saúde
Pesquisa analisa a situação dos idosos na Capital paulista
Valéria Dias
Um estudo detalhado que retrata as condições de saúde e de vida de pessoas
com 60 anos ou mais no município de São Paulo foi realizado por pesquisadores
da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP em parceria com a Organização
Pan-Americana de Saúde (Opas) e com o apoio da Fapesp. Foram entrevistados
2143 idosos residentes na Capital que responderam a um questionário com
informações sobre as condições de saúde, qualidade de vida, acesso e utilização
dos serviços de saúde, redes de apoio, história laboral, antropometria
e mobilidade, entre outras.
"Esta pesquisa contribui para que dirigentes da área da saúde, definidores
de políticas públicas, tomem conhecimento das condições de envelhecimento
da população e adotem medidas para que os idosos possam envelhecer com
dignidade", conta a professora Maria Lúcia Lebrão, coordenadora do Projeto
Sabe (Saúde, bem-estar e envelhecimento). Além do Brasil, seis países
da América Latina também estão envolvidos no Projeto da Opas: Argentina,
Barbados, Chile, Cuba, México e Uruguai.
Os dados da pesquisa da FSP revelam que no município a taxa de analfabetismo
entre os idosos (21%) é maior que a verificada em Barbados (0,4%). No
grupo com 75 anos ou mais, a taxa sobe para 33%. "Essa população representa
uma 'matéria-prima' pobre pois são analfabetos, viveram grande parte da
sua infância no campo e quando vieram para a cidade exerceram trabalho
braçal e, assim, não têm conhecimento dos recursos de saúde disponíveis
nem informações sobre prevenção de doenças", conta Maria Lúcia, alertando
que a taxa de analfabetismo em São Paulo foi a pior entre os países participantes
do Projeto.
Outras informações levantadas mostram que a maioria começou a trabalhar
aos 12 anos, 13% vivem sozinhos e 70% não recebem ajuda de ninguém. A
pesquisa possibilitará a avaliação dos diferenciais etário, de coorte
(características semelhantes em um grupo), de gênero e das condições socioeconômicas.
O Projeto Sabe, que também tem a coordenação do professor Ruy Laurenti,
da FSP, conta, para a sua análise, com a participação de professoras da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu e da Escola de Enfermagem
(EE/USP). Segundo Maria Lúcia, está previsto o lançamento de um livro,
ainda sem data definida, com informações detalhadas sobre o Projeto.
Mais informações: (0XX11) 3066-7724 / 7744, com a professora Maria Lúcia
Lebrão. E-mail: mllebr@usp.br
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