Destaques
Discussão sobre o uso de drogas é incompleta
e controversa
Flávia Souza
O debate público a respeito do uso de drogas atualmente se
prende à opinião médica e camufla controvérsias.
Essa é a conclusão de uma pesquisa, realizada na Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Sociais (FFLCH) da USP, que
analisou as características dos discursos presentes nessa discussão.
O antropólogo Maurício Fiore concluiu que a classe médica
está longe de atingir um consenso, com relação
a recomendações e conceitos, e que a mídia não
é o espaço de opiniões e conhecimentos múltiplos
que afirma ser.
De acordo com Fiore, um pressuposto essencial de seu trabalho é
a visão de que o uso de drogas é um problema social
historicamente recente - coincide com a consolidação,
no século XIX, da medicina como um saber científico
e legítimo. A partir desse ponto, o debate centrou-se, no Ocidente,
sobre os eixos da medicalização (abordagem sob uma perspectiva
médica) e do crime.
Para seu estudo, o antropólogo entrevistou dez médicos
ligados a universidades - USP e Unifesp - e a instituições
que oferecem tratamento a dependentes de drogas. O pesquisador detectou
controvérsias da opinião médica a respeito da
definição do termo "drogas". Trata-se de uma
divergência semelhante à encontrada entre a população
em geral: há uma tendência a dissociar as substâncias
psicoativas legais (álcool e cigarro, por exemplo) das ilegais
(maconha, cocaína, heroína). O termo "drogas"
costuma ser empregado apenas para estas últimas.
Também há controvérsias quanto ao processo de
identificação de uma doença. "Foi praticamente
consensual a afirmação de que nem todo usuário
de drogas pode ser considerado um doente", informa o antropólogo.
Para os médicos, o principal indicador de que uma pessoa se
encontra num estado patológico de abuso está no desrespeito
às convenções sociais consideradas normais. Nesse
caso, o julgamento da situação de dependência
é transferido a familiares, amigos, colegas de trabalho e ao
próprio Estado.
Quanto às motivações para o uso de drogas, três
fatores foram apontados pelos médicos como determinantes: uma
curiosidade típica da adolescência, a busca de uma fuga
ou compensação para uma vida difícil, ou simplesmente
o prazer.
Limitações da mídia
Fiore chama a atenção para a expressiva participação
de médicos no debate público proposto pela mídia.
"Quando o assunto é especificamente o uso de 'drogas',
a presença da medicina é preponderante sobre qualquer
outra classe de especialistas", diz. Assim, numa discussão
que envolve também aspectos sociais e legais, é de se
estranhar a escassez de opiniões de juízes, antropólogos
e sociólogos, por exemplo.
Outra limitação da mídia está na apresentação
de posicionamentos dicotômicos - como ser "a favor"
ou "contra", "fazer bem" ou "fazer mal".
Dessa forma, a fala da autoridade médica é utilizada
apenas para reforçar, cientificamente, uma posição
pré-existente, moldada pela moral da comunidade.
Redução de Danos
Fiore notou uma divisão de opiniões entre o grupo
de médicos que defende uma visão mais "tradicional"
do uso de drogas e aquele que adere à chamada Redução
de Danos (RD), uma estratégia que, segundo ele, "se baseia
em fatos, e não em crenças" e que observa tanto
aspectos negativos quanto positivos do uso de drogas - como crises
de abstinência e o prazer induzido pelas drogas.
O grupo acredita que não é possível eliminar
por completo o uso de drogas - algo que a visão tradicional
toma como ideal - e defende uma "desmedicalização"
do debate. Para essa vertente, o centro da discussão deve ser
transferido das questões fisiológicas para os aspectos
sociais, culturais e psicológicos.
Mais informações: (0XX11) 3889-9429, com Maurício
Fiore; e-mail mauriciofiore@yahoo.com.br
Museu Casa de Xilogravura tem a mais completa coleção
de xilos de artistas brasileiros
André Benevides
Poucos sabem disso, mas a USP é herdeira de um dos acervos
mais completos de xilogravuras existentes no Brasil. Trata-se do acervo
do Museu Casa de Xilogravura, que se localiza em Campos de Jordão
(SP) e conta atualmente com mais de 2 mil peças, compondo a
mais representativa coleção nacional desta técnica
artística. "Nós temos obras de praticamente todos
os artistas brasileiros que produziram xilogravuras. Não existe
nada equivalente no Brasil", afirma Antonio Fernando Costella,
proprietário e mantenedor do museu, e que ainda fez diversas
obras utilizando esta técnica.
