reunião
da SBPC
Pesquisador identifica constelações indígenas
André Chaves de Melo, enviado especial a Recife
Durante mais de dez anos o professor de física da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), Germano Bruno Affonso, reconstituiu as
constelações conhecidas pelos povos indígenas do
Brasil, principalmente os tupinambás.
Registradas em relatos antigos, escritos principalmente entre os séculos
XVI e XVII, as constelações são lembradas ainda hoje
por alguns índios, apesar da lenta perda desses conhecimentos.
Elas eram uma referência para a marcação do tempo,
das estações do ano e como pontos de orientação
geográfica. As constelações indígenas,
muitas vezes, incluíam em sua formação manchas da
Via Láctea, chamada por muitas tribos como o Caminho dos Espíritos
ou o Caminho da Anta, diz Affonso. Entre as principais constelações
encontradas, destacam-se a de Ema, Anta, Homem Velho e Veado, de um total
de cerca de cem grupos de estrelas.
A cultura ocidental reconhece, atualmente, a existência de 88 constelações.
Para recolher depoimentos dos índios o cientista afirma que percorreu
boa parte das atuais reservas indígenas do País. A pesquisa
teve como estímulo inicial a leitura do relato do padre francês
Claude d'Abbeville, escrito no século 17.
Cada constelação traz um significado, como a do Homem Velho,
que indica o início do verão ou das chuvas (estação
das águas). Entretanto, muitas das constelações indígenas
são formadas por estrelas que formam as constelações
da cultura ocidental, como a de Ema, cuja cabeça é formada
por partes do conhecido Cruzeiro do Sul enquanto seu pescoço é
formado pelas estrelas Alfa e Beta Centauro.
As conclusões do trabalho de Affonso serão apresentadas
para a comunidade científica hoje, às 15 horas, na conferência
Contribuições Nativas para o Conhecimento, que faz parte
da programação oficial da 55ª Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC.
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