Destaques
Revistas semanais brasileiras não ajudam a entender
conflitos internacionais
Renata Moraes
Em tempos de guerra, o jornalismo pode tanto gerar compreensão
como acirrar diferenças, com base, por exemplo no etnocentrismo
- tendência a considerar a cultura de seu próprio povo
como medida para as demais. De acordo com o professor Dimas Antonio
Kunsch, da Faculdade Casper Líbero, nestes momentos torna-se
mais fácil observar como o jornalismo se articula para entender
o mundo.
De 2002 a 2004, Kunsch analisou tudo o que as três maiores semanais
brasileiras (Veja, Época e Isto É) publicaram sobre
o que se convencionou chamar de terrorismo, o Iraque, o chamado Eixo
do Mal. "Ao invés do jornalismo que se aprofunda, que
se esforça em compreender e que humaniza suas histórias,
encontramos um 'carnaval opinático'", conta. A análise
do professor foi a base de seu estudo de doutorado realizado na Escola
de Comunicação e Artes (ECA) da USP e concluído
em 2004.
Para Kunsch, a cobertura feita por essas revistas, com algumas poucas
variações, foi dogmática, além de superficial.
"A revista Veja, por exemplo, trata igualmente os milhões
de muçulmanos: fanáticos e agressivos", descreve.
O termo de comparação é a cultura ocidental,
segundo uma visão que estabelece uma hierarquia de culturas,
"incentivando preconceitos". Segundo o pesquisador, a publicação
foi mais americana que os próprios norte-americanos. Para ele,
a mídia em geral caiu na "lorota da tecnologia dos EUA",
das "bombas milimetricamente precisas", dos "armamentos
secretos de Saddam".
Reportagens X Carnaval opiniático
Kunsch observou na cobertura jornalística uma compulsão
pela opinião. "Além de toda a crise da indústria
de informação, o jornalismo tem abdicado muito da própria
tarefa de produzir reportagens", observa. "Optou-se por
usar as agências de notícias internacionais ou escolher
alguém pretensamente competente para falar sobre a situação,
sobre tudo e sobre todos." Kunsch lembra que, desde que nasceram,
na primeira metade do século XX, as revistas cultivavam a idéia
de que é preciso aprofundar as questões, costurar os
múltiplos sentidos, tentar entender os nexos entre os acontecimentos.
"Hoje contentam-se em traçar um conjunto de opiniões
sobre os fatos."
Na opinião do pesquisador, numa guerra, cabe ao repórter
"ver, escutar, observar, investigar, estudar", sem ter nunca
a pretensão de tudo explicar. "Ele não tem a tarefa
de expressar o que pensa ou, pior, o que acha sobre as coisas. Mas
sim a de facilitar a compreensão dos leitores, com apuração
séria e o distanciamento possível", acredita Kunsch.
Mesmo assim, o professor não vê o cenário jornalístico
tão desolador e cita os exemplos de Sérgio D'Ávila
e Juca Varela, que cuidaram da cobertura no Iraque para a Folha de
S. Paulo . Ele lembra ainda de John Hersey, um repórter norte-americano
nascido na China que, um ano após as bombas de Hiroshima e
Nagasaki, foi ao Japão e ouviu a história de seis sobreviventes.
"A reportagem baseou-se numa única pergunta: me conte
como foi, e foi eleita como a melhor do século XX, tranformando-se
num livro básico para quem quer entender o assunto.
Kunsch não reivindica exatamente uma volta ao jornalismo tradicional.
Critica, sim, o que chama de jornalismo "rapidinho", todo
cheio de opiniões, consultando no máximo uma ou duas
fontes já consagradas, preocupado apenas em colocar boas aspas.
Ele acredita na possibilidade do exercício de um jornalismo
que promova o respeito ao diferente e a compreensão. Que leve,
de fato, informação de qualidade às pessoas.
Mais informações: e-mail dimas@editorasalesiana.com.br,
com Dimas Kunsch
Imagem: Marcos Santos
Centro de Visitantes orienta o público
e promove programação cultural do campus
Renata Moraes
Você acabou de chegar na portaria 1 do campus da USP na Capital
e precisa ir até um determinado prédio, mas não
sabe como chegar até lá. No Centro de Visitantes você
descobrirá como fazer isso. O setor, que pertence à
Divisão de Informação, Documentação
e Serviços Online da Coordenadoria de Comunicação
Social (CCS) da USP, atua como porta de entrada do campus. A equipe
orienta as pessoas que chegam à Universidade sem saber direito
aonde vão e as direciona para os lugares certos.
