São Paulo, 13/10/2006 - Boletim nº1936
história
Língua foi usada para justificar
preconceito contra imigrantes

Preconceito lingüístico foi maior
na era Vargas, com nacionalização
do ensino e aumento da dificuldade
para naturalização de imigrantes
leia...
Curso de cooperação
internacional no Nupri
Escola de Aplicação realiza
o Projeto Negritude

     
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Destaques

Segregação lingüística contra imigrantes cresceu com incentivo ao nacionalismo da era Vargas

Marina Almeida

No período que antecedeu a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, na chamada era Vargas, a língua dos imigrantes passou a ser um fator de exclusão por parte do Estado. "Isso ocorreu com a valorização do nacionalismo e as restrições à imigração, quando a naturalização passou a ser feita em várias etapas e a exigir conhecimentos de português", conta o lingüista Alexandre Marcelo Bueno. A entrada de imigrantes diminuiu drasticamente e houve a nacionalização do ensino.

O pesquisador lembra que a língua não costuma ser considerada como uma forma de segregação. "Talvez porque o preconceito lingüístico não seja tão negativo perante a sociedade quanto outras formas de intolerância", reflete. Mas a linguagem, segundo ele, pode ser um mecanismo de discriminação. "As conseqüências da intransigência com os que falam uma língua diferente, como os imigrantes, são a exclusão desse grupo populacional ou sua assimilação condicionada ao abandono da cultura e da língua de origem", lembra o lingüista.

Bueno apresentou recentemente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP um estudo onde analisou as leis de imigração do final da monarquia até o fim da Era Vargas. Ele avaliou textos de escritores representativos de parcela da elite letrada do período, dois depoimentos de imigrantes e um trecho da autobiografia Memórias de um Imigrante Japonês, de Tomoo Handa.

Uma das constatações é que os imigrantes não costumam considerar o fator da língua quando relatam sobre o preconceito que passaram. Dos depoimentos pesquisados por Bueno, apenas dois apontavam a questão lingüística como forma de intolerância. "Num desses depoimentos, uma alemã, que aprendeu o português aos 14 anos na escola, conta que era discriminada pelos colegas por causa de seu sotaque", diz Bueno.

O outro depoimento é o de um imigrante japonês que foi preso por conversar em sua língua natal com alguns conterrâneos na rua. "O mais interessante, neste caso, é o fato dele também questionar o policial por falar português e não 'brasileiro'", ressalta o pesquisador.

Monarquia e República
A opinião dos autores de cada época sobre os imigrantes, que reflete o pensamento de parte considerável daquelas sociedades, sofreu mudanças ao longo do tempo, acompanhando as leis e políticas de imigração.

No período monárquico, o escritor Menezes de Souza mostrava-se favorável à imigração de europeus porque eles representavam o ideal de civilização do período. Por outro lado, defendia a proibição da vinda de asiáticos, com o argumento de que a moral degradada e a língua muito diferente os impediriam de se adaptar ao Brasil. As leis desse período também incentivavam a imigração, mas não faziam qualquer referência à necessidade de aprendizado do português pelos estrangeiros.

Com a primeira república, surgem as leis de regulação do processo imigratório, quando é proibida a entrada de africanos e asiáticos no País. O lingüista explica que todos os imigrantes podiam se naturalizar e a língua não era uma exigência. Para ser eleitor, bastava que o imigrante soubesse ler e escrever em sua língua materna. "Essas facilidades existiam porque a vinda de imigrantes para trabalhar no País era uma necessidade econômica", diz Bueno.

O autor Sílvio Romero, no entanto, já defendia a adoção do português pelos imigrantes e o abandono de suas línguas de origem. Ele antecipou a imagem negativa dos alemães ao argumentar que a língua deles favorecia seu isolamento em colônias no Sul. Nessa região, eles, supostamente, instaurariam um Estado alemão independente, no qual só se falaria alemão, ressalta o pesquisador.

