a pensarem em novas saídas. "Ouvir os policiais das instituições juntamente com especialistas, para haver um arejamento de idéias, é fundamental para o atual momento em que vivemos." Em 2002, serão lançados mais cinco volumes da série. "Pretendemos trazer ao Brasil, ainda neste semestre, os autores dos livros originais para debaterem com os profissionais da área", diz Nancy.

Mais informações: (0XX11) 3091-4951 / 4965


Cursos, Seminários e Palestras


O Francês no Contexto Românico

Entre os dias 1 e 5 de março poderão ser realizadas as inscrições para o curso O Francês no Contexto Românico, oferecido pelo Serviço de Cultura e Extensão Universitária, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O curso, que será de 7 de março a 20 de junho, às quintas-feiras, das 14h às 16h, é aberto a interessados em geral. A taxa de inscrição é de R$ 105,00. E deve ser feita no prédio da Administração da FFLCH, na rua do Lago, 717, sala 126, das 9h às 11:30h e das 13h às 16:30h, Cidade Universitária.

Mais informações: (0XX11) 3091-4645



Ensino, Arte e Cultura

Estão abertas até o próximo dia 22 as incrições para o curso de especialização Ensino, Arte e Cultura, promovido pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão em Promoção da Arte na Educação (NACE / NUPAE) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O objetivo é proporcionar uma experiência significativa da formação para professores de arte por meio de um proposta estruturada que possa garantir atualização no que diz respeito ao ensino e à produção de arte. Além de aprofundar questões relativas à aprendizagem, bem como à natureza do objeto artístico, reposicionando a arte como disciplina dentro do currículo escolar. Os interessados devem apresentar cópia do RG, currículo, cópia do certificado de conclusão do curso e uma foto 3x4. As aulas e as inscrições acontecerão na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, bloco 9, sala 14, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-4430






Teses e Dissertações


Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Mestrado

- Irreversibilidade de Custos e as Decisões de Investimento das Firmas Brasileiras. Luiz Ferrua Neto. Dia 1 de março, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-5811



Escola Politécnica

Mestrado

- O processo de desenvolvimento de novos produtos: um estudo de caso de uma subsidiária local de um fabricante de veículos utilitários. Paulo Renato Campos Alt. Dia 1 de março, às 14 horas.

- Desenvolvimento de modelo para avaliação de softwares de apoio à análise de ciclo de vida. Adriana Karaver Benjamin. Dia 15, às 15 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-5443






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