São Paulo, 14/07/2005 - Boletim nº1667
história
Médicos e Igreja usaram
politicamente a morte infantil

Ambos os grupos utilizaram argumentos
em torno da criança e de sua morte como
instrumento para legitimar seu poder
político no Brasil do século XIX
leia...
Seminário discute formação
de professores na USP
Workshop de Kempo
Indiano no MariAntonia

       
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Destaques

Batismo e morte infantil foram usados para legitimar poder político da Igreja e de médicos

Rafael Veríssimo

Os diversos significados da morte infantil foram utilizados pelos médicos e pela Igreja Católica como argumentos para legitimar o poder político destes dois grupos durante o século XIX. A Igreja sustentou o seu discurso, sobretudo, em torno da necessidade do batismo. Já para os médicos, formados nas recém-criadas faculdades de medicina, o uso da "morte menina" esteve ligada às estratégias de profissionalização e de ingresso nas instâncias de poder político.

O historiador Luiz Lima Vailati, que estudou como a sociedade da época pensava a figura da criança e sua morte, conta que era comum um bebê não sobreviver ao parto ou chegar à fase adulta. "As famílias eram então pressionadas a batizá-los, pois havia a possibilidade de a criança morrer e não ir para o Paraíso", conta. Com esta exigência, a Igreja cuidava do cumprimento de sua rotina religiosa no País. Vailati abordou o tema em sua tese de doutorado A morte menina: práticas e representações da morte infantil no Brasil dos 800 (Rio de Janeiro e São Paulo), apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Enquanto a Igreja Católica rejeitava (e ainda rejeita) o aborto, os médicos o defendiam para os casos em que a mãe corria riscos. "Mesmo sendo ligados à ciência, estes médicos também se utilizavam de argumentos religiosos para sustentar a idéia de que "é melhor preservar a árvore do que o fruto".

Um exemplo disso, segundo Vailati, pode ser visto em uma tese de um médico da época, que propunha a aplicação de uma injeção com água benta na barriga da mãe - o "batismo intra-uterino". Assim, o bebê abortado poderia morrer como cristão e não iria para o "limbo das crianças não-batizadas".

Outras questões levaram a classe médica a se opor frontalmente às "concepções tradicionais de morte infantil", relacionadas principalmente à postura passiva das pessoas em relação à saúde e morte dos filhos. "Os médicos relacionavam, por exemplo, o trabalho das parteiras (que eram suas concorrentes profissionais) com a prática do aborto e do infanticídio. Com essa justificativa, propunham a proibição dos serviços dessas profissionais não-diplomadas", diz o pesquisador. "Isto serviu de argumento legitimador das propostas de intervenção médica na esfera doméstica, o que iria consolidar a profissão no Brasil perante a sociedade."

Morte dos anjos
Vailati narra também em seu doutorado relatos de viajantes sobre os rituais fúnebres. "Até o início do século XIX, nas procissões fúnebres de crianças, o cadáver ia de pé, sustentado numa estrutura madeira. Como nos mostram as coleções de fotografias da época, por muito tempo foi comum se fotografar crianças mortas, extremamente arrumadas e enfeitadas. Assim se celebrava a 'morte do anjinho'", diz.

Segundo o pesquisador, a idéia que se tinha era a de que morrer criança era um privilégio. Por este motivo, nos enterros de crianças não se deveria chorar, o que culminava até na não-presença dos parentes no funeral.

"É provável que convenções em torno do enterro da criança aliviavam o trauma da perda", afirma o historiador. Porém, estes rituais fúnebres levaram viajantes da época a interpretar que no Brasil não se havia um sentimento materno ou familiar. Mas, de acordo com Vailati, contrariando esta interpretação, havia um grande sofrimento que ficava restrito ao ambiente familiar. "O amor familiar apenas não era para ser manifestado publicamente, sobretudo nesta ocasião. Ele era visto como antagônico ao amor religioso, ou seja, na hora da morte, a pessoa deveria desapegar-se dos sentimentos mundanos entre os quais os laços familiares estavam inseridos" diz.

Os sentimentos familiares passaram a ser valorizados gradativamente, principalmente graças ao estabelecimento, no Brasil, de ideais burgueses vindos da Europa, dos quais os médicos e outros intelectuais da época eram porta-vozes. "Dessa forma, no enterro, ao invés da fé religiosa, passou-se a valorizar mais a família e o patriotismo, grandes símbolos nos cemitérios do século XIX", conta Vailati.

Mais informações: (0XX11) 3283-1882 ou luizlv@ig.com.br

Imagem cedida pelo pesquisador




Cursos e Palestras

Pró-Reitoria de Graduação realiza seminário sobre licenciatura
Até o dia 18 de agosto é possível se inscrever para o seminário A Implantação do Programa de Formação de Professores na USP, voltado para docentes e alunos dos cursos de Licenciatura. O evento, promovido pela Pró-Reitoria de Graduação, discutirá a implementação do Programa de Formação de Professores e acontecerá no dia 19 de agosto, às 14 horas, na sala do Conselho Universitário (R. da Reitoria, 109, Cidade Universitária, São Paulo).

