São Paulo, 14/07/2003


Universidades são fundamentais para a inclusão social


André Chaves de Melo, enviado especial a Recife

O primeiro dia de atividades da 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi marcado pela conferência Educação e Inclusão Social do ministro da Educação, Cristovam Buarque, que apresentou a visão do governo sobre o papel das universidades públicas gratuitas no contexto brasileiro.

Pernambucano, ex-aluno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - que este ano está sediando o evento - o ministro declarou que as universidades públicas gratuitas, enquanto instituições de ensino e de geração de ciência e tecnologia, devem ser consideradas como instrumentos da luta pela melhoria das condições de vida da sociedade. "Nosso grande desafio é acabar com o uso da educação, ciência e tecnologia para o aumento do abismo social entre os privilegiados e os excluídos, passando a utilizá-la na criação de uma nova sociedade, com melhor qualidade de vida para todos", diz Buarque.

Revalidação de diplomas
Segundo o ministro, as universidades no mundo todo, especialmente no Brasil, precisam se renovar. "A universidade precisa acompanhar o ritmo das transformações sociais, oferecendo cursos de atualização que possam, inclusive, se valer do uso das novas formas de aprendizado, representadas pela televisão, rádio, computador e, especificamente, pela Internet", afirma. "Também precisam oferecer cursos de revalidação dos diplomas dos seus alunos graduados por meio da criação de pró-reitorias de reciclagem. Essa expressão se aplica pelo fato de que, na sociedade atual, o estudo e o aperfeiçoamento precisam ser constantes, não havendo mais espaço para ex-alunos, sequer para o uso do termo."

O ministro também defendeu a manutenção pelas universidades dos investimentos nos cursos de licenciatura para professores. "A idéia é a de que, no futuro, o professor que ingressar em um concurso público para uma vaga na rede pública de ensino básico ganhe, automaticamente, uma vaga na universidade mais próxima, em cursos próprios, para cursar determinadas disciplinas que lhe ajudem na sua atividade profissional", declarou.

Outra frente, segundo Buarque, é a erradicação do analfabetismo adulto, meta que o ministro acredita ser possível cumprir em quatro anos. "Se 25% dos estudantes universitários do País dedicassem cerca de seis horas por semana na alfabetização de adultos a meta seria facilmente cumprida. Ela é possível também de ser alcançada a partir de pesados investimentos, daí a importância da participação das universidades nessas iniciativas como forma de viabilizarmos isso de maneira menos onerosa."

Após o término da conferência, o ministro participou da abertura do VIII Encontro Nacional do Programa Especial de Treinamento (Enapet), onde explicou como vai funcionar um convênio assinado hoje (14), no início da tarde, com a Prefeitura Municipal de Recife, para a erradicação do analfabetismo local. "Após recebermos os nomes dos futuros alunos cadastrados do município, procederemos a uma análise para evitarmos erros de ambas as partes. Posteriormente, para cada aluno, o município receberá, mensalmente, por um prazo de seis meses, 15 reais."

Depois dessa cerimônia, o ministro concedeu uma entrevista coletiva onde voltou a defender a adoção das cotas para estudantes negros nas universidades. "Trata-se de uma dívida histórica que precisa ser paga."

Autonomia das federais
Questionado sobre se o ministério tem a intenção de conceder a autonomia para as universidades federais, nos moldes da já consagrada experiência obtida pelo governo do Estado de São Paulo com relação as três universidades públicas gratuitas paulistas (USP, Unesp e Unicamp), o ministro afirmou que essa é uma idéia que ele discutiu com o presidente Luís Inácio Lula da Silva que, por sua vez, ainda está analisando o tema.

"Já encaminhei a proposta mas o presidente ainda não disse nem sim nem não", declarou Buarque. "A partir do parecer do presidente, nossa meta é abrir o debate sobre a questão, definindo as múltiplas possibilidades, como a definição de um percentual a ser incidido sobre um dos impostos federais para que esse valor seja dividido entre as universidades federais, de acordo com as especificidades de cada uma, como foi feito em São Paulo com relação ao ICMS."

Acompanhe, diariamente, até esta sexta-feira (18), a cobertura integrada da 55ª Reunião Anual da SBPC, promovida pela Coordenadoria de Comunicação Social da USP (CCS) por meio das suas mídias (Rádio USP, Agência USP e Portal da USP). Na próxima semana, o Jornal da USP também vai trazer uma matéria sobre o evento.



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