Transmissão de dados entre hemisférios bate recorde de velocidade
Mariana Delfini
A transmissão de dados entre os hemisférios Sul e Norte
acaba de ficar mais rápida. Na tarde desta quinta-feira (12), no
Instituto de Física (IF) da USP foi registrado o recorde de velocidade
na inauguração de uma nova linha de conexão acadêmica
que integra a Rede Acadêmica de São Paulo (ANSP) e a Rede
Abilene (Internet 2), dos Estados Unidos. Durante a demonstração,
a transferência de dados atingiu 1,987 bilhões de bits por
segundo (Gbps).
O projeto Rede de Educação e Pesquisa do Hemisfério
Ocidental (WHREN) que estabeleceu a nova linha de conexão é
uma parceria da Fapesp com a National Science Foundation (NSF), dos EUA.
Luiz Lopez, presidente do Conselho da Rede ANSP, informou que o objetivo
da WHREN é possibilitar conectividade a todos os grupos de pesquisa
do Estado de São Paulo. A rede inaugurada nesta quinta-feira vai
oferecer inicialmente 622 milhões de bits por segundo (Mbps), com
capacidade para fazer trafegarem 2,5 bilhões de bits por segundo
(Gbps). "Vamos liberando maior banda conforme os grupos forem precisando",
comentou Lopez.
Para a transmissão dos dados, foram utilizados cerca de 10 mil
quilômetros de fibra óptica, entre a costa brasileira e Miami,
nos EUA. As fibras já estavam sendo utilizadas na rede Americas
Path Network (Ampath), que oferecia tráfego máximo de 45
Mbps. Jorge Yamamoto, coordenador técnico da rede ANSP, explicou
que estão sendo utilizadas as mesmas fibras. "O aumento significativo
da velocidade se deve a melhores equipamentos de transmissão",
informou.
SuperComputador Global
Um dos grupos de pesquisa que vai se beneficiar da nova conexão
é o Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace),
localizado no IF/USP. Segundo o professor Sérgio Novaes, do Instituto
de Física Teórica da Unesp que coordena o projeto, "a
rede será fundamental para a pesquisa em Física de Partículas
Elementares". Esta área produz grandes quantidades de dados,
que precisam ser distribuídas para serem analisadas.
Para Eduardo Gregores, do Departamento de Física Teórica
da Unesp, que participa da equipe que opera o Sprace, a dimensão
da iniciativa pode ser comparada a um supercomputador global. "Não
importa onde estão os computadores se a velocidade de conexão
entre eles for grande o suficiente". Sérgio Lietti, do Departamento
de Matemática do IF, que também opera o Sprace diz que,
na demonstração, foi disponibilizada uma banda de 2,5 Gbps
para o Sprace fazer os testes iniciais, mas a "rede está disponível
para qualquer projeto acadêmico do estado de São Paulo".
A demonstração realizada no IF da USP teve o objetivo de
"estressar a rede", ou seja, gerar um tráfego que testasse
sua capacidade de transmissão de dados. São Paulo transmitiu
para Miami, de onde o tráfego saiu para Pittsburgh. A Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) também participou dessa demonstração,
utilizando uma rede de dados européia para chegar aos EUA.
A demonstração foi apresentada na SuperComputing 2004, conferência
internacional em computação de alto desempenho, redes e
armazenamento de dados, que termina no sábado, dia 13, em Pittsburgh,
e contou com a participação do Center for Advanced Computing
Research do California Institute of Technology (Caltech), o Fermi National
Accelerator Laboratory (Fermilab), Stanford Linear Accelerator Center
(SLAC) e a European Organization for Nuclear Research (CERN), além
de instituições no Japão e Coréia. A participação
paulista nesta demonstração contou com o apoio da Foundry,
que disponibilizou roteadores, e a Intel que cedeu servidor e placas.
Os nós de processamento utilizados foram da Itautec (InfoCluster).
Mais informações: (0XX11) 3091-6708
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