Destaques
Envolvimento com tráfico pode alterar padrões de comportamento
em jovens
André Benevides
Compulsividade, astúcia, crueldade. Estes são alguns
dos padrões de comportamento mais explícitos em jovens
envolvidos no tráfico de drogas, e é exatamente esta
inserção que os faz agir assim. É o que afirma
a psicóloga Marisa Feffermann em sua tese de doutoramento,
defendida no último mês de novembro pelo Instituto de
Psicologia (IP) da USP.
Durante três anos ela procurou conviver com jovens, entre 15
e 22 anos, de três regiões periféricas da cidade
de São Paulo (ela não revela as localidades por razões
de segurança), no intuito de ouvir experiências com o
tráfico de drogas de quem sente na pele este cotidiano. "Ao
longo da pesquisa foi possível fazer uma relação
entre as características destes jovens e as condições
que estão inseridos", explica Marisa.
Segundo ela, três fatores são determinantes para compreender
a realidade destes jovens inscritos no tráfico de drogas. O
primeiro deles é a existência de uma estrutura de organização
do trabalho, que corre paralelamente ao sistema legal. "Eles
passam por uma violência comum a todo trabalhador". No
entanto, algumas das regras são diferentes, e enquanto o trabalhador
do sistema formal teme a demissão, estes jovens pagam com a
vida por determinados erros.
Em segundo lugar, a existência de um contrato social no mundo
do tráfico. Nesta ilegalidade, o jovem adquire um lugar na
sociedade, onde tem respeito e é ouvido, tem possibilidade
de defesa. Marisa exemplifica com o debate, que é uma espécie
de tribunal do tráfico. Quando acontece alguma falha o responsável
é chamado para se explicar e, se não for convincente,
receberá uma punição, que pode inclusive ser
a pena de morte. "É um espaço onde quem está
no mundo do crime tem direito a ter voz. Quem é punido sem
um debate é considerado desrespeitado", revela a psicóloga.
O outro fator seria a crueldade, parte indissociável do cotidiano
destes jovens. Eles sofrem com a polícia e com os traficantes
maiores, além do preconceito social. "Estes jovens são
constituídos por um mundo de violência, crueldade. E
muitas vezes, de vítimas, tornam-se algozes".
Marisa diz que estes riscos constantes a que estão submetidos
determinam o comportamento destes jovens. "Eles agem em função
do modo de vida que levam. Esse tipo de risco deixa marcas nos sujeitos".
Os jovens precisam encontrar maneiras de driblar essa realidade, e
comportamentos como a compulsividade e a crueldade são formas
de se fazer isso.
Denúncia
Na opinião da pesquisadora, "os jovens denunciam, sem
consciência, o paradoxo do progresso". Se por um lado temos
tecnologias fantásticas à disposição,
por outro temos crianças morrendo de fome e epidemias. É
o descompasso entre desenvolvimento científico e social que
assola o mundo de hoje. "O tráfico de drogas, reproduz,
na ilegalidade, mecanismos que servem de base para a nossa sociedade".
E com isto ela quer mostrar que não são apenas eles
os responsáveis pela violência - como a mídia
e os órgãos oficiais acusam - mas todos nós.
"Ela (a violência) é bastante vinculada à
violência social. É uma realidade tão triste,
porque não é só deles. Nós também
somos culpados."
Pesquisa
Para fazer esta pesquisa, Marisa realizou uma série de entrevistas
com jovens traficantes, gerentes de bocas e autoridades da polícia
e do governo, além de análises mais genéricas,
como uma caracterização do tráfico paulista.
"Tenho cerca de 900 páginas transcritas de entrevistas,
com 16 depoimentos", diz ela. Seu estudo resultou em aproximadamente
450 páginas, onde ela aplica teorias de Marx, Freud e Adorno
para explicar o emaranhado de relações entre estes adolescentes,
o tráfico e a sociedade.
Mais informações: (0XX11) 3208-0378
Variação de temperatura aumenta risco de infarto
Tadeu Breda
Cerca de 12 mil pessoas morreram de infarto na cidade de São
Paulo entre janeiro de 1996 e dezembro de 1998, a maior parte delas
nos dias em que os termômetros marcavam 13ºC. Uma pesquisa
realizada pelo cardiologista Luiz Antônio Machado César,
do Instituto do Coração (InCor), e Rodolfo Sharovski,
do Hospital Universitário (HU) da USP, relacionou o número
diário de mortes ocasionadas por problemas cardiovasculares
com dados de temperatura, umidade do ar, pressão e poluição
atmosférica na região metropolitana. A conclusão
foi que dias frios favorecem a ocorrência de infarto nos paulistanos,
principalmente entre idosos.
César dividiu os dados da temperatura na cidade em dez categorias.
