Cálculo mostra que Reforma da Previdência
não altera o panorama atual
Da Redação, Agência USP
Os professores Hélio Zylberstajn, André Souza, Anderson
Stanciole, Marcelo Milan, da Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade (FEA) da USP, calcularam o volume de recursos necessários
para cobrir o déficit da previdência num período de
60 anos e estimaram que a dívida do sistema atual chegaria a 3,02
PIBs (Produto Interno Bruto). No cálculo, entraram os valores de
contribuição e de recebimentos de benefícios, levando
em conta a expectativa de vida da população e os atuais
trabalhadores ativos que se aposentarão.
"Em termos fiscais, o que foi votado hoje na Reforma não muda
nada", sentencia o professor Zylberstajn. Ele explica que o ganho
de arrecadação do governo nessa votação é
muito pequeno, em comparação ao tamanho do déficit.
"Os valores não alteram muito o panorama atual", esclarece,
"o ganho é, sobretudo, moral".
A mudança no sistema previdenciário que provocará
maior redução do déficit da Previdência é
a elevação da idade mínima para aposentadoria dos
servidores públicos. Hoje, os homens se aposentam aos 53 anos e
as mulheres aos 48 anos; com a reforma, as idades passam a ser 60 e 55
anos, respectivamente. No entanto, mesmo essa principal alteração
não é tão expressiva - correspondendo a apenas 6,62%
de uma projeção da dívida da previdência.
Além do aumento da idade mínima, a Reforma aprovou o aumento
da isenção e a determinação de um teto de
R$ 2.400,00 nas pensões, com taxação de 50% ao que
for excedente. Nesse sentido, de acordo com o professor, a Central Única
dos Trabalhadores (CUT) teve uma vitória em sua política
de preservar os contribuintes que ganham menos.
Transferência de Renda
Segundo o professor Zylberstajn, hoje os funcionários públicos
pagam menos do que recebem, o que obriga o governo a utilizar outras receitas,
de impostos, por exemplo, para cobrir a diferença. Já os
segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) recebem menos
do que pagam e essa diferença é utilizada para cobrir as
aposentadorias dos trabalhadores informais - que não contribuem
com o sistema.
Na tentativa de minimizar esse quadro de desequilíbrio, em que
funcionários do setor público e trabalhadores do setor informal
recebem dinheiro vindo de trabalhadores do setor privado, o INSS não
será alterado, explica o professor, mas a situação
dos funcionários públicos sofre uma mudança em que
a contribuição necessária a ser paga fica mais próxima
da recolhida, diminuindo os gastos das contas públicas e também
reduzindo a transferência de renda do setor privado.
"Considero a Reforma positiva em seu intuito de justiça social
e nivelamento entre contribuição e arrecadação",
conclui.
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