São Paulo, 19/02/2004


Incidência e mortalidade de câncer na capital paulista continuam crescendo


Maurício Kanno

Publicação feita pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mostra que o câncer atinge e mata cada vez mais paulistanos. Os dados referem-se ao período de 1997 a 1999. "A incidência e a mortalidade aumentaram tanto considerando cada ano deste período separadamente, como comparando-se com os anos anteriores", explica o professor Antônio Pedro Mirra, coordenador da pesquisa. Desde 1969, o Registro de Câncer de São Paulo, do Departamento de Epidemiologia da FSP realiza levantamentos referentes à doença.

Segundo o professor, os números mais recentes mostram que houve 17.310 mortes de homens por câncer e 15.515 de mulheres, sendo que a doença atingiu 57.031 homens e 62.051 mulheres. "Essas diferenças podem ser explicadas por um predomínio do sexo feminino na população de São Paulo", explica o médico. "Além disso, há maior incidência em algumas localizações próprias de cada sexo e diagnóstico mais freqüente de outras em fases mais avançadas."

Desse modo, têm-se os seguintes índices por 100 mil habitantes: mortalidade de homens 152,6 e de mulheres de 100,7; incidência masculina de 498,0 e feminina de 401,7.

Por tipos de câncer, novamente considerando índices por 100 mil habitantes, o câncer mais freqüente para os homens seria o de próstata, com índice de 90,4. Os demais seriam o de pulmão, com 38,7, de estômago, com 36,6, de cólon (intestino grosso), com 22,2 e da bexiga, com 21,9.

Entre as mulheres, o câncer de mama continuaria sendo o mais freqüente, com índice de 95,1, seguindo-se o de colo do útero, com 23,0, de cólon, com 18,5, de estômago, com 15,1, e de tiróide com 14,6. Já o câncer de pele, embora bem freqüente, tem uma mortalidade praticamente nula, para ambos os sexos.

E as tendências são de uma incidência crescente para os cânceres de próstata e de pulmão nos homens e de cólon em ambos os sexos. Entretanto, indica-se uma tendência decrescente para a incidência dos de estômago e bexiga nos homens, e de colo do útero, estômago e tiróide nas mulheres. O câncer de mama apresenta-se estável.

Fatores de risco
De acordo com o estudo, um dos motivos do aumento da incidência é o fato de a população com 60 ou mais anos de idade, mais exposta à doença, ter aumentado progressivamente, atingindo 9,3% em 1999.

Entre os fatores de risco, Mirra comenta que mudanças de fatores reprodutivos e sexuais têm influenciado a incidência dos cânceres de mama, colo do útero e próstata. "Mulheres com a primeira gravidez acima dos 25 anos têm um risco dois terços maior de ter um câncer de mama", explica o professor. "O início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros masculinos e a infecção pelo papilomavírus (HPV), influenciam o câncer de colo do útero; hábitos sexuais pouco saudáveis e presença de doenças sexualmente transmissíveis são fatores de risco para o câncer de próstata."

O estudo também mostra que hábitos dietéticos têm influências na incidência de tumores do aparelho digestivo. "Alimentos muito salgados e defumados, bem como dietas pobres em frutas frescas e vegetais favorecem o aumento do câncer de estômago", conta Mirra. "Já uma dieta rica em cereais e fibras e pobre em alimentos gordurosos podem ser responsáveis por uma menor incidência dos tumores no câncer de cólon e reto; de qualquer forma, a refrigeração dos alimentos tem uma ação protetora."

Já o tabagismo, segundo a pesquisa, tem uma participação na incidência da maioria dos tumores malignos.

Publicação disponível
Foram coletados dados de 338 fontes, como hospitais, clínicas, serviços de radioterapia, quimioterapia e de prevenção, laboratórios de patologia e citologia, casas de repouso, serviços de autópsia e atestados de óbito.

O resultado é uma apresentação de muitos dados sobre a incidência e a mortalidade do câncer, além dos fatores de risco, analisados para cada localização do corpo que pode ser atingida.

É possível obter gratuitamente um exemplar da publicação na sede do Registro de Câncer de São Paulo, na FSP, Av. Dr. Arnaldo, 715, 1º andar, sala 112. Em seu site www.fsp.usp.br/rcsp, há uma versão em PDF tanto deste último estudo como dos outros dois anteriores, concluídos em 2001 e 1999.

Mais informações: (0XX11) 3066-7799 ou e-mail apmirra@usp.br, com o professor

 


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