São Paulo, 25/02/2003 - Boletim nº 1140

educação
Educadores apontam falhas
na Progressão Continuada

Professores da rede pública ouvidos em estudo afirmam que dificuldades de ensino foram "mascaradas". Dentre as falhas: a forma autoritária da implementação
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Congresso mostrará avanços
no tratamento da dor
Ceuma inaugura exposições
indivuduais

       
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Destaques

Professores da rede pública destacam problemas na Progressão Continuada

Beatriz Camargo

O Programa de Progressão Continuada implementado nas escolas não resolveu a exclusão pela qual passam alunos de classes socioeconômicas mais baixas. Segundo a psicóloga Lygia de Sousa Viégas, o problema tornou-se apenas sutil. "A exclusão simplesmente deixou de aparecer à sociedade", diz. Lygia defendeu a dissertação Progressão continuada e suas repercussões na escola pública estadual paulista: concepções de educadores, apresentada no Instituto de Psicologia (IP) da USP, sob orientação da professora Marilene Proença Rebello de Souza.

A Progressão Continuada foi instituída em 1998 pelo Governo do Estado de São Paulo, reorganizando o ensino público fundamental em dois ciclos: o ciclo I, de primeira à quarta, e o ciclo II, de quinta à oitava. Em ambos, ficou impedida a reprovação de alunos. Em seu estudo, Lygia analisou como os professores vivenciaram essa mudança no cotidiano escolar. Ela trabalhou com cerca de dez profissionais de uma escola da Capital, de ciclo II do Ensino Fundamental (antigo ginásio) e de Ensino Médio.

Segundo a pesquisadora, os professores sentiram-se desvalorizados com o programa. "Nos encontros coletivos e nas entrevistas individuais para coleta de dados, encontrei educadores irritados com a Secretaria de Educação, desinformados sobre a Lei e sentindo-se desvalorizados e perdidos para lidar com essa nova situação escolar", relata.

"Não foram dados às escolas elementos para que a Progressão fosse implementada por completo. A Lei previa acompanhamento pedagógico e psicológico às crianças que estivessem com dificuldade. Elas passariam de ano mas seus problemas seriam trabalhados", conta Lygia. "Infelizmente, o que ficou foi mesmo a 'aprovação automática', como foi apelidada".

Forma autoritária
Na opinião da pesquisadora, a decisão de implantação da Progressão Continuada veio de forma autoritária, não apenas mantendo o aluno excluído dentro da escola como excluindo também o professor do processo. "Em nenhum momento foi levada em conta a experiência educacional do professor ", constata. Ela diz que muitos dos professores entrevistados eram a favor de uma mudança educacional, mas todos se colocaram contra a Progressão Continuada como ela tinha chegado, "de cima para baixo".

"Os índices de aprovação escolar dos alunos aumentaram, mas o problema não se alterou. Ele foi mascarado", explica a pesquisadora. "Professores especialistas, formados em História ou Matemática, não sabiam lidar com alunos que estavam chegando ao ciclo II não-alfabetizados." Ela emenda: "antes, o dado de que 30% das crianças reprovavam o ano era um sinal de que a escola estava fracassando. Hoje, os números não mostram isso claramente".

Outro aspecto levantado pelos educadores foi a diminuição da cobrança da família em relação à escola e provavelmente aos alunos. "Os professores diziam que muitos pais estavam mais satisfeitos porque seus filhos tinham 'deslanchado' no ensino e pararam de repetir de ano", relata a psicóloga.

Para Lygia, a decisão da não-reprovação obedeceu principalmente a critérios econômicos. "Existe uma visão de que o aluno de baixa renda da rede pública não irá aprender de qualquer maneira. O próprio texto que acompanha a Lei deixa claro que um aluno reprovado é um desperdício para o Estado."

O preconceito, segundo ela, é um dos motivos pelos quais a mudança não foi bem implementada. "A escola não acredita em seu aluno: a Secretaria de Educação considera o investimento no jovem de baixa renda inútil pois ele traz problemas de drogas, violência e família desestruturada e por isso não tem condições de aprender", diz. "Muitas vezes os próprios professores não acreditam que esse aluno problemático possa aprender".