Desde 2003 está redigida a disposição testamentária
que lega o museu (o prédio onde ele está localizado
e ainda outro imóvel, que serve atualmente de moradia) e todo
seu acervo à USP. Além da extensa coleção
de xilogravuras brasileiras, o rol de obras inclui ainda trabalhos
de 300 artistas, como Lasar Segall, Hansen Bahia, Oswaldo Goeldi,
Livio Abramo, entre outros. "Além disso, compramos recentemente
uma tipografia, e estou em negociação para adquirir
um linotipo", revela. A tipografia ainda está em processo
de restauração, mas em breve já deverá
ser exposta na Casa.
Ele afirma que a USP foi escolhida para gerir o museu principalmente
pela experiência que a universidade acumulou com a manutenção
de diversos outros, como o Museu de Arte Contemporânea (MAC),
ou o Museu Paulista (mais conhecido como Museu do Ipiranga). "A
USP tem tradição, sabe administrar isso. Lá as
coisas são mais complicadas, e por isso é mais seguro.
Ninguém faz nada sozinho, é necessária a aprovação
em conselhos, etc."
Museu
A Casa Museu de Xilogravura foi fundada em 1987, após Costella
ter tomado consciência da inutilidade de uma riqueza tão
grande ser acessível a tão poucas pessoas, como acontece
com coleções particulares. Hoje, já são
cerca de vinte salas abertas ao público. "A Casa foi crescendo,
adquirindo uma dinâmica própria", observa. Sem fins
lucrativos, o museu cobra entrada de R$ 1,00 (com isenção
para excursões de escolas públicas, menores de 12 anos
e maiores de 65), e realiza cursos de arte e palestras culturais,
sempre com uma grande proporção de bolsistas.
No entanto, para que a USP mantenha a tutela do espaço, será
necessária a observância de duas condições.
A primeira é que ele continue a ser um museu de xilogravura
aberto ao público. A segunda é um tanto peculiar: que
o túmulo de seu cachorro Chiquinho permaneça no jardim
do imóvel. O estranho desejo é passível de explicação,
e revela um pouco mais sobre a figura de Costella.
"Ele tem uma importância muito grande na minha vida, mudou
muito a minha maneira de pensar as coisas", explica. Costella
escreveu um livro sobre uma viagem que fez à Europa, mas sob
a perspectiva de seu cão. "Para escrever como um cachorro,
eu precisava pensar como um". Isso o aproximou de uma visão
mais ecológica do mundo, além de abrir as portas para
um amplo mercado editorial, o da ficção.
A literatura, aliás, é outro campo das artes em que
Costella obteve sucesso. Já publicou mais de 25 livros, entre
obras técnicas, de ficção e até destinadas
ao público infanto-juvenil. Formado em direito no Largo São
Francisco, já lecionou na Escola de Comunicações
e Artes (ECA) da USP, na Faculdade de Comunicação Social
Cásper Líbero, na Escola Superior de Jornalismo de Porto
(Portugal) e outras instituições.
O Museu Casa de Xilogravura está localizado na Av. Eduardo
Moreira da Cruz, 295, Jaguaribe, Campos de Jordão. Ele fica
aberta ao público de quinta a segunda-feira, das 9 às
12 e das 14 às 17 horas.
Mais informações: (0XX12) 3662-1832, no Museu Casa
de Xilogravura
Quadro de Avisos
Incor treina juízes da FPF
no atendimento de emergências cardiovasculares
Nesta quarta-feira (22), o Laboratório de Treinamento e Simulação
em Emergências Cardiovasculares (LTSEC) do Instituto do Coração
(Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina
da USP treinará uma equipe de juízes da Federação
Paulista de Futebol (FPF). O treino acontece na sede do Rotary Club
de São Paulo, entre 8h30 e 17h30.
