São Paulo, 30/08/2004


Ministro da Ciência e Tecnologia inaugura célula a combustível no Cietec e anuncia investimentos no setor


Júlio Bernardes

O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, inaugurou nesta segunda-feira (30), no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), na Cidade Universitária, em São Paulo, uma célula a combustível experimental. A célula, capaz de produzir energia elétrica por meio da quebra de moléculas de hidrogênio, foi desenvolvida pela Electrocell, empresa incubada no Cietec. Após a inauguração, que aconteceu às 12h45, Eduardo Campos anunciou que o Ministério investirá R$ 8 milhões, ainda este ano, no programa brasileiro de células a combustível, com prioridade para o uso de álcool como fonte de hidrogênio.

Eduardo Campos assinou portaria nomeando os coordenadores das redes de pesquisa
do Programa Brasileiro de Sistemas Célula a Combustível (PROCaC). Ao todo, serão três redes que reunirão 17 instituições de pesquisa em todo o País, coordenadas por Francelino Grando, secretário de Política de Informática e Tecnologia do Ministério. "O programa é coordenado pelo Ministério das Minas e Energia", explicou o ministro. "Cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia estimular a formação de recursos humanos e o desenvolvimento tecnológico das células a combustível."

Segundo Eduardo Campos, o Ministério destinará este ano R$ 4,5 milhões para recursos humanos, e RS 3,5 milhões para compra e manutenção de equipamentos. "O Brasil está inserido numa corrida mundial para a utilização do hidrogênio como matriz energética, uma fonte renovável e limpa", afirmou. "O êxito brasileiro na produção de álcool poderá ser usado para fazer com que as células a combustível atinjam mais rapidamente um custo compatível com as necessidades do mercado."

O ministro apontou que é necessária a criação de leis que regulem e estimulem a produção de energia por células a combustível. "O marco legal precisa levar em conta que as células estão em fase experimental e ainda não representam uma alternativa para disputar o mercado", disse.

Tecnologia
A célula a combustível inaugurada no Cietec foi projetada para gerar 50 KW de energia elétrica e, inicialmente, fornecerá 30 KW para iluminar os corredores da sede do Centro. O desenvolvimento da célula pela Electrocell levou cinco anos, com apoio da distribuidora de energia AES Eletropaulo. "A empresa investiu R$ 1,7 milhões no projeto", relatou Eduardo Bernini, presidente da AES Eletropaulo. "Hoje, toda a tecnologia da célula a combustível é nacional e 80% dos componentes são produzidos no país".

O engenheiro Gehard Ett, diretor da Electrocell, explicou que a célula a combustível é um conversor eletroquímico que transforma a energia química das moléculas de hidrogênio em energia elétrica. "A conversão se dá por meio de catalisadores de platina que favorecem a oxidação do hidrogêno", explica. Eduardo Bernini apontou que a célula produz apenas água como resíduo. "O calor produzido pode ser direcionando para o condicionamento de ar", relatou.

De acordo com o engenheiro, a célula desenvolvida no Cietec está preparada para receber o hidrogênio proveniente da reforma do gás natural ou do etanol (álcool de cana). "A produção em série deverá ser iniciada em dois anos, com a ampliação da empresa", afirmou. Gehard relatou que a célula pode ser utilizada em estações de telefonia, rádio, hospitais, prédios inteligentes, escritórios e shopping centers. "A iluminação é apenas um dos usos possíveis, pois a energia fornecida é de alta qualidade."

O presidente da AES Eletropaulo apontou que o custo de instalação da célula a combustível varia entre US$ 1.200 e US$ 1.500 por quilowatt/hora, valor próximo ao de uma usina hidrelétrica de pequeno porte. "O custo de operação, porém, ainda é semelhante ao das termelétricas, o que tornaria o preço da energia mais caro para o consumidor", explicou Eduardo Bernini. "A redução do preço dependerá do combustível utilizado e da produção em grande escala."

A célula a combustível foi desenvolvida no Cietec, instituição criada em parceria pela USP, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (Sebrae). Os estudos foram financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, através da Finep (Financiadora deEstudos e Projetos) e pela Fapesp.



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