Destaques
Em 20 anos, o espaço para docentes negros na academia
manteve-se inalterado
Simone Harnik
O último ingresso maciço de afrodescendentes na docência da universidade
pública paulista ocorreu nos anos 80. A partir de então, o número
de professores negros nas instituições de ensino praticamente não
aumentou. Para a pesquisadora Maria Solange Pereira Ribeiro, o motivo
é a diminuição da qualidade no ensino público. "Professores que entraram
na vida acadêmica há 20 anos tiveram melhor formação", afirma.
Em sua tese de doutorado apresentada à Faculdade de Educação (FE)
da USP, Maria Solange buscou reconstituir a trajetória escolar e profissional
de 17 docentes afrodescendentes de quatro universidades públicas do
Estado de São Paulo. O objetivo foi mostrar quais foram suas oportunidades
e como eles chegaram à carreira acadêmica.
O primeiro desafio de Maria Solange foi localizar professores. Em
uma das universidades, entre 2.000 docentes, cinco eram negros, ou
seja, 0,25%, sendo que a população brasileira é composta por aproximadamente
45% de afrodescendentes, segundo o Censo Demográfico de 2000.
"Além do número reduzido, acredito que as próprias instituições universitárias
têm dificuldades em reconhecer o negro", comenta Maria Solange. Quando
a pesquisadora tentou encontrar os docentes com a ajuda de funcionários,
percebeu que os professores eram descritos como "morenos", ou seja,
evitava-se a palavra "negro". Em outra situação, o próprio docente
não se reconheceu como afrodescendente, ficando fora da pesquisa.
Maria Solange encontrou os professores para seu estudo a partir do
Centro de Cultura Afro-Brasileiro Congada de São Carlos. O Centro
indicou um docente que foi a chave para os outros contatos. Os professores
selecionados contaram sua vida escolar e profissional à pesquisadora,
porém ela preferiu não revelar seus nomes, já que nem todos concordaram.
Dos entrevistados, 15 estudaram em escolas públicas de alta qualidade.
A maior parte deles manteve um bom desempenho, apesar das dificuldades
financeiras pelas quais muitos passaram. "Um docente, num relato emocionado,
acredita que a saúde da mãe foi comprometida devido ao sacrifício
de oferecer condições para a educação dos filhos", conta a pesquisadora.
Competência e preconceito
Segundo Maria Solange, os professores entrevistados tinham uma formação
muito boa. A maior parte deles estudou na Europa, onde fizeram o pós-doutorado
e dois, o doutorado. Vários deles entendem inclusive que sua competência
pode ser uma estratégia para evitar a discriminação racial no ambiente
de trabalho.
Há uma sutileza entre o que é manifestação racista e o que é competição
profissional. "Um dos docentes contou que em nenhum momento tinha
percebido racismo; só quando prestou o concurso para titular, nível
mais alto da carreira acadêmica. Na percepção dele, um dos colegas
disse algo como: 'você já foi muito longe, já basta, não?', isso por
ele ser negro", explica Maria Solange. Outro professor deu o seguinte
depoimento: "Como o indivíduo vai se tornar um professor, se ele não
aceitar as nuances da discriminação? Os percalços existem, se eu não
conseguir engolir, assimilar, e se não souber administrar tudo isso,
como é que eu vou viver?
A pesquisadora percebeu também que, para aliviar o preconceito, alguns
professores adotaram o casamento branco como passaporte de aceitação.
"Um deles disse: 'sou sócio do clube x e nunca fui discriminado,
porque sou casado com uma mulher branca, descendente de italianos.'
Já as mulheres negras com atividades acadêmicas, ou permanecem solteiras
ou se casam com homens com um capital intelectual inferior ao delas,
pois o homem negro afirma não ter mulheres negras nos espaços que
freqüenta", conclui Maria Solange.
Mais informações: solange@bae.unicamp.br,
com Maria Solange Pereira Ribeiro
Cursos e Palestras
Produção animal
Até o dia 9 de outubro, produtores, estudantes ou
interessados em geral podem se inscrever para o Curso de Rastreabilidade
na Produção Animal, oferecido pela Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. As atividades ocorrerão
nos dias 11 e 12 de outubro e serão divididas em quatro módulos
diários, com a presença de especialistas e pesquisadores
na área. Assuntos como sistemas de identificação
eletrônica de animais, restrições alfandegárias,
rastreabilidade e biossegurança serão amplamente abordados.