O curso Ressuscitação Cardiopulmonar e Noções
de Desfibrilação para a FPF orientará os
juízes inscritos na Federação para atendimento
de emergências cardiovasculares em campo. Os juízes treinados
nesta etapa atuarão a partir de 4 de janeiro, quando tem início
a Copa São Paulo de Juniores, que reunirá 88 clubes
brasileiros na categoria. A intenção da FPF é
que todos os 216 juízes federados estejam orientados sobre
ressuscitação cardiopulmonar e em noções
de desfibrilação até o início do Campeonato
Paulista, em março de 2005.
Desde 2001, o LTSEC ministra cursos de suporte básico (BLS)
e avançado (HLS) de vida e manuseio de desfibriladores externos
automáticos (DEA), tanto a médicos e profissionais de
saúde, como a leigos. Nesse período, o LTSEC treinou
8 mil pessoas, nas mais diferentes localidades do País.
No caso de leigos, como os juízes da FPF, o curso do Incor
prepara o aluno para usar os DEA´s com familiaridade, incluindo
cuidados com o aparelho e sua manutenção. Com isso,
desmitifica a ação da desfibrilação como
ato exclusivo do médico. O BLS tem duração de
quatro horas e apresenta o uso do DEA integrado às técnicas
de ressuscitação básicas.
O curso capacita o aluno para manobras de desobstrução
de vias aéreas por corpo estranho (manobra de Heimlich) e ventilação
com máscaras. Ensina também a correta posição
das mãos para a massagem cardíaca. A técnica
pedagógica do curso, com vídeos intercalados com cada
manobra treinada em manequins, traz dinamismo ao aprendizado e sua
correta transposição para situações reais.
Mais informações: (0XX11) 3069-5437/5616 e 9647-6008,
com Rita Amorim, na Assessoria de Imprensa do Incor
Alunos da EESC são premiados em concurso
Dois alunos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da
USP foram premiados no Concurso Nacional: Projeto de Trocador de
Calor do Programa TMT-Motoco do Brasil de Incentivo à Criatividade
Tecnológica (Exercício 2004).
Paola Sant'anna e Leandro Iezzi, ambos do curso de Engenharia Mecânica,
ficaram em segundo e terceiro lugar na competição, respectivamente.
Dos 58 inscritos, 14 foram selecionados para receber auxílio
financeiro e desenvolverem protótipos de seus trabalhos. A
competição consistiu na montagem de um trocador de calor
do tipo carcaça e tubos.
Realizado pela empresa TMT-Motoco do Brasil, o concurso destaca-se
por propiciar aos alunos um contato direto com a prática dos
conhecimentos adquiridos na graduação.
Mais informações: (XX16) 3373-9531 ou site http://www.sc.usp.br
Escolhido novo diretor da FMRP
No último dia 15 foi confirmado oficialmente o nome do professor
Marcos Felipe Silva de Sá para ocupar o cargo de diretor da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. O reitor,
Adolpho José Melfi, selecionou o novo ocupante do cargo a partir
da lista tríplice votada pelos colegiados da Faculdade no dia
7.
Sá deve assumir no dia 7 de março de 2005, quando termina
o mandato do atual diretor, Ayrton Custódio Moreira.
Mais informações: (0XX16) 602-3058
Fonoaudióloga da USP recebe prêmio
A fonoaudióloga Maria Cecília Bevilacqua ganhou o prêmio
"Fonoaudióloga Destaque do Ano de 2004". Ela é
coordenadora do Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Hospital
de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (Centrinho)
da USP e professora do departamento de Fonoaudiologia da Faculdade
de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.
Ela foi premiada devido à sua trajetória profissional
no campo do ensino, pesquisa e extensão de serviços
à comunidade, desenvolvendo projetos relativos à saúde
auditiva, entre outros. A profissional tem significativa participação
no desenvolvimento e incremento da fonoaudiologia no Brasil, incluindo
participações em eventos científicos internacionais
O prêmio foi outorgado pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia
(CFO) em evento realizado dia 9, Dia do Fonoaudiólogo, na Assembléia
Legislativa de São Paulo. A cerimônia de premiação
ocorrida em São Paulo contou com a presença de profissionais
do HRAC, amigos e familiares.
Mais informações: (0XX14) 3235-8203 ou (0XX14) 8117-9953
Projeto Acessa São Paulo recebe Prêmio Gestão
SP
O projeto Acessa São Paulo, do Governo do Estado de
São Paulo, recebeu o Prêmio Gestão SP,
no último dia 22 de novembro, por suas contribuições
à modernização administrativa do Estado.
