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ecologia Coleta intensiva de castanha-do-pará é insustentável, diz estudo Fábio de Castro Estudo realizado pelo biólogo Carlos A. Peres, do Instituto de Biociências (IB) da USP e da East Anglia University, do Reino Unido, denuncia os perigos da coleta intensiva de castanhas para a espécie e para o equilíbrio ecológico da Amazônia. Segundo a pesquisa Ameaças demográficas à sustentabilidade da exploração de castanha-do-pará, os padrões atuais são insustentáveis e, sem um manejo adequado, os castanhais podem ser devastados num período entre 50 e 100 anos. O estudo será publicado na revista Science, na edição desta sexta-feira. Segundo a bióloga Claudia Baider, do Departamento de Ecologia do IB, orientanda de Peres que participa das pesquisas, "há cinco décadas a intensidade da coleta é exagerada." A pesquisa revela que, apenas na parte brasileira da Amazônia, são coletadas anualmente mais de 45 mil toneladas de castanha-do-pará, com um faturamento que chega a 33 milhões de dólares. Claudia, seu orientador e uma equipe de mais 15 pesquisadores de vários países fizeram uma análise comparativa de 23 populações da castanheira (Bertholletia excelsa) na Amazônia brasileira, peruana e boliviana. A história e a intensidade da exploração da castanha-do-pará são os principais determinantes do tamanho das árvores. As populações submetidas à coleta muito intensiva apresentam poucas árvores novas (com menos de 60 centímetros de diâmetro). A bióloga afirma que a presença de árvores novas é um dos principais indicadores de saúde da floresta. "Quando uma população não tem indivíduos jovens, não há chance de reposição daqueles que vão morrendo". Com isso, a pesquisa indica que a tendência é a extinção da espécie. "Os maiores castanhais, na região de Belém, Tucuruí e no Sul do Pará, já desapareceram. O desmatamento ilegal é a principal causa, mas descobrimos que a coleta intensiva também tem um papel importante na devastação". A reposição dos castanheiros depende também da cotia, um de seus maiores dispersores, segundo Claudia. O animal leva cerca de 30 minutos para quebrar a casca dos "ouriços" (conjunto de castanhas) e, depois de comer algumas sementes, enterra as outras, dando-lhes chance para germinação. "Sem a ação destes mamíferos, a germinação é muito rara. Mas com a coleta intensiva não sobram sementes para as cotias e a probabilidade de reposição dos castanheiros fica muito reduzida". A pesquisa também aponta que, nos locais de coleta intensiva, há redução na população de cotias. Mais informações: (00XX230) 686-2357 (Ilhas Maurício) ou pelo e-mail v.florens@intnet.mu, com Claudia Baider. A reprodução do conteúdo informativo desse boletim em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, é permitida mediante a citação nominal da Agência USP de Notícias como sua fonte de origem. |
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