A reforma das Licenciaturas da USP foi aprovada pelo Conselho Universitário em maio de 2004, e entrará em vigor em 2006. Diretores, presidentes de comissão de graduação, docentes e alunos discutirão nesse seminário as ações que serão implementadas para viabilizar a reforma. O seminário contará com a presença, já confirmada, de representantes do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria Estadual de Educação. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail ptaborda@usp.br

Mais informações: (0XX11) 3091-3288 ou email ptaborda@usp.br


Workshop de Kempo Indiano no MariAntônia com o Grupo Sangham
De 22 a 25 de agosto acontecerá no Teatro da USP (TUSP), um workshop sobre Kempo para atores e dançarinos. O kempo procura exercitar a capacidade de improvisação, o conhecimento do próprio corpo, a disponibilidade para o jogo, o sentido de orientação e ocupação do espaço, a agilidade e o condicionamento físico.

O curso terá carga horária de 16 horas, e acontecerá das 10 às 14 horas nos 4 dias. O valor da a inscrição é R$150,00. O número máximo de participantes é de 25 alunos por turma. O TUSP fica na Rua Maria Antonia,294, Vila Buarque, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3259-8342, e-mail tuspmkt@usp.br ou site http://www.usp.br/tusp




Agenda Cultural

Música erudita no Ensaio Acadêmico
No próximo dia 29, das 8 às 9 horas, vai ao ar na Rádio USP FM (93,7 MHz), o programa Ensaio Acadêmico, apresentado pelo jornalista Milton Parron. O programa contará com a participação dos professores da USP, Oswaldo Massambani, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Walter Potuska, do Instituto de Física (IF), Milton Kanji, da Escola Politécnica (Poli), e Waldemar Sessizer, do Instituto de Matemática e Estatística (IME).

O programa, que tem a intenção de mesclar música e vida acadêmica, apresenta não só o quarteto tocando violino, viola e flauta, mas também uma entrevista sobre vida acadêmica e interesses dos professores pela música.

Mais informações: (0XX) 3091-4423 / 3960 ou no site da Rádio USP




Publicações

Alunos de Editoração lançam revista Originais Reprovados
Originais Reprovados é uma revista literária produzida pelos alunos do curso de Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, com o objetivo de divulgar textos literários inéditos de alunos de toda USP.

A publicação pretende ser uma via alternativa para trabalhos não veiculados nas grandes editoras. Os interessados podem mandar originais de seus trabalhos, na extensão .doc ou .rtf, sem limite de caracteres, até sexta-feira (15), para originais_reprovados@eca.usp.br, informando qual curso e semestre que está cursando. A data de lançamento e o preço da publicação ainda não foram definidos.

Mais informações: (0XX11) 3091-4087




Quadro de Avisos

Doutoranda da Poli ganha prêmio de engenharia química da ABEQ
Isabella Bellot de Souza Will, doutoranda da Escola Politécnica (Poli) da USP, foi a ganhadora do 2º lugar no Prêmio Nacional de Pós-Graduação Brasken-ABEQ na categoria Doutorado deste ano.

O concurso, promovido anualmente pela Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ), conta com o patrocínio da empresa Braskem S.A. e tem o objetivo de apoiar o avanço da Engenharia Química no País por meio da promoção de trabalhos de desenvolvimento e pesquisa de alto nível relevantes para o país.

O trabalho foi orientado pelo professor Roberto Guardani, do Departamento de Engenharia Química da Poli, e se ateve ao uso de reatores solares para o tratamento de efluentes industriais pela degradação fotoquímica de compostos orgânicos tóxicos. Essa técnica possibilita o tratamento desses efluentes que não podem ser tratados por processos convencionais (como tratamento biológico, por exemplo), resultando na destruição de contaminantes orgânicos tóxicos, podendo ser aplicado com vantagens em relação a outras procedimentos, uma vez que utiliza energia solar como fonte de luz.

Outros trabalhos premiados nesta edição do Prêmio foram o desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sobre síntese de antibióticos beta-lactâmicos (1º Colocado na Categoria Doutorado), um trabalho de mestrado defendido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sobre o desenvolvimento de um simulador de processos dinâmicos (1º Lugar na Categoria Mestrado), e um trabalho realizado na Faculdade de Engenharia Química de Lorena (FAENQUIL), sobre imobilização de enzima sobre óxido de nióbio para modificação de óleos vegetais (2º Lugar na Categoria Mestrado).

Mais informações: (0XX11) 3091-5295 ou no site da Abeq




Teses e Dissertações
Escola Politécnica

Mestrado

Cinética de oxidação a vapor de peças sinterizadas de ferro em um forno contínuo. Eduardo Nunes. Dia 1 de agosto, às 8h30.

Fator de atrito da fórmula universal do ponto de vista da máxima entropia. Luiz Wagner Angeli. Dia 1 de agosto, às 14 horas.

Doutorado

Sistemas para a transposição de peixes neotropicais potamódromos. Sidney Lazaro Martins. Dia 4 de agosto, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-5443


Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Mestrado

Mecanismos de formação das corridas detríticas em ambientes tropicais úmidos e a pesquisa de estruturas para o controle e manejo desses fenômenos. Dimitry Znamensky. Dia 5 de agosto, às 9 horas

Caracterização físico-química e purificação de enzimas amilolíticas de mandioca ('Manihot esculenta' Crantz) cv. Zolhudinha. Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual. Dia 5 de agosto.

Mais informações: (0XX11) 3091-3621


Faculdade de Saúde Pública

Mestrado

Promoção de saúde em cena: Considerações teóricas para uma prática teatral de educação em saúde. Alexandre de Oliveira Leme.Dia 26, às 14 horas.


Doutorado

Avaliação dos limiares de detecção dos gostos doce, salgado, ácido e amargo em pré-escolares e escolares. Hellen Daniela de Souza Coelho. Dia 1 de agosto, às 9 horas.

Mais informações: (0XX11) 3081-5091



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