São Paulo, 23/07/2004


Expectativa é de que o encontro da AULP seja o primeiro passo para integração entre universidades lusófonas


Taís Bahov / USP Online

A necessidade de criação de uma rede para trocar informações e experiências foi uma das principais propostas de Grupos de Trabalho do XIV Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), na tarde desta sexta-feira (23). Os participantes discutiram temas relacionados ao ensino de língua portuguesa, formação de professores e uniformização de currículos de graduação. Os resultados dos debates serão apresentados neste sábado (24).

“Temos a expectativa de que este encontro proporcione maior integração entre as universidades membros da AULP e que possibilite o estabelecimento de acordos entre estas universidades para formação conjunta dos professores”, afirmou Myriam Krasilchik, professora da Faculdade de Educação (FE) da USP. Myriam, que foi coordenadora do Grupo de Trabalho sobre “Formação de Professores para o Ensino Médio/Secundário e Fundamental/Básico”, afirmou que a proposta do seu grupo é promover a integração entre as universidades por meio da formação de grupos de pesquisas, criação de um site para os professores de língua portuguesa e implementação do intercâmbio de alunos e pesquisadores entre as universidades da AULP.

O ensino da língua portuguesa também foi bastante discutido em outro grupo de trabalho, que contou com as experiências de pesquisadores em países africanos, onde o português coexiste com línguas regionais. É o caso, por exemplo, de Timor Leste, Moçambique, Guiné-Bissal, Angola e Cabo Verde. “No Timor Leste percebe-se uma grande simpatia do povo em relação ao português”, afirmou a professora Regina Helena de Brito, da Universidade Mackenzie. Segundo ela, foram os timorenses que buscaram apoio do Brasil e de Portugal para difundir o ensino da língua portuguesa em seu país.

Já o contrário ocorre em Moçambique, onde o português é língua materna de apenas 6,5% da população do país. “O português é a língua da elite e a elevação de qualquer outra língua a oficial, em Moçambique, pode desencadear um conflito entre os diversos grupos étnicos do país”, afirmou Regina.

Literatura
“A literatura é um espelho profundo das sociedades”, defendeu a professora Cremilda Medina, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que participou das discussões sobre Literatura em Língua Portuguesa. Cremilda, que tem diversos livros publicados sobre o assunto, defendeu que a literatura apresenta personagens identificados com os povos e, por meio dela, é possível conhecer as sociedades.

Segundo a professora, há diferenças entre as literaturas portuguesa, brasileira e africana, decorrentes da formação cultural destas sociedades. “A cultura brasileira está muito voltada para o seu próprio continente, ao contrário dos portugueses”, explica. Já os africanos têm, segundo a professora, maior conhecimento da cultura brasileira na medida em que a suas obras resgatam as origens ancestrais dos povos: “é uma tentativa desesperada de encontrar a sua história”, afirmou.

O principal objetivo do subgrupo de literatura em língua portuguesa, coordenado pela professora Elza Assumpção Miné, é iniciar um processo de inclusão das literaturas de língua portuguesa no currículo dos ensinos fundamental, médio e superior. Os participantes pretendem sensibilizar os alunos e despertar o prazer pela arte e pelos textos literários, e não propor a simples discussão estética das obras.

Durante a conferência, o grupo coordenado pela professora Elza propôs a criação de disciplinas nas universidades ligadas à AULP, que operem com textos literários, a organização de bibliotecas com obras literárias em língua portuguesa, a produção de coleções de livros paradidáticos sobre o tema, a publicação de volumes com textos em prosa e poesia e a elaboração de um dicionário de literaturas de língua portuguesa, além do incentivo a programas de intercâmbio entre estudantes e pesquisadores.



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