Destaques
Segregação lingüística contra imigrantes
cresceu com incentivo ao nacionalismo da era Vargas
Marina Almeida
No período que antecedeu a entrada do Brasil na Segunda Guerra
Mundial, na chamada era Vargas, a língua dos imigrantes passou
a ser um fator de exclusão por parte do Estado. "Isso
ocorreu com a valorização do nacionalismo e as restrições
à imigração, quando a naturalização
passou a ser feita em várias etapas e a exigir conhecimentos
de português", conta o lingüista Alexandre Marcelo
Bueno. A entrada de imigrantes diminuiu drasticamente e houve a nacionalização
do ensino.
O pesquisador lembra que a língua não costuma ser considerada
como uma forma de segregação. "Talvez porque o
preconceito lingüístico não seja tão negativo
perante a sociedade quanto outras formas de intolerância",
reflete. Mas a linguagem, segundo ele, pode ser um mecanismo de discriminação.
"As conseqüências da intransigência com os que
falam uma língua diferente, como os imigrantes, são
a exclusão desse grupo populacional ou sua assimilação
condicionada ao abandono da cultura e da língua de origem",
lembra o lingüista.
Bueno apresentou recentemente na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH) da USP um estudo onde
analisou as leis de imigração do final da monarquia
até o fim da Era Vargas. Ele avaliou textos de escritores representativos
de parcela da elite letrada do período, dois depoimentos de
imigrantes e um trecho da autobiografia Memórias de um Imigrante
Japonês, de Tomoo Handa.
Uma das constatações é que os imigrantes não
costumam considerar o fator da língua quando relatam sobre
o preconceito que passaram. Dos depoimentos pesquisados por Bueno,
apenas dois apontavam a questão lingüística como
forma de intolerância. "Num desses depoimentos, uma alemã,
que aprendeu o português aos 14 anos na escola, conta que era
discriminada pelos colegas por causa de seu sotaque", diz Bueno.
O outro depoimento é o de um imigrante japonês que foi
preso por conversar em sua língua natal com alguns conterrâneos
na rua. "O mais interessante, neste caso, é o fato dele
também questionar o policial por falar português e não
'brasileiro'", ressalta o pesquisador.
Monarquia e República
A opinião dos autores de cada época sobre os imigrantes,
que reflete o pensamento de parte considerável daquelas sociedades,
sofreu mudanças ao longo do tempo, acompanhando as leis e políticas
de imigração.
No período monárquico, o escritor Menezes de Souza mostrava-se
favorável à imigração de europeus porque
eles representavam o ideal de civilização do período.
Por outro lado, defendia a proibição da vinda de asiáticos,
com o argumento de que a moral degradada e a língua muito diferente
os impediriam de se adaptar ao Brasil. As leis desse período
também incentivavam a imigração, mas não
faziam qualquer referência à necessidade de aprendizado
do português pelos estrangeiros.
Com a primeira república, surgem as leis de regulação
do processo imigratório, quando é proibida a entrada
de africanos e asiáticos no País. O lingüista explica
que todos os imigrantes podiam se naturalizar e a língua não
era uma exigência. Para ser eleitor, bastava que o imigrante
soubesse ler e escrever em sua língua materna. "Essas
facilidades existiam porque a vinda de imigrantes para trabalhar no
País era uma necessidade econômica", diz Bueno.
O autor Sílvio Romero, no entanto, já defendia a adoção
do português pelos imigrantes e o abandono de suas línguas
de origem. Ele antecipou a imagem negativa dos alemães ao argumentar
que a língua deles favorecia seu isolamento em colônias
no Sul. Nessa região, eles, supostamente, instaurariam um Estado
alemão independente, no qual só se falaria alemão,
ressalta o pesquisador.
Período Vargas
Na era Vargas, o autor Oliveira Viana
se mostrava de acordo com a política externa do presidente
e defendia a língua nacional contra a estrangeira. Para Bueno,
há uma clara transformação da linguagem num valor
nacional. "Isso acontece antes da entrada do Brasil na Segunda
Guerra Mundial, é mais uma questão de valores do que
política", diz o lingüista.
