Ministro da Ciência e Tecnologia inaugura célula a combustível
no Cietec e anuncia investimentos no setor
Júlio Bernardes
O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, inaugurou
nesta segunda-feira (30), no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas
(Cietec), na Cidade Universitária, em São Paulo, uma célula
a combustível experimental. A célula, capaz de produzir
energia elétrica por meio da quebra de moléculas de hidrogênio,
foi desenvolvida pela Electrocell, empresa incubada no Cietec. Após
a inauguração, que aconteceu às 12h45, Eduardo Campos
anunciou que o Ministério investirá R$ 8 milhões,
ainda este ano, no programa brasileiro de células a combustível,
com prioridade para o uso de álcool como fonte de hidrogênio.
Eduardo Campos assinou portaria nomeando os coordenadores das redes de
pesquisa
do Programa Brasileiro de Sistemas Célula a Combustível
(PROCaC). Ao todo, serão três redes que reunirão 17
instituições de pesquisa em todo o País, coordenadas
por Francelino Grando, secretário de Política de Informática
e Tecnologia do Ministério. "O programa é coordenado
pelo Ministério das Minas e Energia", explicou o ministro.
"Cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia estimular
a formação de recursos humanos e o desenvolvimento tecnológico
das células a combustível."
Segundo Eduardo Campos, o Ministério destinará este ano
R$ 4,5 milhões para recursos humanos, e RS 3,5 milhões para
compra e manutenção de equipamentos. "O Brasil está
inserido numa corrida mundial para a utilização do hidrogênio
como matriz energética, uma fonte renovável e limpa",
afirmou. "O êxito brasileiro na produção de álcool
poderá ser usado para fazer com que as células a combustível
atinjam mais rapidamente um custo compatível com as necessidades
do mercado."
O ministro apontou que é necessária a criação
de leis que regulem e estimulem a produção de energia por
células a combustível. "O marco legal precisa levar
em conta que as células estão em fase experimental e ainda
não representam uma alternativa para disputar o mercado",
disse.
Tecnologia
A célula a combustível inaugurada no Cietec foi projetada
para gerar 50 KW de energia elétrica e, inicialmente, fornecerá
30 KW para iluminar os corredores da sede do Centro. O desenvolvimento
da célula pela Electrocell levou cinco anos, com apoio da distribuidora
de energia AES Eletropaulo. "A empresa investiu R$ 1,7 milhões
no projeto", relatou Eduardo Bernini, presidente da AES Eletropaulo.
"Hoje, toda a tecnologia da célula a combustível é
nacional e 80% dos componentes são produzidos no país".
O engenheiro Gehard Ett, diretor da Electrocell, explicou que a célula
a combustível é um conversor eletroquímico que transforma
a energia química das moléculas de hidrogênio em energia
elétrica. "A conversão se dá por meio de catalisadores
de platina que favorecem a oxidação do hidrogêno",
explica. Eduardo Bernini apontou que a célula produz apenas água
como resíduo. "O calor produzido pode ser direcionando para
o condicionamento de ar", relatou.
De acordo com o engenheiro, a célula desenvolvida no Cietec está
preparada para receber o hidrogênio proveniente da reforma do gás
natural ou do etanol (álcool de cana). "A produção
em série deverá ser iniciada em dois anos, com a ampliação
da empresa", afirmou. Gehard relatou que a célula pode ser
utilizada em estações de telefonia, rádio, hospitais,
prédios inteligentes, escritórios e shopping centers. "A
iluminação é apenas um dos usos possíveis,
pois a energia fornecida é de alta qualidade."
O presidente da AES Eletropaulo apontou que o custo de instalação
da célula a combustível varia entre US$ 1.200 e US$ 1.500
por quilowatt/hora, valor próximo ao de uma usina hidrelétrica
de pequeno porte. "O custo de operação, porém,
ainda é semelhante ao das termelétricas, o que tornaria
o preço da energia mais caro para o consumidor", explicou
Eduardo Bernini. "A redução do preço dependerá
do combustível utilizado e da produção em grande
escala."
A célula a combustível foi desenvolvida no Cietec, instituição
criada em parceria pela USP, Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares (IPEN), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e
o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado
de São Paulo (Sebrae). Os estudos foram financiados pelo Ministério
da Ciência e Tecnologia, através da Finep (Financiadora deEstudos
e Projetos) e pela Fapesp.
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