São Paulo, 29/09/2003 - Boletim nº1283
educação
Número de docentes negros fica
estagnado desde os anos 80

Pesquisa mostra a trajetória de professores afrodescendentes e aponta que o espaço dos negros não se ampliou nas universidades públicas paulistas
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HC oferece residência
em Nutrologia
Curso sobre biodiversidade de
peixes tem inscrições abertas

       
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Destaques

Em 20 anos, o espaço para docentes negros na academia manteve-se inalterado

Simone Harnik

O último ingresso maciço de afrodescendentes na docência da universidade pública paulista ocorreu nos anos 80. A partir de então, o número de professores negros nas instituições de ensino praticamente não aumentou. Para a pesquisadora Maria Solange Pereira Ribeiro, o motivo é a diminuição da qualidade no ensino público. "Professores que entraram na vida acadêmica há 20 anos tiveram melhor formação", afirma.

Em sua tese de doutorado apresentada à Faculdade de Educação (FE) da USP, Maria Solange buscou reconstituir a trajetória escolar e profissional de 17 docentes afrodescendentes de quatro universidades públicas do Estado de São Paulo. O objetivo foi mostrar quais foram suas oportunidades e como eles chegaram à carreira acadêmica.

O primeiro desafio de Maria Solange foi localizar professores. Em uma das universidades, entre 2.000 docentes, cinco eram negros, ou seja, 0,25%, sendo que a população brasileira é composta por aproximadamente 45% de afrodescendentes, segundo o Censo Demográfico de 2000.

"Além do número reduzido, acredito que as próprias instituições universitárias têm dificuldades em reconhecer o negro", comenta Maria Solange. Quando a pesquisadora tentou encontrar os docentes com a ajuda de funcionários, percebeu que os professores eram descritos como "morenos", ou seja, evitava-se a palavra "negro". Em outra situação, o próprio docente não se reconheceu como afrodescendente, ficando fora da pesquisa.

Maria Solange encontrou os professores para seu estudo a partir do Centro de Cultura Afro-Brasileiro Congada de São Carlos. O Centro indicou um docente que foi a chave para os outros contatos. Os professores selecionados contaram sua vida escolar e profissional à pesquisadora, porém ela preferiu não revelar seus nomes, já que nem todos concordaram.

Dos entrevistados, 15 estudaram em escolas públicas de alta qualidade. A maior parte deles manteve um bom desempenho, apesar das dificuldades financeiras pelas quais muitos passaram. "Um docente, num relato emocionado, acredita que a saúde da mãe foi comprometida devido ao sacrifício de oferecer condições para a educação dos filhos", conta a pesquisadora.

Competência e preconceito
Segundo Maria Solange, os professores entrevistados tinham uma formação muito boa. A maior parte deles estudou na Europa, onde fizeram o pós-doutorado e dois, o doutorado. Vários deles entendem inclusive que sua competência pode ser uma estratégia para evitar a discriminação racial no ambiente de trabalho.

Há uma sutileza entre o que é manifestação racista e o que é competição profissional. "Um dos docentes contou que em nenhum momento tinha percebido racismo; só quando prestou o concurso para titular, nível mais alto da carreira acadêmica. Na percepção dele, um dos colegas disse algo como: 'você já foi muito longe, já basta, não?', isso por ele ser negro", explica Maria Solange. Outro professor deu o seguinte depoimento: "Como o indivíduo vai se tornar um professor, se ele não aceitar as nuances da discriminação? Os percalços existem, se eu não conseguir engolir, assimilar, e se não souber administrar tudo isso, como é que eu vou viver?

A pesquisadora percebeu também que, para aliviar o preconceito, alguns professores adotaram o casamento branco como passaporte de aceitação. "Um deles disse: 'sou sócio do clube x e nunca fui discriminado, porque sou casado com uma mulher branca, descendente de italianos.' Já as mulheres negras com atividades acadêmicas, ou permanecem solteiras ou se casam com homens com um capital intelectual inferior ao delas, pois o homem negro afirma não ter mulheres negras nos espaços que freqüenta", conclui Maria Solange.