A autobiografia do japonês Tomoo Handa apresenta, por
outro lado, as dificuldades dos imigrantes. A falta de professores
de português nas comunidades, as grandes diferenças entre
as duas línguas e o medo de serem prejudicados ao negociar
com brasileiros por não conseguirem se comunicar, foram alguns
dos fatores que os levaram a se fechar em colônias, explica.
O pesquisador faz parte do grupo Intolerância e Preconceitos
Lingüísticos, que é coordenado pela professora
Diana Luz Pessoa de Barros e faz parte do Laboratório de Estudos
sobre a Intolerância.
Imagem: Marcos Santos
Mais informações: ambueno@bol.com.br,
com o pesquisador
Cursos e Palestras
NUPRI oferece curso sobre cooperação
internacional
De 28 de outubro a 16 dezembro, acontece o curso livre de
difusão cultural com a temática Experiências
e Instrumentos da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento
Territorial, uma promoção do Núcleo de Pesquisa
em Relações Internacionais (Nupri) da USP.
O curso tem como objetivo apresentar algumas características
sobre a emergência de novos atores nas relações
internacionais, o destaque no nível local sub-estatal e os
enormes desafios à cooperação internacional.
É voltado para estudantes e graduados em Relações
Internacionais, Ciências Sociais, Economia, Direito, voluntários
e profissionais de organizações do terceiro setor (ONG´s)
e de instituições públicas e privadas, assessorias
de relações Internacionais ou de cooperação
de sindicatos, partidos ou universidades e, em geral, interessados
em se desenvolverem profissionalmente como agentes de desenvolvimento
local em prefeituras, governos estaduais, organizações
internacionais, agências bilaterais de cooperação
ou instituições multilaterais.
As aulas serão ministradas aos sábados, das 9 às
13h30, no Favo 13B da Colméia, na Cidade Universitária,
em São Paulo. Para fazer o curso, que tem valor total de R$400,00
mas pode ser parcelado, é preciso ser graduando ou formado.
As inscrições podem ser feitas no site www.usp.br/relint
ou no telefone (0XX11) 3091-3061. As vagas são limitadas e,
ao final, todos os participantes receberão certificados.
Mais informações: (0XX11) 3091-3044 / 3061; e-mail
nupri@usp.br
Projeto Negritude na Escola de Aplicação
O Projeto Negritude, da Escola de Aplicação da Faculdade
de Educação (FE) da USP, traz para a comunidade USP
uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais a cultura negra por
meio um evento cultural-educativo.
Na quarta (18), às 18 horas, o antropólogo e professor
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
da USP, Kabengele Munanga, ministra a palestra intulada Negritude.
O evento faz parte do Projeto Negritude, trabalho interdisciplinar
realizado na Escola de Aplicação com o objetivo ampliar
e valorizar a herança cultural africana no Brasil e no mundo.
Devido ao sucesso e solicitação de várias famílias,
o projeto foi ampliado para toda a comunidade USP por meio de eventos
em que todos possam participar, aprender e entender melhor a história
da nossa própria identidade. O evento é gratuito.
A Aplicação fica na Av. da Universidade, 220, Cidade
Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-3503
História da medicina é tema de evento no IPq
Ocorre, no dia 19, das 12 às 13 horas, um encontro
sobre História da Medicina com o professor e especialista Júlio
Cesar Fontanta-Rosa.
O evento, que tem como tema Dados Históricos sobre a Medicina
Legal, é promovido pelo Instituto de Psiquiatria (IPq)
e pelo Museu de Medicina Legal do Instituto Oscar Freire, ambos da
Faculdade de Medicina (FM) da USP.
A entrada é franca e não é necessário
fazer inscrição.
O local do evento será o Anfiteatro do IPq, 4º andar do
prédio, que fica na R. Dr. Ovídio Pires de Campos, s/n.
(dentro do Complexo HC), Cerqueira César, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3069-7801, com assessoria
de imprensa
NAU promove seminários sobre antropologia urbana
O Núcleo de Antropologia Urbana (NAU) da USP realiza,
entre os dias 17 a 19, o evento A Graduação em Campo
V: Seminários de Antropologia Urbana das Ciências Sociais.