O valor do curso é de R$ 200,00.
Mais informações: (0XX19) 3417-6604, com Maria Eugenia
Biodiversidade de peixes marinhos
Estão abertas até terça-feira (30)
as inscrições para o curso Biodiversidade
de peixes marinhos: processos ecológicos e biológicos,
promovido pelo Instituto Oceanográfico (IO) da USP. Com taxa
de R$ 180,00, o curso terá dois módulos, teórico
e prático, sendo que o segundo será ministrado na Base
do IO em Ubatuba.
As inscrições serão recebidas na Praça
do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária, São
Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-6530 ou pelo e-mail
pcunning@dialdata.com.br
Curso de Especialização em Literaturas de Língua
Inglesa
O Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP oferecerá os
módulos VII (O Teatro II, programado para 13 de outubro
a 1 de dezembro) e VIII (Literaturas não Canônicas,
a ser realizado de 15 de outubro a 3 de dezembro).
Para ambos, a taxa é de R$ 100,00, e as inscrições
serão recebidas nos dias 2 e 3 de outubro, para alunos de outros
módulos, 6 de outubro para professores da rede pública,
7 de outubro para professores da rede particular, 8 para graduados
em Letras e 9 para demais interessados.
A FFLCH localiza-se na Av. Professor Luciano Gualberto, 403, Cidade
Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-5041
Publicações
O Estudo de Bacias Hidrográficas
A obra O Estudo de Bacias Hidrográficas - Uma
Estratégia para Educação Ambiental, dos autores
Dietrich Schiel, Sérgio Mascarenhas, Nora Valerias e Silvia
A. M. dos Santos, já está disponível em livrarias
universitárias e especializadas. Este livro trata-se de um
projeto cooperativo prático e objetivo, unindo Brasil e Argentina,
por meio das cidades de São Carlos e Córdoba, além
da USP e Universidade Nacional de Córdoba.
A iniciativa conta com o fundamental apoio da Ford Foundation no âmbito
do projeto mais amplo "Educação para a sociedade:
melhoria do ensino básico de ciências na América
Latina", coordenado pelo Instituto de Estudos Avançados
(IEA) da USP de São Carlos e com a cooperação
do CDCC, também da mesma cidade.
Mais informações no site www.rimaeditora.com.br
ou pelo e-mail
vendas@rimaeditora.com.br
Quadro de Avisos
Residência em Nutrologia
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP está com duas vagas
abertas para a residência em Nutrologia. Direcionado para médicos
com experiência de dois anos em residência em qualquer
área, o trabalho será realizado no departamento de Clínica
Médica do HC-FMRP.
As inscrições podem ser feitas até o término
do mês de novembro. O HC-FMRP fica na Av. Bandeirantes, 3900,
Ribeirão Preto, São Paulo.
Mais informações: (0XX16) 602-3250/2366/3187
Teses e Dissertações
Instituto Oceanográfico
Doutorado
Comparação dos sistemas sedimentares profundos da
Bacia Sudeste-Sul com ênfase no Sistema Misto Colúmbia.
Andréa França Lima. Dia 3 de outubro, às 13 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-6528
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto
Doutorado
Síntese e studos fotofísicos de S-Nitrosotióis
ftalocianinas, úteis em terapia fotodinâmica de neoplasias.
Jeane Cristina Gomes Rotta. Dia 31, às 14 horas.
Mais informações: (0XX16) 602-3675/3681
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Doutorado
Atenção farmacêutica em equipe multiprofissional
como contribuição à farmacovigilância:
monitoramento de reações adversas à alfainterferona
na hepatite C crônica. Maria Fernanda de Carvalho. Dia 29,
às 14 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-3642
Instituto de Física
Mestrado
Instalação criogênica de uma antena gravitacional
de baixíssima temperatura. Sérgio Turano de Souza.
Dia 3 de outubro, às 14 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-6091
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