São Paulo, 26 de junho de 2002 n.993/02.


Sedi Hirano será o novo
diretor da FFLCH
O professor Sedi Hirano foi escolhido
como novo diretor da Faculdade. Entre suas
propostas de gestão, a reposição
automática de docentes





Destaques


Indicado diretor da FFLCH, Sedi Hirano defende qualidade de ensino

Leandra Rajczuk

Sedi Hirano, professor titular do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP foi escolhido para ser o próximo diretor da unidade. O nome do sociólogo, nascido em Araraquara, interior do Estado, foi publicado hoje no Diário Oficial. Ele deve tomar posse no dia 25 de julho, um dia após o encerramento do mandato do atual diretor, Francis Henrik Aubert.

Em sua proposta de gestão, Hirano defende que a reposição de professores deve ser automática quando o número de docentes for inferior ao mínimo estabelecido para a manutenção da docência e da pesquisa. "A bandeira mais importante levantada nos últimos dois meses é a questão da qualidade de ensino e, portanto, formulei um programa de ação e prática acadêmica para a FFLCH baseado na autonomia do conhecimento", enfatiza o sociólogo. "Todos os departamentos da USP e, em particular, os da FFLCH devem ter um número mínimo de docentes para que essa ação e prática acadêmica possa exercer e manter o mais alto padrão de qualidade de ensino e pesquisa."

Hirano diz que a universidade é concebida como uma instituição social que se legitima quando alcança o reconhecimento público através de sua ação e prática social fundadas no princípio da diferenciação e autonomia do saber. "Essa idéia delineia o perfil acadêmico e institucional dos docentes e dos alunos da USP e, em especial, da FFLCH que encarna os ideais da universidade como instituição social", pondera. "Na unidade assumimos o princípio de que a docência e a pesquisa são indissociáveis." Nesse sentido, a FFLCH tem a tradição de formar docentes e pesquisadores para atuar em outras universidades.

Esse sistema diferencia a faculdade de outras unidades. "A FFLCH nasce enquanto uma instituição que articula a docência com a pesquisa", ressalta. "Com a faculdade surge o conceito de carreira profissional, responsável pelo prestígio da Universidade até hoje." Por essa razão, o professor acredita que a FFLCH corresponde a uma "força tremendamente inovadora".

A formação na unidade sempre foi uma experiência auto-reflexiva refinada, metódica e baseada na pesquisa. "Nosso princípio de docência formadora nunca se perdeu", diz. De acordo com última avaliação da Capes, os programas de pós-graduação da FFLCH alcançaram a média de excelência superior à média de toda a USP: 70% contra 52%.

Para Hirano, a atual situação de crise ocorre em defesa da qualidade. Segundo ele, os estudantes entraram em greve porque reivindicam melhores condições de ensino. "Numa sala de aula com 150 alunos a concepção de ensino muda para um outro patamar", avalia. "As salas superlotadas significam que a relação do aluno com o saber fica prejudicada, o que reflete uma questão qualitativa e não estatística." Ele adverte que os problemas de superlotação existem, não só nas Letras, mas também em outros cursos da FFLCH devido ao aumento de alunos nos cursos de graduação e da diminuição da taxa de evasão.

Falta de espaços

Nesse sentido, um dos pontos destacados em seu programa refere-se a questão das reformas prediais. A previsão é que se faça um reestudo específico para todos os conjuntos didáticos da FFLCH que enfrenta um problema particularmente agudo de falta de espaços. "Florestan Fernandes já levantava na década de 60 que, com avanço do ensino superior no País, nem sempre as condições das salas de aula - locais onde ocorrem as relações didáticas entre aluno e professor com o saber - tinham os espaços arquitetonicamente bem planejados", relata. "Hoje, não temos salas adequadamente preparadas para aulas e seminários porque nem sempre os arquitetos consultam alunos, docentes e funcionários com o intuito de discutir que tipo de construção do espaço é mais adequado para determinada concepção espacial."

Hirano frisa que tão logo assuma a diretoria fará um levantamento entre todos os departamentos e cursos para fazer uma ampla discussão com respeito dos conjuntos didáticos. "Minha primeira medida será tomar conhecimento do que a faculdade possui como estudos e diagnósticos", afirma. "Precisamos encontrar uma linguagem comum em defesa da FFLCH, mas também da Universidade como um todo."

Graduado em Ciências Sociais pela USP no conturbado ano de 64, Sedi Hirano teve grandes mestres como os professores Florestan Fernandes, Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. "Eles marcaram a minha formação dentro de uma linha de pensamento extremamente crítico", informa. "Nos trabalhos acadêmicos que elaborei para a obtenção dos títulos de mestre, doutor, livre-docente e titular, está presente esta preocupação pelo pensamento autônomo e crítico, onde procuro compreender os processos de transformação e constituição da sociedade moderna através do domínio dos conceitos sociológicos clássicos e modernos."

O professor havia sido o mais votado na consulta à comunidade, realizada na semana passada. Ele teve 83 votos e encabeçou a lista tríplice entregue ontem mesmo ao reitor da USP, Adolpho José Melfi, a quem coube a escolha final. Os outros dois candidatos eram Ariovaldo Umbelino de Oliveira, de geografia (21 votos) e Alfredo Bosi, de letras (17 votos).

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