Destaques
Estudo feito na FMRP pode dar posse de terras a comunidades
negras do Piauí
Maurício Kanno
Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto (FMRP) da USP pode auxiliar no processo de posse de terra das
comunidades Mimbó, Sítio Velho e Gaucinha, remanescentes
de quilombos do Piauí, que vivem em situação
precária.
O estudo mostra que elas são descendentes dos quilombos que
se formaram durante o século XIX, apesar de ainda não
serem reconhecidas pelo governo federal como tal. De acordo com Cláudia
Emilia Vieira Wiezel, que fez a pesquisa em sua tese de doutorado,
há cerca de 800 comunidades do tipo no Brasil, mas somente
29 têm título da terra.
"A composição genética das comunidades continua
bem semelhante à de populações da Costa Oeste
da África, de onde vinha a maioria dos escravos para o Brasil,"
diz a pesquisadora. "É interessante ter se conservado
um reservatório tão grande de genes africanos por mais
de 250 anos."
Cláudia verificou que há grande diversidade genética
nas comunidades, entre si e dentro de cada uma, sendo que, apesar
da predominância de genes africanos, todas tinham genes europeus
e ameríndios. "O estudo foi importante para verificar
a contribuição genética africana na formação
da população brasileira."
Diferença de genes
Utilizando amostras de sangue previamente coletadas, a bióloga
analisou 12 regiões hipervariáveis do DNA. Constatou
que a porcentagem de genes africanos nas três comunidades ia
de 38% a 96,4 %, dependendo do cromossomo - parte constituinte do
DNA - , enquanto que numa população urbana de Teresina,
ia de 20% a 41 %.
Esses resultados devem-se ao semi-isolamento das comunidades, cujos
membros só se casam entre si e procuram manter sua tradição,
diferentemente das populações modernas, mais miscigenadas.
Cláudia diz que essa foi a primeira vez no Brasil em que se
fez um trabalho extenso, de modo a examinar tanto os cromossomos ligados
ao sexo, X e Y, como os não ligados, os autossômicos.
A tese foi defendida em outubro, após quatro anos de pesquisa.
"Depois que os resultados forem divulgados no meio científico,
a Fundação Palmares poderá usá-los no
Congresso", garante a pesquisadora. "Juntamente com dados
históricos e demográficos, poderá reivindicar
o título da terra para as comunidades que enfrentam o risco
de serem expulsas pelos fazendeiros da região."
A Fundação Palmares é um órgão
que tem o objetivo de zelar pelas comunidades negras remanescentes
de quilombos no País, sendo uma de suas atribuições
auxiliar seus membros a garantir suas terras.
Mais informações: (0XX16) 602-3050 ou pelo e-mail cwiezel@rge.fmrp.usp.br,
com a pesquisadora
Método desenvolvido na USP
reduz prazo de entrega de diplomas
André Chaves de Melo, especial para a Agência USP de Notícias
A Secretaria Geral da USP, em parceria com uma equipe da Escola Politécnica
(Poli), desenvolveu uma nova forma de registrar diplomas, o que permitiu
a redução dos prazos de entrega desses documentos. A novidade levou
o Conselho Estadual de Educação (CEE) a aprovar uma resolução que
recomenda às outras instituições de ensino superior universitárias
integrantes do sistema de educação do Estado de São Paulo a adoção
dessa nova metodologia.
A Secretaria Geral da USP é responsável pelo registro dos diplomas
de graduação e pós-graduação dos seus próprios alunos e das instituições
de ensino superior não-universitárias da Grande São Paulo, da Baixada
Santista e do Sul do Estado. No início deste ano foram mapeadas todas
as etapas relacionadas ao registro de um diploma como forma de se
refletir sobre as mesmas, buscando novas formas de trabalho, mais
simples, mas sem prejuízo da qualidade. "Para cada diploma ser registrado
eram realizadas 149 etapas diferentes, relacionadas principalmente
à conferência de documentos", afirma a professora Nina Beatriz Stocco
Ranieri, secretária geral da USP. "Reduzimos etapas procedimentais
e eliminamos a obrigatoriedade da apresentação de dados e informações
que não são mais necessárias em face da atual LDB, como, por exemplo,
conferência de disciplinas e carga horária entre a escola de origem
e a de conclusão do curso, e o excesso de documentos de identificação
pessoal do recém-formado."