Este seminário consiste na apresentação de relatórios
de pesquisa que foram elaborados em disciplinas de Antropologia no
Curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, como também de instituições
como a Universidade Federal do Paraná e a Universidade Federal
de São Carlos.
As apresentações e os debates serão transmitidos
via internet no endereço www.emm.usp.br/vivofflch.asx
e alguns dos trabalhos, além do conjunto dos resumos, estarão
disponíveis no site do Núcleo de Antropologia Urbana
(www.n-a-u.org)
e em sua revista eletrônica, Ponto.Urbe.
Para participar do evento, que é aberto ao público em
geral e gratuito, não é necessário fazer inscrição.
O encontro acontecerá às 17 horas na sala 24 do Prédio
das Ciências Sociais da FFLCH da USP, que fica na Rua do Lago, 717,
Cidade Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-4938; (0XX11)
3031-2552 com Celso
Workshop na FCF tratará das relações
humanas no trabalho
A Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da
USP realiza, no dia 24, o workshop Relações Humanas
no Trabalho. O evento é aberto ao público e conta
com o apoio da Fundação Instituto de Pesquisas Farmacêuticas
(FIPFarma).
A participação é gratuita, mas é necessário
fazer inscrição até o dia do evento no site
www.fcf.usp.br.
O local será o Anfiteatro Maria Apparecida Pourchet Campos,
da FCF, que fica na Av. Prof. Lineu Prestes, 580, bloco 13 A, superior,
Cidade Universitária, São Paulo.
Mais informações: (0XX11) 3091-3678; e-mail
yaramar@usp.br
Colóquio sobre formação de professores
é realizado no ICMC
Ocorre, no dia 19, às 13 horas, o colóquio
Formação de professores: perspectivas e desafios,
que será promovido pelo Instituto de Ciências Matemáticas
e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
A pesquisadora e professora do Centro de Biotecnologia Molecular Estrutural
(CBME) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da
USP, Márcia Rozenfeld Gomes de Oliveira, é quem apresentará
o colóquio. Ela abordará questões teóricas
e algumas experiências sobre formação inicial
e continuada de professores, como possibilidades de mudança
da prática didática.
O evento acontecerá às 13 horas no Auditório
Prof. Luiz Antonio Fávaro, do ICMC, que Av. Trabalhador São-carlense,
400, Centro, São Carlos. As inscrições serão
feitas antes do início do colóquio, que é gratuitio
e aberto a todos interessados.
Mais informações: (0XX16) 3373-9146; e-mail
eventos@icmc.usp.br
Workshop de Visão Computacional na EESC
O Departamento de Engenharia Elétrica - Laboratório
de Visão Computacional - da Escola de Engenharia de São
Carlos (EESC-USP) promoverá o II Workshop de Visão
Computacional (WVC´2006), entre os dias 16 e 18, no campus
da USP em São Carlos.
O objetivo do evento é trazer para discussão trabalhos
desenvolvidos em universidades e Centros de Pesquisas Brasileiros,
visando estimular grupos de pesquisas em Visão Computacional
na geração de idéias e na divulgação
dos trabalhos realizados.
As incrições devem ser feitas no site http://iris.sel.eesc.usp.br/wvc2006/
no qual também está disponível toda a programação.
As inscrições custam R$25,00 para alunos e R$60,00 para
profissionais
A USP-São Carlos fica na Av. Trabalhador São-carlense, 400,
Centro, São Carlos.
Mais informações: (0XX16) 3371-0162; site http://iris.sel.eesc.usp.br/wvc2006
Quadro de Avisos
Ministro estará presente na semana da Esalq
A programação da 49ª Semana Luiz de Queiroz,
da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq)
da USP, em Piracicaba, que teve início no dia 9, culmina no
próximo sábado (14), com uma reunião das turmas
de ex-alunos e a comemoração do Dia Nacional do Engenheiro
Agrônomo. Estarão presentes o ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Luiz Carlos Guedes Pinto, e o secretário
estadual da Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo.
A programação do dia de encerramento da semana terá
início às 9 horas com o hasteamento das bandeiras. Às
9h30, acontecerá a Sessão Solene no Salão Nobre
do Prédio Central. Durante a solenidade serão homenageados
os ex-alunos das turmas qüinqüenais de Engenharia Agronômica,
Engenharia Florestal, Economia Doméstica e Ciências Econômicas.