Período Vargas
Na era Vargas, o autor Oliveira Viana se mostrava de acordo com a política externa do presidente e defendia a língua nacional contra a estrangeira. Para Bueno, há uma clara transformação da linguagem num valor nacional. "Isso acontece antes da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, é mais uma questão de valores do que política", diz o lingüista.

A autobiografia do japonês Tomoo Handa apresenta, por outro lado, as dificuldades dos imigrantes. A falta de professores de português nas comunidades, as grandes diferenças entre as duas línguas e o medo de serem prejudicados ao negociar com brasileiros por não conseguirem se comunicar, foram alguns dos fatores que os levaram a se fechar em colônias, explica.

O pesquisador faz parte do grupo Intolerância e Preconceitos Lingüísticos, que é coordenado pela professora Diana Luz Pessoa de Barros e faz parte do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância.

Imagem: Marcos Santos

Mais informações: ambueno@bol.com.br, com o pesquisador




Cursos e Palestras

NUPRI oferece curso sobre cooperação internacional
De 28 de outubro a 16 dezembro, acontece o curso livre de difusão cultural com a temática Experiências e Instrumentos da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento Territorial, uma promoção do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais (Nupri) da USP.

O curso tem como objetivo apresentar algumas características sobre a emergência de novos atores nas relações internacionais, o destaque no nível local sub-estatal e os enormes desafios à cooperação internacional.

É voltado para estudantes e graduados em Relações Internacionais, Ciências Sociais, Economia, Direito, voluntários e profissionais de organizações do terceiro setor (ONG´s) e de instituições públicas e privadas, assessorias de relações Internacionais ou de cooperação de sindicatos, partidos ou universidades e, em geral, interessados em se desenvolverem profissionalmente como agentes de desenvolvimento local em prefeituras, governos estaduais, organizações internacionais, agências bilaterais de cooperação ou instituições multilaterais.

As aulas serão ministradas aos sábados, das 9 às 13h30, no Favo 13B da Colméia, na Cidade Universitária, em São Paulo. Para fazer o curso, que tem valor total de R$400,00 mas pode ser parcelado, é preciso ser graduando ou formado.

As inscrições podem ser feitas no site www.usp.br/relint ou no telefone (0XX11) 3091-3061. As vagas são limitadas e, ao final, todos os participantes receberão certificados.

Mais informações: (0XX11) 3091-3044 / 3061; e-mail nupri@usp.br


Projeto Negritude na Escola de Aplicação
O Projeto Negritude, da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação (FE) da USP, traz para a comunidade USP uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais a cultura negra por meio um evento cultural-educativo.

Na quarta (18), às 18 horas, o antropólogo e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Kabengele Munanga, ministra a palestra intulada Negritude. O evento faz parte do Projeto Negritude, trabalho interdisciplinar realizado na Escola de Aplicação com o objetivo ampliar e valorizar a herança cultural africana no Brasil e no mundo.

Devido ao sucesso e solicitação de várias famílias, o projeto foi ampliado para toda a comunidade USP por meio de eventos em que todos possam participar, aprender e entender melhor a história da nossa própria identidade. O evento é gratuito.

A Aplicação fica na Av. da Universidade, 220, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-3503


História da medicina é tema de evento no IPq
Ocorre, no dia 19, das 12 às 13 horas, um encontro sobre História da Medicina com o professor e especialista Júlio Cesar Fontanta-Rosa.

O evento, que tem como tema Dados Históricos sobre a Medicina Legal, é promovido pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) e pelo Museu de Medicina Legal do Instituto Oscar Freire, ambos da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

A entrada é franca e não é necessário fazer inscrição.

O local do evento será o Anfiteatro do IPq, 4º andar do prédio, que fica na R. Dr. Ovídio Pires de Campos, s/n. (dentro do Complexo HC), Cerqueira César, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3069-7801, com assessoria de imprensa


NAU promove seminários sobre antropologia urbana
O Núcleo de Antropologia Urbana (NAU) da USP realiza, entre os dias 17 a 19, o evento A Graduação em Campo V: Seminários de Antropologia Urbana das Ciências Sociais.