A proposta, segundo Nina, é que agora o titular do diploma apresente
somente o certificado de conclusão do curso médio, classificação em
processo seletivo, histórico escolar, uma cópia da cédula de identidade
e outra da lista de participação no Exame Nacional de Cursos, o Provão,
na qual conste o seu nome. "Elaboramos, ainda, um novo modelo de histórico
escolar, mais funcional, o qual esperamos que seja adotado em todo
o País."
De acordo com a secretária geral da USP, isso gerou maior rapidez
no sistema, adequando os procedimentos de registro de diplomas às
idéias estabelecidas a partir da implantação da atual Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, a LDB, ocorrida em dezembro de 1996.
"A LDB acabou com os currículos mínimos, dando autonomia para cada
instituição de ensino superior definir as disciplinas e conteúdos
de seus cursos", lembra Nina.
Para a docente, até então, as instituições viviam um descompasso entre
uma lei extremamente avançada em determinadas questões e a manutenção
da Portaria nº 33, de 2 de agosto de 1978, emitida pelo Ministério
da Educação (MEC), que estabeleceu os procedimentos para esse tipo
de atividade. "Por termos autonomia, conseguimos um novo padrão de
trabalho", conta Nina. Segundo ela, o procedimento não poderia ter
sido feito sem a cooperação dos professores e pesquisadores da Poli,
coordenados pelo professor Antonio Rafael Namur Muscat, do Departamento
de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (EP). Ela também destaca
a colaboração dos professores Vahan Agopyan, e Ivan Gilberto Sandoval
Falleiros, diretor e vice-diretor da Poli, respectivamente.
Além da USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) também estão encarregadas, no Estado
de São Paulo, do registro dos diplomas emitidos por instituições de
ensino superior não-universitárias estaduais, municipais e particulares.
A USP também registra os diplomas das regiões de Sorocaba e central
do Estado, por meio de uma seção mantida em seu campus de Bauru.
Resultados
A partir deste projeto, somente neste ano foram contabilizados, até
o momento, 30.704 registros, sem contar o mês de dezembro. Destes,
28.043 pedidos chegaram neste ano, sendo 5.261 das unidades da USP
e 22.782 de outras instituições. A diferença, composta por 2.661 diplomas,
se refere ao número de pedidos que se encontravam em atraso, cerca
de metade do total geral. De acordo com Nina, em poucos meses a situação
será equacionada e o problema, eliminado.
Em outubro, ao ser convidada para integrar uma Comissão Especial criada
pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) no âmbito da Câmara de Educação
Superior para analisar possíveis mudanças nos procedimentos de registro
de diplomas no Estado de São Paulo, a professora Nina Ranieri apresentou
o projeto implementado pela USP.
Após breve análise pela Comissão e pela Câmara, que o adotaram como
proposta, foi encaminhado para o CEE, que aprovou uma nova regulamentação
para o registro de diplomas, publicada no último dia 3 no Diário Oficial
do Estado de São Paulo, e que substitui os dispositivos da Portaria
de 1978 no âmbito do Estado.
Outra questão relacionada ao registro de diplomas que recentemente
foi alvo de mudanças na USP é a revalidação de diplomas emitidos por
universidades estrangeiras. Em outubro o Conselho de Graduação (COG)
da USP aprovou uma resolução que estabelece novas normas para a questão,
ação que teve como fundamento a LDB.
Após uma série de discussões sobre os critérios para o estabelecimento
dessas normas, o que incluiu a análise de tratados internacionais
de cooperação acadêmica e cultural celebrados pelo Brasil com Portugal,
Argentina e Bolívia, além de outros firmados no âmbito do Mercosul,
optou-se pelo exame da equivalência a partir dos padrões adotados
pela própria USP em relação aos seus cursos e alunos, ou seja, a partir
da verificação do conteúdo dos cursos, da titulação e do regime de
trabalho do corpo docente.
Além desses aspectos, a competência e a qualificação do candidato
poderão ser examinadas por meio de provas, definidas e organizadas
pela unidade da USP que oferece o curso envolvido. "O procedimento
de revalidação está centralizado, legalmente, na análise da equivalência
dos cursos, o da instituição estrangeira e o da universidade que o
revalida. A obrigação legal da Universidade é averiguar tal equivalência.
Se houver, a certificação da USP comprova a formação recebida pelo
titular do diploma o que, por conseqüência, lhe possibilita o exercício
profissional no Brasil", explica a docente.