A equipe também atende telefonemas com as mais diversas dúvidas
e responde aos e-mails dos internautas enviados pelo link Fale
com a USP, do portal da Universidade (http://www.usp.br).
Segundo Eva Alves, encarregada do setor, são feitos, em média,
3 mil atendimentos por mês. A equipe é formada por três
funcionários e dois bolsistas da Escola de Comunicação
e Artes da USP.
A maioria das ligações são em busca de cursinhos
gratuitos oferecidos no campus, cursos para a terceira idade e vestibular.
Na orientação aos visitantes, o Centro fornece mapas
da Cidade Universitária e também repassa ao público
folders de eventos das unidades e programações de museus
da USP.
Quem são os visitantes?
Recentemente, o Centro finalizou o terceiro Estudo de Visitantes.
O objetivo é conhecer melhor o público e ter um retorno
de como tem sido o atendimento, para poder agregar mais serviços
e qualidade ao que já existe. A pesquisa analisou sexo, faixa
etária, renda, nível de instrução e a
visão que têm do Centro, entre outros.
Paulo Serson, bolsista que cursa Turismo na Escola de Comunicação
e Artes da USP, conta que os questionários revelaram que 43%
dos visitantes concluíram o ensino superior, algo surpreendente
para a realidade brasileira. O predomínio, segundo ele, é
de um público relativamente jovem: dois terços possuem
entre 20 e 50 anos.
Em algumas épocas do ano, aumenta a procura de grupos específicos.
É o que acontece no início de cada semestre, quando
abrem as inscrições para os cursos de terceira idade,
e do final de agosto até setembro, período de inscrições
para o vestibular. Outro fato curioso é que, todas as semanas,
de 10 a 12 pessoas passam lá apenas para retirar o Jornal da
USP e folders de programação cultural. "Isso apenas
confirma a fidelização dos freqüentadores que percebemos
no dia-a-dia", diz Serson.
O Centro de Visitantes fica na Praça Reynaldo Porchat, 110,
Cidade Universitária, São Paulo. O funcionamento é
das 8 às 20 horas, de segunda a sexta-feira, e das 10 às
16 horas, aos sábados.
Mais informações: (0XX11) 3091-3116 / 3121, com
Eva Alves
Cursos e Palestras
Encontro na USP discute articulação
entre MST e Hip-Hop
A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
da USP vai sediar, na próxima quarta (16), às 19h30,
um encontro sobre o Movimento dos Sem Terra (MST) e o Hip-Hop. O evento,
com entrada aberta e gratuita, é organizado pelo núcleo
de estudos do filósofo Paulo Arantes, professor aposentado
do Departamento de Filosofia da USP.
O principal objetivo do encontro é discutir o papel do MST
no campo e do Hip-Hop na cidade, e o desafio de constuir uma aliança
entre esses dois grupos. Inicialmente, serão exibidas imagens
em vídeo do primeiro encontro nacional de integrantes do movimento
Hip-Hop militantes do MST, realizado na Escola Nacional Florestan
Fernandes em 17 e 18 de agosto, e registrado por Graziela Kunsch,
do Centro de Mídia Independente.
Logo depois, acontece uma conversa entre Gilmar Mauro (coordenação
nacional do MST), DJ Cortecertu (compositor e colunista do site de
Hip-Hop Bocada Forte - www.bocadaforte.com.br),
Fernando Baldrai (ouvinte de rap e bacharel em História) e
Igor Felippe Santos (do setor de Comunicação do MST
e co-autor do livro Guitarras e Toca-Discos - Punk e Rap em São
Paulo). A mesa-redonda será mediada pelo professor Arantes.
O encontro acontecerá no espaço dos Centros Acadêmicos de Filosofia
e Ciências Sociais (Prédio de Filosofia e Ciências Sociais), na Av.
Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária, São
Paulo).
Mais informações: (0XX11) 3091-4879; e-mail revista@mst.org.br
Discussão sobre tranposição do rio São
Francisco
No dia 17 de novembro, às 10 horas, será realizada no
Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP uma
palestra sobre o desvio do rio São Francisco e a transferência
de água entre bacias.