A iniciativa, que capacita agentes comunitários de saúde
por meio da internet e é executada pela Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo, tem assessoria da Escola do Futuro da
USP.
Cerca de 67 infocentros compõe o projeto, que tem como objetivo
combater a exclusão digital, estimulando o desenvolvimento
humano e social das comunidades carentes da cidade de São Paulo.
Além disso, Acessa São Paulo foi premiado no Global
Junior Challenge 2004, concurso internacional promovido pela prefeitura
de Roma que destaca as iniciativas mais inovadoras no uso das Tecnologias
de Informação e Comunicação voltadas a
jovens.
Mais informações: (0XX11) 3253-7052, http://www.acessasaopaulo.gov.br/
e http://www.futuro.usp.br/
Cepam comemora 37 anos
A Fundação Prefeito Faria Lima (Cepam), comemorou nesta
terça-feira (21) os 37 anos da instituição. Na
cerimônia, que teve a presença do governador Geraldo
Alckmin, foram certificados 25 municípios que formam o Comitê
de Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
(CBH - PCJ). Além disso, aconteceram também a assinatura
de atos e decretos, o descerramento de placas comemorativas, a inauguração
das instalações do Centro de Difusão do Municipalismo
Governador André Franco Montoro e a entrega do Prêmio
Chopin Tavares de Lima aos finalistas do Programa Novas Práticas
Municipais.
Estavam presentes no evento, além do governador, o presidente
da Assembléia Legislativa do Estado, Sidney Beraldo, o presidente
do Cepam Sílvio Torres e o secretário estadual de Segurança
Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, entre outras autoridades.
Mais informações: (0XX11) 3811-0329 / 0323 ou site
http://www.cepam.sp.gov.br
Fundação Vanzolini recebe prêmio de qualidade
hospitalar
A revista Fornecedores Hospitalares concedeu à Fundação
Vanzolini, gerida por professores de Engenharia de Produção
da Escola Politécnica (Poli) da USP, o prêmio Top Hospitalar
2004 na categoria "Acreditação Hospitalar".
Já na sétima edição, o Top Hospitalar
tem como objetivo destacar as marcas mais expressivas no mercado brasileiro
de produtos, equipamentos e serviços médico-hospitalares.
A escolha dos homenageados é feita por meio de uma pesquisa
com mais de 100 mil profissionais, que respondem a questionários
encartados em publicações voltadas ao segmento e distribuídos
em hospitais, laboratórios, eventos e empresas de saúde.
A missão da Fundação Vanzolini é disseminar
conhecimentos de engenharia de produção e administração
industrial por meio da realização de cursos e projetos.
O Prêmio Top Hospitalar foi entregue no dia 14 de dezembro,
no Credicard Hall, em São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3814-7366
Teses e Dissertações
Escola de Engenharia de São Carlos
Mestrado
Comparação entre modelos empíricos e semi-empíricos
de predição de cobertura móvel celular: estudo
de caso em ambiente outdoor. Marcelo Eustáquio Pereira
Elias. Dia 14 de janeiro, às 10 horas.
Relé digital de distância baseado na teoria de ondas
viajantes e transformada Wavelet. Thiago Ferreira Valins. Dia
14 de janeiro, às 10 horas.
Mais informações: (0XX16) 3373-9235 / 9250
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Mestrado
Políticas agrárias: dinâmicas de transformações
territorias e formas de reprodução social da família
rural na região agrária do Chòkwè-Moçambique.
Claudio Artur Mungoi. Dia 12 de janeiro, às 14 horas.
A prudência no episódio do cavaleiro do Verde Gabão.
Maria Salete Toledo de Uzeda Moreira. Dia 14 de janeiro, às
14 horas.
Doutorado
Trincheiras da memória: brasileiros na campanha da Itália
(1944-1945). Cesar Ciampiani Maximiano. Dia 14 de janeiro, às
14 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-4626
Instituto de Matemática e Estatísitica
Mestrado
Desenvolvimento de algorítmos paralelos para aglomerados
com a técnica de paralelização de laços.
Ulisses Kendy Hayashida. Dia 7 de janeiro, às 17 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-6121
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