São Paulo, 27/07/2004


Universidades também são espaço de contestação, defende representante da Unesco


Do Jornal da USP

Neste segundo dia da 12ª Conferência Geral da Associação Internacional de Universidades (IAU), que acontece no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, a filósofa grega Katérina Stenou, diretora da Divisão de Políticas Culturais e Diálogos Interculturais da Unesco, disse que as universidades exercem um papel fundamental de vigilância da vida política das sociedades e nesse sentido devem constituir um espaço não só de convergência de idéias mas também de contestação.

Em seu discurso realizado no início da tarde desta terça-feira (27), Katérina disse que existe uma certa tendência a simplificar a questão da promoção do diálogo nas universidades. "Ao contrário, precisamos sofisticar e tornar mais complexo este debate para que a academia possa entender as reais dimensões do problema. O que tenho defendido é que o diálogo nacional deve estar entrelaçado à missão teórica e ética da universidade. Esta, por sua vez, não deve ser apenas um local de convergência ou divergência de idéias, ou onde se transmite conhecimento. Deve ser um lugar de contestação e vigilância. É isso o que nos permite observar e analisar o que ocorre na sociedade para que não sejamos instrumentalizados por políticos, religiões ou outras forças sociais".

Katérina trabalha no escritório francês da Unesco e lamentou o fato de poder passar apenas um dia na Capital paulista, onde veio especialmente para participar da plenária temática "O Papel das Universidades na Promoção do Diálogo". Participaram da mesma discussão o presidente da Universidade de Teerã, Reza Faraji-Dana, o diretor do Instituto de Estudos Africanos da School of International and Public Affairs da Columbia (EUA), Mahmood Mandani, além do professor Paolo Blasi, ex-reitor da Universidade de Florença, na Itália. Para Katérina, as universidades devem fazer a diferença em termos de cultura, civilização e religião. "Temos a obrigação de informar criticamente os políticos e formar opiniões da forma mais objetiva e ética possível", disse.

Pela primeira vez no Brasil
A promoção do diálogo nas universidades continua sendo o assunto principal desta tarde. Desde as 15h30, conferencistas de variados países apresentaram seus enfoques sobre a questão nas diversas salas do centro de convenções. Esta é a primeira vez que a Conferência Geral da IAU acontece no Brasil e traz a presença de reitores e professores de cerca de 400 instituições de ensino superior de todos os continentes. "A riqueza da diversidade: o papel das universidades na promoção do diálogo e do desenvolvimento" foi o tema escolhido para este ano.

Para o reitor da Universidade de São Paulo, Adolpho José Melfi, São Paulo conseguiu sediar este ano o evento devido ao reconhecimento do mérito em pesquisa e ensino que algumas universidades brasileiras alcançaram. "Para a USP é uma honra muito grande receber esta reunião, que é o foro maior da IAU e pela primeira vez está sendo realizada na América Latina. O fato de ter vindo para SP foi devido a existência de universidades que adquiriram um certo reconhecimento internacional pelo seu desempenho tanto no ensino como na pesquisa ou nos serviços de extensão. A importância desta reunião é muito grande pelo fato de reunir reitores de praticamente todas as universidades do mundo. Das 700 universidades existentes, aproximadamente 400 estão representadas neste evento", disse Melfi.

A IAU, criada em 1950 com o objetivo de incentivar a reflexão e a ação de interesses comuns é uma organização filiada à Unesco e reúne universidades de mais de 150 países.



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