Mais informações: solange@bae.unicamp.br, com Maria Solange Pereira Ribeiro




Cursos e Palestras

Produção animal
Até o dia 9 de outubro, produtores, estudantes ou interessados em geral podem se inscrever para o Curso de Rastreabilidade na Produção Animal, oferecido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. As atividades ocorrerão nos dias 11 e 12 de outubro e serão divididas em quatro módulos diários, com a presença de especialistas e pesquisadores na área. Assuntos como sistemas de identificação eletrônica de animais, restrições alfandegárias, rastreabilidade e biossegurança serão amplamente abordados.

O valor do curso é de R$ 200,00.

Mais informações: (0XX19) 3417-6604, com Maria Eugenia


Biodiversidade de peixes marinhos
Estão abertas até terça-feira (30) as inscrições para o curso Biodiversidade de peixes marinhos: processos ecológicos e biológicos, promovido pelo Instituto Oceanográfico (IO) da USP. Com taxa de R$ 180,00, o curso terá dois módulos, teórico e prático, sendo que o segundo será ministrado na Base do IO em Ubatuba.

As inscrições serão recebidas na Praça do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-6530 ou pelo e-mail pcunning@dialdata.com.br


Curso de Especialização em Literaturas de Língua Inglesa
O Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP oferecerá os módulos VII (O Teatro II, programado para 13 de outubro a 1 de dezembro) e VIII (Literaturas não Canônicas, a ser realizado de 15 de outubro a 3 de dezembro).

Para ambos, a taxa é de R$ 100,00, e as inscrições serão recebidas nos dias 2 e 3 de outubro, para alunos de outros módulos, 6 de outubro para professores da rede pública, 7 de outubro para professores da rede particular, 8 para graduados em Letras e 9 para demais interessados.

A FFLCH localiza-se na Av. Professor Luciano Gualberto, 403, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-5041



Publicações

O Estudo de Bacias Hidrográficas
A obra O Estudo de Bacias Hidrográficas - Uma Estratégia para Educação Ambiental, dos autores Dietrich Schiel, Sérgio Mascarenhas, Nora Valerias e Silvia A. M. dos Santos, já está disponível em livrarias universitárias e especializadas. Este livro trata-se de um projeto cooperativo prático e objetivo, unindo Brasil e Argentina, por meio das cidades de São Carlos e Córdoba, além da USP e Universidade Nacional de Córdoba.

A iniciativa conta com o fundamental apoio da Ford Foundation no âmbito do projeto mais amplo "Educação para a sociedade: melhoria do ensino básico de ciências na América Latina", coordenado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP de São Carlos e com a cooperação do CDCC, também da mesma cidade.

Mais informações no site www.rimaeditora.com.br ou pelo e-mail
vendas@rimaeditora.com.br



Quadro de Avisos


Residência em Nutrologia
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP está com duas vagas abertas para a residência em Nutrologia. Direcionado para médicos com experiência de dois anos em residência em qualquer área, o trabalho será realizado no departamento de Clínica Médica do HC-FMRP.

As inscrições podem ser feitas até o término do mês de novembro. O HC-FMRP fica na Av. Bandeirantes, 3900, Ribeirão Preto, São Paulo.

Mais informações: (0XX16) 602-3250/2366/3187



Teses e Dissertações

Instituto Oceanográfico

Doutorado

Comparação dos sistemas sedimentares profundos da Bacia Sudeste-Sul com ênfase no Sistema Misto Colúmbia. Andréa França Lima. Dia 3 de outubro, às 13 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-6528


Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto

Doutorado

Síntese e studos fotofísicos de S-Nitrosotióis ftalocianinas, úteis em terapia fotodinâmica de neoplasias. Jeane Cristina Gomes Rotta. Dia 31, às 14 horas.

Mais informações: (0XX16) 602-3675/3681


Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Doutorado

Atenção farmacêutica em equipe multiprofissional como contribuição à farmacovigilância: monitoramento de reações adversas à alfainterferona na hepatite C crônica. Maria Fernanda de Carvalho. Dia 29, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-3642


Instituto de Física

Mestrado

Instalação criogênica de uma antena gravitacional de baixíssima temperatura. Sérgio Turano de Souza. Dia 3 de outubro, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-6091


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