O encontro Transformação de água do São
Francisco para o nordeste setentrional, será ministrado
pelo professor Rubem La Laina Porto, do Departamento de Hidráulica
e Sanitária da Escola Politécnica (Poli)da USP.
O evento, aberto e gratuito, acontece no anfiteatro do IQSC, que se
localiza na Av. Trabalhador Sãocarlense, 400, em São
Carlos.
Mais informações: (0XX16) 3373-8036, com Sandra
Zambon
Encontro dos alunos de pós-graduação
em Lingüística da USP
Será realizado nos dias 23, 24 e 25 de novembro, na Faculdade
de Educação (FE) da USP, o VIII Encontro dos Alunos
de Pós-Graduação em Lingüística, com o tema Interface da Ciência
Lingüística com as Demais Áreas do Conhecimento: Domínios e Fronteira.
Há atividades programadas para os períodos da manhã
e da tarde, entre conferências e apresentações
de trabalhos. As inscrições para assistir ao evento
são gratuitas e poderão ser feitas no primeiro dia do
Encontro, às 8 horas.
O evento acontecerá no auditório da FE, na Av. da Universidade,
308, Cidade Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-4298; site www.fflch.usp.br/dl/enapol/
Presidente da World Future Society ministra palestra na ECA
Timothy Mack, presidente da World
Future Society, vai proferir nesta quinta-feira (10), às
16 horas, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da
USP, a palestra O Estudo do Futuro - O Estado da Arte.
O evento é uma iniciativa da Escola do Futuro, núcleo de pesquisa
da USP que tem como principal atividade a investigação das novas tecnologias
de comunicação aplicadas à educação.
A palestra será proferida em inglês, com tradução
simultânea, no Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA
(Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária,
São Paulo). A entrada será aberta e gratuita. Os interessados
podem se inscrever pelos telefones (0XX11) 3091-6325 / 3815-3083,
com Alessandra ou Mary.
Mais informações: (0XX11) 3091-6325 / 3815-3083,
com Alessandra ou Mary
Citrat promove Jornada de Tradução e Terminologia
O Centro Interdepartamental de Tradução e Terminologia (Citrat) da
USP promove no dia 23 de novembro, das 9 às 17 horas, a III
Jornada de Tradução e Terminologia, com participação
gratuita.
O evento acontecerá na Casa de Cultura Japonesa (Av. Prof.
Lineu Prestes 159, Cidade Universitária, São Paulo).
Não é necessário efetuar inscrição
prévia.
Mais informações: (0XX11) 3091-3764; e-mail citrat@usp.br
Agenda Cultural
Confira a programação da TV USP entre os dias
14 a 20 de novembro
Contraponto - A vida das ruas - O programa desta semana discute
por que ainda faltam políticas públicas capazes de solucionar
ou minimizar o problema. A discussão é sobre o mercado
das ruas, enfatizando a diferença entre quem são os
moradores que tem a rua como casa e quem vive nela apenas para obter
sustento. Segunda-feira (14), às 20 horas.
Trajetória - Myriam Krasilchik - O assunto da vez é
a professora Myrian Krasilchik, titular do Departamento de Metodologia
do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de Educação
da USP. Desenvolveu o Kit Os Cientistas, da Editora Abril,
lançado em 1981, participou do Projeto de Educação
Continuada (PEC), entre outros. Quarta-feira (16), às 00h30
4x4 - Trabalho informal - O debate será sobre o aumento
do desemprego e a queda da renda que os brasileiros enfrentaram durante
a década de 90. Quarta-feira (16), às 20 horas.
Olhar da USP - Infância e Mídia - O programa dessa
semana gira em torno do aparato eletrônico que envolve as crianças
e adolescentes neste início de século XXI. Um dos temas
da discussão é o fato do Brasil aparecer em 1º
lugar no levantamento de audiência diária para crianças
entre 4 e 11 anos. Outro é o crescente número de adolescentes
plugados na internet. Quinta-feira (17), às 20 horas.
pgm - O tema são os sete pecados capitais: ira e avareza. Sexta-feira
(18), às 20 horas.
A TV USP é exibida pelo Canal Universitário (CNU), no
canal 11 da NET ou no 71 da TVA. A programação completa
pode ser encontrada no site www.usp.br/tv.