Na opinião da pesquisadora, para produzir uma boa política educacional é preciso livrar-se desse preconceito. E conclui: "um maior investimento na educação, a valorização do seu profissional e a discussão dos problemas com quem os vive diariamente traria resultados positivos".

Mais informações: (0XX11) 287-7378 ou pelo e-mail lyoviegas@uol.com.br



Cursos e Palestras


Congresso mostra avanços no combate à dor
Nos dias 3, 4 e 5 de abril o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP e a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED) promovem o I Congresso Interdisciplinar de Dor (Cindor) da USP. No encontro, que acontecerá no Centro de Convenções Rebouças (Av. Rebouças, 600, São Paulo), serão apresentados os avanços e controvérsias na prevenção, diagnóstico e tratamento de dores crônicas e agudas.

Médicos, estudantes e profissionais de saúde poderão participar de mesas redondas, simpósios satélites e workshops. As inscrições feitas até dia 14 de março custam R$ 150,00 para profissionais e R$ 125,00 para acadêmicos. Após essa data, os valores são R$ 250,00 e R$ 75,00, respectivamente.

Mais informações: (0XX11) 3086-4106 ou pelo site www.saudetotal.com/cindor


Simpósio da Cultura do Feijão

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, sedia, de 12 a 14 de março o VII Simpósio da Cultura de Feijão Irrigado, voltado a engenheiros agrônomos, pesquisadores, extensionistas, produtores e demais profissionais relacionados à cultura do feijão.

As inscrições podem ser feitas até a data de início do evento, desde que haja disponibilidade de vagas. As taxas são de R$ 185,00 (até dia 5 de março) e de R$ 220,00 (após 5 de março) para profissionais, e R$ 90,00 (até 5 de março) e de R$ 100,00 (após 5 de março) para estudantes.

Mais informações: (0XX19) 3417-6604 ou pelo e-mail cdt@fealq.org.br



Agenda Cultural

Aldenora Machado expõe em Bauru
O Centro Cultural da Prefeitura do Campus da USP de Bauru expõe, até o dia 14 de março, 14 telas da artista plástica Aldenora de Souza Machado. As pinturas de acrílico e óleo sobre tela têm variados temas e formas. O horário para visitação, que tem entrada franca, é de segunda a sexta-feira das 8 às 16 horas. O Centro Cultural fica na Alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisola, 9-75, Bauru, São Paulo.

Mais informações: (0XX14) 235-8385


Ceuma inaugura exposições individuais
Nesta quinta-feira (27), o Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP inaugura uma nova série de exposições individuais dos artistas Leda Catunda, Fernanda Junqueira, Sandra Tucci, Mabe Bethonico e Rafael Campos Rocha.

A entrada é franca, e as exposições estarão abertas até 27 de abril. A abertura acontece às 20 horas, no Ceuma, na Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3255-5538


Teses e Dissertações


Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Doutorado

Diversidade de Xanthomonas spp. associadas à bacteriana em tomateiro para processamento industrial no Brasil. Alice Maria Quezado Duval. Dia 27, às 8 horas.

Determinantes morfofisiológicos de produtividade e persistência de genótipos de alfafa sob pastejo. María del Carmen Ferragine. Dia 27, às 8 horas.

Mais informações: (0XX19) 3429-4134


Faculdade de Saúde Pública
Doutorado

Características nutricionais e análise sensorial de carne de bovino precoce e adulto. Estefânia Maria Soares Pereira. Dia 27, às 14 horas.

Mais informações: (OXX11) 3081-5091


Faculdade de Economia Administração e Contabilidade
Mestrado

Normas fiscais emanadas da secretaria da receita federal e princípios fundamentais de contabilidade: uma abordagem crítica e comparativa da contabilidade na atividade de incorporação no ramo de const. Rodrigo Debus Soares. Dia 10 de março, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11)3091-5862


Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Doutorado

Da Dissolução da Metafísica à Ética do 'Amor Fati': Perspectivas da Interpretação em Nietzche. Vânia Dutra de Azeredo. Dia 10 de março, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-4626 ou pelo e-mail posgrad_fflch@recad.usp.br


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