Tarso Genro defende na Assembléia
projeto de democratização do ensino público
André Benevides
Na próxima terça-feira (17), deverá entrar em tramitação
na Assembléia Legislativa de São Paulo o projeto de lei
que prevê a reserva de 50% das vagas, em universidades estaduais,
para alunos oriundos do ensino público, e de 30% para negros e
indígenas.Em apoio ao projeto, o ministro da Educação,
Tarso Genro, esteve na Assembléia na tarde desta quarta-feira (11),
onde proferiu palestra pela democratização das universidades
públicas.
Genro manifestou solidariedade ao movimento que está sendo feito
na Assembléia para a instituição, em nível
estadual, das cotas para estudantes de escolas públicas e afros-descendentes
nas universidades estaduais. Segundo ele, "a cotização
das vagas não é a solução, mas ajuda as classes
populares a chegarem na universidade pública. A intenção
é que um dia as cotas não sejam mais necessárias."
Segundo o deputado Cândido Vaccarezza, líder do PT na Câmara
e principal autor do projeto, um dos objetivos da iniciativa é
"estimular o fortalecimento do ensino público", na medida
em que seus estudantes serão privilegiados com o projeto.
Na USP, opção é por cursinho gratuito
Desde julho, está em funcionamento na Zona Leste da Capital um
cursinho pré-vestibular gratuito, ministrado por alunos da USP,
destinado a estudantes de escolas públicas da região. Os
cursinhos populares são uma alternativa da Universidade de São
Paulo ao sistema de cotas. Em abril deste ano, o projeto foi apresentado
a Tarso Genro, quando ele visitou a universidade. Na oportunidade, após
participar de um encontro com o reitor da USP, Adolpho José Melfi,
o ministro declarou: "o reitor tem uma visão distinta da nossa."
Contudo, deixou claro também que o projeto do governo de cotas
para negros não seria uma imposição.
Outra iniciativa da USP foi a concessão de mais isenções
da taxa do vestibular da Fuvest para estudantes de baixa renda. No ano
passado, foram 20 mil e a expectativa é que neste ano as isenções
cheguem a 60 mil.
Protestos
A palestra de Tarso Genro foi marcada pela manifestação
de movimentos estudantis contrários à reforma universitária,
tal como se pretende realizar. Os protestos provocaram o encerramento
do debate antes que outras pessoas tomassem a palavra, como era previsto.
Os estudantes protestaram principalmente contra o Programa Universidade
para Todos (ProUni), que prevê a ocupação de parte
das 550 mil vagas ociosas nas universidades privadas por estudantes do
ensino público. A crítica é que, ao invés
de fazer acordo com o setor privado, o governo deveria investir na expansão
e na qualidade do ensino público superior.
O ministro afirmou que os manifestantes "prestam um desfavor à
universidade ao tentarem interditar o debate sobre a reforma universitária",
e classificou a atitude deles como "fascista".
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