São Paulo, 25/07/2004


Pós-graduação é alternativa para aumentar contato entre pesquisadores de língua portuguesa

Júlio Bernardes
Durante a mesa redonda Cooperação científica no espaço lusófono, pesquisadores brasileiros e portugueses apontaram que as pesquisas conjuntas ente os dois países estão aumentado, mas podem ser ampliadas através dos programas de pós-graduação. O debate, realizado às 10 da manhã de hoje (25), no último dia da XIV Reunião da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) na USP, também discutiu formas de aumentar o intercâmbio dos pesquisadores com os países de língua portuguesa na África.

O pesquisador português Antonio Coutinho, da Universidade de Lisboa e da Fundação Gulbekian afirmou que a cooperação entre Brasil e Portugal na pesquisa científica aumentou nos últimos dez anos. "A maioria dos vínculos é estabelecida pelos próprios pesquisadores, sem a intermediação de convênios", disse.

Coutinho apontou que o intercâmbio poderia ser aumentado através dos estudos de pós-graduação, que tem grande participação nas pesquisas dos dois países. "Estudantes brasileiros poderiam realizar exames de qualificação em Portugal concorrendo em igualdade com os candidatos locais, e vice-versa," sugeriu o pesquisador.

Artigos
O pró-reitor de pesquisa da USP, Luiz Nunes de Oliveira, observou que a publicação de artigos em revistas científicas internacionais, registrada pelo Institute for Scientific Information (ISI), cresceu tanto no Brasil quanto em Portugal nos últimos 30 anos. Entretanto, Luiz observa que poucos trabalhos foram publicados em conjunto. "Enquanto foram registrados 3500 artigos brasileiros e 4500 portugueses em 2003,, apenas 20 eram assinados por pesquisadores dos dois países, principalmente nas áreas de química e física."

De acordo com Luis Nunes, a cooperação científica de Brasil e Portugal com os países africanos é ainda menor, citando como exemplo o caso de Moçambique. "Em 2003, o cadastro do ISI apontou apenas nove artigos conjuntos de pesquisadores portugueses e moçambicanos, a maioria de medicina e biologia", afirmou. "Apenas um texto era de moçambicanos e brasileiros, na área de Geociências."

Segundo o pró-reitor de pesquisa da USP, já existem instrumentos para aumentar o intercâmbio dos países de língua portuguesa na área de pesquisa. "No Brasil, o governo federal oferece bolsas de um ano para estudos de doutorado no exterior, mas a procura é muito pequena", declarou. Luis Nunes lembrou que a Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, criada pela Escola do Futuro da USP na Internet, possui um convênio com a Universidade Tecnológica de Maputo (Moçambique), para intercâmbio de textos. "Faltam iniciativas mais estruturadas para aprofundar os contatos."

Convênios
Benício Schmidt, coordenador de cooperação internacional da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação, relatou que um convênio com o Instituto de Ciências de Portugal permitiu a criação de 62 programas de pós-graduação conjuntos entre brasileiros e portugueses, envolvendo 22 instituições dos dois países. "Nesses programas, há o compartilhamento dos recursos de pesquisa", afirma.

De acordo com Benício, a Capes deverá receber delegações dos governos de Angola e Moçambique, que tem interesse em ampliar o intercâmbio com o Brasil. "Universidades brasileiras já atuam nesses países, em acordos com instituições locais", apontou. "A Capes possui um programa que oferece bolsas a estudantes estrangeiros de países em desenolvimento."



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