Mais informações: (0XX11) 3091-4101 / 4487
Publicações
Fauna e flora no campus paulistano da USP são tema
de livro
A Editora da USP (Edusp) lançou recentemente o livro Fauna
e flora no campus: da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira
(312 págs, R$139,00), organizado por Jane Elizabeth Kraus,
Elizabeth Höfling, Miguel Trefaut Rodrigues e Maria Ruth Amaral
Sampaio.
A obra faz um passeio pela diversidade biológica encontrada no campus
da Cidade Universitária, uma importante área verde da cidade de São
Paulo. O livro reúne fotos e informações sobre os animais e as plantas
neotropicais encontradas no campus, e em vários outros locais da cidade
de São Paulo. Procura, assim, despertar o interesse dos freqüentadores
do campus quanto a essa diversidade biológica, desenvolvendo neles
o espírito de respeito e preservação pela natureza.
O livro é composto de um texto sucinto de apresentação e inúmeras
fotografias de animais e plantas encontrados no campus. Para o leitor
interessado em aprofundar seus conhecimentos, é indicada bibliografia
complementar no final do livro.
Mais informações: www.edusp.com.br/detlivro.asp?id=788831
Quadro de Avisos
FSP recebe inscrições para Programa de Aprimoramento
Profissional
A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP recebe, até
o dia 25 de novembro, inscrições para seu Programa de
Aprimoramento Profissional, que será oferecido em 2006.
Serão oferecidos os cursos Direito Sanitário e Advocacia
em Saúde, Epidemiologia Ambiental, Entomologia
Médica e Soroepidemiologia, Laboratório de Saúde
Pública, Nutrição em Saúde Pública,
Nutrição Clínica, e Psicologia em Unidade
Básica de Saúde - este último com duração
de dois anos e os demais, de um ano. A carga horária, para
todos os cursos, será de 40 horas semanais.
As vagas são limitadas e os interessados devem passar por um
processo seletivo, que incluirá análise de currículo,
prova e entrevista. Os inscritos devem ter concluído ou estar
cursando graduação. Os candidatos selecionados receberão
bolsas de estudo autorizadas pelo Conselho Estadual de Formação
Profissional na área de Saúde (Conforpas) e administradas
pela Fundap.
As inscrições podem ser feitas no Serviço de
Alunos da FSP (Av. Dr. Arnaldo, 715, Cerqueira César, São
Paulo), das 9 às 15 horas. Detalhes sobre o processo de inscrição
e os programas dos cursos estão disponíveis no edital
do Programa.
Mais informações: (0XX11) 3066-7787
Cia das Letras com 30% de desconto na Edusp
A Editora da USP (Edusp) está vendendo os livros da Cia das
Letras com 30% de desconto. As obras podem ser compradas pelos telefones
(0XX11) 3091-4150 / 4008, de segunda a sexta, das 9 às 17 horas,
ou nas livrarias da Edusp.
Mais informações: www.edusp.com
Teses e Dissertações
Instituto de Psicologia
Mestrado
Sensibilidade ao contraste espacial de luminância e cromático
em pacientes intoxicados por vapor de mercúrio: evolução
em dois anos. Marcos Lago Cortes de Campos Filho. Dia 23, às
14 horas.
Doutorado
Desvalorização pelo atraso em situações
apetitivas e aversivas. Fábio Leyser Gonçalves.
Dia 11, às 8h30.
Semânticas da amizade e suas implicações políticas.
Familialismo e alteridade entre amigos nas classes populares.
Lívia Godinho Nery Gomes. Dia 17, às 13 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-4302
Escola de Educação Física e Esporte
Doutorado
Indicadores técnicos e cineantropométricos para o
treinamento de jovens tenistas do sexo masculino. Cláudia
Perrella Teixeira. Dia 18, às 14 horas.
Análise do desenvolvimento motor e social de adolescentes
com deficiência visual e das atitudes dos professores de educação
física: um estudo sobre a inclusão. Marcia Greguol
Gorgatti. Dia 7 de dezembro, às 9 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-3137
Correção
A imagem publicada no boletim nº1744 (9/11/2005) não foi
feita pelo fotógrafo Marcos Santos, mas cedida pela pesquisadora
Márcia Kazumi Nagamine.
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