Este seminário consiste na apresentação de relatórios de pesquisa que foram elaborados em disciplinas de Antropologia no Curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, como também de instituições como a Universidade Federal do Paraná e a Universidade Federal de São Carlos.

As apresentações e os debates serão transmitidos via internet no endereço www.emm.usp.br/vivofflch.asx e alguns dos trabalhos, além do conjunto dos resumos, estarão disponíveis no site do Núcleo de Antropologia Urbana (www.n-a-u.org) e em sua revista eletrônica, Ponto.Urbe.

Para participar do evento, que é aberto ao público em geral e gratuito, não é necessário fazer inscrição. O encontro acontecerá às 17 horas na sala 24 do Prédio das Ciências Sociais da FFLCH da USP, que fica na Rua do Lago, 717, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-4938; (0XX11) 3031-2552 com Celso


Workshop na FCF tratará das relações humanas no trabalho
A Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP realiza, no dia 24, o workshop Relações Humanas no Trabalho. O evento é aberto ao público e conta com o apoio da Fundação Instituto de Pesquisas Farmacêuticas (FIPFarma).

A participação é gratuita, mas é necessário fazer inscrição até o dia do evento no site www.fcf.usp.br.

O local será o Anfiteatro Maria Apparecida Pourchet Campos, da FCF, que fica na Av. Prof. Lineu Prestes, 580, bloco 13 A, superior, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: (0XX11) 3091-3678; e-mail yaramar@usp.br


Colóquio sobre formação de professores é realizado no ICMC
Ocorre, no dia 19, às 13 horas, o colóquio Formação de professores: perspectivas e desafios, que será promovido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

A pesquisadora e professora do Centro de Biotecnologia Molecular Estrutural (CBME) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, Márcia Rozenfeld Gomes de Oliveira, é quem apresentará o colóquio. Ela abordará questões teóricas e algumas experiências sobre formação inicial e continuada de professores, como possibilidades de mudança da prática didática.

O evento acontecerá às 13 horas no Auditório Prof. Luiz Antonio Fávaro, do ICMC, que Av. Trabalhador São-carlense, 400, Centro, São Carlos. As inscrições serão feitas antes do início do colóquio, que é gratuitio e aberto a todos interessados.

Mais informações: (0XX16) 3373-9146; e-mail eventos@icmc.usp.br


Workshop de Visão Computacional na EESC
O Departamento de Engenharia Elétrica - Laboratório de Visão Computacional - da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) promoverá o II Workshop de Visão Computacional (WVC´2006), entre os dias 16 e 18, no campus da USP em São Carlos.

O objetivo do evento é trazer para discussão trabalhos desenvolvidos em universidades e Centros de Pesquisas Brasileiros, visando estimular grupos de pesquisas em Visão Computacional na geração de idéias e na divulgação dos trabalhos realizados.

As incrições devem ser feitas no site http://iris.sel.eesc.usp.br/wvc2006/ no qual também está disponível toda a programação. As inscrições custam R$25,00 para alunos e R$60,00 para profissionais

A USP-São Carlos fica na Av. Trabalhador São-carlense, 400, Centro, São Carlos.

Mais informações: (0XX16) 3371-0162; site http://iris.sel.eesc.usp.br/wvc2006




Quadro de Avisos

Ministro estará presente na semana da Esalq
A programação da 49ª Semana Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) da USP, em Piracicaba, que teve início no dia 9, culmina no próximo sábado (14), com uma reunião das turmas de ex-alunos e a comemoração do Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo. Estarão presentes o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luiz Carlos Guedes Pinto, e o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo.

A programação do dia de encerramento da semana terá início às 9 horas com o hasteamento das bandeiras. Às 9h30, acontecerá a Sessão Solene no Salão Nobre do Prédio Central. Durante a solenidade serão homenageados os ex-alunos das turmas qüinqüenais de Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Economia Doméstica e Ciências Econômicas.