Segundo Nina, o efeito de habilitação imediata para a profissão alcança
todas aquelas para as quais não há exigência legal de exame de ordem,
como é o caso da medicina. No último dia 9, ela participou de uma
reunião promovida pela Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), para discutir os parâmetros legais
da revalidação de diplomas estrangeiros de medicina, hoje pautados,
no sistema federal, pela Resolução CNE 01/02. A proposta da USP sobre
essa questão é que as instituições que fazem a revalidação tenham
como únicos parâmetros seus próprios cursos e as exigências acadêmicas
que fazem aos seus alunos.
De 1964 até hoje, ao todo, somando seus alunos e os de outras instituições,
a USP já registrou mais de 1,344 milhão de diplomas, em um trabalho
discreto, na maioria das vezes pouco percebido pela comunidade, mas
de vital importância para os futuros profissionais e para a sociedade.
Mais informações: (0XX11) 3091-2359 ou e-mail sg@usp.br,
com a professora Nina Ranieri.
Cursos e Palestras
Índios Xikrin são tema
de palestra
Nesta quarta-feira (17), às 14 horas, o professor convidado
do Museu Nacional do Rio de Janeiro, César Gordon, proferirá
a palestra Fazendo sujeitos por meio de objetos: a importância
da cultura material nos processos de subjetivação ritual
entre os índios Xikrin do Cateté. O evento é
gratuito e acontecerá no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE)
da USP, à Av. Prof. Almeida Prado, 1.466, Cidade Universitária,
São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-4906/5070
VI Escola de Verão de Geofísica no IAG
O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas (IAG) da USP, estará com inscrições
abertas até o dia 21 de janeiro para os cursos de Geofísica.
Os temas dos cursos abrangem desde fundamentos da Sismologia até
o uso do GPS. As inscrições variam entre R$ 30,00 para
alunos da graduação e R$ 300,00 para interessados em
geral.
O IAG fica na Rua do Matão, 1.226, Cidade Universitária,
São Paulo.
Mais informações: http://www.iag.usp.br/geofisica/verao/verao.html
Paisagismo na FAU
Nesta terça-feira (16), às 14 horas, a arquiteta
paisagista Miranda Magnoli estará na Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo (FAU) da USP para discutir um pouco de sua experiência
profissional. O evento faz parte do Ciclo de depoimentos e entrevistas
com arquitetos paisagistas, organizado pelo Projeto Quapá,
do Laboratório de Paisagismo da FAU, e acontecerá no
Auditório FAUUSP. A entrada é franca.
O Auditório FAUUSP fica na Rua do Lago, 879, Cidade Universitária,
São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-4687 ou pelo e-mail
projetoquapa@yahoo.com.br
Biologia Celular e Molecular em Ribeirão Preto
De 19 a 31 de janeiro de 2004, acontecerá o 1º
Curso de Verão de Biologia Celular e Molecular da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. O curso é
destinado a alunos de graduação e sua estrutura prevê
a realização de aulas teóricas discutindo os
principais temas básicos da área, palestras de pesquisadores
apresentando suas linhas de pesquisa e também mini-cursos práticos.
Mais informações: cvbiocel@rbp.fmrp.usp.br
Teses e Dissertações
Escola Politécnica
Mestrado
Contribuição ao estudo das misturas asfálticas
com ligantes peruanos em laboratório. Lúcia Del
Pila Saez Alvan. Dia 16, às 8 horas.
Avaliação de cursos para a capacitação
de atores em gestão da bacia hidrográfica. Walkiria
Maria Sturem Vecchi Leis. Dia 16, às 10 horas.
Otimização de sistema de aquecimento solar de água
em edificações residenciais unifamiliares utilizando
o programa TRNSYS. Juliana Benoni Arruda Lima. Dia 17, às
14 horas.
Agrilogic sistema para experimentação de controle
climático de casas de vegetação. Jacinto
Carlos Ascencio Cansado. Dia 18, às 14 horas.
Propriedades de copolímero estireno-acrílico carboxilado
obtido por processo de polimerização em emulsão
multi-estágio. José Carlos Rodrigues. Dia 18, às
14 horas.
Doutorado
Proposta de arquitetura para teleconferência baseada na integração
de vídeo avatar estereoscópico em ambiente virtual tridimensional.
Robson Augusto Siscouto. Dia 18, às 10 horas.
Planejamento integrado de produção-distribuição
de cadeias de suprimentos petrolífera. Sérgio Mauro
da Silva Neiro. Dia 18, às 13 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-5443
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