As mais baixas variavam entre 12ºC e 13ºC. As mais altas
iam de 25ºC a 26ºC. "A menor taxa de mortes por infarto
foi registrada nos dias em que a temperatura estava na casa dos 21,6ºC
e 22,6ºC, patamar usado como referência", explica
César. Subindo ou descendo a temperatura, observou-se aumento
progressivo nas ocorrências de infarto, sendo que "as taxas
mais altas de morte aconteceram em baixas temperaturas."
Três motivos são citados por César para explicar
a relação entre as condições do tempo
e as variações no número de infartos na população.
"No frio, os fatores de coagulação do sangue ficam
mais ativos, o que favorece a oclusão de artérias coronárias",
diz. Outro motivo é a vasoconstrição. Os vasos
sangüíneos do corpo humano, para evitar a perda de calor
em baixas temperaturas, se contraem. Em pessoas que já possuem
algum tipo de placa de gordura atrapalhando a circulação
arterial, a vasoconstrição pode provocar a obstrução
completa do vaso e, conseqüentemente, infarto. Inflamações
respiratórias, típicas de épocas frias, também
colaboram com problemas cardiovasculares.
Mudanças bruscas
"Caso o indivíduo se submeta a mudanças bruscas
de temperatura, principalmente do quente para o frio, esses efeitos
são intensificados - sobretudo a vasoconstrição",
diz César. Já o calor promove a desidratação
do corpo. "Isso faz com que o sangue apresente uma concentração
maior de células, facilitando a formação de coágulos."
Menores quantidades de água na circulação também
fazem com que a pressão arterial sofra uma queda. Idosos são
as principais vítimas dos infartos relacionados às condições
de temperatura.
Segundo César, esse tipo de estudo ainda não tinha sido
realizado em regiões de clima subtropical, como São
Paulo. Somente países de regiões temperadas fizeram
levantamentos deste tipo. "Pesquisas como estas são importantes
para termos o máximo de correlações possíveis
entre as condições ambientais e os problemas do coração.
Assim, podemos orientar melhor os cidadãos, principalmente
aqueles que possuem predisposição às doenças",
finaliza
Mais informações: (0XX11) 3069-5440
Cursos e Palestras
Programa USP Legal promove seminário no Fórum
Social Mundial
O Programa USP Legal, que visa implementar políticas
para a inclusão de estudantes e funcionários com deficiência
em todos os aspectos da vida universitária, participará
do Fórum Social Mundial, que será realizado de
26 a 31 de janeiro em Porto Alegre.
No dia 27, às 8h30, a gerente do Programa, Cláudia Regina
Pires, a arquiteta Maria Elisabete Lopes e o jornalista Carlos Gimenes
ministrarão o seminário Inclusão e integração
das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida - a experiência
nos campi da USP.
Serão discutidos o plano de atuação da USP, as
adequações arquitetônicas e urbanísticas,
adequações pedagógicas, sensibilização
da comunidade, inserção da temática nos diversos
espaços da Universidade e as abordagens dadas à deficiência
e à inclusão.
O seminário é aberto aos incritos no Fórum. Veja
mais detalhes a respeito de credenciamento e preços na página
http://www.forumsocialmundial.org.br/main.php?id_menu=8_4&cd_language=1.
Mais informações: (0XX11) 3091-2939 / 3091-3904
/ 9734-5257, com Carlos; em Porto Alegre, a partir do dia 26: (0XX51)
3339-1399 (Hotel Verdes Pássaros - recados para os quartos
13 e/ou 25); e-mail: cr-gimenes@uol.com.br
Agenda Cultural
TV Cultura exibe documentário sobre Rio Pinheiros
O documentário Rio
Marginal, produzido pela TV USP, será exibido nesta
terça-feira (25) na grade de programação especial
da TV Cultura para o aniversário da cidade de São Paulo.
O vídeo percorre a nostálgica fase de um rio que nascia
na encosta da Serra do Mar e corria sinuoso pela cidade de São
Paulo, até desaguar no rio Tietê.
Rio Marginal foi exibido na Mostra de Produção
Universitária, que aconteceu durante o VII Fórum Brasleiro
de Televisão Universitária da ABTU (Associação
Brasileira de Televisão Universitária), na Mostra Paralela
de Televisões Universitárias do Gramado Cine Vídeo
2003 e na 16ª. Mostra do Audiovisual Paulista.
O documentário vai ao ar na TV Cultura na madrugada do dia
25, às 01h45 (após o filme Sábado, de
Ugo Giorgetti).
Mais informações: http://www.usp.br/tv/
História da FFLCH é exposta na Estação
Sé
A exposição itinerante Memória FFCL-FFLCH
estará na Estação Sé do metrô a
partir do dia 31 de janeiro. A mostra permanecerá no local
durante todo o mês de fevereiro, com uma série de imagens
que contam a trajetória da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH) desde as missões européias,
responsáveis pela fundação da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras, em 1934.
O acervo passa por vários períodos da história
da instituição até chegar em 2004, apresentando
os maiores responsáveis por toda sua produção
científica e desenvolvimento acumulado em 70 anos de existência.
