Destaques
Conflitos de identidade marcam a passagem de alunos pobres
pela USP
Antonio Carlos Quinto
Após passar pela barreira do vestibular, estudantes que têm
suas origens nas classes pobres, e que conseguem ingressar na USP,
se deparam com uma realidade diferente e conflituosa. "Há
uma espécie de 'estranhamento' que, quando combinado com a
desigualdade social, torna a experiência universitária
difícil, provocando uma crise de identidade", conta a
psicóloga Maira Alves Barbosa.
Três ex-alunos de graduação da USP da Capital,
que hoje têm idade média de 40 anos, relataram à
pesquisadora os conflitos e as dificuldades por que passaram durante
sua trajetória na universidade. "Por meio de longas entrevistas,
pude resgatar a memória destas pessoas e verificar, por exemplo,
que nenhuma delas estabeleceu vínculos de amizade com os colegas
de universidade pertencentes a uma classe social oposta à sua",
descreve Maira. Segundo ela, os vínculos de amizade, importante
apoio no percurso universitário, foram estabelecidos com estudantes
de origem semelhante.
Os ex-estudantes envolvidos na pesquisa cursaram Geografia, Física
e Psicologia, e tiveram em comum suas histórias de vida. Eram
todos trabalhadores desde a adolescência e vindos de escolas
públicas. "Os três estudaram em colégios
técnicos. Ao ingressarem na USP, dois deles optaram pelo período
noturno, para poderem continuar trabalhando", lembra a pesquisadora.
Cientes de estar na que é considerada a melhor universidade
do País, os alunos buscaram, como diz Maira, "combinar
as necessidades da vida prática e da alma". Ou seja, conciliar
a vida de trabalho à aquisição de novos conhecimentos.
Sem lugar no espaço
Apesar do acesso às diversas atividades culturais que o campus
da USP propiciou durante a graduação, os entrevistados
relataram um esforço para não perder os laços
com suas origens. "A convivência com um novo tipo de linguagem
e costumes acentuou diferenças. Aconteceu o que chamamos de
'estranhamento', quando houve o choque de culturas: modo de falar
e trajar, em contraste com a linguagem usada em sala de aula por docentes
e colegas de classe", conta Maira.
Com o passar do tempo, alguns destes alunos que resistiam em esquecer
suas origens e tinham acesso a uma nova cultura chegaram a declarar-se
confusos em relação a sua própria identidade.
"Um deles relatou estar 'sem lugar'", lembra a psicóloga.
"Este choque evidenciou a desvalorização de sua
cultura de origem", ressalta. Além disso, outro confronto
ocorreu também em relação a comportamentos diante
de situações de comportamento sexual, drogas e posições
políticas.
Maira acredita que o apoio da universidade a estes alunos acontece
pelo programas de assistência , como o bolsa trabalho, auxílio
moradia e alimentação. "Contudo, creio que ainda
não seja o suficiente. Nos conjuntos residenciais (Crusp),
por exemplo, foram relatados casos de solidão e dificuldades
de locomoção, principalmente nos finais de semana. Os
critérios de seleção das moradias também
não são satisfatórios", acredita a psicóloga.
A motivação que levou Maira a estudar o tema em sua
dissertação de mestrado, apresentada no final de 2004
no IP, foi a sua própria história dentro da USP. "Ainda
como aluna de graduação, prestei um depoimento sobre
as condições dos alunos trabalhadores na universidade.
Ao final do curso, senti a necessidade de dar prosseguimento ao tema
nesta pesquisa", conta. Segundo ela, a cumplicidade e semelhança
das histórias de vida, provocaram diálogos carregados
de emoção.
Um dos ex-estudantes cursou o doutorado. Outro, ainda integra o programa
e o terceiro concluiu o mestrado. Todos na USP. "Fatores como
estes mostram que o aluno de origem pobre na Universidade de São
Paulo é sempre um lutador contra obstáculos materiais
e contra a humilhação, por serem olhados de forma diferente.
A universidade não está nos projetos de sua classe,
depende sempre de uma conquista", diz a psicóloga.
Mais informações: (0XX11) 3873-4344 ou 9855-0015, com Maira Alves
Barbosa; e-mail mairalve@usp.br
Imagem: Marcos Santos
Animais recebem tratamento odontológico
no Hospital Veterinário
Marina Almeida
No Hospital Veterinário (Hovet) da USP, além de serviços
médicos, os cães e gatos podem fazer tratamento odontológico.
O Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) atende no local
animais com neoplasias orais (câncer de boca), fraturas de mandíbula
e maxilar, realiza próteses em dentes fraturados, endodontia
(canal), e tratamentos de ortodontia (aparelhos corretivos), exceto
com fins estéticos, além de implantes dentários,
que ainda estão em experimento.
Apesar de pagos, os tratamentos são mais baratos que os oferecidos
por clínicas particulares. Para saber se o animal precisa de
tratamento odontológico, o odontoveterinário do LOC,
Marco León Román, recomenda a observação.
"Os donos devem prestar atenção em sinais como
a diminuição do apetite de seu animal, a mastigação
de apenas um lado da boca e a existência de mau hálito,
salivação, inflamações ou dentes moles",
afirma. Comportamentos estranhos, como o de animais que levam a pata
à boca várias vezes, também podem indicar um
problema. O próprio veterinário também pode indicar
a necessidade de tratamento odontológico.
"Muitas doenças orais são causadas por bactérias,
que podem entrar na circulação sanguínea e ir
para alguns órgãos, levando a doenças sistêmicas
- renais, hepáticas e até cardíacas", explica
León, lembrando que "o tratamento dentário aumenta
a expectativa de vida dos animais de estimação."
O problema mais comum nos bichos é o periodontal, a placa e
o tártaro que atacam a estrutura dos dentes. Essa doença,
entretanto, não é atendida no local por se tratar de
um tratamento bastante simples e sem interesse científico.
Os veterinários do setor encaminham esses casos para clínicas
particulares. Os donos de animais pequenos devem ficar mais atentos,
eles têm maior tendência a ter mais problemas odontológicos
que os grandes, porque seus dentes são mais aglomerados.
Escovação
Para evitar esse tipo de problema, o odontoveterinário lembra
a importância de escovar os dentes dos animais desde pequeno.
"No início, quando o animal ainda é filhote, o
dono deve massagear a gengiva do bicho com o dedo, para que ele se
acostume a ter um corpo estranho em sua boca. Quando estiver maior
pode-se passar para a escova de dente", explica León.
Ele lembra que a pasta de dente não é essencial, pois
o mais importante é a ação mecânica da
escova. Além disso, os cremes dentais para animais, com gosto
de carne, são caros. Outro beneficio da escovação
é que, com ela, o dono observa mais a boca de seu cachorro
ou gato e percebe melhor as alterações, que podem indicar
doenças.
Os atendimentos são feitos por pós-graduandos e as pesquisas
realizadas atualmente são na área de endodontia, implantologia
e próteses. O LOC também atende cavalos, no setor de
eqüinos do Hospital Veterinário.
O Hovet fica na Av. Prof. Dr.Orlando Marques de Paiva, 87, Cidade
Universitária, em São Paulo.
Mais informações: (0XX11)3091-1242, no Laboratório de Odontologia
Comparada do Hospital Veterinário
Cursos e Palestras
FSP oferece palestra sobre impermeabilização
de solos
O Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde
Pública (FSP) da USP oferece na próxima segunda-feira
(28), às 8h30, a palestra Utilização de camadas
ativas para impermealização de solos, a ser proferida
pelo engenheiro civil Pedro Paulo Furtado Gouveia, gerente de obras
e projetos da Bentonit União Nordeste Ltda.
O evento faz parte de um ciclo de palestras sobre resíduos
sólidos, ministradas toda última segunda-feira de cada mês,
no período da manhã. O objetivo é apresentar e discutir aspectos
atuais sobre a temática Resíduos Sólidos e Prevenção à Poluição
do Solo.
A palestra acontece no Anfiteatro João Yunes, na FSP (Av. Dr. Arnaldo,
715, Consolação, São Paulo). Os participantes
poderão se inscrever gratuitamente no dia do evento. Serão
distribuídos certificados de participação.
Mais informações: (0XX11) 3081-5091, com Marcellus
William Janes, assessor de comunicação da FSP
Curso sobre crianças com distúrbios de desenvolvimento
Até o dia 30 de novembro é possível enviar currículos
para a seleção de ingresso no cursos de extensão
universitária Educação Terapêutica:
Uma proposta de tratamento, ofereceido pela Pré-escola
Terapêutica Lugar da Vida, do Instituto de Psicologia da USP.
