São Paulo, 24/07/2004


Educação para a paz deve combater desigualdade social, diz assessor da ONU

Júlio Bernardes, da Agência USP

Educar para a paz não significa apenas capacitar pessoas para evitar guerras, mas também aumentar a solidariedade no mundo, permitindo uma vida ativa e produtiva para toda a população. A afirmação é de Eduardo Gutierrez, assessor da Universidad para la Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), em conferência realizada às 9h de sábado (24) no XIV Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), que está sendo realizado na USP.

Gutierrez relatou que a Universidad para la Paz foi criada pela ONU em 1979, na Costa Rica. "Inicialmente, ela destinava-se a auxiliar na solução das guerras civis nos países da América Central", disse. "A explosão de conflitos em todo mundo nos anos 90, vitimando principalmente pessoas inocentes, obrigou a instituição a pensar numa concepção integral de educação dirigida para a paz."

Segundo Eduardo Gutierrez, o uso da força militar não é eficiente na solução das disputas internas dentro dos países, o que torna necessária a formação de novas lideranças. "Para haver paz, não basta acabar com as guerras", afirmou. "Estamos deixando um mundo difícil para as novas gerações, muitas pessoas sofrem com a pobreza e a injustiça social."

Proposta
A educação para a paz, observou Gutierrez, deve conciliar progresso e segurança. "Existem problemas que exigem soluções urgentes, e os organismos internacionais devem ser repensados para atender as novas situações", declarou. "É preciso priorizar a questão do crescimento demográfico, da administração dos recursos naturais, o combate à pobreza, a redução dos gastos militares e ampliar a solidaridade entre os países."

De acordo com Eduardo Gutierrez, a Universidad para la Paz tem realizado cursos de especialização e parcerias em todo o mundo para formar especialistas capazes de atuar na solução de conflitos, não só na área do direito internacional, mas também em questões ambientais e na inserção da mulher na sociedade. "A capacitação é adequada às necessidades de cada país", apontou. "A educação para a paz deve chegar ao sistema educacional e também à mídia, para que os meios de comunicação não destaquem apenas o pior, alimentando conflitos."

A conferência foi presidida pelo professor José Fernandes de Lima, Reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que apontou a busca pela paz como o grande tema deste século. "Sem a paz, de nada irá adiantar a tecnologia e o esforço de desenvolvimento do mundo atual", afirmou. "As universidades devem encampar esta busca, que é uma questão crucial para toda a sociedade."



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