Destaques
Centrinho realiza via SUS 80% dos implantes cocleares do País
Valéria Dias
Imagine uma pessoa diagnosticada com uma deficiência auditiva
grave ou severa a ponto de não poder usar os aparelhos de amplificação
sonora comuns. É para esses pacientes que o Hospital de Reabilitação
de Anomalias Cranio-Faciais (HRAC / Centrinho), da USP em Bauru, indica
o implante coclear multicanal, prótese computadorizada também
conhecida como "ouvido biônico".
O implante é formado por componentes internos e externos que
substituem o órgão de Corti (órgão sensorial
da audição). Os eletrodos do implante estimulam diferentes
partes da cóclea (região do Corti), transformando energia
sonora em sinais elétricos. Estes sinais são codificados
e enviados ao córtex cerebral, o que possibilita ao paciente
uma sensação auditiva.
"Uma das primeiras pacientes que recebeu o implante me disse
certa vez que somente conseguiu entender o porquê de um certo
passarinho se chamar bem-te-vi após ter feito a cirurgia",
conta a fonoaudióloga Maria Cecília Bevilácqua,
do Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Centrinho e professora
da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB).
Desde 1990 foram realizadas no HRAC aproximadamente 400 cirurgias,
desde em crianças com idade de um ano até em idosos.
É um procedimento caro que na rede particular pode chegar a
até R$ 80 mil (R$ 60 mil da prótese e R$ 20 mil da cirurgia),
sendo que, no Centrinho, são feitos 80% dos implantes cocleares
do Brasil via Sistema Único de Saúde (SUS).
A operação é realizada com anestesia geral e
dura de duas a três horas. Mas o paciente só passa a
ter a sensação auditiva após o período
de recuperação, de cerca de 45 dias, quando o implante
será ativado. "Só então começamos
a contar a idade auditiva dele", explica Maria Cecília
Bevilácqua.
De acordo com fonoaudióloga, o aparelho é ligado por
meio de um sistema de computação que passa dados e corrente
elétrica para o implante. Esses dados precisam ser programados
porque o sistema auditivo é individual e os ajustes devem ser
feitos um a um. "A partir daí o paciente precisará
ser acompanhado para aprender o significado dos sons", conta.
O acompanhamento, segundo a fonoaudióloga, inclui avaliações
psicoacústicas e eletrofisiológicas. Em crianças
a partir de um ano, é feito a cada dois meses; em adultos,
quatro. Gradativamente, o acompanhamento será de duas vezes
ao ano para crianças e uma vez ao ano para adultos.
Nesse aspecto, Maria Cecília destaca a importância de
uma equipe multiprofissional que auxiliará o paciente na atribuição
de significados ao mundo sonoro. Entre os profissionais envolvidos
estão fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, assistentes
sociais, psicólogos, etc. "O Centrinho é um modelo
em resultados clínicos, pois realiza acompanhamento clínico
em 100% dos casos." O Hospital conta atualmente com uma rede
informal de cerca de 60 fonoaudiólogos que fazem o acompanhamento
de implantados em diversas partes do Brasil.
O implante
"Mas infelizmente nem todo surdo pode usar esse implante",
conta Orozimbo Alves da Costa Filho, médico do Centrinho e
professor da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP. "Existem
vários graus e tipos de deficiência auditiva e a cirurgia
somente é feita segundo um protocolo com critérios que
precisam ser observados."
Costa Filho também explica que uma das diferenças entre
o implante e os aparelhos amplificadores comuns - usados pela maioria
dos surdos - é que estes últimos não amplificam
muito bem as freqüências agudas, onde estão mais
de 70% das consoantes. Além disso, o "ouvido biônico"
é implantado dentro do ouvido, por meio cirúrgico.
A parte interna do sistema é colocada por trás da orelha
(pavilhão auricular), sob a pele. É composta por um
magneto, um receptor-estimulador e um cabo com filamento de eletrodos
de 22 canais que se estende desde o receptor-estimulador até
a cóclea, e mais dois eletrodos de retorno.
A parte externa inclui um processador de fala (cuja tendência
é a miniaturização), responsável por selecionar
e codificar os sons mais importantes para a sensação
auditiva. Há também um microfone, sustentado por uma
pequena caixa, adaptada junto à parte posterior do pavilhão
auricular que capta o som ambiental. Um pequeno cabo faz a ligação
com o processador de fala. Outro componente é a bobina (antena)
transmissora e cabos: mantém-se fixa, externamente, sobre o
receptor-estimulador interno por meio de 2 magnetos.
Sensação auditiva
O som entra no sistema pelo pequeno microfone retroauricular e é
enviado ao processador de fala através do fino cabo que os
liga. O processador seleciona e codifica os elementos dos sons. Estes
códigos eletrônicos são reenviados pelos finos
cabos para o transmissor. A antena transmissora, um anel recoberto
de plástico, com cerca de 33 milímetros (mm) de diâmetro,
envia os códigos através da pele para o receptor-estimulador
através de rádio-freqüência.
