Expectativa é de que o encontro da AULP seja o primeiro passo para integração
entre universidades lusófonas
Taís Bahov / USP Online
A necessidade de criação de uma rede para trocar informações
e experiências foi uma das principais propostas de Grupos de Trabalho
do XIV Encontro da Associação das Universidades de Língua
Portuguesa (AULP), na tarde desta sexta-feira (23). Os participantes
discutiram temas relacionados ao ensino de língua portuguesa, formação
de professores e uniformização de currículos de graduação.
Os resultados dos debates serão apresentados neste sábado
(24).
Temos a expectativa de que este encontro proporcione maior integração
entre as universidades membros da AULP e que possibilite o estabelecimento
de acordos entre estas universidades para formação conjunta
dos professores, afirmou Myriam Krasilchik, professora da Faculdade
de Educação (FE) da USP. Myriam, que foi coordenadora do
Grupo de Trabalho sobre Formação de Professores para
o Ensino Médio/Secundário e Fundamental/Básico,
afirmou que a proposta do seu grupo é promover a integração
entre as universidades por meio da formação de grupos de
pesquisas, criação de um site para os professores de língua
portuguesa e implementação do intercâmbio de alunos
e pesquisadores entre as universidades da AULP.
O ensino da língua portuguesa também foi bastante discutido
em outro grupo de trabalho, que contou com as experiências de pesquisadores
em países africanos, onde o português coexiste com línguas
regionais. É o caso, por exemplo, de Timor Leste, Moçambique,
Guiné-Bissal, Angola e Cabo Verde. No Timor Leste percebe-se
uma grande simpatia do povo em relação ao português,
afirmou a professora Regina Helena de Brito, da Universidade Mackenzie.
Segundo ela, foram os timorenses que buscaram apoio do Brasil e de Portugal
para difundir o ensino da língua portuguesa em seu país.
Já o contrário ocorre em Moçambique, onde o português
é língua materna de apenas 6,5% da população
do país. O português é a língua da elite
e a elevação de qualquer outra língua a oficial,
em Moçambique, pode desencadear um conflito entre os diversos grupos
étnicos do país, afirmou Regina.
Literatura
A literatura é um espelho profundo das sociedades,
defendeu a professora Cremilda Medina, da Escola de Comunicações
e Artes (ECA) da USP, que participou das discussões sobre Literatura
em Língua Portuguesa. Cremilda, que tem diversos livros publicados
sobre o assunto, defendeu que a literatura apresenta personagens identificados
com os povos e, por meio dela, é possível conhecer as sociedades.
Segundo a professora, há diferenças entre as literaturas
portuguesa, brasileira e africana, decorrentes da formação
cultural destas sociedades. A cultura brasileira está muito
voltada para o seu próprio continente, ao contrário dos
portugueses, explica. Já os africanos têm, segundo
a professora, maior conhecimento da cultura brasileira na medida em que
a suas obras resgatam as origens ancestrais dos povos: é
uma tentativa desesperada de encontrar a sua história, afirmou.
O principal objetivo do subgrupo de literatura em língua portuguesa,
coordenado pela professora Elza Assumpção Miné, é
iniciar um processo de inclusão das literaturas de língua
portuguesa no currículo dos ensinos fundamental, médio e
superior. Os participantes pretendem sensibilizar os alunos e despertar
o prazer pela arte e pelos textos literários, e não propor
a simples discussão estética das obras.
Durante a conferência, o grupo coordenado pela professora Elza propôs
a criação de disciplinas nas universidades ligadas à
AULP, que operem com textos literários, a organização
de bibliotecas com obras literárias em língua portuguesa,
a produção de coleções de livros paradidáticos
sobre o tema, a publicação de volumes com textos em prosa
e poesia e a elaboração de um dicionário de literaturas
de língua portuguesa, além do incentivo a programas de intercâmbio
entre estudantes e pesquisadores.
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