São Paulo, 04 de julho de 2002 n.999/02.


Defesa do idioma no
início do século XX

Pesquisa aponta o caráter do
combate aos estrangeirismos na
década de 20, feito por
estudiosos de elite e com
restrições à linguagem popular




Curso de relações internacionais


Número 24 da revista "Comunicação e Educação"


Oficina de Criação no IP




Destaques


Pesquisa verifica análise de estrangeirismos na língua na década de 20

Da Redação, Agência USP

A pesquisa de Beatriz Protti Christiano, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, aborda o estudo do combate aos estrangeirismos feita pelos pesquisadores da língua na década de 20.

A tentativa de conter ou até mesmo eliminar da língua portuguesa vocábulos estrangeiros não é uma novidade trazida pelo projeto de lei, aprovado pela Comissão de Educação da Câmara, do deputado Aldo Rebelo (PC do B). A proposta do deputado assemelha-se em muitos aspectos ao movimento analisado pela pesquisadora.

Beatriz revela em sua pesquisa que no início da década de 1920 os estudiosos da língua já estavam preocupados com a invasão do português por palavras estrangeiras. Analisando três revistas cuja temática era a linguagem - a Revista de Língua Portuguesa, a Revista de Filologia Portuguesa e a Revista Brasiliana - Beatriz estudou as relações entre língua e raça no Brasil da década de 1920.

"Avaliei todas as referências de contatos entre línguas e relações entre língua e raça e cheguei à conclusão de que os estudiosos da época queriam bloquear a influência francesa na língua portuguesa e além disso, constatei que eles praticamente ignoravam a contribuição indígena e africana para o idioma", explica Beatriz. Alguns estudiosos pareciam igualar o conceito de língua à norma culta estabelecida, ou seja, o que saísse dessa norma era considerado uma "não língua". Através de termos como "português de gente branca", Beatriz percebeu uma nítida divisão, que separava raças e classes sociais.

Uma das preocupações da pesquisadora foi procurar saber quem eram esses estudiosos. "Queria saber se eram brancos ou negros, se eram descendentes de imigrantes, pois também havia a problemática em relação ao imigrante", conta ela. Percebeu que os 97 estudiosos eram todos membros da elite. Eram médicos, advogados, juízes e políticos, pois a Faculdade de Letras só surgiria em 1932 no Brasil. Daqueles que conseguiu os dados, todos eram brancos, apenas um era imigrante e um quinto era composto de portugueses, sendo que uma parte desses morava em Portugal.


Língua "auto-suficiente"

Apesar de admitirem que a língua não é estática, os autores dos artigos tendiam a rejeitar as mudanças lingüísticas. Cultuando os modelos de Luís de Camões, Padre Antônio Vieira e Rui Barbosa, pretendiam provar que a língua portuguesa era auto-suficiente, não precisava de palavras de outros idiomas. "Esse combate é feito de uma maneira um pouco incoerente, pois eles não se incomodam com palavras vindas do árabe, como azeite e almofada, mas dão extrema importância a envelope, palavra de origem francesa", explica Beatriz. É como se não fosse o mesmo movimento.

A deturpação lingüística pelos estrangeirismo é atribuída, na visão desses estudiosos, aos "semi-letrados". Esses não eram o povo, pois o povo não tinha uma segunda língua, mas aqueles que "têm na cabeceira só livros franceses ou péssimas traduções deles", como aparece escrito em um dos artigos. O que se observa é que muitas vezes a disputa lingüística era um reflexo da velha disputa literária.

O movimento não teve continuidade. Algumas palavras que eles condenavam não ficaram, porque as palavras se perdem mesmo. Mas a maioria das palavras que eles combatiam continua sendo usada e as palavras que eles propuseram não foram incorporadas. Beatriz argumenta que "é complicado tentar mudar a língua por decreto. Se o falante e a sociedade que aquela língua representa forem valorizados, a língua será valorizada. Ela vem junto com o resto da cultura".

Mais informações: (0XX11) 3091-4612/4939

Fonte: Marina Bueno, da Sala de Imprensa da FFLCH





Cursos, Seminários e Palestras


Curso de relações internacionais

Dia 30 de julho, o Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais (Nupri) da USP, estará abrindo inscrições para o Curso Relações Internacionais Contemporâneas que será realizado de 17 de agosto a 30 de novembro de 2002. No curso serão discutidos temas de Política Internacional, Globalização, Cooperação e Interdependência e Novos Conflitos Internacionais.

Estes temas são de relevância para acadêmicos, empresários ou mesmo aqueles que utilizam a informação como instrumento de trabalho, podem participar graduandos e formados em qualquer curso. A inscrição para uma das 80 vagas custa R$50 e pode ser feita no próprio Nupri até dia 7 de agosto. O Nupri fica na rua do Anfiteatro, 181 - Colméia - Favo 7, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-3061


Oficina de Criação no IP

O Instituto de Psicologia (IP) da USP, realiza às terças-feiras, a Oficina de Criação Arte de Papel. Coordenado pela professora Tânia Maria José Aiello Vaisberg e pela psicóloga Fabiana Follador, a oficina proporciona condições de crescimento emocional, quando o indivíduo está interessado no cuidado e desenvolvimento das potencialidades que tornam cada pessoa um ser absolutamente singular. O endereço é Av. Prof. Mello Moraes, 1721. Bloco D , salas 209 e 211, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 5096-1378 e 3818-4178



Livros, Revistas e Publicações


Número 24 da revista "Comunicação e Educação"

O número 24 da revista quadrimestral "Comunicação & Educação" traz uma série de artigos com resultados científicos voltados para um público que não é especialista na área, como jovens estudantes, pais, e professores. A revista é um publicação do curso de Pós-Graduação lato sensu Gestão de Processos Comunicacionais, do Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP, em parceria com a Editora Salesiana. Os destaques da edição são uma entrevista com o cineasta Ruy Guerra e o depoimento com Renato Tapajós.

Comunicação & Educação constitui-se em espaço indispensável para a reflexão crítica sobre a produção cultural dos meios de comunicação e seu diálogo com a sociedade.

Mais informações: (0XX11) 3091-4063 ou e-mail comueduc@edu.usp.br



Teses e Dissertações


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Mestrado

- A obra de Adolf Franz Heep no Brasil. Marcelo Consiglio Barbosa. Dia 12, às 16 horas.

Doutorado

- O Projeto de Arquitetura como Co-gestante do Devir de um Território Ocupação e Transformação Sócio-Espaciais na Serra do Cipó. Heloísa Gama de Oliveira. Dia 12, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091- 4801


Escola Politécnica

Doutorado

- O mapa de Isso-velocidades como ferramenta de controle ambiental. Wilson Siguemasa Iramina. Dia 18, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-5443


Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação

Mestrado

-Enlaçamentos Bordantes. Hildebrane Augusto dos Santos. Dia 19, às 14 horas.

Mais informações: (0XX16) 27 3-9638


 

Agência USP de Notícias - Divisão de Informação, Documentação e Serviços Online
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