O curso acontece entre os dias 23 e 27 de janeiro. Os encontros acontecerão
de segunda a terça-feira, das 9 às 18 horas. São
oferecidas 20 vagas. Os currículos devem ser enviados para
o e-mail lugvida@edu.usp.br.
As inscrições deverão ser feitas entre o dia
1º e 9 de janeiro e custam R$55,00. O valor total do curso é
de R$490,00, ou quatro parcelas de R$135,00.
A proposta das aulas é aprofundar a discussão teórico-clínica
sobre tratamento e escolarização de crianças
com distúrbios globais do desenvolvimento. As atividades são
constituídas por aulas teóricas, seminários e
estágios no Lugar de Vida.
O público a que se destina são psicólogos, pedagogos,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e
profissionais da área de saúde mental e educação
especial (preferencialmente residentes fora de São Paulo).
O local de inscrições é a Pré-Escola Terapêutica
Lugar de Vida (onde também será ministrado o curso),
que se localiza na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 399,
travessa 4, bloco 17, Cidade Universitária, São Paulo.
O horário é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às
16 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-4386 / 4918, c/ Bia
Albano; site http://www.usp.br/ip/cursoseventos/educacao.htm
Maratona de Empreendedorismo no Agronegócio
A Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP,
em Pirassununga, realiza nesta sexta-feira (25) e no dia 2 de dezembro,
a Maratona de Empreendedorismo no Agronegócio - 2005,
com a apresentação de planos de negócio.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas
no site da FZEA (http://www.usp.br/fzea/).
Nesta sexta, o evento será das 8 às 13 horas. A Maratona
acontecerá no Anfiteatro do campus de Pirassununga (Av. Duque
de Caxias Norte, 225, Centro).
A coordenação é do professor Celso da Costa Carrer,
do Grupo de Estudos e Pesquisa em Empreendedorismo e Gestão do Agronegócio
(Geagro), com apoio do Sebrae.
Mais informações: (0XX19) 3565-4243, na Seção
de Eventos da FZEA; e-mail eventos@fzea.usp.br
Agenda Cultural
Cartazes poloneses no MAC
O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP abre neste sábado
(26), às 11 horas, a exposição Coleção MAC
USP - Cartazes Poloneses, com 90 cartazes que dialogam com tridimensionais
e óleos. A mostra é uma parceria do Museu com o Consulado Geral
da República da Polônia e a Casa da Cultura da Polônia.
Esta é a terceira vez que o MAC apresenta a coleção.
Em 1966, foram exibidos 65 exemplares, que pertencem ao Museu. As
peças foram exibidas ao lado de cartazes norte-americanos e suíços.
Em 1968, cem exemplares foram exibidos em parceria com o Consulado
Geral da Polônia, que doou parte do seu acervo.
A mostra ficará em cartaz no MAC Ibirapuera (Pavilhão Ciccillo
Matarazzo, 3° piso - Parque Ibirapuera, São Paulo) até
o dia 6 de fevereiro, de terça a domingo, das 10 às
19 horas. A entrada é gratuita.
Mais informações: (0XX11) 5573-9932; site www.macvirtual.usp.br
Esalq expõe retratos da roça
Até o dia 20 de dezembro, acontece na Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, a exposição
Retratos da Roça, que une dois segmentos artísticos:
a pintura e a poesia.
Dentro de um mesmo tema, a exposição promove uma sinergia
do resgate da alma do homem do campo que está dentro de todo
coração urbano, na busca de sensações
como sons, cheiros e cores que, continuamente, estão ausentes
de nossas cinzentas rotinas.
Retratos da Roça pretende apresentar a simplicidade da rotina
do campo com pinturas de Sônia Piedade, nas cores vibrantes,
e textos de Carmen Pilotto e outros autores brasileiros.
A exposição Retratos da Roça acontece
no Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes
Luiz de Queiroz, e pode ser visitada de terça a sexta-feira,
das 8 às 11h30 e das 13h30 às 17 horas. A Esalq fica
na Av. Pádua Dias, 11, em Piracicaba. A realização
é do Serviço de Cultura e Extensão Universitária
- Seção de Atividades Culturais.
Mais informações: (0XX19) 3429-4392; e-mail scac@esalq.usp.br
Publicações
Livro conta a história do amor no
Brasil
Na próxima segunda-feira (28), às 19 horas, acontece
o lançamento do livro História do Amor no Brasil
(Ed. Contexto, 336 págs, R$49,90), que mostra como as práticas
amorosas se manifestaram ao longo da história brasileira. A obra é
de autoria da professora Mary Del Priore, do Departamento de História
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
O lançamento acontece no Conjunto Cultural da Caixa - Teatro
Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro. Na terça (29), às
19h30, Mary lança o livro em Belo Horizonte, no Teatro Usiminas
da Biblioteca Luiz Bessa.