As tradicionais homenagens seguem com os 115 anos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, os 80 anos da Associação Brasileira de Criadores (ABC), os 70 anos do departamento de Genética da ESALQ, os 40 anos do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) e os 5 anos da Fundação Agrisus.

Na mesma sessão solene, a exemplo de anos anteriores, a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (Aeasp), estará diplomando o Engenheiro Agrônomo do Ano 2006, Antonio Roque Dechen, presidente da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e docente do departamento de Ciência do Solo da Escola.

Após a cerimônia, será realizado, no Ginásio de Esportes, o churrasco de confraternização. A realização da 49ª Semana Luiz de Queiroz é da Esalq, Prefeitura do Campus Luiz de Queiroz e Associação de Ex-alunos da Esalq (Adealq).

O ministro Luiz Carlos Guedes Pinto atenderá a imprensa, em coletiva, às 9h10, na Sala do Centenário, no Prédio Central da Esalq.

A Esalq fica Av. Pádua Dias, 11, CP 9, Piracicaba.

Mais informações: (0XX19) 3429 4485 / 4477; e-mail acom@esalq.usp.br; site www.esalq.usp.br/acom


Universia divulga finalistas

O portal Universia publica os nomes dos 20 finalistas do Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo no endereço www.universia.com.br/premiosantander. Os vencedores serão anunciados no dia 29 de novembro, durante cerimônia de premiação, realizada em São Paulo, e também serão divulgados no Portal.

O Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo é destinado a graduandos e pós-graduandos que desenvolverem o melhor plano de negócios, com prêmios de R$50 mil para o vencedor de cada uma das categorias: Cultura, Indústria, Serviços e Tecnologia. O objetivo do prêmio é estimular a iniciativa empreendedora no meio acadêmico.

A USP, UFSCar e PUC-Rio são algumas das instituições das quais alguns dos finalistas são mebros.

Mais informações: www.universia.com.br/premiosantander




Teses e Dissertações

Escola de Engenharia de São Carlos

Mestrado

Análise da integração entre a WBS do projeto e a configuração do produto: em busca da excelência no acompanhamento de projetos. Valtemir de Alencar e Silva. Dia 19, às 9 horas.

Estimador de estado e parâmetros de linha de transmissão, baseado nas equações normais. Madeleine Rocio Medrano Castilho. Dia 20, às 14 horas.

Doutorado


Ambientalização curricular na área de hotelaria do Hotel Escola SENAC de Águas de São Pedro - SP: uma proposta de educação ambiental. Marcia Helena Vargas. Dia 20, às 9 horas.

Sistemas de controle fisiológico para prótese de membro superior. Paulo Marcos de Aguiar. Dia 20, às 14 horas.

Mais informações: (0XX16) 3373-9235 / 9250


Escola Politécnica

Mestrado

Análise de algoritmos de roteamento baseados em formigas. Bruno Garbe Junior. Dia 20, às 14 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-5214 / 5443


Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

Mestrado

Fontes energéticas e protéicas para bovinos confinados em fase de terminação. Rafael Luis Clarindo. Dia 23, às 8 horas.

Mais informações: (0XX19) 3429-4156 / 3429-4282


Instituto de Eletrotécnica e Energia

Doutorado

Energia Elétrica e Políticas Públicas: A Experiência do Setor Elétrico Brasileiro no Período de 1934 a 2005. Mônica Landi. Dia 18, às 10 horas.

Mais informações: (0XX11) 3091-2632


Instituto de Química de São Carlos

Mestrado

Preparação e aplicação de eletrodos de pasta de carbono modificados com ditiocarbamatos para análise de fármacos. Rita de Cássia da Silva. Dia 16, às 14 horas.

Doutorado

Novas aplicações da precessão livre em onda contínua em ressonância magnética nuclear de baixa e alta resolução. Tiago Venâncio. Dia 20, às 14 horas.

Mais informações: (0XX16) 3373-9909 / 3373-8036




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