Educação para a paz deve combater desigualdade social, diz assessor da ONU
Júlio Bernardes,
da Agência USP
Educar para a paz não significa apenas capacitar pessoas para evitar
guerras, mas também aumentar a solidariedade no mundo, permitindo
uma vida ativa e produtiva para toda a população. A afirmação
é de Eduardo Gutierrez, assessor da Universidad para la Paz
da Organização das Nações Unidas (ONU), em
conferência realizada às 9h de sábado (24) no XIV
Encontro da Associação das Universidades de Língua
Portuguesa (AULP), que está sendo realizado na USP.
Gutierrez relatou que a Universidad para la Paz foi criada pela
ONU em 1979, na Costa Rica. "Inicialmente, ela destinava-se a auxiliar
na solução das guerras civis nos países da América
Central", disse. "A explosão de conflitos em todo mundo
nos anos 90, vitimando principalmente pessoas inocentes, obrigou a instituição
a pensar numa concepção integral de educação
dirigida para a paz."
Segundo Eduardo Gutierrez, o uso da força militar não é
eficiente na solução das disputas internas dentro dos países,
o que torna necessária a formação de novas lideranças.
"Para haver paz, não basta acabar com as guerras", afirmou.
"Estamos deixando um mundo difícil para as novas gerações,
muitas pessoas sofrem com a pobreza e a injustiça social."
Proposta
A educação para a paz, observou Gutierrez, deve conciliar
progresso e segurança. "Existem problemas que exigem soluções
urgentes, e os organismos internacionais devem ser repensados para atender
as novas situações", declarou. "É preciso
priorizar a questão do crescimento demográfico, da administração
dos recursos naturais, o combate à pobreza, a redução
dos gastos militares e ampliar a solidaridade entre os países."
De acordo com Eduardo Gutierrez, a Universidad para la Paz tem
realizado cursos de especialização e parcerias em todo o
mundo para formar especialistas capazes de atuar na solução
de conflitos, não só na área do direito internacional,
mas também em questões ambientais e na inserção
da mulher na sociedade. "A capacitação é adequada
às necessidades de cada país", apontou. "A educação
para a paz deve chegar ao sistema educacional e também à
mídia, para que os meios de comunicação não
destaquem apenas o pior, alimentando conflitos."
A conferência foi presidida pelo professor José Fernandes
de Lima, Reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que apontou
a busca pela paz como o grande tema deste século. "Sem a paz,
de nada irá adiantar a tecnologia e o esforço de desenvolvimento
do mundo atual", afirmou. "As universidades devem encampar esta
busca, que é uma questão crucial para toda a sociedade."
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