Memória FFCL-FFLCH foi inaugurada em março do
ano passado e já foi exibida em várias unidades da USP.
Também percorreu o Memorial da América Latina, o Museu
Paulista e o Museu de Arte de São Paulo.
Mais informações: http://www.fflch.usp.br/sdi/memoria,
no Serviço de Divulgação e Informação
da FFLCH
Museus da USP estão abertos
à visitação em fins de semana e feriados
O Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Museu de Arqueologia
e Etnologia (MAE), o Acervo de Anatomia Humana do Instituto de Ciências
Biomédicas (ICB) e o Acervo de rochas, minerais, meteoritos
e fósseis do Instituto de Geociências (IGc) da USP, estarão
abertos para visitação gratuita em fins de semana e
feriados até o dia 27 de março.
Um espaço aberto a todas as formas de diálogo e criação
que expressem a densidade da Arte Contemporânea, o MAC
traz obras que servem de ponte para todos os processos que envolvem
a vida do homem atual, espaço para todas as linguagens, poéticas
e ousadias. O MAC fica na R. da Reitoria, 160, Cidade Universitária,
São Paulo.
O MAE tem em seu
acervo aproximadamente 120 mil objetos e imagens referentes à
cultura material da América, do Mediterrâneo, do Oriente
Médio e da África, abarcando uma extensão temporal
que vai da Pré-História até nossos dias. O museu
está localizado na Av. Professor Almeida Prado, 1466, Cidade
Universitária.
O Museu do ICB
traz 1.100 peças anatômicas, 400 crânios e devidamente
identificados e 300 outras peças como reserva técnica.
O ICB fica na Av. Professor Lineu Prestes, 2415, Edifício Biomédicas
III, Cidade Universitária.
O Museu de Geociências
possui cerca de 45 mil amostras de minerais, rochas e gemas de várias
regiões do mundo, minerais de caverna, meteoritos e uma grande
coleção de fósseis. Réplicas de um Pterossauro
e de um Allosaurus fragilis (maior dinossauro predador de sua
época) atraem adultos e crianças. O endereço
do museu é R. do Lago, 562, 1º andar, Cidade Universitária.
Todos os museus ficam abertos das 10 às 16 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-3039, no MAC; (0XX11)
3091-4905, no MAE; (0XX11) 3091-7360, no Museu do ICB; (0XX11) 3091-3952,
no Museu de Geociências
Quadro de Avisos
Mutirão de catarata no HC
A Clínica de Oftalmologia do Hospital das Clínicas realiza
no dia 29 a Campanha de Catarata e Degeneração Macular
Relacionado à Idade. 260 profissionais da saúde,
sendo 120 médicos, todos voluntários, vão atender
pessoas carentes com mais de 50 anos com problemas de embaçamento
na visão. As pessoas que forem diagnosticadas com catarata
realizarão, no mesmo dia, nove exames oftalmológicos
e sairão do hospital com cirurgia marcada.
A campanha existe há seis anos. A última realizada foi
em novembro e atendeu 8 mil pessoas, sendo que 1100 foram diagnosticadas
com catarata e submetidas a cirurgia. Os interessados devem se apresentar
entre 7 e 12 horas no Hospital das Clínicas munidos de CPF
e RG. O atendimento é gratuito. O HC fica na Av. Enéas
de Carvalho Aguiar, 155, próximo à Estação
Clínicas do Metrô.
Mais informações: (0XX11) 3069-6000 ou (0XX11) 3069-6246
Teses e Dissertações
Escola de Engenharia de São Carlos
Mestrado
Proposta de um sistema integrado de monitoramento para manutenção.
Luiz Carlos Rodrigues Morenghi. Dia 4 de fevereiro, às 14 horas.
Mais informações: (0XX16) 3373-9235 / 9250
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Doutorado
Análise de própolis da Serra do Japi, determinação
de sua origem botânica e avaliação de sua contribuição
em processos de cicatrização. Cristiano Soleo de
Funari. Dia 31, às 14 horas.
Determinação de flunitrazepam e 7-aminoflunitrazepam
em soro por cromatografia líquida de alta eficiência
acoplada à espectrometria de massa em ´tandem´
com a utilização de extração ´on
line´: aspecto forense. Denize Duarte Pereira . Dia 2 de
fevereiro, às 14 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-3668
Faculdade de Medicina
Mestrado
Perdas fetais tardias, condição sócio-econômica
e poluição atmosférica: uma abordagem temporo-espacial.
Aline Carla Geraldo Jorge. Dia 26, às 9 horas.
Identificação de suspeitos de demência em três
distritos do município de São Paulo. Sérgio
Ricardo Hototian. Dia 27, às 8h30.
Doutorado
Avaliação da histologia óssea e cardiovascular
em ratos urêmicos paratireoidectomizados submetidos à
dieta rica e pobre em fósforo associada à infusão
de paratormônio. Kátia Rodrigues Neves. Dia 27, às
14 horas.
Mais informações: (0XX11) 3066-7000
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