O receptor-estimulador contém um circuito integrado que converte
os códigos em sinais eletrônicos especiais e os envia
pelo filamento de eletrodos, conectados por meio de um fino cabo ao
receptor-estimulador. Os sinais eletrônicos codificados são
enviados a eletrodos específicos, programados separadamente
para transmitir sons que variam em intensidade e freqüência.
Estes eletrodos estimulam fibras nervosas específicas que enviam
as mensagens ao cérebro. O cérebro recebe os sinais
e os intepreta, experimentando-se, então, uma "sensação
de audição."
O implante coclear multicanal usado pelo Centrinho é importado
dos Estados Unidos, Áustria ou Austrália. É biocompatível
(não causa rejeição), além de ser aprovado
pela Food and Drug Administration (FDA) - órgão norte-americano
que regulamenta o uso de alimentos e medicamentos - para ser usado
também em crianças.
Mais informações: (0XX14) 3234-2280 no CPA ou 3235-8156,
na assessoria de imprensa do Centrinho. E-mail cpa@centrinho.usp.br
Cursos e Palestras
Intensivo de idiomas na ECA
Para as férias, a Escola de Comunicações
e Artes (ECA) da USP está com inscrições abertas
até o dia 12 de janeiro para os Cursos Intensivo de Inglês,
Espanhol e Francês, realizados no período de 14 de
janeiro a 19 de fevereiro de 2004. São oferecidas vagas limitadas
para os níveis básico e intermediário, em turmas
de cinco a doze alunos por sala. O valor de cada módulo é
de R$ 320,00 para alunos e funcionários da ECA ou do Instituto
de Física, R$ 340,00 para demais unidades da USP, R$ 360,00
para comunidade externa e interessados da 3ª idade e professores
da rede pública pagam R$ 280,00. Todos os valores podem ser
parcelados em até duas vezes.
A ECA fica na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade
Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-4022, e-mail idiomas@edu.usp.br,
ou pelo site http://www.eca.usp.br/idiomas
Natação para crianças e adultos na EEFE
A Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP está com inscrições
abertas, até dia 9, para as vagas remanescentes dos cursos de natação
direcionados a crianças e adultos. São eles Aprendendo a Nadar
(para crianças de 06 a 09 anos), Natação para Crianças de 08 a
10 anos e Natação para Adultos de 30 a 59 anos. O número
de vagas varia de acordo com o nível e com o horário do curso, e o
preço é de R$ 180,00 à vista (parceláveis em 2x R$ 94,00 ou 4x R$
49,00) para qualquer um deles.
As inscrições devem ser feitas na própria EEFE, à Av. Prof. Mello
de Moraes, 65, Cidade Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-3182 das 9 às 16 horas
Agenda Cultural
Exposição no Ceuma
O Centro Universitário Maria Antonia da USP (Ceuma)
encerra o Ciclo de Exposições 2003 no dia 25
de janeiro de 2004 com a reunião de obras de quatro artistas
contemporâneos: Célia Euvaldo, Nydia Negromonte, Paulo
Jares, Genilson Soares & Francisco Iñarra. Ao trabalharem
com imagens, instalações e pinturas, os artistas exploram
com delicadeza o espaço do Ceuma, levando o visitante a uma
reflexão interna e da realidade de sua cidade. A entrada é
franca e a exposição pode ser visitada de segunda a
sexta, das 12 às 21 horas, e aos sábados, domingos e
feriados, das 10 às 18 horas.
O Ceuma fica na Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3257-2760
Quadro de Avisos
Aluno da Esalq é o melhor do Provão
Éverton Yoshiaki Hiraoka, formando do curso de engenharia
agronômica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq) da USP, obteve o primeiro lugar na classificação
do Provão. O aluno, de 22 anos, foi presidente do Grupo de
Estudos Luiz de Queiroz (Gelq), o qual busca aperfeiçoar a
formação profissional e pessoal do estudante.
A Esalq é uma das mais importantes escolas agrícolas
do País e em 15 de dezembro de 2003 conquistou pela quarta
vez nota A no Exame Nacional de Cursos (Provão), realizado
em junho pelo Ministério da Educação (MEC).
Mais informações: (0XX19) 3429-4485/4477
Teses e Dissertações
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Mestrado
Características reprodutivas de emas machos (Rhea americana)
criadas em cativeiro no Estado de São Paulo. Paola Almeida
de Araújo Góes. Dia 14, às 14 horas.
Isolamento e identificação de Ehrlichia canis
(Donatien e Lestoquard, 1935) em cultura de monócitos de sangue
periférico canino. Mere Erika Saito. Dia 20, às
9 horas.
Doutorado
Anemia na insuficiência renal crônica em cães
Cocker Spaniel Inglês. Márcia Kikuyo Notomi. Dia
19, às 13 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-7672/7667
|
|