Pós-graduação é alternativa para aumentar contato entre pesquisadores de
língua portuguesa
Júlio Bernardes
Durante a mesa redonda Cooperação científica no
espaço lusófono, pesquisadores brasileiros e portugueses
apontaram que as pesquisas conjuntas ente os dois países estão
aumentado, mas podem ser ampliadas através dos programas de pós-graduação.
O debate, realizado às 10 da manhã de hoje (25), no último
dia da XIV Reunião da Associação das Universidades
de Língua Portuguesa (AULP) na USP, também discutiu
formas de aumentar o intercâmbio dos pesquisadores com os países
de língua portuguesa na África.
O pesquisador português Antonio Coutinho, da Universidade de Lisboa
e da Fundação Gulbekian afirmou que a cooperação
entre Brasil e Portugal na pesquisa científica aumentou nos últimos
dez anos. "A maioria dos vínculos é estabelecida pelos
próprios pesquisadores, sem a intermediação de convênios",
disse.
Coutinho apontou que o intercâmbio poderia ser aumentado através
dos estudos de pós-graduação, que tem grande participação
nas pesquisas dos dois países. "Estudantes brasileiros poderiam
realizar exames de qualificação em Portugal concorrendo
em igualdade com os candidatos locais, e vice-versa," sugeriu o pesquisador.
Artigos
O pró-reitor de pesquisa da USP, Luiz Nunes de Oliveira, observou
que a publicação de artigos em revistas científicas
internacionais, registrada pelo Institute for Scientific Information
(ISI), cresceu tanto no Brasil quanto em Portugal nos últimos 30
anos. Entretanto, Luiz observa que poucos trabalhos foram publicados em
conjunto. "Enquanto foram registrados 3500 artigos brasileiros e
4500 portugueses em 2003,, apenas 20 eram assinados por pesquisadores
dos dois países, principalmente nas áreas de química
e física."
De acordo com Luis Nunes, a cooperação científica
de Brasil e Portugal com os países africanos é ainda menor,
citando como exemplo o caso de Moçambique. "Em 2003, o cadastro
do ISI apontou apenas nove artigos conjuntos de pesquisadores portugueses
e moçambicanos, a maioria de medicina e biologia", afirmou.
"Apenas um texto era de moçambicanos e brasileiros, na área
de Geociências."
Segundo o pró-reitor de pesquisa da USP, já existem instrumentos
para aumentar o intercâmbio dos países de língua portuguesa
na área de pesquisa. "No Brasil, o governo federal oferece
bolsas de um ano para estudos de doutorado no exterior, mas a procura
é muito pequena", declarou. Luis Nunes lembrou que a Biblioteca
Virtual do Estudante Brasileiro, criada pela Escola do Futuro da USP na
Internet, possui um convênio com a Universidade Tecnológica
de Maputo (Moçambique), para intercâmbio de textos. "Faltam
iniciativas mais estruturadas para aprofundar os contatos."
Convênios
Benício Schmidt, coordenador de cooperação internacional
da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível
Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação,
relatou que um convênio com o Instituto de Ciências de Portugal
permitiu a criação de 62 programas de pós-graduação
conjuntos entre brasileiros e portugueses, envolvendo 22 instituições
dos dois países. "Nesses programas, há o compartilhamento
dos recursos de pesquisa", afirma.
De acordo com Benício, a Capes deverá receber delegações
dos governos de Angola e Moçambique, que tem interesse em ampliar
o intercâmbio com o Brasil. "Universidades brasileiras já
atuam nesses países, em acordos com instituições
locais", apontou. "A Capes possui um programa que oferece bolsas
a estudantes estrangeiros de países em desenolvimento."
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