O livro trata do amor no Brasil Colônia - como um negócio que durava,
via casamento, toda a vida - ao amor mais idealizado dos tempos do
Brasil do século XIX - quando "ama-se o amor e não propriamente as
pessoas" - até alcançar, no século passado, a revolução sexual.
Durante dois anos, a professora de História do Brasil Colonial,
autora de mais de 20 títulos, reconstituiu a história
do amor na sociedade brasileira. Ela utilizou farta bibliografia,
na qual se destaca o viés literário, já que a
literatura costuma ser, além dos limites da ficção,
um retrato de seu tempo.
Mary mostra como o amor se aproxima e se distancia, ao sabor dos tempos,
da sexualidade. De gradação em gradação,
fala do amor romântico, que entrava em choque com o comportamento
subterrâneo da sociedade patriarcal, com seus amores furtivos,
do amor contemporâneo, de franqueza sexual, mas meio distante
do mundo dos sentimentos, de outras, e múltiplas, formas de
amar.
Mais informações: contexto@editoracontexto.com.br;
Rio de Janeiro: (0XX21) 2262-5483; Belo Horizonte: (0XX31) 3261-1501
Quadro de Avisos
Programa de bolsa de estudos do governo canadense
A Embaixada do Canadá informa que o prazo para inscrição
aos programas de bolsa de estudo do governo canadense - Faculty Enrichment
Program/Bourses de Complément de Spécialisation, Faculty
Research Program/Bourses de Recherche, Governor General Award/Bourses
du Gouverneur Général, Awards for Graduate Sudies or
Research/Bourses d'études supérieures ou de recherche,
para o período 2005-2006, foi prorrogado para o dia 2 de dezembro
de 2005.
As cópias dos formulários de inscrição
podem ser obtidas nas páginas: http://www.dfait-maeci.gc.ca/brazil/br-02a1-pt.asp
ou http://www.abecan.com.br/bolsas.htm.
Mais informações: (0XX61) 424-5400, ramal 3260;
fax (0XX61) 424-5490, na Embaixada do Canadá em Brasília
Professor da Poli integra Conselho Editorial de Revista Internacional
O professor Angelo Fernando Padilha, do Departamento de Engenharia
Metalúrgica e de Materiais (PMT) da Escola Politécnica
(Poli) da USP, foi convidado recentemente aintegrar o Editorial Board
da revista Materials Science and Technology (MST).
A publicação é editada em Londres, pelo The Institute
of Materials, Minerals and Mining (IOM3). O IOM3 é a principal
associação da área de minas, metalurgia e materiais
do Reino Unido que, entre outras atividades, edita várias revistas
científicas, livros e organiza conferências.
A revista MST foi criada em 1985, incorporando duas outras conceituadas
revistas então existentes: A Metal Science e a Metals
Technology. A revista Materials Science and Technology publica
contribuições ("papers" e "short
communications") sobre aspectos fundamentais e tecnológicos
da microestrutura, das propriedades, da caracterização,
do modelamento, do processamento e da fabricação dos
materiais de engenharia. A MST é publicada mensalmente e é
indexada pelas seguintes organizações: Chemical Abstracts,
Current Contents, Engineering Index, Materials Science Citation Index,
Metals Abstracts, Science Citation Index e SciSearch.
Mais informações: (0XX11) 3091-5239, com o professor
Padilha; e-mail padilha@usp.br;
site: www.iom3.org
Teses e Dissertações
Instituto de Química de São Carlos
Mestrado
Estudos objetivando a síntese total da 3-desidroxi-4-metoxi-tubastrina.
Kelly de Oliveira Santos. Dia 25, às 14h30.
Doutorado
Ru-EDTA como transportador de óxido nítrico.
Patricia Graça Zanichelli. Dia 25, às 9 horas.
Estudo do complexo polieletrolítico quitosana/xantana.
Adriana Andrea Salomé Machado. Dia 2 de dezembro, às
14 horas.
Degradação fotoeletroquímica de corantes reativos
característicos de efluentes industriais têxteis.
Marciana Catanho. Dia 9 de dezembro, às 14 horas.
Mais informações: (0XX16) 3373-9909
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