São Paulo, 17/07/2003

55ª SBPC


Ennio Candotti toma posse como novo presidente da SBPC


André Chaves de Melo, enviado especial a Recife

O físico e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Ennio Candotti, assumiu ontem (16) a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC, durante a realização da assembléia geral da entidade, realizada no decorrer da sua 55ª Reunião Anual. No seu discurso de posse, Candotti criticou alguns pontos da atuação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), lembrando a posição historicamente independente da entidade, que foi criada pelos cientistas brasileiros como forma de defender o desenvolvimento da educação, da ciência e da tecnologia nacional. "A SBPC sempre tirou forças da sua pluralidade de representações e de sua autonomia como forma de não se curvar a governos e desejos particulares", afirma. "Uma prova disso é que estamos presentes em quase todos os estados. Mas, prometo que, até o final dessa gestão, todas as unidades da federação poderão contar com a presença da SBPC."

As declarações foram dadas logo após a diretoria anterior, presidida pela bioquímica Glaci Zancan, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ter dado seus últimos informes, como a eleição, pelo conselho da entidade, do químico Ricardo de Carvalho Ferreira, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ex-pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do Rio de Janeiro, como Presidente de Honra da SBPC. Na ocasião, a entidade aprovou o parecer da comissão de finanças e o relatório da gestão anterior, que se encontra disponível no site http://www.sbpcnet.org.br/relatorio, onde o leitor pode encontrar um resumo de tudo que foi feito nos últimos anos.

De acordo com Glaci, a democratização e ampliação da comunidade científica levaram muitos a se julgarem aptos a representar o conjunto. "Entretanto, por ser a alma mater de todas as demais sociedades, e pela sua história, é a SBPC a entidade cuja voz se faz ouvir pelos diversos órgãos da sociedade civil", lembra. "A representatividade e a respeitabilidade dela dependem da superação da rivalidade histórica entre suas comunidades mais tradicionais", afirma. "Essa disputa ficou visível na recente eleição. Somos poucos e não podemos pensar que uma entidade fragilizada possa executar a imensa tarefa de promover a ciência em um país continental. Deixo aqui essa mensagem para que reflitamos sobre as diferenças, busquemos o consenso na diversidade, pois como elite que somos não temos o direito de sobrepor nossos interesses individuais ou grupais ao trabalho coletivo a ser realizado em prol da população."

Segundo Ennio, a experiência desenvolvida na 55ª Reunião Anual, que transmitiu ao vivo, pela Internet, as conferências e simpósios, será estendida nos próximos anos. "Ao invés de termos 17 mil participantes inscritos, poderemos ampliar esse número para algo em torno de 150 mil participantes, em dez anos, espalhados por todo o País, transformando o caráter de realização das nossas reuniões, que hoje é localizado, e colocando-o num patamar nacional", destaca. "Outros fatores que merecerão nossa atenção serão a briga por recursos para a educação, a ciência e a tecnologia, a defesa das universidades públicas gratuitas e a retomada do estreitamento das relações de cooperação com as outras comunidades científicas latino-americanas."

Durante a assembléia, os sócios também votaram uma série de propostas de ação, entre elas o repúdio ao projeto de reforma previdenciária do governo, a defesa de uma reforma agrária justa, o repúdio à pulverização dos fundos setoriais entre os ministérios - proposta defendida por alguns setores do governo, e por sua permanência no MCT, respeitando o projeto criado pela gestão ministerial anterior - e a publicação da carta criada por um grupo de professores e estudantes universitários, sob a coordenação de Nelio Bizzo, vice-diretor da Faculdade de Educação (FE) da USP, que apresenta novas propostas para o desenvolvimento do ensino de ciências no Brasil.






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