As tradicionais homenagens seguem com os 115 anos da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, os 80 anos
da Associação Brasileira de Criadores (ABC), os 70 anos
do departamento de Genética da ESALQ, os 40 anos do Centro
de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) e os 5 anos da Fundação
Agrisus.
Na mesma sessão solene, a exemplo de anos anteriores, a Associação
dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (Aeasp),
estará diplomando o Engenheiro Agrônomo do Ano 2006,
Antonio Roque Dechen, presidente da Fundação de Estudos
Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e docente do departamento
de Ciência do Solo da Escola.
Após a cerimônia, será realizado, no Ginásio
de Esportes, o churrasco de confraternização. A realização
da 49ª Semana Luiz de Queiroz é da Esalq, Prefeitura do
Campus Luiz de Queiroz e Associação de Ex-alunos da
Esalq (Adealq).
O ministro Luiz Carlos Guedes Pinto atenderá a imprensa, em
coletiva, às 9h10, na Sala do Centenário, no Prédio
Central da Esalq.
A Esalq fica Av. Pádua Dias, 11, CP 9, Piracicaba.
Mais informações: (0XX19) 3429 4485 / 4477; e-mail
acom@esalq.usp.br;
site www.esalq.usp.br/acom
Universia divulga finalistas
O portal Universia publica os nomes dos 20 finalistas do Prêmio
Santander Banespa de Empreendedorismo no endereço www.universia.com.br/premiosantander.
Os vencedores serão anunciados no dia 29 de novembro, durante
cerimônia de premiação, realizada em São
Paulo, e também serão divulgados no Portal.
O Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo é destinado
a graduandos e pós-graduandos que desenvolverem o melhor plano
de negócios, com prêmios de R$50 mil para o vencedor
de cada uma das categorias: Cultura, Indústria, Serviços
e Tecnologia. O objetivo do prêmio é estimular a iniciativa
empreendedora no meio acadêmico.
A USP, UFSCar e PUC-Rio são algumas das instituições
das quais alguns dos finalistas são mebros.
Mais informações: www.universia.com.br/premiosantander
Teses e Dissertações
Escola de Engenharia de São Carlos
Mestrado
Análise da integração entre a WBS do projeto
e a configuração do produto: em busca da excelência
no acompanhamento de projetos. Valtemir de Alencar e Silva. Dia
19, às 9 horas.
Estimador de estado e parâmetros de linha de transmissão,
baseado nas equações normais. Madeleine Rocio Medrano
Castilho. Dia 20, às 14 horas.
Doutorado
Ambientalização curricular na área de hotelaria
do Hotel Escola SENAC de Águas de São Pedro - SP: uma
proposta de educação ambiental. Marcia Helena Vargas.
Dia 20, às 9 horas.
Sistemas de controle fisiológico para prótese de
membro superior. Paulo Marcos de Aguiar. Dia 20, às 14
horas.
Mais informações: (0XX16) 3373-9235 / 9250
Escola Politécnica
Mestrado
Análise de algoritmos de roteamento baseados em formigas.
Bruno Garbe Junior. Dia 20, às 14 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-5214 / 5443
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Mestrado
Fontes energéticas e protéicas para bovinos confinados
em fase de terminação. Rafael Luis Clarindo. Dia
23, às 8 horas.
Mais informações: (0XX19) 3429-4156 / 3429-4282
Instituto de Eletrotécnica e Energia
Doutorado
Energia Elétrica e Políticas Públicas: A Experiência do Setor
Elétrico Brasileiro no Período de 1934 a 2005. Mônica Landi. Dia
18, às 10 horas.
Mais informações: (0XX11) 3091-2632
Instituto de Química de São Carlos
Mestrado
Preparação e aplicação de eletrodos de pasta de carbono modificados
com ditiocarbamatos para análise de fármacos. Rita de Cássia
da Silva. Dia 16, às 14 horas.
Doutorado
Novas aplicações da precessão livre em onda contínua em ressonância
magnética nuclear de baixa e alta resolução. Tiago Venâncio.
Dia 20, às 14 horas.
Mais informações: (0XX16) 3373-9909 / 3373-8036
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