São Paulo, 14/03/2003

administração
USP mais perto do Vale do Paraíba



Roberto C. G. Castro, do Jornal da USP


A Universidade de São Paulo poderá ter em breve um novo campus - desta vez no Vale do Paraíba. Encontra-se em fase de "detalhamento" o projeto de transferência, para a Universidade, da Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil), a 180 quilômetros da Capital, conforme o governador Geraldo Alckmin citou hoje (14) em São José dos Campos, durante encontro com prefeitos e lideranças políticas da região. Ainda não há uma data prevista para a conclusão do projeto, mas o reitor da USP, Adolpho José Melfi espera que seja "o mais rápido possível". "Se a transferência vier a se concretizar, a interação com a USP deverá propiciar uma grande expansão naquela unidade de ensino."

Fundada pela Prefeitura de Lorena em 1969 com o nome de Faculdade Municipal de Engenharia Química - hoje ligada à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado -, a Faenquil é um centro de excelência em algumas áreas do ramo da química. Com 91 professores - dos quais a maioria detém pelo menos o título de doutor e 90% trabalham em regime de dedicação total ao ensino e à pesquisa -, ela realiza relevantes pesquisas sobre materiais e fermentação, por exemplo. De seus laboratórios saiu a tecnologia brasileira de beneficiamento do nióbio, um metal nobre. No passado, o Brasil exportava o metal na forma bruta. Graças ao trabalho da Faenquil, o País agregou valor ao produto, que hoje é exportado na forma de óxido de nióbio, muito usado em ligas leves e tintas.

Os pesquisadores da Faenquil foram bem-sucedidos também nas pesquisas sobre o titânio, outro metal com avançadas aplicações - entre elas na construção de aviões. Na área da fermentação, aquela unidade de Lorena ostenta a façanha de ter sido o centro de pesquisa onde se originou, na década de 80, o Pró-Álcool, o programa do governo federal que incentivou o uso do álcool como combustível para veículos automotores. "Em certas áreas, as pesquisas feitas pela Faenquil são muito avançadas e bastante promissoras", confirma Melfi.

Outras importantes investigações são feitas nos quatro departamentos da faculdade - o Departamento Básico, o de Biotecnologia, o de Engenharia de Materiais e o de Engenharia Química. Os quatro cursos de graduação mantidos pela unidade - Engenharia Química, Engenharia Industrial Química, Engenharia de Materiais e Engenharia Bioquímica - oferecem 240 vagas. Já com programas de pós-graduação implantados, até 2002 ela produziu 67 dissertações de mestrado e 17 teses de doutorado.

A Faenquil está instalada em dois campi. Num deles, com 117 mil metros quadrados, está sediado o Departamento de Engenharia Química. O segundo campus possui 373 mil metros quadrados e reúne os outros três departamentos. Neles estudam hoje 1.383 alunos e trabalham 175 funcionários. O orçamento de 2002 da unidade foi de R$ 16,8 milhões.

Colégio técnico
Não foi apenas a excelência acadêmica que chamou a atenção da USP para a Faenquil. Acontece que a faculdade mantém em seu campus uma escola técnica de segundo grau, que forma técnicos em química. Mais do que preparar profissionais qualificados para o mercado de trabalho, o colégio é uma porta de entrada de estudantes do ensino público para universidades também públicas, como a USP. Em razão da alta qualidade do ensino - ministrado pelos próprios professores da Faenquil -, os alunos saem dali preparados para prestar o vestibular da Fuvest em igualdade de condições com candidatos oriundos das escolas particulares. "Ter uma atuação efetiva em favor do ensino secundário público de qualidade é um dos nossos grandes sonhos", comemora Melfi. "Se a transferência vier a se concretizar, a escola técnica da Faenquil nos ajudará a realizar isso."

Os sonhos da USP com a Faenquil não são de agora. No final de 2001, a Secretaria de Ciência e Tecnologia propôs transferir as três faculdades a ela ligadas - a Faenquil e as Faculdades de Medicina de São José do Rio Preto e de Marília - para a USP, a Unesp e a Unicamp. Para isso formou comissões a fim de avaliar a situação das faculdades e sua possível incorporação às universidades. O representante da USP foi o professor Antonio Marcos de Aguirra Massola, da Escola Politécnica.

Massola logo demonstrou o interesse da USP pela unidade de Lorena. Depois de algumas visitas à faculdade, ele e a comissão encarregada do assunto entregaram à Secretaria um relatório bastante favorável à unidade, com elogios à sua estrutura acadêmica e científica. Em 22 de maio de 2002, o reitor da USP baixou uma portaria nomeando nova comissão para estudar mais profundamente a possível transferência da Faenquil. Presidida por Massola, a equipe - composta ainda pelo diretor do Instituto de Química, Hernán Chaimovich, e pelo diretor do Instituto de Química de São Carlos, Douglas Franco - elaborou um relatório, apresentado em agosto passado ao Conselho Universitário. "Agora estamos na fase de detalhamento do projeto de transferência da Faenquil para a USP, que envolve entendimentos com setores do Executivo, do Legislativo, da Faenquil e da USP", explica Massola. "Esperamos que tudo dê certo."





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